Isabella procurava algumas ofertas de trabalho na Internet, tinha planeado fazer uma pequena lista com todas as vagas que lhe interessavam e depois ir deixar o seu currículo ao sítio ou mandar por mail como muitos pediam, quando ouviu o som do elevador a abrir. Estranhou. Não era hora de Alice nem de Jasper chegar. Antes que conseguisse chegar até à porta esta foi aberta pela pessoa que ela menos esperava.

—Edward??!!

—Bells!! – disse Edward e em passos largos chegou rapidamente até ao lado de Isabella. Sem que esta contasse, Edward abraçou-a.- Ainda bem que estás bem, que estás aqui...

—Edward...- disse ela sem ainda acreditar que ele estava ali. Obviamente que ela já se tinha interrogado quando é que veria Edward novamente. Estava em Nova Iorque, em casa da irmã dele o encontro entre eles ia ser inevitável.

—Desculpa...eu era para ir com a Alice, mas... não consegui desmarcar o que tinha marcado. Bells... porque é que não me disseste nada no casamento? Eu ajudava-te... depois de tudo o que te disse tu ainda foste embora com aquele... com aquele ser miserável! Mesmo depois de ele te ter batido... Deus, se eu tivesse ido logo atrás de ti isso nunca teria acontecido...Se eu tivesse vindo atrás de ti, depois de me teres deixado... nunca o terias conhecido sequer...

—Edward...- disse Bella afastando-se dos seus braços. – Nunca, mas nunca mais digas isso! A culpa não é tua, não é de ninguém. Só do Jacob e.... minha.

— Bells...- disse ele com um tom de voz repreendedor.

— É verdade. Eu dei-lhe a hipótese de fazer isso...- disse ela sentando-se no sofá.

— A culpa não é tua! É dele, só dele! - disse Edward sentando-se ao lado dela e abraçando-a.- Tive saudades tuas...

— Eu também- disse ela, encostando-se ao ombro dele.

Fez-se silêncio, mas não do tipo incomodativo que deveria estar a ser preenchido. Não. Era um silêncio confortável, os dois aproveitavam a companhia um do outro e não era preciso mais nada.

—Vais-me contar tudo o que aconteceu? - perguntou Edward.

— Pensei que a Alice já o tinha feito...- disse ela sem se querer alongar muito no assunto.

—E fez, mas foi por alto. Eu... eu quero que me contes...se quiseres. - disse ele.

Bella relutou, mas acabou por lhe narrar tudo o que tinha acontecido.

—Ainda bem que decidiste deixá-lo Bells, eu fico feliz que tenhas tido coragem para tomar essa decisão.

—Eu tenho medo... se ele vier atrás de mim, eu estou arruinada Edward, para não dizer morta.

—Eu vou estar aqui, amor. - disse Edward sem pensar. – Hm, quer dizer.... Desculpa, eu...eu...

Bella riu-se com o embaraço dele. Lembrou-se quando ele a costumava chamar assim, era bom ouvir outra vez aquela palavra vinda da boca dele, com a voz dele.

— Não faz mal- disse ela- Sabe bem ouvir isso outra vez- sussurrou.

Ele sorriu. Também gostava de dizer aquilo, gostava mais ainda de poder tê-la chamado assim sempre. O silêncio voltou-se a ouvir. Nenhum dos dois sabia o que falar. Havia tanto por discutir, mas tão pouca vontade de o fazer. Todos os assuntos iriam levá-los a memórias dolorosas, seja dos momentos mais recentes como dos momentos mais antigos.

—Edward? - chamou Bella. -Foi por tua causa que eu decidi vir embora.

Aquilo lembrava-a da altura má da sua vida, que parecia tão longe, mas que só tinha acabado há uma semana. Mas era ao mesmo tempo uma boa memória. Aquela música mexia com ela.

— O quê? - perguntou ele não entendendo como é que ele a podia ter ajudado. Estava tão longe...

—Eu ouvi a tua música ... e o que disseste a seguir- sussurrou ela.

— Ohh... eu... eu não sabia se ias ver...

—Era muito bonita- disse ela com um pequeno sorriso nos lábios.

—Gostaste? Mesmo? - perguntou ele com medo. Era a primeira música inspirada nela que ele deixava que fosse gravada e que pertencesse a um disco.

—Sim. – disse ela. E queria perguntar-lhe se era sobre ela, se a música era para ela, mas não teve coragem. Antes tudo era fácil com Edward, mas agora havia um grande tabu entre eles... será que algum dia eles iam falar sobre isso? Só assim é que ambos podiam avançar, fosse qual fosse o caminho.

—Era para ti, ainda bem que entendeste isso. Estava com medo que tivesses ouvido, mas achasses que era para outra pessoa. Eu... aquilo que te disse no casamento era verdade Bella. Eu quero-te para mim, sei que não é o melhor momento, mas...eu...

—Não. - Interrompeu Isabella.

—Não? - perguntou ele sem perceber. No casamento ele não a impedira de dizer isso, era verdade o que ele ia dizer porque é que ela não o deixava dizer? Ela também o amava.... pelo menos fora o que dissera no final daquele dia, que Edward sabia agora ter sido tumultuoso para ela.

— Não. Aconteceu tanta coisa... passaram anos Edward... como é que ainda me amas?

—Tu não acreditas em mim, é isso?

— Claro que acredito em ti Edward, mas... tu podes estar confuso. És um cantor internacionalmente famoso, como é que ainda podes amar alguém como eu? Uma rapariga enfadonha, sem qualquer atributo e como muitas razões para tu te quereres afastar dela..

— E quais seriam essas razões?

— Queres que comece pelo ex-namorado quase de certeza psicótico que está preso ou pelo facto de já te ter abandonado antes? Eu não sou boa para ti Edward! Eu amo-te por isso é que te estou a dizer isto. Quero o melhor para ti!

—Sempre essa desculpa não é Isabella? Também me deixaste antes porque TU achavas que era o melhor para mim. Queres que te deixe de amar porque TU achas que é o melhor para mim. Deixa-me dizer-te uma coisa: eu sei o que é melhor para mim. E sim, eu sou um cantor famoso, sim eu realizei o meu sonho. Mas estes dois últimos anos tem sido os piores da minha vida quando falamos em sentimentos. Eu era feliz contigo, eu teria sido capaz de aguentar o nosso relacionamento mesmo com a minha vida agitada. porque eu te amava, porque eu te amo. Vivi dois anos longe de ti, com relacionamentos vazios, se é que podes classificar estar com uma rapariga durante duas semanas como um relacionamento, sem realizar o meu maior sonho. Eu só queria que tu estivesses lá, assim sim o meu maior sonho estaria realizado. Não imaginas o que senti quando soube que tu estavas com outro homem, fiquei despedaçado. Mas agora... nós podemos voltar agora. Tentar novamente. E eu não vou deixar que arruínes a nossa oportunidade de sermos felizes só porque achas que sabes o que é melhor para mim. Uma novidade Swan: o teu julgamento não é o melhor. Por isso cala-te e deixa-me gritar o quanto te amo, o quanto sempre te amei e o quanto te vou amar sempre. - disse Edward rapidamente.

Bella olhava para ele de boca aberta. Sem palavras.

—Eu... eu...

—Bells, eu amo-te. Não me importa se me deixaste, não me importa se tens um ex-namorado psicótico ou não. Eu quero-te. Com todas as tuas falhas, com todas as tuas perfeições. Só tu vais tornar o meu maior sonho realidade. Por favor... não ligues ao teu julgamento. Já disse e volto a repetir: ele é errado, amor.

Bella riu-se. Sim, riu-se. Edward tinha razão. Ela nunca foi a melhor em fazer julgamentos e a tomar decisões com base neles.

— Eu a pensar que ias chorar com todas as minhas palavras bonitas e tu riste. - disse ele abanando a cabeça lentamente.

Bella virou-se de frente para ele, que estava sentado ao lado dela no sofá, e agarrou-lhe na cabeça fazendo-o olhar olhos nos olhos. Os dois avançaram lentamente e os seus lábios uniram-se. Quentes. Suaves. Reconfortantes. Apaixonantes. Timidamente, como sempre, a língua de Bella explorava a boca de Edward. Tão familiar, mas tão excitante. Depois de dois anos estavam unidos outra vez. Não era só uma união física, aquele beijo representava muito mais. Bella largara todos os seus medos, todas as suas inseguranças e todos os seus maus julgamentos e abraçava novamente os seus sentimentos. Sem pensar no passado. Só no presente e no futuro. Sem Jacob, sem agentes musicais, sem editoras, sem pressão. Só nela e em Edward e no amor que os unia.

—Edward Cullen, eu acho que te amo. - disse Bella lembrando-se do modo como os dois se tinha declarado há quase cinco anos.

—Isabella Swan, eu não acho que te amo. Tenho a certeza. - disse Edward e ela riu-se.

—Eu amo-te. - disse Bella com um sorriso radiante nos lábios. Há anos que não era tão feliz.

—Nada de achamentos... rápida a menina.

—Edward!! - ralhou ela.

—Eu também te amo.