Nym-pho escrita por Ugly Duckling


Capítulo 13
Capítulo XIII - Depois de tanto tempo


Notas iniciais do capítulo

Atualizar a fanfic depois de 2 anos e meio? Porque não? Não vejo problema...
Aaaaa.
Não tenho explicação, honestamente. Não jogo Amor Doce há taaaanto tempo, mas gosto tanto da Leonie Francine Ole, e ela não existe sem os seus rapazes, por isso...yaa... um capítulo disto para relaxar.
Pergunto-me se alguém irá ler. Eu diverti-me a ler os capítulos todos outra vez hahaha
Muito amor,
Ugly♥



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Depois de tanto tempo a viver na lua, mais do que na Alemanha ou França, a minha alma habituara-se ao devaneio cego. Desassociar, para não lidar com a memória. Longe estavam os dias de verão no prado com os irmãos meus amores, os vestidos de flores e os corpos suados estendidos sob as estrelas. O lago, em toda a sua soturnidade, uma espécie de assombro de outra vida. O caderno de Lysandre, eterno memorando.

E, no entanto, a vida é só uma, geralmente, e os fragmentos não são fruto do acaso, mas antes partes unas à espera de completar os ciclos que começaram outrora. Assim, realmente, a primeira coisa em que reparei foi no elástico vermelho no seu pulso. Uma mão forte e o pulso que ele abraçava. Subi o olhar, o coração esquecendo-se de bater, o sangue esquecendo a corrida. A camisa, negra, mal abotoada. O pescoço, firme. O rosto. Aqueles olhos.

Abri a boca, mas não falei. Tudo em câmara lenta, como nos filmes, deu dois passos na minha direção, tão incrédulo quanto eu.

*

Era agosto, as últimas semanas, já nas vésperas de começar a escola. Tinha passado dois divertidíssimos meses com Castiel, mas ainda não conheceram nenhum dos seus amigos. Ora, nessa manhã, em que tinha ficado a dormir na casa dele, acordei, olhei para ele, beijei-o, tomámos banho, vesti um par dos seus boxers e um tank top, prendi o cabelo, e ficámos os dois nos seus lençóis a divagar e a ouvir música, até que ele olhou para o seu telemóvel, que vibrava, e disse:

— Yo, daqui a um bocado vem aí o meu amigo, aquele que canta, para discutirmos umas cenas sobre a banda, ok?

Anuí, distraída. Mais cedo ou mais tarde iria conhecer os seus misteriosos amigos, inevitavelmente, e estava confortável o suficiente para não ter de trocar de roupa nem nada na presença de mais alguém. Incansáveis, no entanto, voltei a prender Castiel entre as minhas pernas e a tomá-lo uma última vez antes de chegar o seu amigo. Rápido, quente, amor de verão, as suas mãos nas minhas coxas, mordi-lhe o antebraço, o ombro, intensos, num ritmo ofegante, até nos virmos e colapsarmos, novamente. Abraçados, sempre. Fui à casa de banho, lavei-me, respirando com força, e apreciei no espelho o meu rosto e o sexo que transpirava dele. Do quarto, Castiel avisou-me que ia descer para abrir a porta ao amigo. Ouvi a porta a fechar-se, voltei à cama, deitei-me.

Ouvi passos.

— Leonie, este é o Lys.

E o mundo parou.

*

A minha visão desfocou. Momentos desalinhavados, a minha garganta travando, pus os pés no chão e não me consegui convencer de que não cairia. Diante dos meus olhos estava um Lysandre que eu não reconhecia, alto, o peito largo, o queixo levantado; mas que me era tão familiar, os olhos de diferentes cores, o cabelo peculiar. O cheiro de fazenda, o cheiro de casa. O cheiro de paixão, de beijos molhados em bancos de estações de comboio. O cheiro de despedida, de amor, de incredulidade, de dor, de amor de perdição.

— Lys, esta é a Leonie, a moça de quem eu te falei, a succubus que mora do outro lado da estrada. – disse Castiel, alheio à colisão de mundos que ocorria no eixo que se formara entre mim e Lys, uma energia tão robusta que seria quase palpável, creio, caso as partículas de ar sucumbissem a emoções.

Não sabíamos o que dizer. O tempo perdido. Faria diferença? Éramos as mesmas pessoas? Eu certamente tinha mudado, mas, naquele momento, reduzia-se toda a minha essência ao corpo que existia sob o olhar hipnótico de Lysandre.

Abanei a cabeça. – Lys…

Levantei-me. Lysandre aproximou-se. Abrimos os braços e caímos um no outro, como se a Terra fosse explodir se estivéssemos num lugar qualquer que não o casulo que era a figura do outro. Fechei os olhos e a agarrei as suas costas com força, e da minha boca jorraram sons que não eram palavras, nem gemidos, nem interjeições, mas antes uma tentativa de mostrar o quão impossível tudo aquilo parecia, e Lys repetia, apenas, com os seus lábios de veludo, Leo?, Leo, Leo

Depois do que pareceu tempo suficiente para nascer, crescer, casar, divorciar, reformar e morrer numa vida, criámos entre nós apenas a quantidade de espaço suficiente para nos olharmos nos olhos, e aí todos os anos que partilháramos se me vieram em reboliço, violando-me os sentidos.

Só então reparei que Castiel cruzara os braços e se encostava contra a moldura da porta.

— Uhm – disse Castiel, compreensivelmente confuso – que vem a ser isto?

Olhei Castiel durante uma milésima de segundo. Peguei na mão de Lysandre, e, num gesto tresloucado da euforia que era o momento, calcei os meus chinelos e falei, desconexamente:

— Até depois. Agora – puxando Lys comigo, que seguia sem defesas – agora, agora vamos a casa.

*

Cotovelos nos joelhos, mãos segurando a cabeça, bebia Lys com o olhar. Ainda não faláramos muito desde que entráramos no meu apartamento. Simplesmente, logo após ter fechado a porta da entrada, pendurei-me no seu pescoço e beijámo-nos ali contra a parede, e por mim teríamos também fodido imediatamente, mas Lys rapidamente se recompôs, e murmurou alguma coisa sobre termos de falar.

Agora, sentados na minha sala, de frente um para o outro, as palavras pareciam-se todas ter eclipsado do nosso organismo. Lys foi o primeiro a abrir a boca.

— Leo. És mesmo tu.

— Sou eu… - um fio de voz miserável que quase não existia em mim.

Ri-me, senti borboletas, com o brilho da minha sala no momento. Demos as mãos.

— Nunca mais te vi, depois… daquele… dia. Até me perguntei se não terias sido só um sonho que sonhei fervoroso, uma imaginação, uma maldição? Uma alucinação conjunta com Leigh… - a menção do nome de Leigh fez-me tremer. Estaria ele também por perto? – E agora, anos depois, tu. Real.

— Eu escrevi cartas que nunca chegaram. – disse. Uma justificação? Lamento? – Lys, lembras-te? Lembras-te de nós, como eu me lembro? É o nosso destino?

E Lys, estreitando-se, começa a tirar a camisa. Quando estava completamente desabotoada, estiquei os dedos e toquei-lhe no peito. Gentilmente, ele pegou na minha mão, beijou-a, e depositou-a no seu colo, para depois tirar a camisa totalmente, virando-se de costas para mim.

Lys baixou a cabeça. Passou as mãos nos cabelos.

Vi a sua tatuagem de duas grandes e angelicais asas nas suas costas, e soube que eram para mim. Abracei-o por trás, beijei-lhe a nuca, e ele virou-se para me abraçar. Nada mais no mundo existia. Nenhuma implicação, nenhuma complicação, só dois pássaros que depois de tanto tempo em migração encontraram o caminho de volta a casa.

The wings on my back burn — começou.

Si Dieu le permet, then please let us fly— completei.


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Notas finais do capítulo

Coisas que a quarentena nos faz fazer.
Ainda alguém lê fics de amor doce?!?!?! Boy I sure hope so :D



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