Photoshoots escrita por Yusagi


Capítulo 10
Coração Valente


Notas iniciais do capítulo

Penúuuuultimo capítulo! E as coisas começam a esquentar!
Maaaaas é hora de descobrir alguns podres de uns certos personagens! Fiquem de olho, esse capítulo promete!
Outra coisa, capítulo gigaaaaante se comparado com os últimos dois (lembrando que eu tive que cortar eles no meio ), por que eu acabei adicionando algumas partes extras, ahiahaihai...
Bom, curte aí!



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Miguel assistiu de coração partido enquanto Ikki ia andando a passos rápidos. Apertou os dentes, virando o rosto de lado; não queria ver o loiro indo embora.

FLASHBACK

A aula terminou alguns minutos antes do normal. O Uzumaki saiu rápido da sala, esperando evitar Miguel, mas foi inútil – no seu primeiro passo fora da escola, Miguel segurou sua mão.

Ikki sentiu uma dor no peito e virou-se; suas mãos geladas como o olhar em seus orbes azuis enquanto observava Miguel. – Que foi?

- Você sabe ‘o que foi’. A gente tem que conversar, pra terminar com essa confusão toda.

- Quer conversar? Então vamo conversar. Você já fez um monte de coisas que eu não gostei; eu te perdoei todas as vezes. Agora eu cansei. Tentei ser seu amigo e tudo que você fez foi ser ingrato.

- Nem pensar! Eu só não sabia lidar com essa coisa toda... desculpa.

 - Eu já falei, to cansado de te perdoar. Quantas chances eu já te dei?

- Não sei por que ta tão bravo.

- Você me seguiu! Não sabia que relações são construídas com confiança?!- Miguel abaixou a cabeça. – Eu tava com medo.

- Devia ter me dito isso antes de dar uma de 007!

- É sério, não foi por querer, eu agi no impulso!

- Miguel, é melhor você calar a boca agora, eu já to puto o suficiente com você.

- Mas Ikki, eu...

- Chega.- Se Miguel olhasse de perto, veria os olhos de Ikki lacrimejando. O loiro tirou o pulso da mão de Miguel e deu alguns passos para frente, então ouviu Miguel dizer numa voz baixa e fraca, “eu te amo”.

O Uzumaki parou por um segundo, apertando os dentes, mas depois resumiu movimento sem dizer nada; dessa vez andava mais depressa.

FIM DE FLASHBACK

Miguel engoliu a seco e virou-se, andando a passos lentos. Não havia feito nada por razões ruins.

De uma coisa ele sabia – se fosse pra casa agora, ia acabar cometendo suicídio; não se lembrava de ter ficado tão triste assim antes.

Seus pés o levaram em outra direção, o mandando àquele café que havia ido com Ikki aquelas duas vezes. Era nostálgico sim, mas era melhor que ir pra casa e chorar até morrer desidratado.

Um suspiro longo e profundo escapou de seus lábios, levando junto um leve soluço pra combinar com as lágrimas que se formavam em seus olhos. Não conseguia pensar em nada que não fosse o loiro.

Após pedir um café expresso, pegou um jornal de uma mesa ali perto e o abriu, dando uma lida nas notícias de gente morrendo no Iraque pra ver se se sentia melhor.

Algum tempo após isso, a chuva começou a cair lá fora. Miguel esperou um pouco pra ver se ela parava, mas acabou piorando e ele já deveria estar indo pra casa.

Relutantemente se levantou e foi até o caixa pagar por seu café, então andou até a porta, respirando profundamente antes de sair num sprint pra fora do local. A chuva logo o molhou inteiro, porém, não importava o quanto corresse.

Diminuiu a velocidade; seria inútil continuar correndo, e ele ficaria cansado e ainda mais irritado.

Cortou caminho passando pelo parque a passos pesados, fazendo sons de splash no chão. Uma visão estranha chamou a sua atenção e ele começou a andar mais rápido, tentando chegar mais perto do que quer que fosse.

Algumas pessoas formavam um círculo envolta de alguém, pelo que Miguel podia ver. Não muito depois, o Uchiha viu a pessoa no meio do círculo ser jogada no chão, e três deles o chutavam enquanto os demais riam.

Miguel franziu as sobrancelhas com um largo sorriso no rosto – ao invés de se matar pra tirar a frustração, por que não matar outra pessoa?

Parou de repente. Iria mesmo matar alguém se a pessoa apanhando fosse quem ele pensava.

-

Voltando um pouco com Ikki

 

O loiro tentou segurar as lágrimas; sua visão borrada enquanto virava de costas pra ir embora, mas parou quando Miguel disse que o amava. Seu peito se esquentou com a frase, ao mesmo tempo em que doía muito – Ikki já não sabia o que fazer.

Ele poderia aceitar esse amor, mas e aí? Quem garantia que Miguel não faria mais tanta coisa idiota?

Quem garantia que ele amava o loiro de verdade?

Ikki gostava muito do Uchiha, mas depois de tanta coisa não sabia se conseguia dizer ‘eu te amo’. Estava frágil demais; com medo demais pra fazer isso.

Continuava andando. Seus passos eram vazios e a única coisa em sua mente era sair daquele lugar – mas estava quebrando por dentro. Algo gritava dentro de si, você sabe que ele te ama!, mas havia outra coisa que gritava, você só vai se machucar!. Não sabia que voz deveria ouvir.

Uma coisa era certa; se fosse pra casa agora todos perguntariam por que diabos ele estava tão triste, e sua irmã obviamente saberia que é sobre Miguel e o atormentaria até saber o que aconteceu. Isso só o deixaria mais frustrado do que já estava.

Dobrou uma rua e continuou andando sem saber pra onde ir. Só sabia que tinha que andar.

-

Em torno de sete e meia, Ikki se encontrou num parque. Andou um pouco até alcançar um banco e se sentou, olhando pro céu – choveria logo.

Assim que ele pensou isso, uma gota acertou sua bochecha. Ele franziu as sobrancelhas de leve e abaixou a cabeça, afundando o rosto nas mãos enquanto começava a chorar. Sabia que estava só fugindo do Uchiha, mas estava assustado demais pra fazer o contrário.

Ouviu um choramingo, parecia um filhote de cachorro. Ergueu a cabeça; a chuva já caindo mais forte. Se levantou quando ouviu o choro de novo, seguido de outro. Correu na direção do som e encontrou alguns adolescentes machucando um filhotinho de cachorro que queria se esconder da chuva.

– Ô! Que é que cês tão fazendo?!-, disse ele, irritado. Os jovens o olharam de cima até embaixo. – Que cê acha que a gente ta fazendo, loirinho? Quer brigar, é? Te derrubo com um dedo.

- Tenta.-, foi a resposta de Ikki. O loiro podia cuidar deles sem problema; não fazia Tae Kwon Do por nada.

O primeiro avançou nele bem rápido, pronto pra dar um soco no rosto. Ikki levantou uma das mãos e puxou o pulso do outro pra baixo, torcendo-o e o empurrando costas acima até ouvi-lo gritar.

Mais dois foram até ele mirando o estômago e rosto – se desviou do primeiro e chutou seu joelho, fazendo-o cair no chão logo antes de o próximo chegar. Este tropeçou no que havia caído e acabou indo pro chão.

Ikki viu que um deles segurava o cachorro pra tentar enforcá-lo, ficando ainda mais bravo. Socou o estômago do jovem, pegando o filhote antes que caísse, se virando em tempo de ver mais um pronto para socá-lo. Poderia facilmente evitar o golpe, mas então olhou nos olhos do agressor.

Eram escuros, quase como os de Miguel.

Uma sensação estranha se apossou dele, fazendo-o congelar, e antes que pudesse reagir, levou um soco na bochecha, que o mandou alguns passos atrás. Chacoalhou a cabeça; o cara podia ter os olhos de Miguel, mas não era ele.

Mesmo assim, estava distraído demais para lutar – o sentimento de culpa era mais do que podia suportar. Numa ação ríspida, foi jogado ao chão; seus braços envolta do filhote para protegê-lo, e o loiro torceu o tornozelo ao cair.

Sentiu uma dor nas costelas quando foi chutado, então de novo. Podia ouvir os outros gritando como mongóis, de certa forma era até engraçado. Tossindo um pouco, olhou o filhote, que choramingava um pouco, ainda sentindo dor. A chuva os molhava até o osso, e só fazia a dor quente parecer ainda pior.

Ele então ouviu outra voz, que o chamava. – Ikki!-, a voz gritava. Os adolescentes pararam de repente para olhar o intruso.

Miguel nunca esteve tão bravo em toda sua vida – eles haviam machucado sua pessoa mais preciosa, e ele nunca os perdoaria. Teriam o merecido pagamento.

Ikki olhou pra cima; lágrimas misturadas com a chuva enquanto se ajoelhava, ainda segurando o filhote, e olhava Miguel enquanto lutava. Os movimentos do Uchiha eram rápidos e mortais; em pouco tempo estavam todos correndo, a maioria com alguns dentes a menos.

Ikki olhava com olhos apertados enquanto Miguel se agachava em sua frente. Ele levou uma das mãos até o rosto do loiro e o acariciou de leve, juntando suas testas. – Ta muito machucado?-, disse ele suavemente.

O Uzumaki franziu um pouco as sobrancelhas. Queria mesmo era abraçar o Uchiha e não soltar mais, mas a indecisão e o medo dentro de si eram grandes demais, e tudo isso misturado com a raiva que sentia.

Virou o rosto e tentou se levantar, mas já que estava com o tornozelo torcido mal conseguiu se mexer. Miguel se afastou um pouco e deixou o loiro tentando mais um pouco; seu lado sádico falando mais alto no momento.

Quando Ikki finalmente conseguiu, tentou dar um passo pra frente mas a dor acabou sendo demais pra ele, que caiu pro lado. O Uchiha o segurou a tempo, mas Ikki saiu da segurança de seus braços quase que instantaneamente.

Miguel não disse nada – não sabia o que dizer, na verdade. Estava com medo de o loiro ficar ainda mais bravo com ele se fizesse algo.

Perdido em seus pensamentos, mal percebeu o loiro indo embora.

-

Ikki cantarolava ao som de alguma música que tocava no rádio; não prestava muita atenção, estava ocupado secando o filhote de cachorro. Depois de chorar um pouco pra sua mãe, a mulher aceitou o bichinho.

Não que fosse difícil convencê-la, já que o bichinho parecia o Gato de Botas do filme do Shrek, com a maior cara de danadinho que se podia imaginar.

O loiro sorriu de leve quando o filhote estava finalmente seco e quentinho. Tinha o pêlo longo e cor de caramelo, com alguns fios dourados. As patas e barriga eram brancas e os olhos eram azuis, bem clarinhos.

Pegou o cachorro no colo e se sentou num pufe cor de salmão que ficava em frente a uma pequenina mesa de vidro. Já havia levado muitos comentários irritantes de seus amigos quando eles viam seu quarto; o garoto era caprichoso em todos os sentidos.

As paredes eram impecavelmente brancas, e uma delas laranja brilhante. Nessa mesma parede, havia uma larga porta de vidro que dava pra uma pequena sacada, com vista pro quintal da casa. Sua cama ficava num dos cantos opostos; ele normalmente usava edredons em tons pastel, ou branco e cinza.

Ao lado da mesa ficava uma escrivaninha, com alguns compartimentos onde Ikki deixava suas miniaturas (sua preferida era do Domo-kun) e outras coisas pequenas. Acima da escrivaninha, ficava seu notebook cor de platina.

No centro do quarto estava um tapete branco liso redondo, que contrastava com o piso de madeira escura. Na parede direita do quarto estava seu guarda-roupas, que era embutido numa das paredes e era branco.

Pra finalizar, mais pro lado direito estava uma mesinha redonda de vidro, com dois pufes cor-de-salmão, desses fofinhos que o usuário até afunda de tão macios.

É claro que Ikki não se vangloriava disso – tudo era muito organizado, sim, mas era por impulso... nenhum adolescente deixaria o quarto tão bonitinho assim – o mais normal seria Ikki pendurar pôsters de bandas com nomes discutíveis como ‘Sovacos Malcheirosos’ ou coisa assim.

Isso se não resolvesse jogar suas cuecas pra todo canto, o que seria totalmente anti-higiênico.

Não suportava deixar as coisas mal-arrumadas; era extremamente perfeccionista com a maior parte das coisas que fazia, e com a decoração de seu quarto não podia ser diferente.

Se bem que, se fosse parar pra pensar, talvez Ikki já fosse gay e nem sabia.

Bateu com a mão na testa; lá vinha esse assunto de novo – Miguel.

O filhote choramingou um pouco e colocou a cabeça pendendo de lado, chamando a atenção do loiro. – Ah, você deve ta com fome, né? Vou lá pegar algo pra você comer.

Deixou-o no pufe e desceu até a cozinha. Pegou carne moída da geladeira e colocou-a numa pequena cumbuca, pondo leite numa outra. Subiu com as coisas em mãos e chegou em seu quarto bem em tempo de ouvir o celular tocando.

Colocou a comida no chão junto ao cachorro e pegou o telefone, vendo o número de Mari. Não queria atender; ela o atormentaria demais e ele realmente não estava com a paciência pra isso. Ela continuou ligando, porém, e ele atendeu. – Oi?

- Oi Ikkizinho lindo! Que ta fazendo?

- To terminando de fazer tarefa de escola.-, mentiu ele.

- Awn que fofo! Você fica tão fofo quando ta estudando!- O coração de Ikki disparou por um segundo, mas não pelo comentário da garota; é que ele havia se lembrado de como Miguel ficava quando se concentrava nos estudos.

O loiro tinha a leve impressão que o Uchiha tinha algum problema de visão, já que ele tendia a se aproximar bastante do que quer que fosse ler. – Ikki?

- Ah? Desculpa, eu tava distraído.- Suspirou mentalmente; até nessas horas Miguel não saía de sua cabeça. – Ah... ta bom, eu te perdôo. Nossa, quase esqueci! Não sabe quem eu acabei de ver!

- Quem?

- Aquele seu amigo estranho, de cabelo arrepiado!

- Você diz, o Miguel?

- Se for aquele que tava se aproveitando de você, é sim. Você não vai acreditar... ele tava com uma menina!- Os olhos de Ikki se esbugalharam um pouco. – Com uma menina?

- É, tipo, foi muito estranho... eles tavam super se pegando. Foi meio bizarro, eu achei que o cara fosse gay. Vocês não tão juntos?

- Não...-, disse Ikki com uma voz fraca. – Tem... certeza que era ele?-, perguntou quase que hesitantemente. – Tenho sim. Aliás, foi por isso mesmo que eu te liguei. Mas tem certeza que vocês não tão juntos?

- Olha, Mari... eu tenho que terminar de fazer a minha tarefa, te ligo outra hora. Tchau.- Não esperou a garota falar mais nada; desligou na cara dela e deixou o braço cair ao lado do seu corpo; o pingente de seu celular balançando de leve até parar.

Fitou o chão por algum tempo, livre de qualquer pensamento, mas logo a única coisa que passava por sua cabeça era uma pergunta.

Por quê?

-

Mari abriu um largo sorriso, olhando o homem sentado à sua frente. – Que beleza, ele parecia bem tristinho.

- Tem certeza que vai funcionar?

- Acredite, eu já fiz isso antes e posso muito bem fazer de novo. Tudo bem que foi muito mais fácil quando a gente era criança, mas pelo menos agora é mais divertido.- O homem tragou seu cigarro, soltando a fumaça pelos lábios semi-abertos enquanto a ouvia.

- Ah, o Miguel ta desconfiando de alguma coisa?-, disse ela.

- Não, não faz nem idéia. E de qualquer forma, eu duvido que ele esteja com cabeça pra pensar nisso agora.

- Haha! Verdade. Hum, eu não sei por que, mas parece que os dois brigaram. Fazendo isso acho que a gente termina com essa história de uma vez por todas.

- Verdade. Até que foi bem útil eu ter te chamado.- A garota jogou os cabelos pra trás com um sorriso um pouco cruel. – Concordo... eu nunca me perdoaria se perdesse o meu Ikki pra outra pessoa. Ainda mais pra um homem. Mas quem diria hein? Justo o Miguel.

O homem tragou o cigarro mais uma vez. - Ah... pensei que voltando pro Japão eu não teria mais esse problema... não pensei que fosse acontecer tudo de novo. Odeio isso.

- Não precisa se preocupar. Agora que o Ikki ta tão frágil vai ser fácil roubar ele pra mim. E ainda de quebra você fica livre de ver o seu filho com ele.

Um pequeno sorriso se formou nos lábios do homem. Tinha os olhos negros como pedras de ônix e cabelos curtos de mesma cor; a pele era pálida e seus traços eram acentuados. – Nossa, vocês são iguaizinhos mesmo, né Kirihara?

- Infelizmente. Mas ele não vai cometer o mesmo erro que eu.-, disse ele apagando o cigarro. – Você tem muito trabalho pra fazer, é hora de eu ir.- Se levantou e Mari fez o mesmo, mas ele a parou. – Eu sei onde fica a porta.

Com isso, o homem saiu da casa. Mari suspirou profundamente e foi correndo até seu quarto, abrindo o guarda-roupas. Pegou as peças que tinha separado especialmente pra completar seu ‘plano’ e as olhou deleitosamente.

Ikki seria só dela.

-

Miguel usou as costas de sua mão pra secar as últimas lágrimas que saíram de seus olhos. Tentava pensar em algo pra fazer Ikki perdoá-lo mas era tão difícil!

Levantou-se e foi até seu computador, ainda respirando pesado. Conectou-se à internet e assistiu um pouco da Laranja Irritante pra tentar se distrair, mas era impossível. Ia fechar a janela quando viu uma propaganda no canto superior direito.

Hm... não custa nada dar uma olhada.

A página que se abriu a seguir falava sobre bons presentes pra se dar no dia dos namorados – era um site americano e faltavam dois dias pro Valentine’s Day, então o Uchiha não se surpreendeu muito de a propaganda ter aparecido.

A cada palavra que lia, ficava mais interessado. Estava tirando ótimas idéias de lá, e seu humor até melhorou um pouco – talvez conseguisse o perdão de Ikki.

Fez uma lista com as coisas que precisava e deixou dentro de sua gaveta de meias – teria muito trabalho pela manhã.

Espera por mim, Ikki... não desisti de você ainda.

-

O loiro abriu os olhos e olhou, sonolento, o cachorrinho que ele havia chamado de Lucky. O nome era meio clichê, mas Ikki sempre quis ter um cachorro com esse nome.

Percebendo que o dono havia acordado, Lucky abriu os olhinhos e esticou as patas, se levantando devagar pra lamber a bochecha do loiro. Ikki riu de leve e acariciou o bichinho; pelo menos alguém nesse mundo cruel se importava com ele.

Olhou no relógio; ainda eram nove e meia. Suspirou e preparou-se pra levantar quando alguém bateu na porta. – Pode entrar.-, disse ele no meio de um bocejo. A porta se abriu revelando ninguém menos que Mari.

Ikki virou os olhos; logo de manhã já tinha que agüentar a menina. – Bom dia, Ikkizinho meu lindinho! Como você dormiu?-, disse ela num voz extremamente irritante. – Melhor que eu acordei.-, disse ele com os olhos fechados.

Ele até os abriria pra ficar de olho no que a garota poderia fazer, mas as roupas dela chegavam doer a vista. Ikki sabia que ela gostava de roupas ousadas, mas isso era ridículo.

Usava uma camisetinha que fazia os seios dela quase pularem pra fora, e uma saia jeans que, se vista do ângulo certo, dava até pra enxergar o útero de Mari, de tão curta que era.

- Ah, Ikki... você fica tão lindo quando dorme.-, disse ela numa voz provocante, mas Ikki a ignorou quase que por completo. Começou a imaginar como Miguel ficava enquanto dormia, o que o deixou triste de novo.

Ah, ele realmente não parava de pensar no Uchiha.

Sentiu um peso na beira da cama e abriu os olhos; Mari o observava com olhos de felina, pronta pra dar o bote. Isso o deixava profundamente irritado; ele definitivamente não estava no humor pra agüentar a menina. – Sabe, Ikki... eu não parei de pensar em você a noite toda...

O loiro franziu um pouco as sobrancelhas; ele havia feito a mesma coisa, só que pensando em Miguel, claro.

Ta, ele se desconcentrou de novo.

- E eu fiquei morrendo de vontade de ficar bem pertinho de você... tava tão frio!

Novamente, ele percebeu que estava pensando a mesma coisa sobre Miguel.

Mari se inclinou por sobre Ikki, com a maior cara de puta que o loiro já havia visto nela. A garota começou a esfregar de leve o peito do Uzumaki, o que o fez franzir as sobrancelhas ainda mais.

- Eu fiquei imaginando... como seria ter você dentro de mim.-, disse ela lambendo os lábios. Ikki corou na mesma hora, mais uma vez não pelo que ela falou, e sim por acabar imaginando a cena – com Miguel, claro.

- E agora que você não ta mais com aquele chato, eu posso ficar com você só pra mim.

A garota se preparou pra beijá-lo, achando que já havia conseguido seduzi-lo, quando a irmã de Ikki apareceu na porta. – Ai meu Deus, Mari! Que coisa horrível, deixa o pobrezinho em paz!

Mari corou um pouco e virou-se pra fitar Victoria. – Não foi pra ver isso que eu vim aqui. O Miguel ta aí, quer que eu mande ele entrar?

- Não!-, disse Mari. – Diz que ele ta comigo agora.- Victoria ergueu uma das sobrancelhas e entrou no quarto, puxando e garota pelo braço. – Vou mandar ele vir aqui.

Antes que Ikki pudesse dizer qualquer coisa, Victoria estava fora do quarto e levava Mari junto. Pelo menos isso.

Mas o loiro estava com medo. Afinal, Mari havia dito que viu Miguel com uma garota.

Fechou os olhos, preocupado, e se sentou na cama quando bateram na porta. – Entra.-, disse ele tremendo um pouco. Quando Miguel apareceu na porta, o queixo do loiro caiu; não parecia o mesmo Miguel que ele conhecia.

O Uchiha entrou no quarto e fechou a porta atrás de si cuidadosamente, andando até a cama. Se inclinou de leve e deu um breve beijo na bochecha do loiro. – Bom dia.

Então, mostrou a Ikki um buquê de girassóis extremamente bonito; devia ter custado uma fortuna. – É meio feminino, mas é pra você.- O loiro continuava boquiaberto. Não sabia o que o assustava mais: se era o Uchiha em si, se eram as flores ou se era o jeito dele agir.

Pegou as flores e as colocou no colo, ainda um pouco sem saber o que fazer. Miguel se sentou ao seu lado e levantou uma das mãos pra empurrar pra trás alguns fios de cabelo loiro que insistiam em tampar a bela face do Uzumaki.

- Só pra você saber, eu não vim aqui como Sasuke nem como Miguel, eu vim aqui simplesmente como o cara que ta completamente apaixonado por você. O verdadeiro eu.

Realmente não parecia Sasuke; os cabelos estavam pra baixo, meio jogados de lado, e usava uma expressão serena no rosto, que o deixava adorável junto com o rosa em suas bochechas.

Pra variar, não usava roupas pretas. Estava com uma calça jeans cinza, uma camiseta verde clara lisa e seus tênis, nada mais. Ikki estava impressionado com a visão, mas nada comparado com o fato de ele estar usando óculos. Bem que Ikki tinha percebido o problema de visão do Uchiha.

- Mas espera... a Mari, ela disse que-

Miguel colocou um de seus dedos nos lábios do Uzumaki, silenciando-o. – Não sei se você percebeu, mas ela é pior que eu pra conseguir você. Seja lá o que ela disse, eu não quero nem saber o que é, é mentira.-, e tirou o dedo dos lábios macios do loiro.

- Ela disse que te viu beijando uma menina.- Miguel deixou a cabeça cair; Ikki era mesmo cabeça dura. – Nojeeento.-, disse ele. – Odeio mulher.-, disse ele com uma expressão de desgosto. Ikki segurou o riso; esse era o Miguel que ele conhecia.

- Mas eu não vim aqui pra passar mal com essas coisas.- Se levantou da cama e ajoelhou-se no chão, de frente pro Uzumaki. – Vim aqui pra mostrar o quanto eu fiquei arrependido de ter te seguido e... não, não me arrependo de ter tentado te molestar...-, disse ele coçando a bochecha com um dedo, fazendo Ikki soltar um pequeno sorriso.

- Mas eu me arrependo de ter te deixado bravo. Eu não imaginava como devia ter sido ruim pra você, e até agora eu ainda não sei, mas eu sofri demais esse pouco tempo que você tava puto comigo, e eu quero poder voltar a sorrir, dessa vez com você do meu lado.

Miguel estava vermelho carmim; parecia que ia explodir a qualquer momento. Com as mãos tremendo, pegou uma pequena caixinha vermelha de seu bolso, e respirou fundo.

Abriu a caixinha devagar e mostrou-a ao loiro. Com a voz fraca e hesitante, finalmente conseguiu falar.

- Quer ser o meu namorado?


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Notas finais do capítulo

Aí está! Será que Ikki vai aceitar? Será que alguém vai impedí-los? A verdade finalmente será revelada sobre o pai do Miguel? E por que Mari e Kirihara falam tanto sobre o passado?
Não percam o último episódio da saga Photoshoots!



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