Ladrões de Coroas Interativa escrita por Safira Lúmen


Capítulo 4
O preço dos Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores lindos que esperaram quase um mês novamente pelo próximo capítulo, quero lhes dizer que finalmente consegui escrever o capitulo da fadinha Zav que ganhou na votação ♥

Tenho alguns recadinhos hoje além das perguntas portanto depois de ler o capítulo prestem atenção nas notas.

O capítulo é dedicado a Lady Savoy, dona da personagem, e ao dono do Leon *-*
E á uma participação pequenina da Santanna, personagem da Circe.

Espero que gostem, sem mais delongas aproveitem.



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18 de Floril de 744 D.I

 

Território do Leste

CAPITAL ELEMENTA/ REINO MENOR ELEMENTAR

 

 

 Zav Ur Ira

Os elementos sempre foram à base de todo o equilíbrio perante o mundo. O reino menor elementar desde sua fundação sempre prezou a interação de todos os quatros poderes mediadores da magia. Ele foi o único reino que não se importou em formar exército, em se enaltecer, diferente dos demais, ele se empenhou em compreender e a incentivar as propriedades mágicas.

A grande escola do saber fica no sul, mais especificamente Wissen, lá são ensinadas as matérias com bases numéricas, alfabéticas e anatômicas. Também há no sul a faculdade dos mestres e mestras. E ainda nesse reino existe a grande biblioteca das cinco cabeças.

Mas se deseja saber o que acontece quando se invoca fogo em ambiente sem oxigênio, ou quando decide quebrar as regras e iniciar a dança das chamas com um parceiro é preciso ter um conhecimento diferente de mundo, a escola do saber ou a faculdade dos mestres e mestras não podem lhe dar essas respostas. Porque o estudo da magia só é realizado nas comunidades.

Somente no oeste, existe a verdadeira magia pulsante que consegue dizimas o mundo, somente nesse reino existem seres capazes de fundar o paraíso e fazer dele um inferno. E é lá que Zav Ur Ira nasceu, na comunidade do fogo, em um dia em que o sol não apareceu e que a nevasca cobriu a terra, congelou a água e dizimou o calor.

O dia de seu nascimento foi uma ocasião rara, algumas bruxas alegaram que a nevasca foi um evento cataclísmico sobrenatural desencadeado por forças ocultas. Os portadores da água tiveram casos de fraqueza ao tentar lidar com o poder uma vez que o seu elo elementar que eram os rios que passavam pela extensão territorial estavam congelados.  Os portadores da terra resistiram com dificuldade. Os portadores do ar tiveram dificuldades já que o vento foi maior do que a capacidade suportável por eles. Mas os portadores do fogo tiveram o sangue congelado, muitos morreram já que não havia calor para mantê-los, todos os ovos daquele período jamais eclodiram com exceção de um.             

Zav da família Ur e da casa Ira foi a grande exceção, o clima não a impediu de se libertar do ovo, uma chama azulada a envolvia e todos que encostavam-se nela eram rapidamente revigorados. O seu nascimento salvou a toda comunidade, ela se tornou por um tempo alvo de admiração. Constaram que ela foi à única fada daquele milênio a ser portadora da chama eterna. Normalmente as chamas da casa Ira são pretas por ser um fogo corrompido pela maldade, mas o dela foi azul como o grande fogo.

Principalmente por ser uma portadora da chama eterna, Zav teve que ser retirada do pai Jak e da mãe Loh, mas o fato de serem da casa Ira contribuiu, uma vez que todos os membros tinham uma inclinação para a destruição e descontrole. A fada foi criada então por Lady Bree uma mestra já de idade responsável por mais três fadas e um elfo portadores do fogo, além de Zav.

— A historia não está escrita somente em linhas horizontais, querida Zavie. — Um velho elfo raquítico disse com a voz falha enquanto reabastecia a xícara de porcelana da garota que estava sentada na cadeira com uma expressão de pânico. — Se você não começar a ler as linhas verticais e diagonais vai acabar perdendo o ápice do enredo.

Zav revirou os olhos com a fala do velho, ela já havia se esquecido do que eles conversavam. Estava ocupada demais com o pânico para tentar interpreta o provérbio. A verdade era que ela só estava ali na esperança de que a companhia do velho a distraísse do que deveria fazer horas depois.

Era dia vinte e três do mês uniano, havia se passado apenas dois dias desde o seu aniversário e ela tinha um teste agendado para uma hora antes do anoitecer que se davam às seis da tarde. Lady Bree havia lhe liberado dos afazeres comum para poder treinar, mas ela só conseguia sentir medo e nada mais.

— O que eu quero dizer é que se continuar aqui tomando chá comigo ao invés de arrumar um método para vencer vai acabar fracassando. — Holl, o elfo raquítico disse-lhe tirando de seus devaneios.    

 A garota olhou para ele recordando que estavam falando sobre a sua falta de ideia com relação ao que fazer na hora do teste. Ela conseguia sentir a ira crescer dentro de si e logo ser reduzida a um pânico desenfreado. Era a primeira vez que teria que enfrentar outros elementos na arena. O teste seria privado e o resultado não era compartilhado com ninguém além da mestra e de si. Mas saber disso não mudava nada.

A garota suspirou, depois passou os dedos compridos no cabelo preso e o soltou libertando os cachos curvos e finos da cor castanha com mechas alaranjadas que marcava muito bem a comunidade em que ela pertencia.

Sobre a mesa o chá esfriava, mas com um pequeno gesto e um movimentar com as mãos ele logo o esquentou novamente, é claro que isso não acontecia sem explicação, a fada precisava retirar o calor de um meio e o transferir para o liquido da xicara, era uma tarefa simples, mas exigia concentração.

O liquido tinha um gosto peculiar, lembrava erva do sono, mas era mais amarga, o cheiro porém era folha encantada. Zav pensou em questionar o que estava tomando, mas com os anos de convivência com o elfo Holl ela aprendeu que era melhor nem saber o que ele preparava. Mesmo tendo o talento do fogo ele era mais fissurado com a alquimia o que o deixava um tanto criativo na hora de misturar plantas e elaborar novos chás.  

— Se você fosse um elfo em formação como lidaria com portadores de outros elementos, Holl? — O elfo sorriu enquanto se lembrava da primeira vez que passou pela arena. Ele jamais tinha sentido o poder de um elemento se não o dele e quando foi submetido ao teste foi um espanto tremendo.  

— É melhor não saber como foi o meu teste, pequena Zavie.

Zav no fundo sabia que ele só queria ser gentil com ela, mas aquela resposta fez seu coração pulsar mais forte. Ela havia apreendido a controlar o sentimento da Ira, Lady Bree passou dois anos de aprendizagem apenas lidando com o humor e estresse. Mas quando se sentia contrariada o sentimento sempre a consumia.

Para não ser grosseira ou petulante ela bebeu o chá, era uma forma de se acalmar e se obrigar a ficar de boca fechada. O elfo por sua vez lhe estendeu um livro fino e novo com o seguinte título: Como lidar com sigo próprio em três gruas diferentes.   

— Acredito que essa obra lhe faria muito bem minha cara Zavie. — A fada o imaginou queimando umas cinco vezes antes de se levantar da cadeira e sair ao som da risada do velho elfo que adorava implicar com ela.

Ambos havia construído uma relação de amizade e fraternidade inquebrável, era um nível diferente de amor ou carinho, tinha mais haver com compreensão, diversão e necessidade. A família de Holl havia morrido no dia do nascimento de Zav Ur Ira, como muitos outros membros da comunidade do fogo, desde então ele viveu sozinho.

Quando Zav entrou em sua vida ela trouxe um pouco do brilho que sua filha caçula tinha. Ele a conheceu na loja de sementes quando um comerciante tentava lhe vender uma erva doce ao invés da erva sono, ambas era muito parecidas, mas como o próprio nome já diz elas tinha efeitos muito diferentes. Zav começou a fazer as compras de Lady Bree quando o elfo estava no mercado de especiarias para ajudá-la a não enganada e assim eles foram se conhecendo até que ela começou a frequentar a humilde casa do elfo.

Depois da brincadeira, que Zav não gostou, ela decidiu sair da casa para pensar no que poderia fazer com relação ao teste. O sol estava iluminando o dia com intensidade o que era bom, pois se o clima não colaborasse já teria surtado. Ela sentia-se impotente e despreparada além de nervosa e com vontade de queimar ao primeiro que passasse em sua frente.

Em dias comuns Zav Ur Ira estaria respondendo aos questionários da Mestra ou treinando com Graves, talvez estivesse brigando com Plutar, mas o dia do teste era diferente. Ela não conseguia pensar, não conseguia apreciar o sol, não conseguia sentir o cheiro da natureza e não conseguia manter o foco.  

 Era com toda certeza uma catástrofe em formação, se não conseguisse sobressair no teste teria que suportar os treinamentos intensivos de Lady Bree e ainda receberia uma carta de decepção enviada por sua mãe. Zav não tinha contato com os familiares para não interferir em seu treinamento, mas isso não impedia Loh Ur Ira de se comunicar através de cartas semanalmente com a filha.

E esse não era nem o começo de seus problemas, todos os portadores do fogo sabiam que ela havia sido a primeira nascida da chama eterna naquele milênio e de certa forma acreditavam que ela era destinada a coisas grandiosas por ter em seu sangue o poder mais forte de toda a comunidade o que na real não mudava nada em sua vida, só lhe dava problemas por estar diariamente desapontando as pessoas.  

Cansada de pensar ela desceu a pé o morro onde se localizava a casa do elfo Holl e se direcionou para o templo do senhor dos anjos. O local ficava no centro da capital, por sorte ela estava próxima. As comunidades tinham o seu próprio território e abrigavam os seus portadores, mas todos os aprendizes ficavam na capital junto com os mestres para facilitar os estudos.

O templo do senhor dos anjos era enorme e tinha a forma de dois edifícios formando um portal entre eles que direcionava aos jardins onde muitos escolhiam para prestar adorações. Não havia estatuas nem imagens. Os ladrilhos eram todos brancos com detalhes prateados. O local era belo e harmonioso.

Zav se direcionou para o jardim, muitos achariam interessante a escolha da garota, os portadores do fogo costumam ser inquietos e odiavam locais silenciosos, mas ela sentia-se em paz com o seu espírito enquanto deitava-se no gramado. Podia se dizer que ela tinham algum antecedente da terra, mas ela era sangue puro filha de um casal da Ira portadores do fogo.

A fada fechou os olhos e dormiu na grama enquanto esvaziava a mente, ela não prestou nenhuma adoração ao senhor dos anjos, mas o admirava e o contemplava mais vezes do que muitos jovens. Ela acreditava que o autocontrole e o amor eram fundamentais e se espelhava no senhor como exemplo.   Se ele era real ela não sabia, se existiam anjos, também não, mas o fato de estar naquele jardim era a única coisa que não a deixava retornar ao estado de Ira e queimar tudo ao seu redor.

Ela acordou pouco antes da seis e teve que correr para não se atrasar. O teste estava fundamentado em como a portadora do fogo enfrentaria os outros elementos, eles avaliariam o método dela e sua resistência.

Quando chegou ao local de aplicação do teste ficou surpresa por não haver ninguém além de Lady Bree olhando para si. Haviam curandeiros de todas as espécies trabalhando na ala de socorro e alguns aprendizes acompanhavam os curandeiros.

— Eu não sabia que a sede dos curandeiros ficava no terreno da arena. — Zav disse surpresa ao se aproximar da mestra. A pele negra brilhava com o suor e os longos fios de cabelo cacheados pendia sobre suas costas. O incrível era que nada mais a incomodava, não que ela tivesse um plano, só estava conformada com a ideia de que seria como deveria ser.

— É um ponto estratégico. — Foi tudo que a mestra disse antes de começar a andar até o portão que dava acesso a arena. O fato da sede dos curandeiros ficar ali estava relacionado com os casos de exaustão durante os testes além de incidentes.

Quando Zav passou pela porta tudo mudou, a mestra desapareceu e o teste começou.   

{...}

As cinzas eram lançadas a metros de distância junto com as rajadas de vento. O som dos redemoinhos que se formavam no ar eram ensurdecedores debaixo da chuva que desabava como se houvessem rasgado o céu.  As árvores também influenciavam, os arbustos cresciam em uma velocidade invejável.

Sobre as nuvens um elfo de cabelos azuis controlava a chuva direcionado o fenômeno sobre Zav Ur Ira que tentava correr do evento. Do lado do elfo uma fada de cabelos cinza e olhos levemente embaçados como se a Iris fosse de chumbo controlava o vento enquanto se concentrava para não exagerar, afinal, era apenas o treinamento.

A fada do fogo sentia todas as forças se esvair do corpo, era o clima perfeito para seu fracasso, o sol — sua fonte de energia — estava completamente coberto pelo tapete de nuvens tipo Nimbostratus, que foi formada pelo elfo d’água e pela fada do ar. Não havia resquício de calor e a chuva fazia a temperatura corporal abaixar.

Levando em consideração sua falta de estratégia com o decorrer do dia era esperado o fracasso, mas aquilo era algo de outro nível que jamais havia passado pela mente da garota. Quando imaginava o teste pensava que teria que responder perguntas de outros elementos. Mas ela tinha que anular poderes distintos do dela. 

Zav tentou correr para o meio da vegetação, sua ideia era encontrar uma árvore grushant, espécie de tronco grosso e alta, com uma folhagem espessa e fechada, ela conseguiria isolar a chuva tempo suficiente para o corpo recuperar. A ideia era conseguir retirar o calor da queima de lipídio do corpo, uma vez que do sangue seria muito arriscado.

O plano era bom, mas os arbustos se materializavam em sua frente e não a deixava passar. A espécie continha espinhos e quando ela forçou passagem acabou se cortando. A fada resmungou um pouco enquanto batia o pé, ela não era o tipo que implorava por misericórdia, mas estava exposta a esse clima tempo suficiente para os lábios ficarem roxos. Sem mais ideias a fada do fogo sentou sobre a terra e fechou os olhos aguardando o fracasso no teste.

Após segundos, minutos, horas ela foi retirada do campo de treinamento. Estava encharcada e não conseguia sentir os membros externos, o cérebro parecia ter paralisado. Os olhos que eram originalmente alaranjados como o meio do fogo, a parte mais quente, estava levemente chocolate como se a fada estivesse morrendo. Os cachos finos pendiam para fora da lasca de madeira em que ela estava sendo carregada. 

— Garota tola. — Resmungava lady Bree em meio a tosses repentinas devido a um resfriado. — E eu pensando que você seria diferente.

A mulher já tinha uma idade considerável e era mestra de cinco fadas do fogo, sua formação era extensa, tinha formação pela escola de mestres e mestras do sul, havia trabalhado na maior biblioteca de todo o império também no sul, continha precedentes como tesoureira da comunidade do fogo e já foi um membro do conselho das fadas e dos elfos. Mas atualmente ela se dedicava unicamente em ensinar e instruir fadas e elfos.

Zav estava sendo carregada por dois elfos da terra, eles seguiam passagem por um corredor longo na ala de pequenos incidentes. O local era separado por sessão, havia salas de queimadura, de hemorragia, de contaminação, de fraturas e de exaustão. Os elfos pararam na última sala e a colocaram sobre uma fina camada de espuma sobre dois troncos cerrados de forma que se transformavam em uma cama.

A sala era dividida em quatro partes, e o piso tinha cores diferentes para separar as repartições. A da terra era verde, do fogo vermelha, da água azul e do ar acinzentada. Logo uma garota de cabelos claros, orelhas pontudas, sardas na pele apareceu carregando uma bandeja metálica com um pano molhado e uma tigela de madeira com alguma solução amarelada e viscosa.

Lady Bree permaneceu ao lado da pupila enquanto resmungava mais uma vez sobre o quanto a aluna havia sido idiota.  Mas a verdade era que ninguém passava de primeira nesse teste, era necessário falhar muitas vezes antes de conseguir. O problema era que a prova final dos estudos seria passar pela arena com o dobro de fadas e elfos que tinham.

A fada de tez negra da casa Ira estava com a mestra desde pequenina, ela acompanhou todo o desenvolvimento pedagógico e mágico da garota, lhe ensinou sobre os sentimentos, sobre o corpo, sobre coisas de fadas e muito mais. Porém a relação das duas não era de mãe e filha, era mais forte, mais mutável, mais intenso, mais doloroso, mais exigente.    

Lady Bree olhou para a pupila não com pena ou com arrependimento, mas sim com esperança de que na próxima vez ela não falharia. Nem que para o sucesso ela precisasse arrancar o sangue da garota.

A feérica com a bandeja era uma jovem da nobreza, filha do irmão do rei menor de Elementar, conhecida pela população como a doce Saint. Ela estava prestando serviço voluntario para as fadas em seu tempo vago. Não era profissional, mas tinha recebido um pequeno treinamento para executar o papel em casos mais simples.

A feérica apenas acendeu as velas próximas à fada e entregou a tigela com o liquido viscoso para a mestra. O caso da Zav era apenas fraqueza e somente o calor poderia resolver.

— Depois que ela acordar dê a ela a seiva fervente, irá lhe fazer bem. — Santanna disse com a voz dengosa e um sorriso gentil mesmo com as presas. — Eu tenho que realizar alguns afazeres, mas pode chamar qualquer curandeiro pelo sininho. — Ela apontou para o objeto que estava no centro da sala.

 A garota saiu com um andar meticuloso e selvagem característico da raça feérica.

{...}

Território Central

CAPITAL DO IMPÉRIO/ PARLAK 

Leon  Quartz

13h e 15m

 

—“Em uma pesquisa elaborada pela universidade de mestres comprova-se que noventa por cento dos que seguem as comunidades são pessoas que já sofreram, ou sofrem, algum trauma psicológico e procuram nestes ideais absolutistas e autoritários a solução para os seus problemas”. —Leon concluiu a leitura.

O quarto de Ana estava bem arejado, não tinha resquícios de vomito, e toda poeira havia sido removida para não agravar o quadro da menina. A lareira era limpa todas as tardes e a temperatura mantinha-se agradável devido aos esforços de Leon, todos da família tentavam ao máximo impedir que ela contraísse algum resfriado inclusive os funcionários. 

— Eu não entendo porque eu tenho que estudar isso. — Ana resmungou para o faxineiro que sempre a ajudava com os deveres. — As garotas não são obrigadas a estudarem e todos sabem que eu nunca poderei sair de casa mesmo.  

Leon pegou uma folha em branco indicando onde ela deveria fazer as anotações mais relevantes. Ele se lembrava da época em que era forçado a apreender os conteúdos no orfanato, ele detestava ler, mas tudo se tornou tão relevante que hoje não conseguiria definir o que seria sem a literatura. 

— O conhecimento, Ana, pode ser a sua maior arma contra o mundo. — Ele disse gentilmente lembrando-se que deveria estender as roupas antes da senhora retornar do templo. —Para pessoa como nós, pobres como eu ou doentes com você, não há muita saída a não ser se sobressair.

—Mas eu sou péssima nisso. —Ela apontou para os livros. —Você gosta de ler, compreende o que as palavras difíceis significam, gosta de relíquias e sabe fazer cálculos, Leon, eu por outro lado sou apenas a filha doente de um senhor que mal pode andar pela casa.  

— Você é mais esperta que a maioria, e são das grandes dificuldades que saem os maiores mestres.

—Eu detesto o conhecimento! — Ela esbravejou irritada, Leon chegou a cogitar se o tônico matinal havia perdido o efeito.

O metamorfo encolheu-se diante da voz irritada da criança. Ele percebeu que não deveria ficar ali por mais tempo, Ana precisava ficar sozinha e ele tinha que estender as roupas antes que um dos empregados o delatasse para o patriarca da família.

— Conclua os deveres. —Ele fechou a porta atrás de si.  

Normalmente ele não interferia na vida de seus senhores, sempre se mantinha isolado realizando funções como escovar cavalos, lavar roupas, auxiliar na cozinha, limpar a poeira, mas quando se tratava da educação de Ana ele não conseguia manter distancia.

Leon a principio só começou a trabalhar ali porque precisava de dinheiro para sobreviver, mas então descobriu inúmeros objetos mágicos que o senhor, seu patrão, havia adquirido nas inúmeras viagens.

O metamorfo adorou todo aquele conhecimento místico sobre os objetos. O patriarca da família, pai de Ana, sempre seguia os mapas até encontrar os tesouros. Leon só despertou o verdadeiro interesse pela causa quando encontrou um mapa na casa dos patrões que tinha a localização de um templo perdido na floresta mágica, o lar das fadas. O metamorfo o roubou e desde então a sua maior meta é encontrar o tal templo. Motivado ele começou a trabalhar como caçador de recompensa na intenção de levantar dinheiro para a expedição.

Leon terminou o turno na mansão pouco antes do anoitecer. Normalmente ele se reduziria até ser apenas um rato circulando o esgoto, ou se transformava em um feérico para se embriagar nas ruas enquanto escutava historias.

As possibilidades eram infinitas para um metamorfo como ele, de classe um. Poderia se transformar no que desejasse, não havia limites. Mas ele reduzia a possibilidade aos que já estava habituado, por ser mais fácil, era complicado idealizar um corpo e depois retornar para a forma original.

Houve vezes que ele havia se esquecido de alterar as orelhas, ou esquecia os dentes, tudo era complicado. As cores do cabelo sempre mudavam um pouco.  Hora ficava gordo, hora magro.

Leon encontrou Ryan Mors, seu melhor amigo e parceiro de trabalho em uma das ruas de Parlak que dava acesso ao porto. Ambos caminharam juntos conversando sobre as funções diárias. Leon adorava catalogar os arque-fatos que o patrão adquiria ao longo das viagens. Já Ryan costumava falar sobre armas e estratégicas.

O porto fedia a peixe podre e a sangue. Os cargueiros encostavam com suas remessas de peixe. Outro com barris de petróleo. Aquele lugar era uma zona.

— Beatrice pediu para encontrá-la naquela plataforma. —Leon apontou para uma passarela de madeira que dava acesso a região que ligava as cavernas subterrâneas.

— Eu não estou a fim de andar caro amigo. — Ryan disse já vislumbrando a costa do amigo ficar áspera e asas pretas surgirem, ele lembrava um morcego imenso. Uma forma inexistentes, fruto de sua imaginação.

Leon voou pelo céu segurando o amigo, seus olhos estavam estreitos adaptado para a noite.    Beatrice contemplou aquela forma com admiração.

— Gosto mais de você assim do que como um rato Leon. — Ela disse dando um tapinha na costa dos garotos. — Fica mais interessante.

Beatrice era prestativa, reconhecia a humildade e gentileza no coração dos seres. Por esse motivo ela ajudava à dupla. Conseguia ver os sonhos brilharem dentro deles.   

— O que tem para nós? — Ryan perguntou encostado no ombro de Leon enquanto senti as asas negras do amigo encostar-se a si próprio.

— Eu tenho um serviço para vocês, mas esse é longe. — Ela suspirou um pouco receosa. Estava cansada de se teletransportar. — Vale muito dinheiro devo admitir.

Leon percebeu que Beatrice estava fazendo rodeios antes de dizer a localização e o que requereria deles.

— Trata-se de uma injustiça cometida. — Ela encostou as mãos no ombro de Leon deixando que aqueles olhos estreitos a avaliasse, assim ele o fez. Olhou a pele macia que brilhava no luar, os olhos atentos e gentis, a fina linha que delineava os lábios pequenos e delicados, o cabelo castanho com mechas lilás e rosa.

— Qual é o serviço? — Ryan chamou a atenção.

— Uma amiga foi roubada pelos próprios familiares, ela precisa de seus serviços. — A mulher fez uma pausa. — Mas ela está no Oeste e é uma sereia.

—Isso significa que o que foi roubado está no oceano? — Ryan especulou com a voz mais estridente.

— Sim, mas ela não sabe aonde. —Beatrice olhou novamente pare Leon. — Precisa ser você afinal é o único capaz de sobreviver debaixo d’água por ser um metamorfo.

—Pode levar meses. Nós temos trabalho aqui. — Resmungou Ryan. 

Beatrice sabia do sonho de Leon em encontrar o templo recoberto de ouro perdido na floresta mágica. 

— Lá no leste á piratas com tripulações, mapas de tesouros, conhecimento. —Leon percebeu o que ela estava insinuando. — Vocês podem ajudar a minha amiga e ainda encontrar um meio de navegar até o templo.

O metamorfo encarou Ryan avaliando as possibilidades. Ele teria que abandonar o trabalho na mansão e isso incluiria deixar Ana, mas poderia estar mais próximo do templo do que jamais estivera antes.

A decisão no final das contas não era tão difícil, ele iria para o Oeste.  

 


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Notas finais do capítulo

Prontinho minha gente, esse foi mais um capítulo. Gostaria de dizer que no próximo não vai haver votação porque eu quero muito apresentar um dos feéricos, o Bellas para adiantar um pouco o enredo. E eu ainda tenho muitos personagens então eu realmente tenho que fazer a coisa funcionar.

PERGUNTAS:

1- Qual a sua personagem preferida entre as três, Aileen, Dagna ou Zav? Explique o porque você gosta mais dela e o que faltou nas outras.

2- Dos núcleos apresentados qual você achou mais envolvente, o dos piratas, do norte, ou do reino elementar?

AVISOS:

1- Eu criei um grupo fechado no face para podermos falar mais sobre os personagens, além de poder estar postando curiosidades e lhes apresentar algumas novidades. E fala sério eu quero ficar amiguinha de vocês ♥

Link : https://www.facebook.com/groups/1475677179139783/

2- O meu amorzinho que eu não sei pronunciar o nome (xAnThRaX) sugeriu fazer um grupo no whatsapp, eu adoraria, mas alguns de você poderia não gostar da ideia, então se concordarem me passem o numero de vocês, se não, de qualquer maneira vamos ficar com o do face.

* É obrigado a participar dos grupos tia Lúmen?

R: De jeito nenhum meus amores, você é quem sabe, mas seria muito bom que participassem.


Antes de eu sair, só tenho mais uma coisa a falar, agora é hora dos meninos aparecerem (finalmente, só deu mulher até agora nessa P@#%a), mas vamos com calma tem muita gente eu vou tentar ser mais rápida.

E por mais que eu acho que postarei sobre o Bellas eu posso mudar de ideia então fiquem atentos que pode ser o seu personagem .

Beijinhos de guloseimas meus lindos *-*



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