Photoshoots escrita por Yusagi


Capítulo 4
Hidrofobia


Notas iniciais do capítulo

AiMeuDeus que demora pra atualizar!! Nem imagina a preguiça que eu tava de escrever essa bagaça xD Isso por que é só traduzir né. Bom, curte aí o capítulo 4 =D



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“Ikki? Ikki, presta atenção, cara!”, disse Victoria fazendo bico. Ela já tentava dar instruções a seu irmão sobre uma pose mas ele simplesmente não ouviria – e não era por estar ignorando; sua mente estava em outro lugar. “Hein? Disse alguma coisa?”

“Que é que tá acontecendo? Você ta viajando a cada dois minutos. A gente ainda tem trabalho pra fazer, então toma mais cuidado!” O loiro deu de ombros – e se perguntou como diabos elas encontraram tantas poses. Já estavam trabalhando a quase uma hora e as garotas pareciam ainda ter muita coisa pra por em prática. Era enervante. “OK, OK, o que eu tenho que fazer?”

“Deita ali.”, disse a garota ao apontar pra um tapete no meio do quarto. Ikki se deitou não se importando com o que aconteceria, pois, pensou ele, já tinha passado por tudo naquela cozinha. Mas isso não foi suficiente para não deixá-lo surpreso quando Miguel se inclinou sobre ele, quase de quatro usando uma das mãos para acariciar a bochecha de Ikki. O loiro arregalou os olhos, corando imediatamente e o vermelho de suas bochechas se intensificou ainda mais quando o ‘Uchiha’ aproximou os lábios dos seus. A ação quase fez Ikki sentir cócegas, porém ele tinha outras coisas pra se preocupar – olhava diretamente os olhos de Miguel, estava em algum tipo de transe. Os olhos negros se mostraram levemente acinzentados com um tom de azul; eram realmente bonitos, mas eram vazios e sem sentimento.

O loiro já não agüentava mais; se levantou. “Posso dar uma pausa?” As garotas deram de ombros e Ikki desceu as escadas ignorando os olhares estranhos que recebia. Dirigiu-se até o jardim onde viu uma grande piscina; andou até ela e se agachou na ponta, observando a água sem prestar muita atenção.

Não pensava no beijo na cozinha, mal pensava em algo. Havia simplesmente perdido o foco na sessão de fotos e sua mente começou a se dispersar com as coisas mais ordinárias, como um pássaro no peito da janela ou um grupo de formigas fazendo algo.

Mas evitou olhar Miguel.

Não trocaram muitas palavras após o incidente; mal se olhavam e a sensação de desconforto quando tiravam as fotos se tornou quase insuportável. Porque eu fui beijar ele...? Ikki soltou um suspiro; estava ficando irritado com essa coisa toda de tirar fotos e queria mais que nada que tivesse rejeitado a idéia. Grunhindo, deixou sua mente vagar novamente.

Miguel observou enquanto Ikki cessou movimento, se agachando na frente da piscina. Estava olhando pra fora da janela quando viu o jovem e seus olhos o haviam seguido. O ‘Uchiha’ podia dizer que algo perturbava o loiro, e provavelmente havia sido o beijo, mas não é como se ele se importasse – era culpa do próprio Ikki, não era?

...tá, então Miguel tinha um pouco de culpa no cartório. Foi quem começou o beijo, afinal. Não se arrependia do ato, mas não iria contar isso pra o loiro – nem pensar. Com um suspiro, Miguel se removeu do peito da janela. Falaria com Ikki, sim, mas o estava fazendo somente para apagar seu sentimento de culpa (que não era tanta assim, mas culpa é irritante). Abriu a porta que levava ao jardim dos fundos e deu dois, três passos antes de chamar o loiro. “Dobe!”, gritou. Parecia que o loiro não esperava por aquilo e perdeu balanço. Deixou escapar um palavrão enquanto descendia pra dentro da piscina com um alto som de ‘splash’. Merda!, pensou Miguel enquanto corria até a beira da piscina. Ikki ainda estava dentro e não fazia nenhum movimento pra nadar. “Dobe?” Um sentimento ruim se apossou de Miguel quando considerou o pior. “Dobe! Dobe, vem aqui agora!” Mas não funcionava. Ikki ainda era uma figura imóvel dentro da água. “Miguel! O que ta acontecendo?!”, perguntou Victoria quando ela e Mimi correram até ele, e olharam a piscina. “Droga! Ele não sabe nadar!”, disse Victoria. Depois disso, Miguel nem pensou – se jogou na água e nadou o mais rápido que podia até o loiro, puxando-o até a superfície novamente. O Uchiha estava feliz que tinha membros fortes ou seria muito difícil tirar o loiro da água (era pesado mesmo sendo magro, afinal). Saiu da água junto de Ikki que tossia violentamente, agarrando-se a Miguel como se fosse a única coisa mantendo-o vivo. Miguel suspirou em contentamento que o idiota ainda estava vivo, mas o loiro não o soltava. Respirava pesadamente; suas unhas cavando no tecido agora transparente que cobria o peito do Uchiha; sua testa encostada num dos largos ombros que o outro possuía.

O mesmo olhou feio as meninas ao ouvir sons de clique, o que significava que haviam tirado fotos. Bom, pensou ele, espero que parem com essa idiotice agora.

Ikki finalmente parou com a respiração pesada e se separou de Miguel. O Uchiha podia jurar que o outro estava chorando – seus olhos estavam avermelhados e com certeza não era por abri-los embaixo d’água. O mais alto (Miguel, no caso de você não saber ;D) levantou o loiro e o ajudou a entrar na casa. Mimi rapidamente pegou duas toalhas para eles e se secaram; Ikki mais vagarosamente e sem ritmo. “Mimi-chan, a gente já vai indo. Acho que conseguimos o suficiente, né?” A outra menina balançou a cabeça em afirmativo com energia, mesmo ainda estando preocupada com o loiro. “Toma conta do Naru-chan, ok?” Victoria fez sinal de V com os dedos e os meninos foram até o quarto de Mimi para colocar suas roupas que, felizmente, estavam secas.

Saíram da casa e um táxi já os aguardava. “Miguel, pode vir em casa um tempoinho?” Miguel olhou a irmã de Ikki por um instante; ela vestia um semblante preocupado. “Tá.”, respondeu ele. Após alguns minutos dirigindo, eles saíram do carro e Ikki voou para dentro de casa enquanto Victoria tentava pagar o táxi mas Miguel não deixava, e foi quem pagou. Entraram na casa também e Victoria se sentou no sofá da sala; Miguel sentou-se também. A garota passou os dedos entre os fios de seu cabelo enquanto pensava em como falar. “A gente tem um problema sério aqui.”

“Que seria?”

“Ikki.” Miguel levantou uma sombrancelha. “O que ele fez?” A garota suspirou; suas mãos agora juntas em seu colo. “Quando ele tinha uns seis anos, ele se afogou. Por pouco ele não morreu; foi um milagre os pulmões dele não terem se enchido de água. Mas desde então ele tem medo de tudo relacionado a água. Ele odeia piscinas, até banheiras, e quando a gente vai na praia ele nunca chega perto do mar. e sempre que acontece algo com ele que tenha a ver com água, ele entra em estado depressivo. As vezes isso continua por semanas e é muito difícil fazer ele voltar a ser idiota.”

“Então você tá me dizendo que ele tem hidrofobia ou algo do tipo?”

“Isso. E eu preciso da sua ajuda.”

Minha ajuda? Com o que?”

“Como eu disse, é difícil ‘trazer ele de volta’, mas eu acho que você consegue. Pode tentar, por favor?”

“Por que eu? Até onde eu sei, a gente não se suporta.”

“Ele gosta de você, eu sei que gosta. Ele é só um idiota teimoso. Ajuda ele por favor, vai?” Os olhos de Miguel se cerraram; ele tinha a impressão que ela não pararia de atormentá-lo até ele aceitar. Com um suspiro, ele concordou. “Ah, valeu mesmo! …acho que agora seria uma boa hora pra começar. Duvido que ele durma hoje.”, disse ela levantando uma mão ao seu queixo. Miguel levantou-se, seguido por Victoria, e os dois se dirigiram até o andar de cima onde o quarto do loiro se localizava. O quarto da garota era uma porta antes, então se separaram. “É com você agora.”, disse ela com um sorriso. O Uchiha fez uma cara feia ao se aproximar do quarto de Ikki, porém sua expressão se suavizou um pouco quando se tocou que não era culpa do loiro. Bateu à porta mas não teve resposta, então simplesmente a abriu e adentrou o quarto, enquanto erguia uma mão para arrumar o cabelo. Estava todo molhado e nem arrepiava mais, e isso o enervava, mas estava ali por uma razão maior então ignorou. Ikki estava sentado na cama; costas contra a parede; suas pernas puxadas para perto de seu peito com seus braços envolta delas.

Miguel viu uma toalha e a pegou, ajoelhando-se em frente ao loiro e secando seu cabelo – Ikki não o havia feito ainda. Quando Miguel acabou, o loiro vagarosamente levantou a cabeça para olhar, confuso, o Uchiha. O mesmo estava momentaneamente hipnotizado pelos olhos de Ikki, que estavam sem lentes. Eram de um tom quente de castanho claro com traços de caramelo e verde-floresta, e novamente, Miguel estava hipnotizado – nunca pensou que veria o outro sem suas lentes. “Se sentindo bem?”, perguntou em uma voz baixa, uma vez que estava fora de seu transe. Ikki balançou a cabeça em negativo. “Desculpa por ter te assustado. Não queria que você tivesse caído… e a sua irmã me contou do seu problema.” Ikki deu de ombros; sabia que aquilo ia acontecer. Miguel olhou um pouco o garoto pálido, que parecia mais um boneco de porcelana que qualquer outra coisa, então se sentou ao lado dele e colocou um dos braços envolta dos ombros do loiro, puxando-o pra perto. Ikki ficou surpreso por um momento, mas seu estado o fez se esgueirar pra mais perto do calor emanando do corpo de Miguel. O loiro estava aos poucos adormecendo, mas conseguiu sussurrar pouco antes de cair no sono, “Obrigado.” Miguel assistiu o loiro cair num pesado sono; qualquer traço tenso de seu corpo agora havia se esvaído. Com um suspiro, sussurrou de volta, “De nada.”

No dia seguinte, Ikki acordou e deu de cara com uma carta, logo ao lado de sua cabeça. Nem se lembrava de ter ido à cama ou coisa do tipo.

Ah, Miguel, é mesmo. Sentou-se vagarosamente, esfregando os olhos, e levantou a carta para checar quem a havia escrito. Era mesmo de Miguel, e lia:

“Dobe, desculpa por ontem… corrige isso, droga, desculpa por ser um cretino o tempo todo. Eu odiava o seu jeito barulhento e feliz até demais, mas quando você começou a agir tão indiferente eu descobri que sentia falta do seu antigo jeito. Não sei o que você vai pensar depois dessa carta, e nem é como se eu me importasse, mas de novo me desculpa e…

Espero que sejamos amigos.

Miguel.”

Um pequeno sorriso tomou conta da boca de Ikki e ele colocou a carta de volta no travesseiro, procurando por seu telefone. Discou o número de Miguel, rindo do fato de ser tão cedo, e logo a voz sonolenta do Uchiha podia ser ouvida do outro lado da linha. “Miguel falando.”, disse ele numa voz levemente irritada. Ikki podia imaginar o outro massageando a cabeça enquanto falava. “Bom dia, flor do dia.”

“Você? Sabe que horas são?”

“Certamente mais tarde que quando você me ligou aquela vez.” Ikki era mesmo uma pessoa vingativa, e não tinha a mínima vergonha disso. “Hn... ligou pra isso?” Ikki fez bico. “Na verdade, não. E eu vi a carta que você deixou.”

“Hn. Então sobre o que você queria conversar?” O loiro coçou a cabeça, todo o tempo pensando, seja homem e fale, seu rato!. “Ikki?”

“Hum, eu tava pensando se você não ta livre lá pelas quatro.” Houve uma breve pausa nos dois lados e Ikki estava quase se arrependendo do que disse. “Claro. Quer fazer o quê?” Um largo sorriso apareceu nos lábios de Ikki. “Sabe, tem esse café muito bom aqui perto, tenho certeza que você ia gostar... ta bom assim?”

“Ta. Quatro, você disse?”

“Isso.”

“Beleza... só pra constar, você não teve mais nenhum sonho erótico comigo, né?” Ikki corou intensamente com a frase, grudando nos lençóis com raiva. “Eu nunca tive um!” Miguel riu de leve. “Claro, claro, e ainda por cima tem um fetiche com tortas. Achei que você fosse do tipo mais tradicional, como chantilly ou coisa do tipo.”

“Ahh, seu pervertido! Não é nada disso! Argh!”

“Ei, relaxa, relaxa! Gosto disso em você.” O vermelho no rosto de Ikki ficou ainda mais visível mesmo no escuro; o loiro podia jurar que seu rosto brilhava de tão corado. “Ahh, não acredito que ouvi isso! Eu tenho que desligar, diferente de certas pessoas eu acordo cedo!”

“Tá, já entendi... boa noite.”

“Noite.” Ikki desligou com um sorriso brilhante. Ele quase – quase – esqueceu o acidente na piscina. Se levantou e foi até o banheiro para seguir com seus hábitos matinais. Desceu então até a cozinha onde seu pai se sentava. “Ah, oi pai! Já voltou de viagem?” Andou até o homem e o abraçou de leve antes de ir até a geladeira. “Voltei ontem à noite. Sua irmã disse que você caiu numa piscina, tudo bem com você?”

“É, eu to ótimo!”, disse o jovem com um sorriso branco enquanto preparava seus cereais com leite, já se sentando à mesa. “Se recuperou tão rápido, eu to orgulhoso. Alguma coisa boa aconteceu?” Ikki não conseguia parar de sorrir mesmo que tentasse – estava feliz, muito feliz. “Vamos dizer que eu fiz um novo amigo.” Seu pai sorriu feliz. “É um menino ou uma menina?”

“Um menino.”, disse Ikki de boca cheia – de brincadeira, claro; jamais faria aquilo pra valer. “Parece bom pra mim.” Não muito depois, sua mãe chegou à cozinha também, surpresa por ver dois de seus queridos conversando tão alegremente. “Bom dia, meus meninos!”, disse a mulher enquanto beijava a bochecha de seu filho e os lábios de seu marido. “Ikki, se sentindo bem?” Ele acenou em afirmativo com a cabeça. “Uau, isso é muito bom.”

A última a chegar foi Victoria, esfregando seus olhos sonolentamente e aidna de pijamas. “Ikki? Você ta bem?”, disse ela, correndo até seu irmão para checar sua condição. Ele riu. “Não se preocupa, eu to bem.” Ela suspirou contente. “E você parece bem feliz também; o que aconteceu? Alguém te deu um beijo de boa noite ontem?” Ikki corou de leve e de repente todas as atenções caíram sobre ele. Sua irmã sentou-se à mesa triunfante. “Claro que não, bobona.” Mas Victoria ainda não havia terminado – é, adorava atormentá-lo. “Mãe, pai, nosso querido Ikki ta apaixonado~!” Ikki engasgou-se com seus sucrilhos e olhou feio a menina; bochechas mais vermelhas que nunca. “Mentira!”

“Já falamos sobre isso. Não tem como negar.”

“Mas eu não gosto dele!” Com a palavra ‘dele’, seu pai se engasgou com o café – ótimo, dois engasgados agora – enquanto sua mãe corou de leve e levantou uma de suas mãos para cobrir o sorriso se formando em seus lábios. “O que eu posso dizer, uh...”, seu pai começou. “Sabe, Ikki, tem algumas coisas que você avisa seus pais. Tipo as suas preferências.” Ikki deu um pulo. “Não, eu- eu não- não é- por que ta todo mundo contra mim?!”

“Eu não to.”, disse sua mãe com um sorriso redondo. “Isso aí, mãe, eu to com você!”, disse Victoria. O pai de Ikki concordou. “Eu nunca disse que sou contra.” Ikki derreteu na cadeira como manteiga – estava ficando muito frustrado, mas com certeza não deixaria aquilo arruinar o dia maravilhoso que teria pela frente.

Um pouco depois das três da tarde, Ikki tomou um segundo banho, mas um bem mais rápido do que o que tomou antes do café da manhã. Ele não fazia o tipo ‘eba-eu-tenho-um-encontro’ – e, ele garantiu, não estava indo a um encontro, ia só sair com um amigo, nada demais. Quando saiu do banho, pegou suas roupas rapidamente. Escolheu calças jeans, uma camiseta verde-clara e tênis brancos – nada fora do ordinário. Arrumou seu cabelo, colocou suas lentes e enfiou o celular no bolso da calça antes de ir até a sala para ver TV até Miguel chegar.

Ele finalmente considerou estar ansioso demais para simplesmente sair com um amigo. Mas só considerou. Não tinha como sua irmã estar certa.

Tinha...?


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Notas finais do capítulo

Tá aí! Antes de qualquer coisa, o cap. 5 vai ser 'bem bom' mas vai dar raiva; eu não posso dar muitos detalhes, mas a história deve ser atualizada logo (isso é, se eu não fraturar os braços no parkour ahiahiahaihi)...
Manda um review aí que eu atualizo mais rápido ainda =D



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