Ladrões de Coroas Interativa escrita por Safira Lúmen


Capítulo 1
A expedição Real


Notas iniciais do capítulo

PEGUEM O CAFÉ, A COBERTA E CHEGUEM MAIS!

Eu sou a Safi, sua nova amiguinha se assim desejarem, não mordo, mas consigo detectar fantasminhas, então nada de se esconderem! Até porque, sou uma pessoinha bem legal que só deseja o melhor a vocês, em nome de jesus (amém), e de quebra só peço comentários para me incentivarem. Não é tão difícil assim néh!

Bem, caso leiam os comentários de outros leitores e fiquem tipo WHAT THE FUCK IS THAT? Devo alertá-los que os capítulos nem sempre estiveram nessa ordem, isso significa que os comentários vão estar meio desconexos. Mas não se preocupem, pois não vai interferir em nada.

Peço que após encerrarem a leitura deste capítulo, primeiramente deixem o comentário e depois vejam os conteúdos dos links, é bem interessante e eu fiz com muito carinho para vocês =D

AVISOS

Este capítulo contem uma cena que pode ser considerada pesada, já no finalzinho, mas tudo vai depender do modo como imaginarem, não direi muito para não dar spoilers, porém relembro a vocês que a Original é +18 por motivos óbvios.


OBS. Foi somente eu que escrevi e corrigi todo o capítulo , não possuo um beta reader, portanto, caso encontre algum erro me avisem nos comentários.

Sem mais delongas, vamos ao capítulo!



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01 de Floril de 744 D.I

Território Central

PARLAK/ CAPITAL DO IMPÉRIO

Bellas Yelsatra

A capital do império Parlakiano, ao ver de Bellas, era uma réplica barata da arquitetura feérica. Talvez a primeira Imperatriz, após dominar os quatro reinos, estivesse sem inspiração e mandou os construtores imitarem o Reino menor Elementar, porém, pagou mal os funcionários e agora eles — sete séculos depois— sofriam com o resultado. Eram ruas sem saída, esgoto a céu aberto, barragens rachadas, túneis demolidos e curvas que colidem com construções. Uma verdadeira balbúrdia.

O assassino real odiava o lugar, em parte pela desorganização da capital, mas outro ponto era a quantidade de pessoas transitando, que resultava sempre em um tumulto lastimável e no espesso odor de hircismo que contrariava muito o faro do feérico.  Muito diferente de seu lar, a floresta mágica, local protegido e preservado, onde a natureza era idolatrada.

Contudo,  tinha uma vantagem em toda confusão da capital. Vantagem essa que o favorecia muito. A desorganização das ruas, o fluxo de cidadãos e os túneis mal acabados permitiam várias possibilidades de esconderijos. E ele  conhecia a todos. Ainda pequeno, seu pai, Levos, o fazia estudar o local quando visitavam a capital, pois, no momento em que assumisse o ofício da família, este conhecimento viria a calhar.

Bellas cresceu, havia completado vinte e quatro anos, e agradecia ao pai todos os dias por ter o ensinado sobre cada ponto da cidade. Era agora, assim como todos os Yelsatra, um assassino real e precisava muito deste conhecimento geográfico, principalmente na hora da fuga.

Naquele dia em específico o feérico estava vestido com uma túnica simples, na cor azul turquesa com uma fina faixa de couro na cintura, trançada nas pontas. O comprimento do tecido fazia com que a seda tocasse o chão de paralelepipedo que compunha a rua, sujando a barra de poeira. Um pequeno inconveniente, mas ele não havia encontrado tempo para ir até o costureiro real.   

Sua vestimenta era específica dos levitas, na igreja dos adoradores do grande senhor. E havia dezenas nas ruas iguais a ele, tornando fácil se misturar. A posição que havia escolhido não tinha grande importância dentro do clero, mas eram amados e respeitados pelo povo devido aos muitos serviços sociais que exerciam.  

Além das roupas, Bellas, deixou os cabelos soltos para cobrir as orelhas pontudas, escondendo o traços marcantes de sua espécie. Desse modo ele andava pelas ruas sem chamar atenção para si.

Uma das exigências para ser um bom assassino era passar despercebido.

Havia um único nome na lista de Bellas naquele dia, Francisco Martines, um ex-servo da família real que andava espalhando boatos a respeito da sanidade mental dos monarcas após ter sido demitido.

Um motivo banal para se executar alguém, ele pensou, mas não se opôs a tarefa, seu serviço era matar e não julgar.

O endereço fornecido, situava-se na parte baixa da cidade e existiam duas rotas diretas até o local. Bellas escolheu a mais rápida que desviava da praça no centro da capital. Durante o percurso ele parou algumas vezes, oferecendo suas bênçãos ao adultos e as crianças, para não desconfiarem de si.    

Enquanto percorria a estrada ele não conseguiu evitar de pensar em uma garota que havia conhecido a uns dias atrás. Ela se chamava Sulamita e era a dançarina mais talentosa que já havia visto. Eles conversaram por horas durante o tour que Bellas se prontificou a realizar. Ele mostrou na ocasião, todos os pontos turísticos da desprezível capital, e surpreendentemente ela ficou encantada com Parlak, uma reação que ele não esperava.

Depois do encontro, eles se viram outras vezes, um sentimento se aflorava entre o casal e Bellas sentia, por isso ele marcou com Sulamita  de saírem após a apresentação dela no baile de primavera.

O dia havia chegado. Seria o seu primeiro encontro romântico após o término de seu relacionamento com uma nobre da corte e ele estava muito ansioso, por mais que não demonstrasse.

Quando o férico deu por si já estava diante da  casa do ex-servo, o seu Francisco estava prostrado na cama após ter sido espancado por um capacho contratado pelo assassino. Desse modo o servo não poderia sair de casa. Tornando a execução mais fácil.

O feérico bateu na porta e aguardou.

Seu Francisco era um homem baixinho e gorducho, que não fazia mal a ninguém.

— O que posso fazer por você meu filho? — O homem perguntou. Bellas percebeu que além das escoriações no rosto, ele estava com a perna inchada e andava encolhido, provavelmente com algum osso fraturado.

— Venho até sua casa trazer a boa palavra do senhor dos anjos neste dia tão gloriosos. — O Feérico disse com a voz serena interpretando bem o papel. — Permita que eu entre?

O homem deu passagem, feliz por um religioso interceder por ele, mas no segundo subsequente o feérico bateu a porta e o sorriso sumiu, sendo substituído por um olhar frio e mortal.

— Estamos sozinhos, senhor? — Ele quis saber.

— Sim estamos, qual é o problema? Porque fechou a porta? — O ex servo percebeu que algo estava errado.

Bellas usou uma cadeira para travar a porta, normalmente ele seria rápido, mas nesse caso queria fazer um breve interrogatório antes. Afinal, não é todos os dias que alguém afirma com tanta convicção que o Imperador é louco. E o fato de isso incomodar  o monarca o instigava.

O feérico fez um sinal para que o homem sentasse. Aproveitando o momento para servir-se de uma xícara de chá que estava disposto sobre uma mesa de madeira no canto da sala. A bebida havia sido preparada mais cedo pela esposa do ex-servo que agora festejava na rua junto com as demais pessoas.

— O que sabe sobre sua majestade maior? — O assassino indagou. O homem avaliou a situação com cuidado, ele não tinha saída, estava debilitado e mesmo em seu melhor estado não daria conta de se livrar do feérico. — Me conte tudo e pouparei sua vida.

Não havia muito a considerar.

— Eu trabalhei com o imperador desde o nascimento da princesa Amélia. E a trinta anos atrás eu, assim como muitos servos  vimos ela fugir aos dezenove anos com um jovem homem. Pensamos que se tratava de algo oficial e também não era nosso dever impedi-la, mas digo que a princesa saiu do castelo por conta própria.

— Eu não entendo, onde quer chegar?

O ex funcionário do palácio, tentou manter-se calmo, mesmo sabendo que seria o seu fim. Haviam boatos de feéricos que faziam o trabalho sujo da realeza. E lá estava um deles, de orelha pontuda e caninos afiados bem a sua frente.

O homem continuou a falar:   

— O rei ficou murmurando por todo canto que sua filha tinha sido raptado por ladrões enviados por Mizael!

— Ainda não entendo a grandiosidade dessa informação.

— Mizael era um príncipe, neto da primeira imperatriz e foi morto em combate juntamente com seu irmão Mizaque e com sua irmã Miçandra durante a batalha do cerco! Há muito tempo atrás.

— Então o Imperador acreditava que um homem que morreu há séculos havia mandado sequestrar sua filha?

O senhor confirmou.

Se o que o servo falava fosse verdade então provavelmente o monarca havia enlouquecido.

O velho espancado gemeu de dor quando se levantou para pegar chá para si também. Se fosse morrer no momento que terminasse de falar, pelo menos seria com a barriga quente.

Bellas estava começando a entender o porque o rei Maior desejava a morte daquele pobre servo, espalhar boatos sobre sua sanidade mental além de fazer o povo questionar suas capacidades para governar ainda relembrava o povo do fato de não existir um herdeiro já que a sua única filha tinha fugido.

— O pior aconteceu nos últimos meses quando uma lista de pessoas raptadas chegaram até o rei. Haviam feéricos, bruxas, fadas, humanos e sereias. Provavelmente algum tipo de caçador estava comerciando as espécies erradas. Existem boatos desses tipos de coisas. Mas então o Imperador declarou aos quatro Reis menores que o príncipe Mizael estava mandando seus lacaios raptar pessoas.

O velho sorriu só de imaginar a improbabilidade da situação.

Bellas se levantou e foi até a janela da casa que estava aberta. Não havia a chance de ninguém ver o que acontecia.

— Eu disse ao Imperador que ele precisava de ajuda, eu vi pessoas que tinham problemas de aceitação que se curaram após visitarem os curandeiros no Oeste.

— Foi um erro, o Imperador não deve ter gostado da sua sugestão! — Ele concluiu.  

— Eu fui demitido por isso. — O ex-servo lamentou.

— E porque foi demitido contou tudo que sabia para os vizinhos?

— Eu disse apenas para algumas pessoas mais próximas, eu não sou fofoqueiro. — O velho começou a tremer de pavor e medo. — Sou um homem honesto senhor. Trabalhei dignamente e meu único erro foi querer ajudar o Imperador!   

Bellas tirou a adaga que estava escondida na manga da túnica. O ex-servo fez um breve sinal de misericórdia, mas não gritou, preferia que não houvesse testemunhas, pois do contrário, o feérico precisaria matar mais gente.   

— Eu não preciso ouvir mais nada. — O assassino se movimentou no piscar de um olho e cravou a peça de ferro na garganta da vítima. O homem não reagiu, ele estava ciente que seria o seu fim no momento que Bellas cruzou a porta e a travou com a cadeira.

O sangue escorria pela ferida enquanto se agonizava.

— Que os ceifeiros o acompanhe pelos sete arcos e o leve até o paraíso que o senhor dos anjos tem preparado para os que partem deste mundo!

O Assassino terminou a execução  e deixou o corpo no local. O Imperador havia ordenado que assim o fizessem como um sutil aviso a todos que falavam a respeito dele.    

Ele caminhou de volta a parte alta da capital.

Os dois primos e o irmão o aguardava de frente aos degraus do palácio ansiosos para se divertirem.

{...}

 

Divisa do território central com o nortenho

FLORESTA DO CERCO

 William Bloodstone

William era um dos lordes de Parlak, ou pelo menos deveria,  mas o fato de ser uma criatura das sombras o impedia de cuidar dos bens que herdara dos pais. Foi por esse motivo que ele havia hipnotizado o major Domus para cuidar de tudo, o representado na corte. O homem fazia bem esse papel e o sobrenome Bloodstone continuava forte perante a realeza.

Porém, o fato de não poder usar o sobrenome para se relacionar, não o impedia de aparecer na corte às vezes. Ele tinha feito uma sólida fama como pianista e agora era convidado de honra do Imperador, pelo menos até as próximas duas décadas. Seu talento era notável, arrematava multidões quando se apresentava no teatro e encantava a todos com tamanho sentimentalismo em suas canções.

No entanto, William não se contentava com as apresentações. Após conhecer Aileen McIntyre sua vida nunca mais havia sido a mesma, ela era a mulher mais insana, decidida e corajosa que ele já conheceu, eles tiveram um breve e intenso relacionamento, no entanto a aventura teve que terminar.  

Durante o relacionamento a pirata o ensinou inúmeras lições. Dentre elas, a importância de protagonizar a própria história.  Ele não queria ser um herói, afinal, vampiros nunca eram, mas tinha o desejo de ser reconhecido por algo a mais do que suas presas e os olhos vermelhos.

Era estes pensamentos que o fazia ficar na surdina aguardando a hora de brilhar.

O vampiro estava a uma semana na capital. Havia chegado mais cedo na intenção de se preparar melhor para a apresentação no baile de primavera, porém seus planos mudaram drasticamente quando em meio a uma de suas saídas noturnas em busca de alimento ele se deparou com cinco brutamontes, provavelmente meio gigantes, levando a força uma pequena e franzina garota de aproximadamente quinze anos.

William a reconheceu no mesmo instante, era uma das artistas que se apresentaria no baile, a famosa dançarina, Sulamita.

Ele tinha permanecido onde estava, escondido dos olhares dos meio gigantes enquanto a levavam.

A princípio tinha cogitado deixar para lá, fingir que não  viu nada, mas seu lado que buscava reconhecimento e aventura falou mais alto e agora lá estava ele, caminhando em uma floresta amaldiçoada como diziam as lendas, no meio da noite sem nenhuma arma e com fome, seguindo uma trilha de pegadas enormes atrás dos sequestradores.

{...}

Bellas Yelsatra

 

O feérico caminhava chateado ao lado do irmão e dos dois primos. Ele já tinha retirado o disfarce, agora usava uma enorme camisa folgada e calças rente ao corpo. Nada elegante, mas bem tipico de si.   

Enquanto andavam, as crianças sorriam para as pessoas, dançavam junto com alguns músicos e até fizeram uma doação a um sem-teto que pediu esmola a eles. O passeio estava sendo agradável para elas, já para o outro uma verdadeira perca de tempo.

— Bell quando é que vai levar uma namorada lá em casa? — O irmão caçula especulou quando viu um casal andando de mãos dadas. — A mamãe disse que está precisando de companhia e você já está ficando velho.

— O dia que eu não tiver mais que cuidar de você, Wyn, talvez eu arranje tempo para uma garota! — Na realidade Bellas tinha seu histórico romântico. Sua ex namorada vivia lhe atormentando e ele havia convidado Sulamita para um encontro. Mas Wyn não precisava saber de sua vida romântica.

A mal resposta do irmão  não intimidou o pequeno que começou a sorrir antes de caçoar do outro.

— Pois eu acho que ninguém te quer, com essa cara de morto vivo! — O loirinho riu do próprio comentário fazendo os primos gêmeos  sorrirem também. — Você devia sorrir mais Bell, é equinócio de primavera! O primeiro dia do ano.

O assassino reprimiu o desejo de jogar Wyn da ponte.

Era impossível sorrir com o ofício da família, mas o caçula ainda não sabia disso e Bellas preferiu não ser aquele que tiraria a felicidade do irmão.

Os quatro continuaram o passeio. Compraram flores para a mãe, Flame. Beberam um pouco de sidra e comeram muita torta de morango.

Já de tarde é que eles retornaram. Bellas tinha que ir para o palácio, precisava comparecer ao baile, por causa de Sulamita. Já os meninos estavam ansiosos para assistirem a chegada dos quatro monarcas menores, o rei Aron do norte, a rainha Morgana do Oeste, o Rei Jason do Sul e a Rainha Ariana do Leste, que estavam indo a Parlak para participarem do baile da primavera e para resolverem alguns problemas de cunho administrativo e militar.

 

{...}

 

02 de Floril de 744 D.I

 

Imperador Everton Montenegro

O baile de primavera havia sido um sucesso, mesmo com a ausência do pianista e da bailarina, a corte estava toda alegre, não paravam de  comentar a respeito do quão divertido havia sido o primeiro dia do ano.

Salvo, o Imperador, que não partilhava de tal sentimento. O mesmo encontrava-se inquieto sob a cadeira, na cabeceira da mesa.

Um lustre de cristal  balançava acima de sua cabeça fazendo um ruído inconveniente que o irritava.

A Imperatriz por sua vez, andava de um lado a outro apreciando os quadros disposto nas paredes. Haviam retratos de todos os Monarcas Maiores, com uma grande ênfase a Verena Montenegro, a primeira imperatriz, aquela que uniu os quatro reinos, separou os clãs bruxos e dizimou os seres pequeninos.   

A esposa de Everton, tentava ser forte, mas duvidava que o marido tivesse êxito na reunião.  

— Como pretende abordar o fato de que precisamos, encontrar as cinco jóias celestiais e colocá-las na coroa, antes que Mizael a encontre?  — A imperatriz quis saber. — Afinal, para todos, a coroa não passa de lendas a respeito da conquista. Somente os Montenegro tem o conhecimento de tal poder, ou seja, nós dois e Mizael! Além do mais, quando mencionamos a existência de seu ancestral,  todos os monarcas menores questionaram sua sanidade mental.

—Não pretendo contar aos demais Reis, eles não acreditariam e para o próprio bem é melhor desconhecerem a existência de Mizael! — Ele respondeu ciente de cada palavra que usaria na reunião. — Eu tenho uma desculpa.

A imperatriz não se convenceu.

Os outros monarcas chegaram dez minutos depois. Todos pareciam bem. Morgana irradiava beleza, mesmo se aproximando dos novecentos anos, a mais velha deles. A rainha Ariana por sua vez cativava a todos com sua simplicidade e gentileza. O rei Aron tentava intimidar aos demais com as muitas armas que carregavam, algo típico dos nortenhos e o rei Jason estava como sempre, usando uma túnica que lhe dava um ar de sabedoria e experiência.

—Sejam todos muito bem vindos. — A Imperatriz os cumprimentou, fazendo com que os outros tornassem a postura normal  depois da reverência. — Peço que tomem vossos assentos.

Morgana reivindicou o lado direito e Jason o esquerdo, já os outros pouco se importavam com os lugares.

O Imperador, saudou a todos, perguntou se haviam gostado do baile e mencionou um ou outro assunto leviano antes de fazer sinal para que o redator soubesse que a reunião estava em aberto.

— Rei Aron, peço que comece por você, estou ansioso para saber a respeito do norte. — O imperador Everton se pronunciou dando o espaço para que o outro relatasse tudo que acontecia em seu território.

O que foi anunciado não surpreendeu. Todos já estavam ciente da ineficiência do norte com relação aos vampiros, era um índice considerável de mortalidade, mercadorias roubadas e exportação de produtos ilegais para os demais reinos, neste último caso devido aos mercenários. O que  chateava muito Everton, era a quantidade de ents que a coroa maior investia com os nortenhos sem nenhum retorno ou melhoria.

Os outros monarcas apresentaram em seguida algumas sugestões que poderiam ajudar a solucionar o problema.

— Diga-nos Jason, a respeito do sul, espero que não me desaponte, tenho grande admiração pelo seu modo de administrar. — O Imperador elogiou deixando Aron revoltado e constrangido perante os outros.

O relatório do sul foi bom, a universidade estava se mantendo e logo mais mestres concluíram os estudos.  A grande biblioteca continuava recebendo doações tanto de livros quanto de moedas. E a prisão do Império permanecia intacta, muito bem protegida sem nenhum caso de fuga.

A próxima a ganhar a oportunidade foi Morgana.  Seu relatório financeiro surpreendeu a todos. O Oeste continuava a prosperar e haviam sido descobertas mais duas minas de ouro. O reino menor Elementar, estava em disparada como o mais rico do Império. E se sobressaia tanto na infraestrutura quanto na saúde, afinal a maioria dos construtores e curandeiros ficavam ali. Além de serem os soldados mais poderosos por serem dotados de magia.

Nada de novo foi mencionado pela rainha Ariana que teve como pauta um grande problema no litoral, devido o número de piratas. Além, de pequenas investidas dos gigantes em vilarejo mais afastados da capital, onde não tinha tanta segurança.          

Os problemas estavam longe de acabar. Cada reino com exceção do Oeste e do Sul tinham muito o que resolver. Mas tudo piorou quando o Imperador comunicou a todos que iria realizar uma expedição a procura de novas terras, uma desculpa, já que não poderia falar suas verdadeiras intenções.

— Não podes, sem a frota naval o império fica vulnerável e meu povo vai ser os primeiros a morrerem nos confrontos.  — A rainha Ariana fez uma pausa. Estava agitada com o pronunciamento. — E eu não posso lhe fornecer esse valor de ents nem de soldados!

— O norte também não tem condições algumas! — Erion esbravejou, deixando de lado toda a etiqueta. — A idade tem lhe afetado, só pode! Primeiro diz que ancestrais da coroa ressurgiram dos mortos e agora quer sair a procura de novas terras mesmo com os inúmeros problemas nas que já possui?

O rei menor do sul, puxou Erion para a cadeira impedindo que ele falasse outra tolice.

O imperador já se preparava para um novo argumento a favor da expedição quando Morgana se manifestou com um sorriso de orelha a orelha.

— Enviarei cinquenta soldados de cada comunidade, ou seja portadores do fogo, da água, da terra e do ar. Creio que estes serão mais eficientes do que os quatrocentos soldados sem poderes que pediu. — Ela fez uma pausa para que o Imperador ponderasse. — Garanto que os meus homens serão muito mais úteis.

— Estes devem bastar. — A imperatriz quem respondeu. — Mas ainda precisaremos do dinheiro.

— O meu reino financiará todas as despesas. — Morgana se manifestou novamente deixando todos com uma fisionomia de incredulidade. — Desde que...

O imperador sabia que tamanha a gentileza não veria sem um preço, e ele já imaginava do que tratava.

— Você quer a minha cora Morgana? — Everton perguntou já sabendo a resposta.

— A sua não, mas minha linhagem é praticamente imortal, e vossa majestade imperial está a cada dia mais próximo da morte, e se me lembro bem, não tens um herdeiro, afinal, a princesa Amélia fugiu não foi?

— Ela foi raptada. —corrigiu.

— O fato é que não tem herdeiros. Portanto após a sua morte a coroa imperial deve passar a um de meus descendentes, se desejar minha ajuda é claro. — Ela fez uma pausa engolindo o vinho disposto em sua taça sobre a mesa. — Veja bem Everton, estou possibilitando a expedição que tanto quer e ainda resolvemos um problema latente, uma vez que, que você e sua esposa, já estão avançados em idade para terem sucessor!

Os monarcas maiores pediram algumas horas para avaliar a oferta. Mas no fim acabaram aceitando.

{...}

Bellas Yelsatra

 Era fim de tarde do segundo dia do ano. Bellas havia passado o tempo  todo pensando no que o ex-servo havia lhe contado antes de ser executado. Pessoas sequestradas, Conspirações de ancestrais que deviam estar mortos. O rei provavelmente devia ter enlouquecido.

O assassino estava deitado no piso gelado da casa de Parlak, propriedade fornecida pelo próprio imperador aos Yelsatra, desse modo, eles tinham um lugar na capital para residirem.

— Como foi o encontro de ontem? — Flame, sua mãe especulou, sentando-se no piso ao seu lado. Ela era uma feérica muito bonita e curiosa. — Eu sou sua mãe, preciso saber dos mínimos detalhes.

O interesse da mulher fez ele sorrir, mas então lembrou-se da noite anterior e sua boca fechou.

— Ela sumiu, digo, deve ter ido embora. — Ele comentou. — Nos últimos dias estive ocupado com o trabalho, pensei que a encontraria no baile de primavera, porque tínhamos um encontro... Ela era uma das artistas que se apresentaria, mas acabou não comparecendo.

A mãe passou os dedos no cabelos negros do filho, dando-lhe um beijo na testa em seguida.

— Essa garota é uma tola irresponsável, primeiro por ter deixado meu filho esperando e depois por não ter comparecido em um evento agendado com antecedência.  — Flame falou como se Sulamita fosse uma vibora asquerosa. — Você vai arrumar alguém melhor.

Bellas ignorou. Ele também estava insatisfeito, mas a garota poderia ter tido algum motivo para faltar.

— Wyn comentou comigo de que tens se sentindo sozinha e que desejava uma nora para lhe fazer companhia. — Bellas disse lembrando das provocações do irmão no dia anterior.

— Talvez eu tenha comentado algo do tipo com Wyn, mas não se preocupe com isso. — Ela começou a acariciar o filho de modo que somente as mães são capazes de fazer. — Eu quero que encontre uma garota que faça seu mundo brilhar diferente. Leve o tempo que precisar querido.

O feérico concordou com a cabeça, pensando na possibilidade de se apaixonar, ele queria sentir tais sentimentos, mas parecia tão improvável que tal sensação fosse recíproca.

— Eu trago mais notícias. — Flame informou a ele desta vez alterando o tom de ternura para receio e contrariamento. — O rei anunciou, uma expedição a procura de novas terras. Foi algo completamente inesperado para todos, mas ele disse que é de suma importância para os negócios do Império.

O feérico concordou sem entender o porque sua mãe importava tanto com isso ao ponto de ficar tensa.

— Ele exigiu que um Yelsatra o acompanhe!

Bellas pensou por um instante. Só haviam três possibilidades, ele, o pai ou a mãe. Já que o irmão e os primos eram novos demais.

— Eu fui convocado então. — Ele concluiu.

— Você sabe que eu não posso ir e seu pai precisa continuar o treinamento dos meninos, além de manter a ordem no reino. — A mãe explicou  tristonha.

— Está tudo bem, minha mãe. — Ele respondeu ainda avaliando se gostava da ideia de sair em uma expedição naval  a procura de terras.

Mas a questão era, porque o imperador precisava de um assassino a bordo!

 

{...}

William Bloodstone

William estava incrivelmente surpreso com o desenrolar dos fatos. Havia se deparado com os sequestradores após dois dias de busca na floresta. Porém o que encontrou foi difícil de acreditar.

Três deles estavam mortos.

A cabana antiga, feita de galhos e folhas, firmada no chão com argila seca, estava em uma situação horrenda. O odor de  carne em putrefação preenchia o ar no quadrante. Enquanto cinzas pairavam pelo local. E tinha sangue, seco e úmido espalhado o chão.      

Todos que raptaram a dançarina em Parlak eram meios gigantes, ele tinha certeza disso. Ou seja, eram muito superiores em força do que uma simples humana de quinze anos. Mas algo tinha matado três deles.

O primeiro havia sido pulverizado, William imaginava a dor de sentir o corpo derretendo devido ao calor. Haviam restado apenas os ossos e alguns pedaços de tecidos chamuscados. Um líquido viscoso rodeava os restos mortais.

O segundo parecia ter sido esfaqueado sobre a cama, pois sangue pingava de seu corpo, as entranhas estavam esparramadas no lençol e no chão. E os olhos tinha sido furados.

Já o terceiro estava caído aos pés da mesa. Ele tinha sido, sem brincadeira nenhuma, partido ao meio.

O vampiro não conseguia acreditar no que via.

Ele só saiu do transe quando notou a garotinha, amarrada na mesa, ainda respirando. Uma onda de ódio apoderou de si e de repente ele ficou satisfeito pelo modo como os meios gigantes estavam.

Sulamita encontrava-se atada a mesa de madeira, com inúmeras tiras grossas de couros que transpassaram seu corpo nu, mantendo imobilizado  seus braços, pernas e abdômen. A força dos nós tinham prendido a circulação sanguínea fazendo o seu corpo adormecer.

O vampiro rodeou a mesa, notando os muitos danos físicos. A cabeça da garota  estava pendendo para o lado esquerdo e seus fios de cabelo molhavam-se no próprio sangue.  O couro cabeludo tinha se descolado do crânio provavelmente devido a alguma pancada.

Sua boquinha pequena e delicada assim como a das bonecas de porcelana, estava inchada, com cortes e rachaduras. Porém os danos só ficaram evidentes quando ele tirou o tecido que a impedia de falar e morde. Seus dentes da frente haviam sido quebrados e o maxilar deslocado. Alguém devia ter lhe dado muitos socos na região. William cheirou a boca dela tentando definir o que conseguia separar. Ele reconheceu o sangue, o aroma de alho, o odor do pus e o que deduziu ser semem.    

A pele alva estava repleta de marcas e mordidas. As costas tinham alguns sinais de chicotadas que se estendiam até a bunda. E os seios apresentavam queimaduras de vela e de faca.

William abriu as pernas dela de forma que sua parte intima ficava completamente exposta. O que confirmou não era nenhuma surpresa. Ela tinha sido violentada e estava com sangramento vaginal.

Aquela garota estava viva por um milagre.   

 William desejou que os meios gigantes estivessem vivos para que ele mesmo os matasse. Usando os próprios poderes ele acessou a mente dela para tentar entender o que tinha acontecido. Não havia nada, era como se tudo tivesse sumido.  

O vampiro não perdeu mais  tempo. Soltou a pobre adolescente da mesa. A cobrindo com a própria capa. Ele ainda não tinha compreendido a situação, o que motivou os criminosos, onde estavam os outros dois sequestradores e como ela ainda respirava.  Mas ele deixou as dúvidas para outro momento.

William estava pronto para tirá-la dali, não importava como tudo tinha acontecido, afinal, quem matou os meio gigantes tinham se saído muito bem. Ele decidiu levá-la para Parlak, mesmo sabendo que tinha uma curandeira a menos de uma hora dali. O vampiro não podia se arriscar no norte.

Tudo iria dá certo, pensou ele. Só não sabia que seria a próxima vítima.

Uma forte dor de cabeça o atingiu juntamente com uma crise de tontura. Ele estava a apenas três metros da cabana, com a garota no colo. Não era possível sentir tal sensação, ele era um vampiro, seus corpo não costumava apresentar tais sintomas.

No entanto, o que estava estranho piorou quando uma fome começou a crescer dentro de si. Ele estava sem comer a dias, mas não justificava o descontrole.      

Seus olhos ficaram vermelhos como quando era inexperiente e não sabia se controlar. Ele precisava comer. E só tinha uma coisa no mundo que ele queria.

Ele queria sangue, e não qualquer tipo de sangue. Ele queria o dela! O sangue dela. Não servia outro.

Uma voz dentro de si começou a ordená-lo a se alimentar.

William a soltou imediatamente, ela não merecia mais sofrimento. Ele não podia causar mais danos a pobre menina.

O vampiro tentou se afastar mais não conseguiu. Ele a queria de forma que nunca quis algo na vida. Era um desejo muito mais intenso do que quando se alimentou pela primeira vez.

O que surpreendeu o vampiro foi que ela não caiu quando a soltou. Existia certa força ao redor de Sulamita, um brilho diferente, ele ficou olhando para aquilo estupefato. Suas presas estavam evidentes e as veias pulsavam, as garras tinham despontado e a pele levemente corada ficou cinza como o céu nublado. Ele havia se transformado por completo.

Asas saíram das costas da menina. Não como as das fadas que eram cintilantes e lembravam as borboletas. Era cobertas de penas resplandecentes em um degradê de branco e preto. No formato das asas de uma gaivota. Eram lindas e enormes.

William não queria se afastar. Precisava do sangue da garota, era como se o chamasse.

A menina foi para o chão com leveza ainda desacordada.

O vampiro não conseguiu se conter e a atacou. O instinto havia sido mais forte que ele.

O líquido que ingeriu era a melhor e a pior coisa ao mesmo tempo.  Tinha o gosto de mel, mas era amargo como o fel. Os opostos, era isso que sentia. Algo dentro de si começou a lutar. Ela sentia o próprio sangue se afastando do da garota.

Ele percebeu finalmente que algo estava o matando. Ele precisava de ajuda. A voz em sua cabeça o ordenou para continuar. Ele continuou.

A voz em sua cabeça parecia ser certa. Ele sabia que devia obedecer.

Estava morrendo, ele morreria e a garota também.  

A voz em sua cabeça mandou parar. Ele obedeceu.

E assim tudo acabou. A última coisa que viu foi as asas dela e de repente as trevas o reivindicou.


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Notas finais do capítulo

Depois de lerem tudo isso eu sei que vocês devem estar se perguntando um monte de coisas, mas asseguro que com o tempo vocês vão se familiarizar com os nomes, espécies e com todo o universo criado.

Eu vou deixar aqui o Link das redes sociais da Original e espero vocês lá:

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Por favor, deixem seu comentário, ajuda muito. Estou ansiosa para saber qual foi a primeira impressão com esse universo. Me contem tudo!

E espero vocês no próximo *-*