Apaixonada Por Um Morto-Vivo escrita por Rafaello


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Mais um pouco de traminha, Tina está num momento difícil de sua adolescência, não é? Boa leitura!



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Tina estava na garagem, deitada num colchão velho. Seu pai antigamente, quando ainda não era um bêbado, fazia bicos consertando os carros do pessoal da vizinhança. O último, ninguém nunca fora buscar, então Robson deixou-o apodrecer. Hoje, a filha fazia a sucata de cama. Toda vez que brigava com os pais, - uma briga séria, pois não era novidade que eles se desentendessem algumas vezes por dia - ela dormia na garagem.
   Virava-se de um lado para o outro desde que deitara. Sua mente continha pensamentos cabulosos. Primeiro: a imagem de Stoll não
saía, de jeito nenhum, de sua cabeça. Segundo: suas palavras. De onde ele havia saído? Era possível que fosse desse planeta? Tina
achava que não. Ela não tinha o perfil de 'garota a ser cobiçada por playboyzinhos'. Só atraía homens sujos e perversos. E estes faziam seu tipo. Stoll era sexy, não podia deixar de admitir. E bonito também. Mas parecia tão... Certinho. Bem longe de um cara que
ela teria um lance. Porém, agora estava com dúvidas sobre isso. Terceiro: seus pais ainda não haviam lhe contado a verdade sobre a
conversa estranha. E, como sempre acontecia, Tina só conseguia organizar seu psicológico na madrugada. Entretanto, tudo a incomodava.
   Pela primeira vez notou o quanto era desconfortável aquele colchão imundo. O carro apertado a sufocava. Uma ora, estava com calor, outra ora, com frio. Não se decidia. Por fim, levantou-se.
   - Que se dane, quero meu quarto!
   Já em sua cama, quentinha e reconfortante, ela pegou o celular.
   3h15
   Não teria uma boa noite de sono. Mas nem se importava. Ficou jogando por um tempo. Quando se cansou, tacou longe o aparelho.
Resolveu observar o céu, tomar um pouco de sereno. Fazia bem para ela, às vezes.
   Rastejou com as meias furadas até a sacada de seu quarto e sentou-se no chão frio. Aquela noite estava mesmo gélida. Catou
uns travesseiros e sua colcha, fez ali um ninho e pôs-se a contar estrelas. Coisa antiga. Fazia isso quando era pequena. Sofria muito
de insônia e tinha pena de interromper o sono dos pais. Ela se deitava na varandinha, exatamente como estava, e distraía-se contando estrelas até adormecer. O céu não mostrava muitas, então foi fácil terminar a contagem.
   Que tédio!
  Um carro passou voado pela rua. Devia ter uns cinco amigos bêbados dentro dele. O motorista buzinou e um deles gritou:
   - Tá sem cama? - E jogou uma latinha de cerveja amassada por cima do muro de vidro da adolescente.
   - Joga na sua mãe - Tina deu um salto e devolveu o conteúdo à rua.
   Com isso, não pôde deixar de notar a casa em frente. A casa de Stoll. A construção era antiga e ela nunca havia reparado nisso.
Mas possuía um semblante majestoso. Por entre as folhas da árvore grande que tapava metade da visão da fachada, Tina descobriu uma luz acesa. De quem seria o quarto? De Stoll ou do casal que vira pela manhã? Ela não queria, de fato, saber. Seu dia fora longo demais. Estava cansada e totalmente desinteressada. Tudo que se referisse àquele garoto, ela agiria com indiferença. Pelo menos gostava de pensar assim. Deitou de volta no chão e deixou o sono a levar.
   Acordou com uma claridade insuportável.


             ***************************************************
   Na sala com o professor Rick Bryan, de estudos sociais, cada um fazia sua tarefa. Lanna tentara explicar algumas vezes porquê
sumira na noite anterior, mas Tina estava hoje mais indiferente do que nunca e preferiu não dar ouvidos à amiga. Stoll estava, como
antes, duas carteiras atrás da garota e, apesar do encontro anteriormente na cafeteria, não se atreveu a cumprimentar Tina quando viu sua cara de poucos amigos. Pensou que talvez fosse TPM. E talvez fosse mesmo.
   Alguém bateu na porta e entrou na sala. Na verdade, quatro pessoas entraram.
   - Me deem seus nomes. Vou levá-los à direção e receberão falta pelo atraso - Rick disse, secamente.
   - Linden McQueen - um dos quatro disse.
   Era bonito. Um garoto alto, bem musculoso, pele e cabelos morenos, estatura chamativa.
   Mesmo sobrenome de Lanna. Coincidência!
   - Alícya Layff e minhas amigas, Abel Grover e Payton Parker - disse uma garota de cabelos negros curtos, pele muito branca e olhos escuros. Usava roupas de grife brilhosas e da moda.
   Uma patricinha e seus capachos. Um playboy marrento. Tem alguém que preste nesse colégio?
   Tina nunca tinha visto nenhum dos quatro. Eram todos estranhos e arrogantes aos seus olhos.
   Alícya sentou-se, seguida de suas amigas. Linden passou por Lanna, sorrindo descaradamente, e sentou na carteira ao lado dela.
Os dois começaram a sussurrar coisas que Tina não podia ouvir. Esta, achou estranho, mas melhor não comentar. Aquilo estava
causando certa elevação em sua curiosidade, porém se conteve. A explicação não demorou a vir.
   - Ele é meu irmão! Quero saber o que faz aqui - Lanna jogou as palavras e virou-se de volta para o garoto.
   Irmão?
   Lanna nunca disse nada sobre ter um irmão. Os únicos parentes que Tina conhecia eram a mãe e a irmã mais nova. Jamais iria
desconfiar que sua melhor amiga (desde a infância) tinha um irmão. Sentiu-se traída. Não demonstrou, é claro, entretanto o sentimento
estava lá. Sua mente escureceu repentinamente. Seus pais andavam mentindo, Lanna mentia, Stoll era um pé no saco e agora só faltava
mais um gostosão para complicar tudo. E os dois eram tão diferentes para possuírem o mesmo sobrenome... Lanna era branca azeda e ruiva da cabeça aos pés. O tal de Linden era moreno, super sarado. O único ponto em comum que ficou aparente para Tina foi o
jeito meio avoado dos dois e o sorriso de lado que eles davam de forma maliciosa era idêntico. Como isso era possível?
   A garota nem notou quando bateu o sinal e outro professor entrou na sala. Uma mulher desta vez. Aparência jovem e cabelo vermelho-vivo de farmácia. Tina só voltou à Terra quando ela disse:
   - ... o Exemplar de Gatsby.
   Tinha um sotaque carregado de britânico na voz.
   - Deprimente - alguém disse.
   Reconhecia aquela voz sem precisar fazer qualquer esforço. Silêncio geral.
   - Como disse, rapaz? - A professora usou um tom doce.

— Sinto muito, srta. Zilah, mas este livro é deprimente - Stoll repetiu.
   Oh, o garoto certinho se revela. Isso pode ser interessante! - Tina arrumou uma fuga dos pensamentos depreciativos.
   - Conhece a história? - Continuou a professora.
   Stoll tomou a liberdade de se levantar.
   - É um clássico! Quem não conhece? É um dos meus favoritos. Sua narrativa é tão envolvente que o final torna-se um tiro,
provocando não somente a morte do sr. Jay, mas do espírito de quem está lendo.
   Zilah pareceu surpresa.
   - Sim, de fato. Então, vai se dar bem no trabalho de duplas que irei propor.
   Tina estava perdida. Trabalho de dupla? Gatsby? Sr. Jay? Do que estavam falando? Aquela mulher era professora de que matéria
mesmo? O que se passava naquele colégio? Apesar de estar achando intrigante o diálogo de Stoll com a mulher a sua frente, como se fossem dois amigos íntimos, gostaria de entender o assunto. Quando ele se tornara tão ousado? Será que sempre fora assim? Onde
estava a pose de certinho? Bom, ela não sabia nada sobre ele. Como poderia julgá-lo? Estava surpresa. E cansada. Deixou a cabeça
despencar para a mesa. Afundou o rosto nos braços tatuados e tudo ficou escuro.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? COMENTEM! Ficou ruim para o lado da avoada da Lanna. E seu irmão, super gato? Lista de personagens à vista.

Linden - http://3.bp.blogspot.com/-S_V1QFtodFI/URloSJQKvQI/AAAAAAAAHfc/wX9ireryjOI/s1600/taylor-lautner-1343205842.jpg

Alícya - https://claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/01/rayana-carvalho-pilar-rebelde-72661-1.jpg


Payton e Abel - https://image.freepik.com/fotos-gratis/feche-o-retrato-da-moda-estilo-de-vida-de-duas-lindas-jovens-morenas-e-melhores-amigas-meninas-loiras-tendo-ferias-na-praia-da-ilha-tropical-usando-biquinis-e-joias-brilhantes_291049-455.jpg



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