— Adhara

— Tia!- exclamou a menina, indo de encontro a tia.- Finalmente veio me ver, pensei que não lembrava mais de mim!

— Até parece que faz muito tempo em que estive aqui- riu do drama que a menina fez- Temos que conversar.

— Vamos ao meu quarto, vou pedir para Dory levar o chá.

Enquanto Adhara ia em direção a cozinha, Narcisa observava com atenção como sua menina havia crescido e como, mesmo lá no fundo, sentia a falta da mãe.

— Vamos tia- interrompeu seus pensamentos

Logo que chegaram ao quarto, que por mais estranho que pareça, não era o principal, apesar da menina ser a única a morar na mansão.

— O que a senhora quer falar comigo?

— Minha menina linda, sei que faz muito tempo que você não sai dessa casa, e apesar de nunca ter reclamado, vejo que tem vontade de se relacionar com outros bruxos.- respondeu enquanto observava atentamente as feições de sua sobrinha, sua única sobrinha.- Recebi uma carta de sua mãe.- nesse exato momento as feições de Adhara adquiriram um leve sorriso, que logo foi disfarçado.

— Faz muito tempo que não sabemos notícias dela, o que ela quer agora?- perguntou a menina, que mesmo se mostrando indiferente, sentiu seu peito pulsar de excitação.

— Não adianta manter essa pose de indiferença, quando sei que está mais que contente de receber notícias dela- Narcisa logo a advertiu- trouxe a carta para você mesmo lê-la.

Logo que Narcisa a entregou o papel, Adhara não havia reparado que estava tão nervosa, suas mãos estavam suadas e tremiam. Porém logo tratou de abrir a carta.

Adhara,

Sei que apesar do tempo e da distância, ainda não se esqueceu de sua mãe, como sua mãe não se esqueceu de você. Primeiro quero me desculpar, por não estar com você, não estar presente em momentos em que precisou, e por fim, em não poder dar o amor que merece. Não sou a mais sentimental das mães, mas sou a que você tem. Também gostaria de lhe fazer um comunicado, você irá se mudar, já falei com sua tia e ela irá lhe explicar melhor. Não pense que o que estou fazendo é para lhe maltratar, tudo o que fiz foi pensando em você. Para onde você irá, terão muitas pessoas que irão querer o seu mal e te usarão para me atingir. Quero que seja esperta, e saiba se relacionar com quem realmente merece. Logo, logo iremos nos encontrar, nosso retorno está próximo.

Bellatrix Leastrange

Logo que terminou Adhara estava sem fala. Fazia um ano que ela não recebia notícias da mãe, e apesar dela  ser quem é, sentia falta de Bellatrix.

— Adhara?

— Para onde eu vou?

— Então...- sabia que Narcisa ia começar com os arrodeios, então tratou de apressa-la.

— Tia, sem detalhes. Para onde eu vou?- ainda estava abalada com as notícias da mãe, que embora tivessem um pouco de sentimento, não chegavam nem perto do que ela queria ouvir depois de um ano.

— Hogwarts.

— O que?- ela estava tão envolvida em seus pensamentos que nem deu tamanha atenção ao que sua tia havia dito.

— Você irá para Hogwarts.

Inspirou e expirou o ar, tentando de alguma forma assimilar o que ouvia, embora em sua mente a frase não fizesse nenhum sentido. Hogwarts? Elas só podiam estar loucas, apesar de Adhara ter pouca convivência com a sociedade bruxa, sabia muito bem que sua mãe não era bem quista por eles, logo, não iriam gostar de receber Adhara em uma das mais escolas de magia e bruxaria.

— Vocês estão de brincadeira comigo?- levantou-se de sua cama, com a carta ainda em sua mão, esperando que o que havia acabado de ouvir, fosse apenas uma brincadeira.

— Adhara, me ouça. Falei com sua mãe, e ela tem tudo muito bem arquitetado, sua ida não vai ser sem propósito. Falei com Lucius, ele concorda com ela, a melhor coisa que podemos fazer é manda-la para Hogwarts.

Já que seu tio estava em consentimento com sua mãe, não haveria de ter erro. Embora não achasse que podia fazer muitas coisas para ajudar. E quando souberem seu sobrenome?

— Irei usar que sobrenome? Lestrange?- perguntou a menina com um toque de ironia.

Apesar de não saber quem era seu pai, sabia que o nome dele não era Rodolfo Lestrange, disso sabia muito bem. Lestrange nunca a tratou bem, e fazia questão de falar de seu pai como um traidor de sangue.

— Não, irá usar o Black, seu real sobrenome- respondeu Narcisa enquanto se servia do chá que Dory havia deixado no quarto.

— Irão me matar.- respondeu com convicção.

— Por que matariam? Draco ainda esta vivo.- disse Narcisa séria.

— Que eu sáiba, Lucius não foi preso em Askaban, ainda- disse com um sorriso cínico no rosto, o mesmo sorriso de Bellatrix.

— Deu para observar o futuro, Adhara?- odiava quando  a sobrinha se tornava irônica, infelizmente tanto a mãe quanto o pai eram.

— Não querida tia, mas tem coisas que sabemos que podem acontecer.

— Vamos mudar de assunto, por favor- Narcisa tratou de falar.- Você irá para Hogwarts junto ao seu primo.

— Ainda não entendi o propósito disso. Eu sei que não estarei indo apenas para estudar, tem algo a mais.

— O “algo a mais” você só irá descobrir lá- disse Narcisa séria.

— Muito bem, Hogwarts então?- levantou a xícara em direção a tia.

— Hogwarts.— cada uma brindando por um motivo diferente.

Dias passaram-se e ela encontrava-se na sala a espera de seus tios que iriam leva-la para a estação. Apesar de sempre ter tido um grande desejo de conhecer a escola e fazer parte dela, estava muito nervosa com o que encontraria lá, pois bem sabia que em maioria seriam inimigos.

— Senhorita?- Dory tirou Adhara de seus desvaneios- Fiz isso para que possa levar na viagem.

Quando Adhara oolhou para as mãos da elfa,, logo viu uma trouxa com pedaços de bolo e doces. Sorriu, sabia que não precisaria, mas tratou de guardar, vendo que Dory tinha feito com muito carinho.

— Obrigada Dory- respondeu com um sorriso de alegria e um pouco de tristeza, pois era Dory que servia de companhia para ela quando ninguém aparecia.

— A casa irá ficar vazia, minha senhora- viu os olhos de Dory se encherem de lágrimas.

— Nunca irá ficar vazia, minha querida Dory, enquanto você habita-la, seu coração irá encher esse lugar. Sentirei saudades!- respondeu enquanto terminava de se despedir e seus tios chegavam.

Pegou o malão e aparatou com os Malfoy.

Barulho. Foi a primeira coisa que observou assim que chegou a estação. Eram tantos alunos se despedindo de suas famílias, tantos reencontrando os amigos, que o clima não conseguia se tornar de despedidas, na realidade, tudo isso deixou-a muito eufórica.

— Dhara?- Draco a chamou- temos que entrar.

Nesse momento seu coração perdeu  uma batida. Apesar de tudo estar se tornando mais real, ainda não havia se tocado que realmente iria para Hogwarts.

Despediu-se de seus tios, que pareciam estar deixando um filho pela primeira vez, já que eram grandes as recomendações.

Junto com Draco, dirigiu-se em direção ao trem, enquanto procuravam uma cabine, alguém a empurrou, ia ao chão, mas Draco a segurou.

— Olhe por onde anda Weasley, o que foi? A falta de comida esta te deixando cega?- Adhara esta arrumando sua roupa, mas o modo que Draco falou com a garota chamou-lhe a atenção.

Ruiva, alta, bonita, roupas de segunda mão. Draco já havia falado dela, uma Wesley, Ginerva Weasley.

— Desculpe. - respondeu a garota olhando para Adhara, que por incrível que pareça notou um certo ciúme do olhar da ruiva. Não, não pode ser.

— Uhum- foi à única coisa que Adhara respondeu.

— Vem Dhara, não vamos perder tempo com seres insiquinificantes.

Adhara não fez questão de se despedir da menina. Um dos defeitos de Adhara, é achar pouco importante ser educada com estranhos, e logo viu que a menina não foi com sua cara.

Assim que entraram em uma cabine vazia, Adhara começou a encarar Draco.

— Fala logo o que você quer saber. - respondeu Draco entediado, conhecia a prima como ninguém. Sempre foram muito amigos, tinha ela como uma irmã.

— Você pegou ela?- foi logo direta

— Você esta louca? Não, por Merlin!- apenas pelo nervosismo dele, ela logo viu que ele estava mentindo.

— Mentiroso. Mentindo pra mim Malfoy? Eu que sou a sua única prima, a razão do seu viver, eu que deixo você dormir comigo apenas para você não ficar sozinho, eu... - ela poderia continuar falando, e Draco sabia muito bem disso, por isso foi logo a cortado.

— Primeiro, pode para de drama, segundo, quem faz o favor de dormir sou quando você tem aquelas noites- Adhara sabia muito bem quais noites ele se referia- e terceiro, eu  só a beijei, mas você sabe como são essas garotas, não pode ficar uma vez que elas já acham que somos namorados.

— Eu estou passada. Como você teve coragem de ficar com aquela menina?

— Ela é só um ano mais nova que você E ela é bem gostosinha- respondeu Draco com um sorriso sacana.

— E você é um nojento- brincou Adhara.- Iludindo a menina Malfoy? Que coisa feia.

— Sabe como é... eu fico sempre na memória- respondeu convencido.

— E ela? Ficou na sua memória?

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—Odeio o Malfoy!-  Gina chegou na cabine furiosa.

Apesar de já estar imune as provocações do Malfoy, nunca havia sido para defender alguém, muito menos uma garota. A garota. Linda, foi logo o que ela pensou quando avistou a menina de cabelos longos e olhos claros. E a inveja tomou conta do corpo de Gina, nunca seria igual a ela, nunca serviria para ter a defesa do Malfoy.

— O que ele fez?- perguntou seu irmão, se empanturrando de doces. Ao seu lado estava Harry e Hermione que mantinha a concentração no livro.

— Aquele ser arrogante, me humilhou na frente de uma garota, só porque sem querer eu esbarrei nela.- Gina contou como tudo ocorreu.

Todos olhavam para Gina, sem saberem o que responder. Ciúmes. Era de conhecimento da escola inteira que o Malfoy beijou Gina, e apesar dos irmãos quererem mata-lo, ela não deixou chegarem perto dele.

— Gina, você não esta levando muito a sério isso?- Luna, que encontrava sentada ao lado de Gina, perguntou. - Tipo, Draco já falou coisas piores e você respondia a altura. Será que o problema não foi à garota?- Luna disse o que todos estavam pensando.

Gina manteve-se calada. Apesar de já saber que esse era o motivo, não pensou que todos pensariam dessa forma, estava tão estampado em sua cara isso?

— Falando na garota, quem era?- perguntou Rony, visivelmente interessado, tendo Harry também muito atento.

— Não conheço, deve ser nova. Mas tem a arrogância do Malfoy, nem falou direito comigo.

— Tá Gina, a gente já entendeu  que você não gostou dela, mas nós queremos saber como  ela é- Harry pela primeira vez se pronunciou.

— Uma ridícula...- Gina ia começar a falar, mas recebeu um olhar entediante de Harry e Rony- Tá, ela é bonitinha, tem cabelos pretos e olhos claros.

— E???- perguntou Rony

— E o que?- Gina já estava se esterçando.

— O que mais, o corpo, o jeito...- Harry perguntou

— E mais nada, eu não perco meu tempo com pessoas  que me tratam mal.- cruzou os braços e olhou para a paisagem pela janela.

— Perdeu com o Malfoy. - Harry  disse baixo, mas ela ouviu e fingiu que não havia escutado.

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— Chegamos!- Malfoy que já estava vestido, avisou a  prima que acabava de arrumar o cabelo.

O sentimento era inexplicável, era como se algo dentro  dela dissesse que tudo iria mudar.

— Bem vinda a Hogwarts, priminha- Draco sorriu para ela, enquanto entrelaçavam seus braços.