Apaixonada Por Um Morto-Vivo escrita por Rafaello


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

A partir deste capítulo, vocês vão começar a conhecer Tina de verdade. Espero que gostem. Boa leitura!



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Quando enfim despertou, percebeu que estava sendo sacudida.
   - O que você tá fazendo? - Tina levantou da cadeira com um pulo.
   Stoll sorria e erguia os braços como alguém que se rende à polícia.
  - Perdoe-me, mas todos já foram. Você dormiu a aula toda, senhorita!
   A garota tentou recobrar a consciência. Passou a mão pelos cabelos e suspirou.
   - Por que está aqui? Por que não foi embora junto com os outros?
   Stoll sentou-se na mesa de Tina e relaxou.
   - Sua amiga saiu meio distraída com o tal de McQueen. Acho que ela se esqueceu de você aqui. Notei que ninguém ia te acordar e tomei a liberdade de ficar - ele sorria em cada frase. Tinha um jeito descontraído e naturalmente sedutor, além de sua voz.
   A adolescente o encarou algum tempo. Queria fugir dali e não ter mais que ver aquele rosto, porém não via saídas.
   - Bom, obrigada... - e foi saindo. Mas Stoll segurou-lhe o braço.
   Tina o puxou, meio arrogante. Lembrou-se de que aquilo já acontecera uma vez.
   - Sobre a aula, acredito que queira saber...
   - Acho que não estou interessada.
   - Temos um trabalho em dupla.
   - Como assim ''temos''?
   O jovem se levantou e vestiu o sobretudo que carregava nas mãos. Tina nem notara que ele segurava algo. Estava meio que
perdida em seus olhos verdes. Um verde tão diferente que se questionava se alguém podia deixar de olhar.
   - Você deve ter dormido mesmo! Srta. Zilah passou um trabalho em dupla. Como vi que sua amiga se manifestou para o lado de
McQueen, resolvi juntar nossos nomes...
   Que babaca! Como ele ousa... ? E Lanna, sua traidora! Me trocando por qualquer moreno chamado 'irmão'.
   - Que se dane! Não vou fazer merda nenhuma com você!
   Stoll não pareceu ofendido. Com o sobretudo vestido, ele se dirigiu para a porta da sala. Suspirou pesadamente como se estivesse
prestar a dar uma resposta debochada. Mas não o fez.
   - Tudo bem, senhorita. Como quiser.
   - Você é tão... Por que fala desse jeito? É da Terra ou o quê?
   Ele deu uma gargalhada gostosa.
   - Da Terra? Sim. Mas venho de outro país.
   Não quero nem saber, senhor Certinho. Quero que vá pro inferno!
   - Tanto faz - Tina voltou para a cadeira.

— Você pode pensar, se quer ou não fazer comigo. Mas não tem muita escolha. Não sobrou ninguém e não acredito que alguém
queira fazer com você - respondeu e saiu de vez.
   A garota, pela primeira vez, ficou surpresa com a atitude dele. Não resistiu e chutou para longe a mesa. Esta caiu com um
estrondo.
   - Idiota! Quer brincar? Que seja! Você vai pedir pra nunca ter me conhecido! - Gritou, mas quem ia ouvir?

 

*****************************************************
   Na cantina, ela mastigava uma pizza, sozinha, na mesa mais distante dos outros alunos. Já havia terminado de beber a vodca que
carregava escondida. Estava meio tonta, mas gostava da sensação. A manhã estava fria e longe de acabar. Tina odiava aquilo. Andava
um tanto desnorteada também. Sua vida virara de cabeça para baixo em questão de dias. Dois dias, mais precisamente. Em apenas dois dias, conhecera um cara insuportavelmente misterioso e intrigante, descobrira que Lanna tinha um irmão e piorara sua relação com os pais. Como o mundo podia conspirar contra uma pessoa tão rapidamente? Ela nem desconfiava. Não costumava ficar pensando muito nos problemas. Nem ligava para eles. Gostava de curtir os momentos, sem se importar com responsabilidades e consequências. Gostava de beber, fumar, tatuar e se furar, virar noites em lugares que nem conhecia e acordar sem se lembrar de nada, dançar no meio de homens bêbados e grudentos, gritar músicas até ficar completamente rouca, andar de moto em velocidade máxima em estradas desertas de madrugada, se meter em brigas, fossem com mulheres ou homens, crianças ou idosos, gente de respeito ou gente de rua, nadar pelada no frio mesmo, descolorir os cabelos, pichar casas e muros. Nada tinha importância. Por que teria? Aloprar a vida era o que havia de melhor. Mas algo a estava incomodando seriamente. Havia um peso sobre ela... Podia sentir que algo ruim ia acontecer nos próximos dias. Ou nas próximas semanas, nos próximos meses. Não tinha data precisa, todavia alguma coisa estranha era iminente.
   - ...Chamando Tina para a Terra - Lanna balançava os braços de forma irritante.

A garota se deu conta de que estava submersa em pensamentos.

— Você bebeu? Está com uma cara de morta...
    - O que você quer?
    - Vim te apresentar meu irmão!
   Lanna puxou o moreno e este sorria abertamente. Tina fuzilou a ruiva. Queria estrangulá-la, mas fingiu indiferença. Fez um V com os dedos da mão e sacudiu-a de leve, num aceno. Porém, o jovem tomou-a e apertou-a num abraço de urso. Era bem forte. Tina sentiu vontade de tirar as roupas dele ali mesmo. Efeito do álcool. E ele tinha um cheiro viciante. Cheiro de perfume masculino com algo mais... agressivo. Ela gostou dele imediatamente.
   - Sou Linden - ele a soltou.
   - Eu sei. Tina.
   Se encararam brevemente e ali, Tina percebeu o interesse mútuo.
   - Vamos parar, vocês dois! Minha amiga não vai transar com meu irmão. Que nojo!
   Eles riram, menos Lanna.

Mais tarde, os três se reuniram na cafeteria e as duas amigas se entenderam. Lanna disse à Tina porquê nunca contara de Linden,
Linden jogara algumas piadinhas para Tina, mas esta já estava sóbria o bastante para responder contra as investidas dele, embora estivessem se dando bem e a vontade de agarrá-lo ainda se fazia presente. Linden era um cara legal. Divertido, brincalhão, um pouco bobo, Tina percebeu traços carinhosos e intensos em sua personalidade. Conversaram sobre vários assuntos até ficarem extremamente entupidos de cafeína e música country. Cada um foi para sua casa depois de despedidas calorosas e promessas de se esbarrarem no dia seguinte, no colégio.
   Uma vez na porta de casa, a jovem olhou de relance para o sobrado em frente e avistou um Stoll observador na janela. Trocaram olhares confusos, Tina indiferente e Stoll atento. Ela sorriu antes que entrasse, mas não deixou ninguém saber. Já havia problemas sem resolução o suficiente em sua vida naquele período. Não pensaria neles naquela noite.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? COMENTEM! Gostaria que os leitores anônimos que estão acompanhando a fic se manifestassem e me dessem uma posição do que estão achando.
Sem lista de personagens.



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