Palavras de amor escrita por BruPotter
POV Mônica
Quando o treino acaba vou para o vestiário, tiro o uniforme, tomo uma ducha e coloco uma roupa.
— Bem melhor...- Eu pensei.
Saio do vestiário e vou até Cascão.
— Tá pronta pra dar o pé daqui?- Ele perguntou.
— Vamos nessa- Eu respondi.
Saímos do ginásio em direção ao portão do colégio, porém eu estou com a sensação de que esqueci de algo...
— Minha bolsa!!!- Eu me lembrei e parei de andar.
— O que tem sua bolsa, doida?- Cascão quis saber.
— Eu esqueci no ginásio.- Eu disse.
— Você só não esquece a cabeça por que está presa no seu pescoço.- Cascão caçoou de mim.
— Haha, muito engraçado Cas, olha pra mim estou morrendo de rir.- Eu disse sarcástica.
— Parei!- Ele disse enquanto levantava as mãos em forma de rendição.
— Ok, mas eu vou pegar.- Eu disse, me virando para o ginásio mais uma vez.
— Quer que eu te espere aqui?
— Não precisa.- Eu neguei.- vai indo, não irei demorar.
— Pode deixar.- Ele concordou e foi embora.
Caminho até o ginásio, mas antes de entrar ouço uma música.
— Quem será que está ai?- Me perguntei.
Abro a porta e quando entro vejo Magali dançando.
Nossa...nunca iria imaginar que ela dança...
Entro o mais silenciosamente possível e fico a observando mas quando a música para não me contenho e grito.
— Isso foi incrível!!
— M...Mônica...- Magali gaguejou- o...o que você está fazendo aqui...
— Eu esqueci minha bolsa- Eu disse, enquanto me aproximava.- mas quando venho pegar não imaginava que encontraria você...
— Não conta pra ninguém- Ela pediu.
— Mas...
— Por favor
— Ok- Eu me rendi.- não vou contar.
— Obrigada.- Magali agradeceu.- bom, nos vemos amanhã.
— Pode parando ai senhorita.- Eu a impedi.- você não vai pra casa.
— E pra onde eu vou?
— Pra minha
— Somos amigas a pouquíssimo tempo e já quer que eu vá na sua casa.- Ela disse.
— Sim- Eu respondi.- quem liga se somos amigas a pouquíssimo tempo, o importante é que eu curto falar contigo.
— Tudo bem, você ganhou- Ela se deu por vencida.- só vou mandar uma mensagem para meus pais.
— Tá
Magali manda uma mensagem e então saímos do colégio em direção a minha casa.
— Cheguei pai!- Eu disse, enquanto entrava em casa.
— Oi, quem é essa?- Ele me cumprimentou e depois perguntou.- nunca a vi antes.
— Pai, essa é a Magali- Eu a apresentei.- ela é minha mais nova amiga.
— É um prazer em te conhecer.
— O prazer é meu senhor- Magali disse, um pouco tímida.
— Sem senhor.- Meu pai disse.- assim pareço um velho.
— Desculpe...
— Não precisa
— Maga, por que você não vai subindo.- Eu disse a ela.- vou pegar algo pra gente comer.
— Tá, onde fica seu quarto?
— Subindo a escada, é a primeira porta à direita.- Eu expliquei.
— Obrigada- Ela agradeceu e foi subir as escadas.
Coloco minha bolsa no sofá e vou pra cozinha mas quando passo por meu pai ele sussurra.
— Gostei dessa garota, ela me parece diferente das outras.
— Acredite pai, ela é- Eu concordei e fui em direção à cozinha.
Cumprimentei Lauren, fui pro armário, peguei um pacote de salgadinhos, peguei dois copos de água e subi para meu quarto.
Quando entrei vi Magali olhando algumas fotos na minha parede. Deixo os copos numa mesinha, vou pra perto dela e digo.
— Pelo visto já achou meu painel de memórias.
Magali da um grito e se vira.
— Quer me matar?- Ela perguntou.
— Desculpa- Eu falei.- você estava tão distraída que não me viu entrando.
— Tudo bem- Ela disse.- e sim, eu vi. Tem umas fotos bonitas.
— Obrigada- Eu agradeci.
Se vocês quiserem saber o que é exatamente esse meu "painel de memórias" são somente fotos de momentos que mais me marcaram minha vida, algumas palavras de incentivo, fotos de lugares que fui ou sonho ir.
— Agora me diga senhorita Fernandes, desde quando sabe dançar?- Eu perguntei, enquanto me sentava na cama.
— Quer mesmo saber?- Ela rebateu com outra pergunta.
— Sim- Eu respondi, enquanto pegava o pacote de salgadinho.- sou curiosa.
— Ok- Ela disse enquanto se sentava na ponta da cama.- é uma história boba, já vou avisando.
— Sou toda ouvidos.
— Tá- Ela concordou.- eu tinha sei anos, estava saindo de uma loja de roupas com minha mãe e queria tomar sorvete...
— Hum..
— Quando eu comprei meu sorvete a gente passou pelo parque que pra encurtar a caminhada pra nossa casa.
— E...
— Quando entramos vimos uma multidão vendo algo e eu fiquei curiosa puxei a minha mãe pro meio daquela gente e vi um grupo de artistas de rua dançando.
— Sério?!
— Sim!
Então Magali se levantou de minha cama e começou a fazer pequenos passos de dança enquanto continuava a falar.
— Eu aquelas pessoas fazendo vários passos difíceis e diferentes que fiquei totalmente pasma!! Pareciam de outro planeta!
E parece que ela nem está percebendo o que está fazendo de tão imersa na história que ela estava.
— Quando elas terminaram eu os aplaudi tanto que uma das dançarinas veio em minha direção e perguntou se eu tinha gostado.
—...
— Eu disse que sim e que os adorei, ela vendo minha excitação me aconselhou a fazer o mesmo.
—...
— Eu abri um sorriso tão grande naquele dia e antes da moça ir embora ela me deu o colar como forma pra eu não desistir da ideia.
—...
— Quando cheguei em casa eu subi pro meu quarto, peguei o laptop da minha mãe e fiquei procurando vídeos de dança pra imitar.
—...
— Fiz isso durante dias até que minha mãe me pegar dançando no quarto e me levar até uma amiga que era professora de dança e me pedir pra me ensinar.
Quando Magali parou de falar percebeu o que estava fazendo, estacou no lugar e ficou corada.
— Foi mal...
— Não fale isso!- Eu disse, sorrindo.- foi uma história linda e nada boba.
— Acha?
— Com certeza.
— Obrigada- Ela agradeceu.
— Mas por que não quer que ninguém saiba.
— Em questão de mostrar os outros que danço eu sou tímida.
— Entendi.
— Mas e você?- Magali perguntou enquanto sentava na cama.
— Eu o que?- Eu disse, confusa.
— Eu contei como comecei a dançar agora é a sua vez senhorita Sousa- Ela disse, enquanto se deitava de barrida para baixo na cama.
— Tudo bem- Eu disse.- nada mais justo.
— Sou toda ouvidos.
— Bom, antes de vir pra cá eu morava lá no pitangueiras, conhece?
— Conheço.
— Então, foi quando eu ainda morava lá. Eu tinha seis anos e meus pais decidiram ir me levar pra ver um recitar de balé...
— Qual recital?- Magali perguntou.
— Quebra Nozes- Eu respondi.
— Legal.
— Então quando a gente foi ver eu não tinha muita expectativa.
— Por que?
— Achava chato mas era por que eu não tinha realmente visto.
—...
— Mas quando as luzes se apagaram e a bailarina começou a dançar eu vi que estava totalmente enganada!
—...
Inconscientemente fecho meus olhos e viajo em minhas memórias do passado.
— Casa passo que a bailarina dava parecia como se ela flutuasse nas nuvens! Foi mágico.
— Quando o recital terminou eu sai do teatro toda animada, mas antes de voltarmos pro carro a bailarina que fazia a personagem principal veio até mim e meus pais.
—...
— Eu fiquei paralisada quando isso aconteceu. Ela se abaixou pra ficar na minha altura e perguntou o que achei.
—...
— Eu rapidamente sai do meu estado de choque e comentei que tinha adorado e ela disse pra eu fazer o mesmo.
—...
— Mas eu disse que não conseguiria então ela me deu a coroa de rosas que ela estava usando pra me dar um incentivo e depois foi embora.
— E...
— E quando cheguei em casa eu não parei de falar sobre isso por três dias até que meus pais decidiram me por numa academia de dança para crianças
Abro meus olhos e vejo que Magali tinha um sorriso em seu rosto.
Então nós duas tivemos alguém que nos inspirou.- Eu comentei.
— É- Ela concordou e tocou algo em seu pescoço.
— O que está tocando?- Eu perguntei.
— É o colar que a moça que me incentivou a dançar me deu.- Ela disse, enquanto tirava o colar de dentro da blusa.- desde aquele dia eu ando com ele...sabe...pra me dar sorte...
— É bonito.
— Obrigada...
— Espera
Me levanto da cama, vou até meu armário, abro uma gaveta e tiro de lá uma coisa.
— O que tirou de lá?- Magali perguntou enquanto me sentava na cama.
— Já que você me mostrou o colar nada mais justo do que eu te mostrar isso...
Tiro de minhas costas e mostro pra Magali a coroa de rosas que a bailarina tinha me dado.
— Que bonita
— Antes de vir pra cá eu usava ela o tempo todo mesmo que estivesse grande.
— Por que parou?
— Não sei...- Eu menti.
— Ok...
Pela resposta acho que ela sabe que eu tô mentindo...acho mas ainda bem que ela não disse nada.
— Então dona Magali que tal me provar se é tão boa dançarina quanto eu!- Eu brinquei, me levantando da cama e indo abrir uma gaveta da estante;
— Como eu irei provar dona Mônica?- Ela brincou também.
— Com uma coisinha chamada...Just Dance!
— Gosto desse jogo!
— Então eu te desafio, a uma partida!
— Topo!
Magali e eu ficamos jogando até a tarde e depois a mesma vai embora então fico assistindo televisão a noite e depois vou dormir.
POV Cebola
Tiro o uniforme, coloco uma roupa, saio do vestiário do ginásio, vou pro pátio mas quando ia pro portão vejo Cascão.
— O que ainda faz aqui?- Eu perguntei.
— Tô esperando a Mônica- Ele respondeu.
— Entendi.
— Mas acho que ela pode ir embora sozinha.- Ele falou.
— Por que?
— Ta afim de...- Ele ia falar mas foi interrompido.
— Ei, Cascão!
— O que foi Titi?- Cascão perguntou.
— Tá afim de ir pro parquinho jogar ou andar de skate?- Jeremias se pronunciou.
— Acho que...- Ele ia recusar.- quer saber...acho que vou sim.
— Acho que está na minha hora de ir...- Eu pensei.
Quando ia embora Cascão me impede e me puxa pra perto dele.
— Mas só se o Cebola aqui for comigo.- Ele disse, enquanto passava o braço pelo meu pescoço.
— Sério mesmo- Titi disse.
— É
— Não vai dar Cascão- Jeremias disse.
— Por que?
— Por que nós não queremos andar com esse invisível- Titi reclamou.
— Apoiado
— Esse "invisível" é meu amigo- Cascão fechou a cara.
— Qual é!
— Não faz isso Cas!
— Não precisa fazer isso, cara- Eu sussurrei, mas ele me ignorou.
— Eu só vou se o meu amigo ir- Ele disse, ainda sério.
— Ah, tudo bem- Titi disse.
— O nerd pode ir conosco.
— Então vamos nessa!- Cascão disse, feliz- para o parquinho!
Os dois vão na frente e quando tentei escapar Cascão segura a manda de minha camisa.
— Nem pense em fugir mocinho- Ele me impediu.
— Ok- Eu parei de resistir, quer dizer...eu nem ao menos tentei.
Ajeito minha mochila e vou com os outros para o parquinho.
— Você realmente não precisava ter feito isso- Eu disse mais uma vez.
— Eu fiz isso por que eu quis- Ele disse.- somos amigos ou não, careca?
— Somos- Eu respondi.
— Então nada mais justo do que sair comigo e com os outros.
— Mas o Titi e o Jeremias não gostam de mim- Eu o alertei.
— Por isso mesmo.
— Não entendi
— Vou fazer eles mudarem de opinião- Ele falou.
— Não estou dando fé nisso...
— Fica tranquilo- Ele me confortou.- vai ficar tudo bem.
— Duvido- Eu pensei.
Depois de caminhar chegamos no parquinho.
— Tá pronto pra ser derrotado.- Titi falou.
— Tá se esquecendo que sou o melhor do time.
— O Titi tava falando com o seu amigo- Jeremias disse.
—...
— O Cebola pode com vocês pois sempre que tenho a chance tenho treinado ele.- Cascão disse.
— Vamos ver- Titi disse, e tirou a bola da sacola e a coloca no chão.- vamos ver se é tão bom professor.
— Ou se ele é tão bom aluno assim.
Ah não...eles não estão duvidando da minha capacidade...
— Estão duvidando de mim?- Eu perguntei. E nem sei de onde criei um mínimo de coragem.
— E se estivermos- Jeremias perguntou.
— O que vai fazer?
Fico com um olhar sério, vou até a direção de Titi, tiro a bola de seus pés e digo.
— Vamos jogar.
— Isso ai- Cascão deu a voz. Acho que ele ficou surpreso pela mudança repentina.- eu fico com o Cebola
— Tanto faz- Titi disse
Jeremias faz uma linha na terra, acho que vai ser o gol.
— Quem fizer cinco pontos vence- Ele disse.
— Vamos nessa!- Cascão disse, animado.
Então começamos a jogar futebol e me esforço para lembrar o que Cascão havia me ensinado nos treinos exaustivos dele.
Se vocês estiverem surpresos com essa minha mudança eu vou lhes explicar. Posso ser tímido, inseguro e várias coisas mas se duvidam da minha capacidade de fazer algo aí a coisa muda de figura! E eu gosto de uns desafios de vez em quando...
Depois de vários minutos jogando finalmente paramos.
— Vencemos!!- Titi comemorou.
— Vencemos mesmo!!- Jeremias se juntou a ele.- cinco a quatro!
— Bom jogo- Eu os parabenizei. Posso não ter gostado que eles duvidaram de mim mas sei ser um jogador justo.
— É, foi mesmo.
— Valeu
— É, até que você tem jeito- Titi disse.
— Só precisa melhorar um pouquinho mais- Jeremias completou.
Dou um sorriso pequeno e depois Jeremias fala.
— Ei, Titi
— Que foi?
— Acho que o parquinho é um bom lugar pra gente fazer o vídeo.- Ele disse.
— Boa!- Titi concordou.
— Que vídeo?- Eu perguntei.
— Eles tem um canal no Youtube e tem bastante seguidores.- Cascão respondeu.
— Qual nome do canal?
— Da quebrada TV
— Nunca ouvi falar.
— Ai, isso magoa.
— Concordo, todos na escola assistem.
— Tem que fazer o mesmo.
— Quando eu tiver tempo talvez eu veja- Eu falei.
Jeremias tira da mochila uma câmera e fala.
— Será que você pode ser nosso cameramen?
— Posso- Eu concordei, e peguei a câmera.
— Valeu.- Titi agradeceu.- quer participar Cascão?
— Vou ter que fazer algo humilhante?- Ele perguntou.
— Vai depender do desafio.
— Então eu to fora.
— Se que sabe.
Ligo a câmera, aponto na direção de Titi e Jeremias e falo.
— Gravando!
— E aí meninada!
— E aí rapaziada!
— Eu sou Titi
— E eu sou Jeremias
— E sejam bem vindos ao mais um...
— Da quebrada TV- Eles falaram juntos.
Admito, eles podem ter começado só agora mas me parece bem engraçado. Eles sabem bem quando dar a deixa pro outro.
— Isso mesmo, nós não morremos!
— Então podem parar de chorar pois aqui não é velório não!
— A algumas semanas recebemos vários desafios doidos!
— Um mais maluco que o outro...
— Mas teve dois que mais nos chamaram a atenção...
— E já que estamos no parquinho vamos matar dois coelhos numa cajadada só!
— Não levem na real
— Nós não somos monstros
Não me contenho e dou uma risadinha baixa enquanto gravava.
— Então meu caro Jeremias...
— Sim, meu caro Titi
— Qual eram os dois desafios que mais nos prenderam a atenção?
Jeremias tira do bolso um papel e lê.
— O primeiro desafio é: ficar pendurado de cabeça pra baixo no trepa trepa por cinco minutos. Esse desafio foi enviado por @vidaLoka...
— E o outro?
— E o segundo é: comer uma sopa de minhocas. Enviado por LucasTemen.
— Bem criativos, não.
— Sim, mas não são impossíveis.
— E pra nos ajudar com o desafio temos um convidado!
— Se aproxime Cascão!
— O que!- Ele gritou, e Jeremias o puxou.
— Não seja tímido! Você vai nos ajudar
— Com...
— O senhor irá nos dar a sopa de minhocas enquanto estamos de cabeça pra baixo.
— Tenho mesmo?- Ele perguntou.
— Tem!- Eu disse, e segurei uma risada.
— Se o cameramen disse, então está feito.
— Então você não tem escolha!
Cascão me manda um olhar irritado e faço uma cara inocente.
— Não façam isso em casa crianças.
— Só se tiverem a permissão de um adulto.
— Mas Jerê...nós não temos...
— Xi...ferrou Titi...
— Mas nós ainda vamos fazer, né?
— Óbvio!
Titi, Jeremias, Cascão e eu vamos até o trepa trepa.
— Tire a sopa de minhocas Titi- Jeremias pediu.
— Ok- Titi disse, enquanto tirava um pote com a sopa nojenta dentro e uma colher da mochila.
— Quando vocês fizeram isso!- Cascão perguntou.
— Quer mesmo saber?
— Não!
— Então fica quieto e só abra a tampa quando mandarmos.
— Tá...
Titi e Jeremias sobem no brinquedo e ficam de cabeça pra baixo.
— Abra a tampa escravo!!
Escravo? Tadinho do Cascão...
— Ok- Ele disse, e abre a tampa.- que nojo...
— Não derrube!- Os dois gritaram
— Tenho pena de vocês dois...
— Só traga isso pra cá!
— Isso não vai prestar...- Eu pensei.
Cascão coloca a colher no pote e vai pra perto dos dois.
— Cinco minutos no relógio!
— Valendo!
— Abram a boca.
—...
— Não vão decepcionar os fãs
Os dois abrem a boca e Cascão da pra eles a gosma...
Coitados...
Então percebo que os dois estão com uma cara de enjoados e que logo iam vomitar.
— Tem que engolir tudo!- Cascão disse. E parece que ele está se divertindo com isso.
Os dois caem do trepa trepa e depois cospem a gosma.
— Que nojo!
— Eca...
— Tadinhos...- Eu sussurrei.
— Qual foi o nosso tempo?- Jeremias perguntou.
— Nem chegou a um minuto, caras- Cascão respondeu.
— Poxa...
— Perdemos os desafios...
— Isso foi da quebrada...- Eles falaram juntos.
Eu tenho mesmo que assistir a um vídeo deles...
— Sabe o que significa Titi...
— Sim, teremos que pagar o pato!
— Tem alguma sugestão, Cascão?
— Que tal tirarem as camisas.
— Boa!
Quando eles iam tirar a camisa eu tive uma ideia...espero que eles aprovem...
— Ei!- Eu os chamei, e eles pararam o que faziam.- posso dar uma sugestão...
— Claro
— Qualquer sugestão é aceita.
— E se...além de tirarem as camisas vocês...sei lá...não dançam uma música da Anitta...- Eu disse, tímido.
— Ai, gostei!
— Bem doido
— Verdade?- Eu perguntei, surpreso.
— Verdade!- Eles concordaram.
— Qual música?- Cascão perguntou.
— Que tal...paradinha?
— Legal
— Vai se juntar a nó, Cas?
— Nem vem, eu só dei a gosma! Me deixem de lado.
— Se que sabe.
Jeremias pega o celular e Titi grita.
— Liga o som Dj!
A música toca e os dois tiram as camisas e começam a dançar que nem dois malucos. Fizeram, ou melhor tentaram fazer, o quadradinho e outras coisas.
— Tá, chega com a palhaçada- Cascão disse, enquanto ria.- já deu!
A música para e Titi diz.
— Você está é com inveja!
— É, por que nós ficamos divos dançando!
— Convencidos...convencidos mais engraçados- Eu pensei.
— Bom, é isso aí pessoal! Por que hoje é só!
— Fiquem ligados e pra relembrar.
— Eu sou Titi
— E eu sou Jeremias
— E você assistiu "da quebrada TV"
Pauso o vídeo e digo.
— Pronto.
— Valeu- Jeremias disse, enquanto pegava a câmera.- nos ajudou bastante.
— É, e até que você não é tão mala quanto pensávamos.
— Valeu...eu acho...- Eu os agradeci.- mas agora vou pra casa.
Dou um tchau pra eles e vou pra saída do parquinho.
— Tchau!- Os três se despediram.
Saio do parquinho e vou pra casa.
Entro em casa, cumprimento meus pais, almoço, subo as escadas até meu quarto, troco de roupa, pego um livro e fico lendo até anoitecer e depois durmo.
...Dia seguinte...
Meu despertador toca, acordo, saio de minha cama, vou pro banheiro, faço minhas higienes, vou pro armário e coloco uma roupa.
Desço as escadas, vou pra cozinha e me sentei na cadeira.
— Bom dia...- Eu disse, um pouco sonolento.
— Dia difícil ontem?- Meu pai perguntou.
— Não, só cansativo- Eu respondi, enquanto colocava o suco no meu copo.
— Pimpolho- Minha mãe me chamou.
— Sim, mãe.
— Você poderia levar a sua irmã mais uma vez pra escola?- Ela perguntou.
— Claro- Eu concordei.
— Mas eu não estou afim de andar hoje- Maria reclamou.
— Sem birras- Meus pais falaram.
— Tá bem...
Termino meu café da manhã, me levanto da cadeira.
— Vamos Maria- Eu a chamei.
— Que chatice...- Ela reclamou mais uma vez.
Pego minha mochila e depois saímos de casa.
Depois de uns minutos de caminhada eu percebo que Maria está quieta.
— Está bem quieta maninha- Eu disse.- e você não é disso.
—...
Olho para minha irmã e vejo que ela está com uma cara emburrada.
— Desfaz essa cara.- Eu pedi.
— Não- Ela negou, e continuou com a cara emburrada. Que na minha opinião fica engraçado e ao mesmo tempo fofa quando ela faz.
— Só por que você não queria andar.
— É...
Tenho que fazer ela mudar a cara e acho que já sei...
— Dormiu bem ontem?- Eu perguntei.
— Sim...
— E sonhou com o que?
— Por que quer saber?- Maria perguntou.- geralmente você nunca pergunta isso.
— Mas hoje eu quero saber.
— Verdade?- Ela disse, dando um sorriso. Consegui, tirei a carinha emburrada.
— Sim
— Tá, ontem à noite eu sonhei que eu era uma princesa e quando estava passeando com minhas amigas eu vi uma borboleta machucada...
— E...
— Eu a ajudei e depois me deu um beijo na bochecha.
— Um beijo?- Eu disse, confuso.
— Sim, ai quando eu voltei pro meu castelo eu percebi que tinha poderes!
— Poderes?
— É!!
Então Maria continuou a falar sobre o sonho maluco que ela teve mas não posso opinar ela não está mais de mal humor e eu gosto dessa animação toda dela.
Quando chegamos em sua escola Maria ainda não tinha parado de tagarelar.
— Ai eu e minha suposta rival nos juntamos para desviar a lava da cidade e depois...- Ela falou, mas sem querer acaba esbarrando em um garoto.- ai!
— Ai!
— Olha pra onde anda, garoto!- Maria gritou.
— D...desculpa...
— Você quase me fez cair!
— E...eu...eu...- O garoto continuou gaguejando.
— E além do mais...
— Maria, chega!- Eu a interrompi.- não fale assim com ele.
— Mas...
— A culpa não foi dele se a senhorita estava distraída.- Eu disse, sério.- e você foi muito mal educada.
— Tem razão...- Ela disse, magoada.- desculpa...
— Não é pra mim que você deve se desculpar mocinha.- Eu disse, enquanto apontava com a cabeça o garoto.
Maria levanta a cabeça, vai pra perto do garoto e diz.
— Desculpa por ter sido grossa...e por gritar...
— Desculpas aceitas- O garoto disse.
— É assim que eu gosto- Eu a elogiei, e me agacho pra ficar do seu tamanho.- sempre seja gentil com todos...
— Que assim eles serão com você- Ela completou.
— É isso aí- Eu disse, e ergo minha mão.- bate em cima.
Mari bate em minha mão e depois a abaixo.
— Bate embaixo
Maria bate outra vez.
— Isso- Eu disse, e bagunço os cabelos de minha irmã.- até mais tarde pirralha.
— Até mais tarde Cebolinha.- Ela se despediu, e foi falar com umas amigas.
Me levanto e vejo que o garoto ainda estava por perto e pergunto.
— Está bem?
— Sim...ei...você é aquele moço de ontem?- Ele disse.- Cebola, né?
Agora vendo bem...é mesmo o garoto que ajudei ontem.
— Sim- Eu concordei.- e nem tive a chance de saber o seu nome.
— Ah...o meu nome é Matheus- Ele respondeu.
— É, um prazer conhecê-lo Matt- Eu o cumprimentei.
— Matt...
— Eu disse algo errado?
— Não, é que minha irmã mais velha me chama assim- Ele explicou.
— Entendi, mas como anda aquele seu bloquinho?
— Em boas mãos mas o meu projeto não vai pra frente- Ele falou.
— Não pense assim, logo você vai conseguir- Eu o incentivei.
— Tem razão, nada de ser pessimista.
— Isso
Então o sinal é tocado e Matheus fala.
— Já deu minha hora.
— É, acho que é um adeus.- Eu concordei.
— Nos vemos por aí, Cebola
— Digo o mesmo, Matt.
Matheus vai embora e entra na sala.
Saio da escola e vou direto pra minha.
Entro no pátio do colégio e dou uma varrida pelo lugar procurando Magali.
Mas enquanto procurava sinto um peso nas minhas costas e depois um grito.
— Oi, cê!
Me assusto, mas me recupero e seguro nas pernas de Mônica pra que ela não caia.
— Oi, Mônica- Eu a cumprimentei.- que animação é essa?
— Nem sei de onde tirei, só acordei de bom humor.- Ela disse, ainda em minhas costas.- tem algum problema se eu ficar aqui, né?
— Não estou acostumado com isso, mas estou de boa- Eu confirmei.
— Valeu- Ela agradeceu.
— O que está acontecendo?
— Oi Cascão- Eu e Mônica falamos juntos.
— Que bonito...que bonito hein...que cena mais linda será que eu estou atrapalhando o casalzinho ai?
— Ah, não Cas- Mônica o interrompeu.- não vem bancar a Naiara Azevedo do colegial não.
— Poxa...às vezes você é estraga prazeres.
— Quem é estraga prazeres?- Magali perguntou, enquanto se juntava a nós.
— A Mônica, ela me parou na hora que a canção ficava boa...- Ele disse, fazendo beicinho.- e ela me traiu pois essa coisa pular nas costas só acontece comigo.
— Ah...tadinho- Magali disse.- que coisa feia Cebola! Está querendo tirar o posto de melhor amigo do Cascão.
— Talvez...- Eu brinquei.
— Ai! Meu coração dói com essa confissão!- Cascão dramatizou.
— Fiquem calmos meu povo! Tem Mônica pra todo mundo!- Mônica entrou na brincadeira.- mas antes façam fila!
Depois disso rimos da besteirada que estávamos fazendo.
— Ok pessoal, acho melhor pararmos com essa maluquice aqui.- Eu disse, ainda rindo.
— Qual é, o que é a vida sem maluquices?- Cascão disse.
— Concordo.
— Também.
— Tá- Eu tive que concordar.- mas Mônica eu vou ter que por no chão.
— Poxa, está tão bom aqui...
— É que eu vou entrar.
— Pra que?- Ela perguntou.- ainda falta tempo pra entramos.
— Eu sei mas...
— Ele quer ir no banheiro- Magali me ajudou. Pois ela sabe o que eu quero fazer de verdade.
— Justo- Mônica concordou e sai de minhas costas.- mas eu tava me amarrando fica nas suas costas.
— Eu até diria pra você ficar nas minhas costas mas você já escolheu seu preferido.- Cascão disse, fazendo bico.
— Você sabe que é e sempre vai ser meu melhor amigo, né.
— Bom ouvir isso.
— Tô indo.
Entro na escola e vou correndo pra biblioteca.
— Bom dia Maggie- Eu cumprimentei a bibliotecária.
— Bom dia.
Vou até a mesa e vejo que a pessoa tinha respondido minha mensagem.
"Touché, mas você tem razão senhor entediado. Eu devia ter lembrado da minha letra e também isso é uma boa pista se você quiser saber quem sou."
Pego minha caneta e respondo.
"Quem sabe um dia eu tente, mas por enquanto quero continuar com essa coisa nossa, senhorita mistério."
Guardo a caneta e o sinal toca e resolvo ir direto pra sala.
Entro na sala e me sentei ao lado de Magali, que estava ao lado de Mônica e Cascão.
— Como foi?- Ela sussurrou.
— Bem, e adivinha...- Eu sussurrei também.
— Adivinhar o que?
— Ela começou a me chamar de senhor entediado e eu comecei a chamá-la de senhorita mistério- Eu a deixei a par do acontecido.
— Hum, já começaram os apelidos...a coisa está ficando séria- Ela brincou.
— É só uma brincadeira, não tem nada "ficando sério"- Eu fechei a cara.
— Ok, não está mais aqui quem falou- Ela levantou as mãos em sinal de rendição.
Paramos de falar e o professor de português Ricardo, que nós o apelidamos de Buiu...e não me perguntem o por que do apelido, entra.
— Bom dia alunos!
— Bom dia Buiu!
— Abram os livros na página 221- Ele pediu e todos o obedecemos.
Depois de termos aula de português e física finalmente somos liberados para o intervalo.
Guardo minhas coisas, me levanto da carteira pra i a biblioteca. Mas antes de entrar alguém me puxa pra longe.
— Ei! Por que fizeram isso!- Eu disse para Cascão já que ele havia me puxado.
— Foi preciso- Ele respondeu.
— Por que?
— Por que hoje você não vai ficar na biblioteca- Mônica foi que respondeu.- o senhor vai ficar comigo, com o Cas e a Maga no refeitório.
— Mas eu sempre fico na biblioteca e...
— Sem argumentos!- Cascão me interrompeu.
— Você vem com a gente sim!- Mônica concordou.
— Mas..
— A gente disse sem argumentos!- Eles falaram juntos.
Cascão começa a me puxar mas eu tentava me soltar mas não conseguia pois Mônica me empurrava também.
...Refeitório...
— Maga, espera!- Mônica gritou, e Magali parou no lugar.
— Podemos nos juntar à você.
— Claro, mas posso fazer uma pergunta.
— Sim
— Como conseguiram convencer ele!
— Não convenceram- Eu disse, emburrado.
— Só puxamos ele pra cá- Mônica explicou.
— Eu puxei na verdade, enquanto a Mô o empurrava.
— Eu fiquei durante muito tempo tentando convencer esse garoto a vir comigo e vocês simplesmente o arrastaram pra cá!- Magali disse, surpresa.
— É!
— Por que eu não tinha pensado nisso antes!
— Até tu Brutus!
— Foi mal- Ela se desculpou.- vamos entrar?
— Sim
— Eu não tenho escolha, né- Eu perguntei. mas já sabia a resposta.
— Não!- Eles responderam.
Os três me puxaram para dentro e logo arrumamos uma mesa.
— Eu acho que deveria estar na biblioteca, é mais seguro pra mim...
— Não fique com medo!
— Estamos aqui contigo, careca.
— É, tenta relaxar.
— Vou tentar.
Inspiro fundo e tento esquecer um pouco minha timidez e começo a conversar com os outros. Porém alguém nos interrompe no meio da conversa.
— Te achei, cherrie.
— O que você quer Penha?- Mônica perguntou, entediada.
— Não vai vir sentar conosco?
— Você por acaso é sonsa ou só se faz?- Ela perguntou.- por acaso se esqueceu do barraco que eu fiz ontem.
— E eu não entendo- Ela disse.- fazer aquilo tudo por nada.
— Nada!- Mônica gritou, enquanto se levantava da cadeira.- então você acha que ficar com o namorado da sua "amiga" pelas costas é nada!
— É
— Olha aqui sua vaca prenha, eu já te pedi pra nunca mais falar comigo.
— Vai ficar com essas coisa ao invés da gente!
Coisas...ai já foi demais...
— Sim, eles são bem melhores do que você!
Acho que já ta na hora de eu tomar uma atitude...
— Olha aqui sua...
— Chega!- Eu gritei, e bati bem forte na mesa.
— O que você...
— Eu disse chega!- Eu gritei e me levantei pra ficar ao lado de Mônica.- é a minha vez de falar o que penso!
—...
— Eu cansei, cansei de ser pisoteado por vocês mas principalmente por você!- Eu gritei e apontei meu dedo para Toni.- só sabem ridicularizar as pessoas por se acharem superiores!
— Mas a verdade é que não passam de pessoas fúteis que gostam de alimentar a merda do ego que vocês têm!
— Você que apanhar!- Toni me ameaçou. Mas desta vez não vai funcionar.
— Vai, pode me bater!- Eu disse e virei meu rosto.- assim vai mostrar que nem das outras vezes que não passa de um covarde que usa a violência como único recurso!!
Toni fecha a mão em um punho mas depois a abre e me olha de um jeito irritado.
— Esquece- Ele disse.- vou deixar passar essa, mas na próxima vez...
— Não vai próxima vez- Eu o interrompi.- pois de agora em diante não vou deixar me usarem de capacho nunca mais! Por que eu sou mais forte do que pareço.
Termino meu discurso e me sento de volta na cadeira.
— Gostei de ver- Cascão me elogiou.
— Você foi demais!- Magali me elogiou também.
— Vai deixar ele falar assim da gente!
— Sim, pois ele tem toda razão.
— Ok, divirta-se sendo amiguinha desses aí, espero que goste ser tratada como uma nerd e invisível.
— Me deixa em paz!- Mônica gritou furiosa, e depois sai do refeitório.
— É melhor irmos atrás dela...- Eu disse, mas fui interrompido.
— Acho melhor não
— Mas Cascão, ela é nossa amiga.
— O Cebola tem razão.- Magali concordou.
— Sim, mas eu conheço a Mô e o melhor a se fazer quando ela está nessa situação é deixa-la sozinha- Cascão explicou.
— Sem ofensas Cascão, mas vou ir ver como ela está e ninguém vai me impedir- Eu disse, sério.
— Deixa ele ir, Cas- Magali pediu.
— Tá bem- Ele se deu por vencido.- quando a Mô está nessa situação ela vai pra um lugar secreto.
— Valeu- Eu agradeci e me levanto da cadeira.
— Mas eu não sei onde fica esse lugar- Cascão disse.
— Sorte que eu sei- Eu pensei
— Eu dou meu jeito.
— Como?- Magali perguntou.
— Tô indo- Me despeço dos dois e saio do refeitório.
A sorte é que o nosso colégio deixa os alunos do primeiro até o terceiro ano do ensino médio saírem pra comprar seus próprios lanches ou só pegarem um ar, desde que voltem no horário.
Saio da escola e vou correndo o mais rápido que posso até o parque e vou até o jardim secreto.
— Achei...- Eu pensei.
Vou pra perto de Mônica, me sento ao seu lado.
— Mônica...- Eu a chamei.
—...
— Mônica...
—...
— Mô...- Eu tentei pelo apelido. E acho que foi a primeira vez de que a chamo assim.
— V...vai embora...
— Mô, você está chorando?
— N...não...- Ela disse, enquanto limpava as lágrimas.
— Você não me engana- Eu disse.- está assim só por que a Penha disse aquilo de nós?
—...
— Não fica assim, já ouvi isso tantas vezes que já se tornou normal pra mim- Eu comentei como se não fosse nada demais.
— Não foi isso que me fez ficar assim...- Ela disse baixinho.
— Então...o que foi?
— É que quando a vaca prenha disse aquelas coisas me fez lembrar do meu passado...- Ela disse, ainda baixo.
— Como assim?- Eu perguntei.
— Antes de me mudar pro limoeiro eu também era considerada uma...uma "nerd"- Ela disse.
— Tá brincando, né- Eu disse, incrédulo.
— Não, usava óculo e era a garota mais inteligente da minha escola e por isso todos me zoavam ou me ignoravam.
—...
— Eu ficava no meu canto lendo um livro, estudando ou escrevendo no meu caderno...
—...
— As garotas queriam uma Barbie de aniversário mas eu queria um laboratório de química infantil.
—...
— Eu ainda me lembro da música que eles criaram só pra implicar."Quatro olhos, quatro olhos sem óculos não vê nada! Dentucinha, baixinha e mal amada"
— Que horror!
— É...então meus pais resolveram se mudar e eu prometi que não iria passar por aquilo novamente.- Ela disse, triste.- parei de bancar a sabe tudo, passei a usar lentes de contato e aí todos passaram a gostar de mim...
— Sinto muito...
— Não sinta, já foi a muito tempo.
Passo meu braço pelo ombro de Mônica para a confortar.
— Você não devia se sentir envergonhada.
— Não?
— Não, devia é se sentir orgulhosa pelo que você tem!
— E o que eu tenho?
— Coragem, simpatia, inteligência, determinação e uma grande teimosia...
Mônica da uma risadinha e falo.
— Essas qualidades ninguém pode tirar de você.
— Obrigada- Ela agrade eu.
— De nada.
Ficamos num silêncio confortável mas então tenho uma ideia.
— Ei!
— Que foi?
— Você por acaso ainda tem seus óculos?- Eu perguntei
— Sim, estou sempre com eles na mochila, caso haja algum incidente.- Ela respondeu.
— Posso ver como você fica com eles?
— Não sei se devo...
— Por favor, Mô- Eu pedi e fiz um beicinho.
— Está bem, está bem- Ela se deu por vencida.- só pra você desfazer esse beiço, mesmo ficando fofo com ele.
Mônica abre sua mochila, tira uma pequena caixa e me dá.
— Segure enquanto eu tiro as lentes.
— Ok
Mônica retira lentes de contato e as guarda.
— Pode me dar os meus óculos- Ela pediu.
— Acho melhor que eu por- Eu disse.
— Tá
Chego mais perto de Mônica e ajudo a colocar os óculos.
— Como estou?- Mônica perguntou.
— Pra mim esta normal- Eu disse.- você é bonita com ou sem óculos.
— Me acha bonita...
Agora que reparo o que tinha falado e coro fortemente.
— É...é...
Mônica me da um beijo na bochecha e diz.
— Obrigada pelo elogio.
Dou um sorriso pequeno e depois falo.
— Acho que esta na hora de ir.- Eu disse, enquanto me levantava.- e mantenha os óculos.
— Por que?
— Por que eu acho que está na hora da senhorita começar a agir como você mesma- Eu disse, enquanto estendia minha mão.- e não ser o que eles querem.
— Você tem toda razão- Mônica disse, enquanto aceitava minha ajuda para se levantar e depois me dá um sorriso.
— Faltam dez minutos pra voltarmos pra escola- Eu olhei no celular.- acha que dá tempo?
— Se irmos pelo atalho do jardim, sim.
— Vamos nessa!
Começamos a correr de volta pra escola pelo atalho do jardim e chegamos antes do sinal tocar.
— Que bom que chegaram- Magali disse, quando chegamos.- estávamos preocupados.
— Estamos bem- Mônica disse, enquanto arrumava os óculos caídos.
— Ei, você está finalmente usando os seus óculos!- Cascão comentou.
— Sim, tá na hora de ser eu mesma- Ela disse.
— Ele sabe?- Eu perguntei.
— Claro, ele é meu melhor amigo- Ela respondeu.
— E a primeira pessoa que falou com ela quando se mudou- Ele se gabou.
— Eu não estou entendendo nada.- Magali falou.
— É uma longa história- Eu falei.
— Poxa, eu queria saber...
— Eu te conto enquanto vamos pra sala, maga.
— Tá bem.
Vamos juntos pra sala, e agora que a confusão com a Mônica acabou eu posso pensar em outra coisa que não saia da minha cabeça.
Nos sentamos nas carteiras e a professora de Literatura Ana Paula entra.
— Olá Alunos!
— Olá professora!
— Hoje vamos falar do romantismo.
A professora da a aula mas não consigo me concentrar por ainda estar com a tal ideia na cabeça...
— Cebola...- A professora me chamou...- senhor Menezes!
— Hã?
— O senhor está me escutando?
— Desculpa professora Ana...eu me distraí um pouco.
— Vou deixar essa passar, mas só hoje- Ela relevou.- agora quem pode me dizer quem escreveu essa citação."O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis."
Quando ia levantar a mão Mônica foi mais rápida que eu.
— Senhorita Sousa.
— Quem escreveu isso foi José de Alencar, um dos maiores escritores do romantismo.- Ela respondeu.
E parece que todos ficaram surpresos mas eu não, na verdade tô orgulhoso por ela estar finalmente sendo verdadeira consigo.
— Correto.
O sinal toca e saímos da sala.
— Por que o senhor estava distraído na última aula?- Magali me perguntou.
— Vamos pra minha casa que eu te respondo.
— Ok
Magali e eu saímos da escola e vamos pra minha sala.
— Vamos subindo.
Subimos as escadas e entramos no meu quarto
— Agora vai me dizer o por que de estar distraído hoje na última aula- Ela disse, enquanto jogava a mochila no chão e se sentava na cama.- você não é disso.
— Eu sei- Eu concordei e me sentei na cama.- só fiquei distraído por que estava pensando.
— Em que?
— Hoje escrevi mais uma vez pra pessoa e quando enfrentei o Toni hoje me deu ago pra pensar e na última aula tomei minha decisão- Eu expliquei.
— Que decisão?
— Eu vou descobrir quem é a garota que escreve na mesa...
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