Palavras de amor escrita por BruPotter


Capítulo 12
Capítulo 12




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POV Mônica

Quando o treino acaba vou para o vestiário, tiro o uniforme, tomo uma ducha e coloco uma roupa.

— Bem melhor...- Eu pensei.

Saio do vestiário e vou até Cascão.

— Tá pronta pra dar o pé daqui?- Ele perguntou.

— Vamos nessa- Eu respondi.

Saímos do ginásio em direção ao portão do colégio, porém eu estou com a sensação de que esqueci de algo...

— Minha bolsa!!!- Eu me lembrei e parei de andar.

— O que tem sua bolsa, doida?- Cascão quis saber.

— Eu esqueci no ginásio.- Eu disse.

— Você só não esquece a cabeça por que está presa no seu pescoço.- Cascão caçoou de mim.

— Haha, muito engraçado Cas, olha pra mim estou morrendo de rir.- Eu disse sarcástica.

— Parei!- Ele disse enquanto levantava as mãos em forma de rendição.

— Ok, mas eu vou pegar.- Eu disse, me virando para o ginásio mais uma vez.

— Quer que eu te espere aqui?

— Não precisa.- Eu neguei.- vai indo, não irei demorar.

— Pode deixar.- Ele concordou e foi embora.

Caminho até o ginásio, mas antes de entrar ouço uma música.

— Quem será que está ai?- Me perguntei.

Abro a porta e quando entro vejo Magali dançando.

Nossa...nunca iria imaginar que ela dança...

Entro o mais silenciosamente possível e fico a observando mas quando a música para não me contenho e grito.

— Isso foi incrível!!

— M...Mônica...- Magali gaguejou- o...o que você está fazendo aqui...

— Eu esqueci minha bolsa- Eu disse, enquanto me aproximava.- mas quando venho pegar não imaginava que encontraria você...

— Não conta pra ninguém- Ela pediu.

— Mas...

— Por favor

— Ok- Eu me rendi.- não vou contar.

— Obrigada.- Magali agradeceu.- bom, nos vemos amanhã.

— Pode parando ai senhorita.- Eu a impedi.- você não vai pra casa.

— E pra onde eu vou?

— Pra minha

— Somos amigas a pouquíssimo tempo e já quer que eu vá na sua casa.- Ela disse.

— Sim- Eu respondi.- quem liga se somos amigas a pouquíssimo tempo, o importante é que eu curto falar contigo.

— Tudo bem, você ganhou- Ela se deu por vencida.- só vou mandar uma mensagem para meus pais.

— Tá

Magali manda uma mensagem e então saímos do colégio em direção a minha casa.

— Cheguei pai!- Eu disse, enquanto entrava em casa.

— Oi, quem é essa?- Ele me cumprimentou e depois perguntou.- nunca a vi antes.

— Pai, essa é a Magali- Eu a apresentei.- ela é minha mais nova amiga.

— É um prazer em te conhecer.

— O prazer é meu senhor- Magali disse, um pouco tímida.

— Sem senhor.- Meu pai disse.- assim pareço um velho.

— Desculpe...

— Não precisa

— Maga, por que você não vai subindo.- Eu disse a ela.- vou pegar algo pra gente comer.

— Tá, onde fica seu quarto?

— Subindo a escada, é a primeira porta à direita.- Eu expliquei.

— Obrigada- Ela agradeceu e foi subir as escadas.

Coloco minha bolsa no sofá e vou pra cozinha mas quando passo por meu pai ele sussurra.

— Gostei dessa garota, ela me parece diferente das outras.

— Acredite pai, ela é- Eu concordei e fui em direção à cozinha.

Cumprimentei Lauren, fui pro armário, peguei um pacote de salgadinhos, peguei dois copos de água e subi para meu quarto.

Quando entrei vi Magali olhando algumas fotos na minha parede. Deixo os copos numa mesinha, vou pra perto dela e digo.

— Pelo visto já achou meu painel de memórias.

Magali da um grito e se vira.

— Quer me matar?- Ela perguntou.

— Desculpa- Eu falei.- você estava tão distraída que não me viu entrando.

— Tudo bem- Ela disse.- e sim, eu vi. Tem umas fotos bonitas.

— Obrigada- Eu agradeci.

Se vocês quiserem saber o que é exatamente esse meu "painel de memórias" são somente fotos de momentos que mais me marcaram minha vida, algumas palavras de incentivo, fotos de lugares que fui ou sonho ir.

— Agora me diga senhorita Fernandes, desde quando sabe dançar?- Eu perguntei, enquanto me sentava na cama.

— Quer mesmo saber?- Ela rebateu com outra pergunta.

— Sim- Eu respondi, enquanto pegava o pacote de salgadinho.- sou curiosa.

— Ok- Ela disse enquanto se sentava na ponta da cama.- é uma história boba, já vou avisando.

— Sou toda ouvidos.

— Tá- Ela concordou.- eu tinha sei anos, estava saindo de uma loja de roupas com minha mãe e queria tomar sorvete...

— Hum..

— Quando eu comprei meu sorvete a gente passou pelo parque que pra encurtar a caminhada pra nossa casa.

— E...

— Quando entramos vimos uma multidão vendo algo e eu fiquei curiosa puxei a minha mãe pro meio daquela gente e vi um grupo de artistas de rua dançando.

— Sério?!

— Sim!

Então Magali se levantou de minha cama e começou a fazer pequenos passos de dança enquanto continuava a falar.

— Eu aquelas pessoas fazendo vários passos difíceis e diferentes que fiquei totalmente pasma!! Pareciam de outro planeta!

E parece que ela nem está percebendo o que está fazendo de tão imersa na história que ela estava.

— Quando elas terminaram eu os aplaudi tanto que uma das dançarinas veio em minha direção e perguntou se eu tinha gostado.

—...

— Eu disse que sim e que os adorei, ela vendo minha excitação me aconselhou a fazer o mesmo.

—...

— Eu abri um sorriso tão grande naquele dia e antes da moça ir embora ela me deu o colar como forma pra eu não desistir da ideia.

—...

— Quando cheguei em casa eu subi pro meu quarto, peguei o laptop da minha mãe e fiquei procurando vídeos de dança pra imitar.

—...

— Fiz isso durante dias até que minha mãe me pegar dançando no quarto e me levar até uma amiga que era professora de dança e me pedir pra me ensinar.

Quando Magali parou de falar percebeu o que estava fazendo, estacou no lugar e ficou corada.

— Foi mal...

— Não fale isso!- Eu disse, sorrindo.- foi uma história linda e nada boba.

— Acha?

— Com certeza.

— Obrigada- Ela agradeceu.

— Mas por que não quer que ninguém saiba.

— Em questão de mostrar os outros que danço eu sou tímida.

— Entendi.

— Mas e você?- Magali perguntou enquanto sentava na cama.

— Eu o que?- Eu disse, confusa.

— Eu contei como comecei a dançar agora é a sua vez senhorita Sousa- Ela disse, enquanto se deitava de barrida para baixo na cama.

— Tudo bem- Eu disse.- nada mais justo.

— Sou toda ouvidos.

— Bom, antes de vir pra cá eu morava lá no pitangueiras, conhece?

— Conheço.

— Então, foi quando eu ainda morava lá. Eu tinha seis anos e meus pais decidiram ir me levar pra ver um recitar de balé...

— Qual recital?- Magali perguntou.

— Quebra Nozes- Eu respondi.

— Legal.

— Então quando a gente foi ver eu não tinha muita expectativa.

— Por que?

— Achava chato mas era por que eu não tinha realmente visto.

—...

— Mas quando as luzes se apagaram e a bailarina começou a dançar eu vi que estava totalmente enganada!

—...

Inconscientemente fecho meus olhos e viajo em minhas memórias do passado.

— Casa passo que a bailarina dava parecia como se ela flutuasse nas nuvens! Foi mágico.

— Quando o recital terminou eu sai do teatro toda animada, mas antes de voltarmos pro carro a bailarina que fazia a personagem principal veio até mim e meus pais.

—...

— Eu fiquei paralisada quando isso aconteceu. Ela se abaixou pra ficar na minha altura e perguntou o que achei.

—...

— Eu rapidamente sai do meu estado de choque e comentei que tinha adorado e ela disse pra eu fazer o mesmo.

—...

— Mas eu disse que não conseguiria então ela me deu a coroa de rosas que ela estava usando pra me dar um incentivo e depois foi embora.

— E...

— E quando cheguei em casa eu não parei de falar sobre isso por três dias até que meus pais decidiram me por numa academia de dança para crianças

Abro meus olhos e vejo que Magali tinha um sorriso em seu rosto.

Então nós duas tivemos alguém que nos inspirou.- Eu comentei.

— É- Ela concordou e tocou algo em seu pescoço.

— O que está tocando?- Eu perguntei.

— É o colar que a moça que me incentivou a dançar me deu.- Ela disse, enquanto tirava o colar de dentro da blusa.- desde aquele dia eu ando com ele...sabe...pra me dar sorte...

— É bonito.

— Obrigada...

— Espera

Me levanto da cama, vou até meu armário, abro uma gaveta e tiro de lá uma coisa.

— O que tirou de lá?- Magali perguntou enquanto me sentava na cama.

— Já que você me mostrou o colar nada mais justo do que eu te mostrar isso...

Tiro de minhas costas e mostro pra Magali a coroa de rosas que a bailarina tinha me dado.

— Que bonita

— Antes de vir pra cá eu usava ela o tempo todo mesmo que estivesse grande.

— Por que parou?

— Não sei...- Eu menti.

— Ok...

Pela resposta acho que ela sabe que eu tô mentindo...acho mas ainda bem que ela não disse nada.

— Então dona Magali que tal me provar se é tão boa dançarina quanto eu!- Eu brinquei, me levantando da cama e indo abrir uma gaveta da estante;

— Como eu irei provar dona Mônica?- Ela brincou também.

— Com uma coisinha chamada...Just Dance!

— Gosto desse jogo!

— Então eu te desafio, a uma partida!

— Topo!

Magali e eu ficamos jogando até a tarde e depois a mesma vai embora então fico assistindo televisão a noite e depois vou dormir.

POV Cebola

Tiro o uniforme, coloco uma roupa, saio do vestiário do ginásio, vou pro pátio mas quando ia pro portão vejo Cascão.

— O que ainda faz aqui?- Eu perguntei.

— Tô esperando a Mônica- Ele respondeu.

— Entendi.

— Mas acho que ela pode ir embora sozinha.- Ele falou.

— Por que?

— Ta afim de...- Ele ia falar mas foi interrompido.

— Ei, Cascão!

— O que foi Titi?- Cascão perguntou.

— Tá afim de ir pro parquinho jogar ou andar de skate?- Jeremias se pronunciou.

— Acho que...- Ele ia recusar.- quer saber...acho que vou sim.

— Acho que está na minha hora de ir...- Eu pensei.

Quando ia embora Cascão me impede e me puxa pra perto dele.

— Mas só se o Cebola aqui for comigo.- Ele disse, enquanto passava o braço pelo meu pescoço.

— Sério mesmo- Titi disse.

— É

— Não vai dar Cascão- Jeremias disse.

— Por que?

— Por que nós não queremos andar com esse invisível- Titi reclamou.

— Apoiado

— Esse "invisível" é meu amigo- Cascão fechou a cara.

— Qual é!

— Não faz isso Cas!

— Não precisa fazer isso, cara- Eu sussurrei, mas ele me ignorou.

— Eu só vou se o meu amigo ir- Ele disse, ainda sério.

— Ah, tudo bem- Titi disse.

— O nerd pode ir conosco.

— Então vamos nessa!- Cascão disse, feliz- para o parquinho!

Os dois vão na frente e quando tentei escapar Cascão segura a manda de minha camisa.

— Nem pense em fugir mocinho- Ele me impediu.

— Ok- Eu parei de resistir, quer dizer...eu nem ao menos tentei.

Ajeito minha mochila e vou com os outros para o parquinho.

— Você realmente não precisava ter feito isso- Eu disse mais uma vez.

— Eu fiz isso por que eu quis- Ele disse.- somos amigos ou não, careca?

— Somos- Eu respondi.

— Então nada mais justo do que sair comigo e com os outros.

— Mas o Titi e o Jeremias não gostam de mim- Eu o alertei.

— Por isso mesmo.

— Não entendi

— Vou fazer eles mudarem de opinião- Ele falou.

— Não estou dando fé nisso...

— Fica tranquilo- Ele me confortou.- vai ficar tudo bem.

— Duvido- Eu pensei.

Depois de caminhar chegamos no parquinho.

— Tá pronto pra ser derrotado.- Titi falou.

— Tá se esquecendo que sou o melhor do time.

— O Titi tava falando com o seu amigo- Jeremias disse.

—...

— O Cebola pode com vocês pois sempre que tenho a chance tenho treinado ele.- Cascão disse.

— Vamos ver- Titi disse, e tirou a bola da sacola e a coloca no chão.- vamos ver se é tão bom professor.

— Ou se ele é tão bom aluno assim.

Ah não...eles não estão duvidando da minha capacidade...

— Estão duvidando de mim?- Eu perguntei. E nem sei de onde criei um mínimo de coragem.

— E se estivermos- Jeremias perguntou.

— O que vai fazer?

Fico com um olhar sério, vou até a direção de Titi, tiro a bola de seus pés e digo.

— Vamos jogar.

— Isso ai- Cascão deu a voz. Acho que ele ficou surpreso pela mudança repentina.- eu fico com o Cebola

— Tanto faz- Titi disse

Jeremias faz uma linha na terra, acho que vai ser o gol.

— Quem fizer cinco pontos vence- Ele disse.

— Vamos nessa!- Cascão disse, animado.

Então começamos a jogar futebol e me esforço para lembrar o que Cascão havia me ensinado nos treinos exaustivos dele.

Se vocês estiverem surpresos com essa minha mudança eu vou lhes explicar. Posso ser tímido, inseguro e várias coisas mas se duvidam da minha capacidade de fazer algo aí a coisa muda de figura! E eu gosto de uns desafios de vez em quando...

Depois de vários minutos jogando finalmente paramos.

— Vencemos!!- Titi comemorou.

— Vencemos mesmo!!- Jeremias se juntou a ele.- cinco a quatro!

— Bom jogo- Eu os parabenizei. Posso não ter gostado que eles duvidaram de mim mas sei ser um jogador justo.

— É, foi mesmo.

— Valeu

— É, até que você tem jeito- Titi disse.

— Só precisa melhorar um pouquinho mais- Jeremias completou.

Dou um sorriso pequeno e depois Jeremias fala.

— Ei, Titi

— Que foi?

— Acho que o parquinho é um bom lugar pra gente fazer o vídeo.- Ele disse.

— Boa!- Titi concordou.

— Que vídeo?- Eu perguntei.

— Eles tem um canal no Youtube e tem bastante seguidores.- Cascão respondeu.

— Qual nome do canal?

— Da quebrada TV

— Nunca ouvi falar.

— Ai, isso magoa.

— Concordo, todos na escola assistem.

— Tem que fazer o mesmo.

— Quando eu tiver tempo talvez eu veja- Eu falei.

Jeremias tira da mochila uma câmera e fala.

— Será que você pode ser nosso cameramen?

— Posso- Eu concordei, e peguei a câmera.

— Valeu.- Titi agradeceu.- quer participar Cascão?

— Vou ter que fazer algo humilhante?- Ele perguntou.

— Vai depender do desafio.

— Então eu to fora.

— Se que sabe.

Ligo a câmera, aponto na direção de Titi e Jeremias e falo.

— Gravando!

— E aí meninada!

— E aí rapaziada!

— Eu sou Titi

— E eu sou Jeremias

— E sejam bem vindos ao mais um...

— Da quebrada TV- Eles falaram juntos.

Admito, eles podem ter começado só agora mas me parece bem engraçado. Eles sabem bem quando dar a deixa pro outro.

— Isso mesmo, nós não morremos!

— Então podem parar de chorar pois aqui não é velório não!

— A algumas semanas recebemos vários desafios doidos!

— Um mais maluco que o outro...

— Mas teve dois que mais nos chamaram a atenção...

— E já que estamos no parquinho vamos matar dois coelhos numa cajadada só!

— Não levem na real

— Nós não somos monstros

Não me contenho e dou uma risadinha baixa enquanto gravava.

— Então meu caro Jeremias...

— Sim, meu caro Titi

— Qual eram os dois desafios que mais nos prenderam a atenção?

Jeremias tira do bolso um papel e lê.

— O primeiro desafio é: ficar pendurado de cabeça pra baixo no trepa trepa por cinco minutos. Esse desafio foi enviado por @vidaLoka...

— E o outro?

— E o segundo é: comer uma sopa de minhocas. Enviado por LucasTemen.

— Bem criativos, não.

— Sim, mas não são impossíveis.

— E pra nos ajudar com o desafio temos um convidado!

— Se aproxime Cascão!

— O que!- Ele gritou, e Jeremias o puxou.

— Não seja tímido! Você vai nos ajudar

— Com...

— O senhor irá nos dar a sopa de minhocas enquanto estamos de cabeça pra baixo.

— Tenho mesmo?- Ele perguntou.

— Tem!- Eu disse, e segurei uma risada.

— Se o cameramen disse, então está feito.

— Então você não tem escolha!

Cascão me manda um olhar irritado e faço uma cara inocente.

— Não façam isso em casa crianças.

— Só se tiverem a permissão de um adulto.

— Mas Jerê...nós não temos...

— Xi...ferrou Titi...

— Mas nós ainda vamos fazer, né?

— Óbvio!

Titi, Jeremias, Cascão e eu vamos até o trepa trepa.

— Tire a sopa de minhocas Titi- Jeremias pediu.

— Ok- Titi disse, enquanto tirava um pote com a sopa nojenta dentro e uma colher da mochila.

— Quando vocês fizeram isso!- Cascão perguntou.

— Quer mesmo saber?

— Não!

— Então fica quieto e só abra a tampa quando mandarmos.

— Tá...

Titi e Jeremias sobem no brinquedo e ficam de cabeça pra baixo.

— Abra a tampa escravo!!

Escravo? Tadinho do Cascão...

— Ok- Ele disse, e abre a tampa.- que nojo...

— Não derrube!- Os dois gritaram

— Tenho pena de vocês dois...

— Só traga isso pra cá!

— Isso não vai prestar...- Eu pensei.

Cascão coloca a colher no pote e vai pra perto dos dois.

— Cinco minutos no relógio!

— Valendo!

— Abram a boca.

—...

— Não vão decepcionar os fãs

Os dois abrem a boca e Cascão da pra eles a gosma...

Coitados...

Então percebo que os dois estão com uma cara de enjoados e que logo iam vomitar.

— Tem que engolir tudo!- Cascão disse. E parece que ele está se divertindo com isso.

Os dois caem do trepa trepa e depois cospem a gosma.

— Que nojo!

— Eca...

— Tadinhos...- Eu sussurrei.

— Qual foi o nosso tempo?- Jeremias perguntou.

— Nem chegou a um minuto, caras- Cascão respondeu.

— Poxa...

— Perdemos os desafios...

— Isso foi da quebrada...- Eles falaram juntos.

Eu tenho mesmo que assistir a um vídeo deles...

— Sabe o que significa Titi...

— Sim, teremos que pagar o pato!

— Tem alguma sugestão, Cascão?

— Que tal tirarem as camisas.

— Boa!

Quando eles iam tirar a camisa eu tive uma ideia...espero que eles aprovem...

— Ei!- Eu os chamei, e eles pararam o que faziam.- posso dar uma sugestão...

— Claro

— Qualquer sugestão é aceita.

— E se...além de tirarem as camisas vocês...sei lá...não dançam uma música da Anitta...- Eu disse, tímido.

— Ai, gostei!

— Bem doido

— Verdade?- Eu perguntei, surpreso.

— Verdade!- Eles concordaram.

— Qual música?- Cascão perguntou.

— Que tal...paradinha?

— Legal

— Vai se juntar a nó, Cas?

— Nem vem, eu só dei a gosma! Me deixem de lado.

— Se que sabe.

Jeremias pega o celular e Titi grita.

— Liga o som Dj!

A música toca e os dois tiram as camisas e começam a dançar que nem dois malucos. Fizeram, ou melhor tentaram fazer, o quadradinho e outras coisas.

— Tá, chega com a palhaçada- Cascão disse, enquanto ria.- já deu!

A música para e Titi diz.

— Você está é com inveja!

— É, por que nós ficamos divos dançando!

— Convencidos...convencidos mais engraçados- Eu pensei.

— Bom, é isso aí pessoal! Por que hoje é só!

— Fiquem ligados e pra relembrar.

— Eu sou Titi

— E eu sou Jeremias

— E você assistiu "da quebrada TV"

Pauso o vídeo e digo.

— Pronto.

— Valeu- Jeremias disse, enquanto pegava a câmera.- nos ajudou bastante.

— É, e até que você não é tão mala quanto pensávamos.

— Valeu...eu acho...- Eu os agradeci.- mas agora vou pra casa.

Dou um tchau pra eles e vou pra saída do parquinho.

— Tchau!- Os três se despediram.

Saio do parquinho e vou pra casa.

Entro em casa, cumprimento meus pais, almoço, subo as escadas até meu quarto, troco de roupa, pego um livro e fico lendo até anoitecer e depois durmo.

...Dia seguinte...

Meu despertador toca, acordo, saio de minha cama, vou pro banheiro, faço minhas higienes, vou pro armário e coloco uma roupa.

Desço as escadas, vou pra cozinha e me sentei na cadeira.

— Bom dia...- Eu disse, um pouco sonolento.

— Dia difícil ontem?- Meu pai perguntou.

— Não, só cansativo- Eu respondi, enquanto colocava o suco no meu copo.

— Pimpolho- Minha mãe me chamou.

— Sim, mãe.

— Você poderia levar a sua irmã mais uma vez pra escola?- Ela perguntou.

— Claro- Eu concordei.

— Mas eu não estou afim de andar hoje- Maria reclamou.

— Sem birras- Meus pais falaram.

— Tá bem...

Termino meu café da manhã, me levanto da cadeira.

— Vamos Maria- Eu a chamei.

— Que chatice...- Ela reclamou mais uma vez.

Pego minha mochila e depois saímos de casa.

Depois de uns minutos de caminhada eu percebo que Maria está quieta.

— Está bem quieta maninha- Eu disse.- e você não é disso.

—...

Olho para minha irmã e vejo que ela está com uma cara emburrada.

— Desfaz essa cara.- Eu pedi.

— Não- Ela negou, e continuou com a cara emburrada. Que na minha opinião fica engraçado e ao mesmo tempo fofa quando ela faz.

— Só por que você não queria andar.

— É...

Tenho que fazer ela mudar a cara e acho que já sei...

— Dormiu bem ontem?- Eu perguntei.

— Sim...

— E sonhou com o que?

— Por que quer saber?- Maria perguntou.- geralmente você nunca pergunta isso.

— Mas hoje eu quero saber.

— Verdade?- Ela disse, dando um sorriso. Consegui, tirei a carinha emburrada.

— Sim

— Tá, ontem à noite eu sonhei que eu era uma princesa e quando estava passeando com minhas amigas eu vi uma borboleta machucada...

— E...

— Eu a ajudei e depois me deu um beijo na bochecha.

— Um beijo?- Eu disse, confuso.

— Sim, ai quando eu voltei pro meu castelo eu percebi que tinha poderes!

— Poderes?

— É!!

Então Maria continuou a falar sobre o sonho maluco que ela teve mas não posso opinar ela não está mais de mal humor e eu gosto dessa animação toda dela.

Quando chegamos em sua escola Maria ainda não tinha parado de tagarelar.

— Ai eu e minha suposta rival nos juntamos para desviar a lava da cidade e depois...- Ela falou, mas sem querer acaba esbarrando em um garoto.- ai!

— Ai!

— Olha pra onde anda, garoto!- Maria gritou.

— D...desculpa...

— Você quase me fez cair!

— E...eu...eu...- O garoto continuou gaguejando.

— E além do mais...

— Maria, chega!- Eu a interrompi.- não fale assim com ele.

— Mas...

— A culpa não foi dele se a senhorita estava distraída.- Eu disse, sério.- e você foi muito mal educada.

— Tem razão...- Ela disse, magoada.- desculpa...

— Não é pra mim que você deve se desculpar mocinha.- Eu disse, enquanto apontava com a cabeça o garoto.

Maria levanta a cabeça, vai pra perto do garoto e diz.

— Desculpa por ter sido grossa...e por gritar...

— Desculpas aceitas- O garoto disse.

— É assim que eu gosto- Eu a elogiei, e me agacho pra ficar do seu tamanho.- sempre seja gentil com todos...

— Que assim eles serão com você- Ela completou.

— É isso aí- Eu disse, e ergo minha mão.- bate em cima.

Mari bate em minha mão e depois a abaixo.

— Bate embaixo

Maria bate outra vez.

— Isso- Eu disse, e bagunço os cabelos de minha irmã.- até mais tarde pirralha.

— Até mais tarde Cebolinha.- Ela se despediu, e foi falar com umas amigas.

Me levanto e vejo que o garoto ainda estava por perto e pergunto.

— Está bem?

— Sim...ei...você é aquele moço de ontem?- Ele disse.- Cebola, né?

Agora vendo bem...é mesmo o garoto que ajudei ontem.

— Sim- Eu concordei.- e nem tive a chance de saber o seu nome.

— Ah...o meu nome é Matheus- Ele respondeu.

— É, um prazer conhecê-lo Matt- Eu o cumprimentei.

— Matt...

— Eu disse algo errado?

— Não, é que minha irmã mais velha me chama assim- Ele explicou.

— Entendi, mas como anda aquele seu bloquinho?

— Em boas mãos mas o meu projeto não vai pra frente- Ele falou.

— Não pense assim, logo você vai conseguir- Eu o incentivei.

— Tem razão, nada de ser pessimista.

— Isso

Então o sinal é tocado e Matheus fala.

— Já deu minha hora.

— É, acho que é um adeus.- Eu concordei.

— Nos vemos por aí, Cebola

— Digo o mesmo, Matt.

Matheus vai embora e entra na sala.

Saio da escola e vou direto pra minha.

Entro no pátio do colégio e dou uma varrida pelo lugar procurando Magali.

Mas enquanto procurava sinto um peso nas minhas costas e depois um grito.

— Oi, cê!

Me assusto, mas me recupero e seguro nas pernas de Mônica pra que ela não caia.

— Oi, Mônica- Eu a cumprimentei.- que animação é essa?

— Nem sei de onde tirei, só acordei de bom humor.- Ela disse, ainda em minhas costas.- tem algum problema se eu ficar aqui, né?

— Não estou acostumado com isso, mas estou de boa- Eu confirmei.

— Valeu- Ela agradeceu.

— O que está acontecendo?

— Oi Cascão- Eu e Mônica falamos juntos.

— Que bonito...que bonito hein...que cena mais linda será que eu estou atrapalhando o casalzinho ai?

— Ah, não Cas- Mônica o interrompeu.- não vem bancar a Naiara Azevedo do colegial não.

— Poxa...às vezes você é estraga prazeres.

— Quem é estraga prazeres?- Magali perguntou, enquanto se juntava a nós.

— A Mônica, ela me parou na hora que a canção ficava boa...- Ele disse, fazendo beicinho.- e ela me traiu pois essa coisa pular nas costas só acontece comigo.

— Ah...tadinho- Magali disse.- que coisa feia Cebola! Está querendo tirar o posto de melhor amigo do Cascão.

— Talvez...- Eu brinquei.

— Ai! Meu coração dói com essa confissão!- Cascão dramatizou.

— Fiquem calmos meu povo! Tem Mônica pra todo mundo!- Mônica entrou na brincadeira.- mas antes façam fila!

Depois disso rimos da besteirada que estávamos fazendo.

— Ok pessoal, acho melhor pararmos com essa maluquice aqui.- Eu disse, ainda rindo.

— Qual é, o que é a vida sem maluquices?- Cascão disse.

— Concordo.

— Também.

— Tá- Eu tive que concordar.- mas Mônica eu vou ter que por no chão.

— Poxa, está tão bom aqui...

— É que eu vou entrar.

— Pra que?- Ela perguntou.- ainda falta tempo pra entramos.

— Eu sei mas...

— Ele quer ir no banheiro- Magali me ajudou. Pois ela sabe o que eu quero fazer de verdade.

— Justo- Mônica concordou e sai de minhas costas.- mas eu tava me amarrando fica nas suas costas.

— Eu até diria pra você ficar nas minhas costas mas você já escolheu seu preferido.- Cascão disse, fazendo bico.

— Você sabe que é e sempre vai ser meu melhor amigo, né.

— Bom ouvir isso.

— Tô indo.

Entro na escola e vou correndo pra biblioteca. 

— Bom dia Maggie- Eu cumprimentei a bibliotecária.

— Bom dia.

Vou até a mesa e vejo que a pessoa tinha respondido minha mensagem.

"Touché, mas você tem razão senhor entediado. Eu devia ter lembrado da minha letra e também isso é uma boa pista se você quiser saber quem sou."

Pego minha caneta e respondo.

"Quem sabe um dia eu tente, mas por enquanto quero continuar com essa coisa nossa, senhorita mistério."

Guardo a caneta e o sinal toca e resolvo ir direto pra sala.

Entro na sala e me sentei ao lado de Magali, que estava ao lado de Mônica e Cascão.

— Como foi?- Ela sussurrou.

— Bem, e adivinha...- Eu sussurrei também.

— Adivinhar o que?

— Ela começou a me chamar de senhor entediado e eu comecei a chamá-la de senhorita mistério- Eu a deixei a par do acontecido.

— Hum, já começaram os apelidos...a coisa está ficando séria- Ela brincou.

— É só uma brincadeira, não tem nada "ficando sério"- Eu fechei a cara.

— Ok, não está mais aqui quem falou- Ela levantou as mãos em sinal de rendição.

Paramos de falar e o professor de português Ricardo, que nós o apelidamos de Buiu...e não me perguntem o por que do apelido, entra.

— Bom dia alunos!

— Bom dia Buiu!

— Abram os livros na página 221- Ele pediu e todos o obedecemos.

Depois de termos aula de português e física finalmente somos liberados para o intervalo.

Guardo minhas coisas, me levanto da carteira pra i a biblioteca. Mas antes de entrar alguém me puxa pra longe.

— Ei! Por que fizeram isso!- Eu disse para Cascão já que ele havia me puxado.

— Foi preciso- Ele respondeu.

— Por que?

— Por que hoje você não vai ficar na biblioteca- Mônica foi que respondeu.- o senhor vai ficar comigo, com o Cas e a Maga no refeitório.

— Mas eu sempre fico na biblioteca e...

— Sem argumentos!- Cascão me interrompeu.

— Você vem com a gente sim!- Mônica concordou.

— Mas..

— A gente disse sem argumentos!- Eles falaram juntos.

Cascão começa a me puxar mas eu tentava me soltar mas não conseguia pois Mônica me empurrava também.

...Refeitório...

— Maga, espera!- Mônica gritou, e Magali parou no lugar.

— Podemos nos juntar à você.

— Claro, mas posso fazer uma pergunta.

— Sim

— Como conseguiram convencer ele!

— Não convenceram- Eu disse, emburrado.

— Só puxamos ele pra cá- Mônica explicou.

— Eu puxei na verdade, enquanto a Mô o empurrava.

— Eu fiquei durante muito tempo tentando convencer esse garoto a vir comigo e vocês simplesmente o arrastaram pra cá!- Magali disse, surpresa.

— É!

— Por que eu não tinha pensado nisso antes!

— Até tu Brutus!

— Foi mal- Ela se desculpou.- vamos entrar?

— Sim

— Eu não tenho escolha, né- Eu perguntei. mas já sabia a resposta.

— Não!- Eles responderam.

Os três me puxaram para dentro e logo arrumamos uma mesa.

— Eu acho que deveria estar na biblioteca, é mais seguro pra mim...

— Não fique com medo!

— Estamos aqui contigo, careca.

— É, tenta relaxar.

— Vou tentar.

Inspiro fundo e tento esquecer um pouco minha timidez e começo a conversar com os outros. Porém alguém nos interrompe no meio da conversa.

— Te achei, cherrie.

— O que você quer Penha?- Mônica perguntou, entediada.

— Não vai vir sentar conosco?

— Você por acaso é sonsa ou só se faz?- Ela perguntou.- por acaso se esqueceu do barraco que eu fiz ontem.

— E eu não entendo- Ela disse.- fazer aquilo tudo por nada.

— Nada!- Mônica gritou, enquanto se levantava da cadeira.- então você acha que ficar com o namorado da sua "amiga" pelas costas é nada!

— É

— Olha aqui sua vaca prenha, eu já te pedi pra nunca mais falar comigo.

— Vai ficar com essas coisa ao invés da gente!

Coisas...ai já foi demais...

— Sim, eles são bem melhores do que você!

Acho que já ta na hora de eu tomar uma atitude...

— Olha aqui sua...

— Chega!- Eu gritei, e bati bem forte na mesa.

— O que você...

— Eu disse chega!- Eu gritei e me levantei pra ficar ao lado de Mônica.- é a minha vez de falar o que penso!

—...

— Eu cansei, cansei de ser pisoteado por vocês mas principalmente por você!- Eu gritei e apontei meu dedo para Toni.- só sabem ridicularizar as pessoas por se acharem superiores!

— Mas a verdade é que não passam de pessoas fúteis que gostam de alimentar a merda do ego que vocês têm!

— Você que apanhar!- Toni me ameaçou. Mas desta vez não vai funcionar.

 — Vai, pode me bater!- Eu disse e virei meu rosto.- assim vai mostrar que nem das outras vezes que não passa de um covarde que usa a violência como único recurso!!

Toni fecha a mão em um punho mas depois a abre e me olha de um jeito irritado.

— Esquece- Ele disse.- vou deixar passar essa, mas na próxima vez...

— Não vai próxima vez- Eu o interrompi.- pois de agora em diante não vou deixar me usarem de capacho nunca mais! Por que eu sou mais forte do que pareço.

Termino meu discurso e me sento de volta na cadeira.

— Gostei de ver- Cascão me elogiou.

— Você foi demais!- Magali me elogiou também.

— Vai deixar ele falar assim da gente!

— Sim, pois ele tem toda razão.

— Ok, divirta-se sendo amiguinha desses aí, espero que goste ser tratada como uma nerd e invisível.

— Me deixa em paz!- Mônica gritou furiosa, e depois sai do refeitório.

— É melhor irmos atrás dela...- Eu disse, mas fui interrompido.

— Acho melhor não

— Mas Cascão, ela é nossa amiga.

— O Cebola tem razão.- Magali concordou.

— Sim, mas eu conheço a Mô e o melhor a se fazer quando ela está nessa situação é deixa-la sozinha- Cascão explicou.

— Sem ofensas Cascão, mas vou ir ver como ela está e ninguém vai me impedir- Eu disse, sério.

— Deixa ele ir, Cas- Magali pediu.

— Tá bem- Ele se deu por vencido.- quando a Mô está nessa situação ela vai pra um lugar secreto.

— Valeu- Eu agradeci e me levanto da cadeira.

— Mas eu não sei onde fica esse lugar- Cascão disse.

— Sorte que eu sei- Eu pensei

— Eu dou meu jeito.

— Como?- Magali perguntou.

— Tô indo- Me despeço dos dois e saio do refeitório.

A sorte é que o nosso colégio deixa os alunos do primeiro até o terceiro ano do ensino médio saírem pra comprar seus próprios lanches ou só pegarem um ar, desde que voltem no horário.

Saio da escola e vou correndo o mais rápido que posso até o parque e vou até o jardim secreto.

— Achei...- Eu pensei.

Vou pra perto de Mônica, me sento ao seu lado.

— Mônica...- Eu a chamei.

—...

— Mônica...

—...

— Mô...- Eu tentei pelo apelido. E acho que foi a primeira vez de que a chamo assim.

— V...vai embora...

— Mô, você está chorando?

— N...não...- Ela disse, enquanto limpava as lágrimas.

— Você não me engana- Eu disse.- está assim só por que a Penha disse aquilo de nós?

—...

— Não fica assim, já ouvi isso tantas vezes que já se tornou normal pra mim- Eu comentei como se não fosse nada demais.

— Não foi isso que me fez ficar assim...- Ela disse baixinho.

— Então...o que foi?

— É que quando a vaca prenha disse aquelas coisas me fez lembrar do meu passado...- Ela disse, ainda baixo.

— Como assim?- Eu perguntei.

— Antes de me mudar pro limoeiro eu também era considerada uma...uma "nerd"- Ela disse.

— Tá brincando, né- Eu disse, incrédulo.

— Não, usava óculo e era a garota mais inteligente da minha escola e por isso todos me zoavam ou me ignoravam.

—...

— Eu ficava no meu canto lendo um livro, estudando ou escrevendo no meu caderno...

—...

— As garotas queriam uma Barbie de aniversário mas eu queria um laboratório de química infantil.

—...

— Eu ainda me lembro da música que eles criaram só pra implicar."Quatro olhos, quatro olhos sem óculos não vê nada! Dentucinha, baixinha e mal amada"

— Que horror!

— É...então meus pais resolveram se mudar e eu prometi que não iria passar por aquilo novamente.- Ela disse, triste.- parei de bancar a sabe tudo, passei a usar lentes de contato e aí todos passaram a gostar de mim...

— Sinto muito...

— Não sinta, já foi a muito tempo.

Passo meu braço pelo ombro de Mônica para a confortar.

— Você não devia se sentir envergonhada.

— Não?

— Não, devia é se sentir orgulhosa pelo que você tem!

— E o que eu tenho?

— Coragem, simpatia, inteligência, determinação e uma grande teimosia...

Mônica da uma risadinha e falo.

— Essas qualidades ninguém pode tirar de você.

— Obrigada- Ela agrade eu.

— De nada.

Ficamos num silêncio confortável mas então tenho uma ideia.

— Ei!

— Que foi?

— Você por acaso ainda tem seus óculos?- Eu perguntei

— Sim, estou sempre com eles na mochila, caso haja algum incidente.- Ela respondeu.

— Posso ver como você fica com eles?

— Não sei se devo...

— Por favor, Mô- Eu pedi e fiz um beicinho.

— Está bem, está bem- Ela se deu por vencida.- só pra você desfazer esse beiço, mesmo ficando fofo com ele.

Mônica abre sua mochila, tira uma pequena caixa e me dá.

— Segure enquanto eu tiro as lentes.

— Ok

Mônica retira lentes de contato e as guarda.

— Pode me dar os meus óculos- Ela pediu.

— Acho melhor que eu por- Eu disse.

— Tá

Chego mais perto de Mônica e ajudo a colocar os óculos.

— Como estou?- Mônica perguntou.

— Pra mim esta normal- Eu disse.- você é bonita com ou sem óculos.

— Me acha bonita...

Agora que reparo o que tinha falado e coro fortemente.

— É...é...

Mônica me da um beijo na bochecha e diz.

— Obrigada pelo elogio.

Dou um sorriso pequeno e depois falo.

— Acho que esta na hora de ir.- Eu disse, enquanto me levantava.- e mantenha os óculos.

— Por que?

— Por que eu acho que está na hora da senhorita começar a agir como você mesma- Eu disse, enquanto estendia minha mão.- e não ser o que eles querem.

— Você tem toda razão- Mônica disse, enquanto aceitava minha ajuda para se levantar e depois me dá um sorriso.

— Faltam dez minutos pra voltarmos pra escola- Eu olhei no celular.- acha que dá tempo?

 — Se irmos pelo atalho do jardim, sim.

— Vamos nessa!

Começamos a correr de volta pra escola pelo atalho do jardim e chegamos antes do sinal tocar.

— Que bom que chegaram- Magali disse, quando chegamos.- estávamos preocupados.

— Estamos bem- Mônica disse, enquanto arrumava os óculos caídos.

— Ei, você está finalmente usando os seus óculos!- Cascão comentou.

— Sim, tá na hora de ser eu mesma- Ela disse.

— Ele sabe?- Eu perguntei.

— Claro, ele é meu melhor amigo- Ela respondeu.

— E a primeira pessoa que falou com ela quando se mudou- Ele se gabou.

— Eu não estou entendendo nada.- Magali falou.

— É uma longa história- Eu falei.

— Poxa, eu queria saber...

— Eu te conto enquanto vamos pra sala, maga.

— Tá bem.

Vamos juntos pra sala, e agora que a confusão com a Mônica acabou eu posso pensar em outra coisa que não saia da minha cabeça. 

Nos sentamos nas carteiras e a professora de Literatura Ana Paula entra.

— Olá Alunos!

— Olá professora!

— Hoje vamos falar do romantismo.

A professora da a aula mas não consigo me concentrar por ainda estar com a tal ideia na cabeça...

— Cebola...- A professora me chamou...- senhor Menezes!

— Hã?

— O senhor está me escutando?

— Desculpa professora Ana...eu me distraí um pouco.

— Vou deixar essa passar, mas só hoje- Ela relevou.- agora quem pode me dizer quem escreveu essa citação."O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis."

Quando ia levantar a mão Mônica foi mais rápida que eu.

— Senhorita Sousa.

— Quem escreveu isso foi José de Alencar, um dos maiores escritores do romantismo.- Ela respondeu.

E parece que todos ficaram surpresos mas eu não, na verdade tô orgulhoso por ela estar finalmente sendo verdadeira consigo.

— Correto.

O sinal toca e saímos da sala.

— Por  que o senhor estava distraído na última aula?- Magali me perguntou.

— Vamos pra minha casa que eu te respondo.

— Ok

Magali e eu saímos da escola e vamos pra minha sala.

— Vamos subindo.

Subimos as escadas e entramos no meu quarto

— Agora vai me dizer o por que de estar distraído hoje na última aula- Ela disse, enquanto jogava a mochila no chão e se sentava na cama.- você não é disso.

— Eu sei- Eu concordei e me sentei na cama.- só fiquei distraído por que estava pensando.

— Em que?

— Hoje escrevi mais uma vez pra pessoa e quando enfrentei o Toni hoje me deu ago pra pensar e na última aula tomei minha decisão- Eu expliquei.

— Que decisão?

— Eu vou descobrir quem é a garota que escreve na mesa...


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