Por mais que Beckett estivesse cansada, o fato de ter um bebê ao seu lado não colaborava em nada com a insônia que estava enfrentando naquela noite.
Ela olhou para a pequena pela milésima vez só naquela hora, e viu que ela dormia tranquilamente. Kate sorriu ao ver que a bebê estava com dois dedinhos na boca, o indicador e o médio. Ela achou  engraçadinho, nunca foi de ter contato muito próximo com crianças mas Liz facilitava o contato, ela era calma, sorridente e mesmo com a falta da mãe parecia estar tranquila , a menos que estivesse com fome, estava sempre sorrindo ou levando os pezinhos ou qualquer coisa que estivesse ao alcance na boca, coisa que a detetive tinha se encantado e aterrorizado ao mesmo tempo, quando tirou as chaves que Castle havia deixado ela brincar da boca dela.
Observou também que Castle dormia quase que com o corpo para fora da cama, provavelmente com o mesmo medo que impedia a detetive de dormir, virar por cima de Liz.

Ela cogitou a possibilidade de se levantar, mas ai Liz podia rolar e cair, pensou em por travesseiros mas e se eles acordassem?
Na verdade tudo que ela queria era tirar de seus ombros a difícil situação de decidir sobre a bebê, teria que chamar o CT mas no fundo tinha tanto medo do futuro daquela criança, desde o dia que a conheceu, Beckett pensava na pequena princesa de olhos azuis e agora, depois do contato mais próximo, tudo que queria era receber a notícia de que haviam encontrado a Rose e ela ficaria com sua filha.

"Com dificuldade para dormir detetive?" - Castle disse com os olhos fechados e o braço por cima do rosto.

Beckett estava tão concentrada em seus pensamentos, que se assustou ao ouvir falar.
"Você não estava dormindo?"

"Sim e não. Difícil dormir com uma lindeza dessa ao lado."

"Entendo". - Ela sorriu. "Também tenho medo de esmaga-la."

"Ah claro, isso também! Mas não era sobre ela que estava falando." - Ele abriu os olhos, encontrando os olhos da detetive e sorriu - "Que horas são?".

Beckett esticou o braço apenas para pegar o celular sobre o criado mudo ao lado da cama. - 
"Cedo ainda, 2:35 am."

Castle ficou olhando um pouco para a pequenina deitada ao seu lado.
"Tão adorável, parece uma boneca !" - Ele disse sem tirar os olhos da criança. Porém a detetive pode perceber que ele ficou cabisbaixo.

"Saudade da Alexis?"

"Sim!" - Saiu ainda mais baixo que o sussurro que estava a conversa toda. - "Fico pensando em todo tempo que eu perdi."

Antes que eles pudessem continuar, foram surpreendidos pelo um choramingo, a pequena criança chupava os dedinhos com mais força e balançava as perninhas.

"Desse tamanho e já é bravinha. Deve ser fome." - Castle disse já se levantando.

"Onde você vai? Pode deixar que eu faço."

"Ah Beckett, sabemos que ela prefere que eu faça, não é pequena?" - Ele disse fazendo cócegas na barriguinha dela, e ela por sua vez deu-lhe um enorme sorriso. - "Viu!" - Ele disse convencidamente e saiu em direção a cozinha.

"Ah bonequinha, você faz de propósito não é?" - Kate checou a fralda e brincou um pouco com a menininha até que o comandante chegou com mamadeira. E assim que a menina o viu abriu os bracinhos e pronunciou alguns barulhinhos desconexos.

"Vejo que alguém gostou mesmo de mim." - Ele se aproximou e se sentou na lateral da cama, checando a temperatura do leite, deixando cair alguns pingos sobre seu punho.

Kate que estava sentada na cama com a criança no colo, sorriu. - "Algo me diz que não é bem você Castle." - Ela olhou para a menina que mexia a mãozinha como se chamasse a mamadeira.

"Isso.. Podia disfarçar não é mocinha." - Ele entregou a mamadeira para a detetive, que não teve muito tempo para se arrumar pois Liz ja puxava com uma das mãozinhas.

"Sabe que até eu fiquei com fome." - Kate disse enquanto olhava a pequena esvaziar a mamadeira.

"Podemos dar um jeito nisso." - Castle disse com um sorriso safado no rosto.

"É podemos!" - Beckett correspondeu com um sorriso e o encarou.

"Podemos?"

"Claro!" - Ela esperou que Liz terminasse de mamar e a entregou no colo dele. - "Fica aqui com ela que preparo algo rapinho." - Se levantou da cama, sorrindo ainda mais, ao ver a cara de desapontamento do comandante segurando a pequena criança apoiada em seu peito com os pezinhos sobre as pernas dele.

Já na porta piscou para ele. - "Prefere algo doce ou salgado?" - Quebrando um pouco todo aquele 'ar de preocupação' decidiu retribuir o joguinho de mais cedo no distrito. Encostou no batente da porta, enrolou uma pequena mecha dos cabelos entre os dedos e mordeu o lábio inferior, coisa que ela já havia percebido que mexia com ele. Claro, não foi diferente do que planejara, teve resultados imediatos pois ele havia ficado corado.

"Algo gelado." - Ele disse encarando os lábios da detetive. "Ah Beckett, se eu não estivesse com uma criança no colo."

"O que faria?"— Ela ergueu a sobrancelha, fazendo uma carinha de travessa.

"Continuaria com o que seu parceiro nos interrompeu no loft".

Kate não pode deixar de sorrir, a situação tinha sido no mínimo constrangedora, mesmo que Esposito não tivesse percebido, ela ainda ficava constrangida ao olhar para o amigo, que por pouco não os pegou em 'maus lençóis' literalmente.

"Quem sabe outra horas."

"Você não tem nenhuma vizinha senhorinha que ia adorar cuidar de uma menininha encantadora por alguns minutos?" - Disse sorrindo, enquanto Liz puxava sua orelha.

"As duas da manhã?"

"Touchê!" - Ele fez uma careta. - "Ai! Ela é forte!" - Ele virou a pequena para que ficasse de frente pra detetive. - "Já que é assim, não tenho preferência." - Ele disse passando a mão sobre a orelha que estava vermelha.

"Ok, vejo o que posso fazer." - Ela saiu sorrindo. Nunca na vida se imaginou com um bebê, e mesmo assim aqui estava ela; quase três da manhã preparando algo para comer enquanto um belo homem estava em seu quarto cuidando de uma bebê.

"Belo homem?" - Ela disse para ela mesma, enquanto abria a geladeira em busca de algo comestível. Não podia negar, era sim um belo homem. E pior, traia todos os sentidos dela, perto dele sentia que podia ver as faíscas, fora seu coração que quase parava ao mínimo contato. Depois de tanto tempo, Castle a fazia se sentir como adolescente perto de seu primeiro encontro. Beckett não compreendia bem todo esse sentimento, mas não o julgava ruim. Talvez estivesse disposta a pelo menos tentar ver onde daria tudo isso.
                      xXx 

Em minutos ela preparou um chá e pegou alguns biscoitos, deveria ser o suficiente para o horário e as circunstâncias.
Ela estava distraída quando foi surpreendida por grandes e fortes braços, que a abraçaram por trás enquanto ela colocava o chá nas canecas que estavam sobre a pia.

Ele apenas a abraçou e encostou o queixo entre o pescoço e ombro da detetive.

"Castle, cadê a Liz?" - Ela tentou se virar mais ele impediu.

"Dormindo!" - Ele beijou seu pescoço.

"Ela pode cair.." - A voz saiu parecida mais com um sussurro.

"Eu.." - Ele beijou novamente "Coloquei.." - Mais um beijo, porém perto da orelha dela. "Travesseiros." - Ele à virou  e encarou seus lábios.
"Você não pode fazer aquilo, e sair achando que está tudo bem detetive."

"Não fiz nada." - Ela novamente mordeu os lábios. A tensão era forte entre eles, desde Hamptons, mesmo com o pouco convívio ou o fato de estarem em meio a um caso, eles eram adultos e a vontade de ambos de estarem juntos, já estava superando o raciocínio lógico.

"Não fez?" - Em um movimento preciso ele a trouxe quase que colada em seu corpo.

"Não!" - Ela então repetiu o pequeno detalhe com o lábio que deixava o comandante sem chão.

Não demorou até que seus lábios estivessem juntos, em uma troca de carícias, suspiros e desejo, muito desejo.
Castle a levantou e a sentou sobre o balcão da cozinha, onde passava suas mãos sobre as belas pernas da detetive, rapidamente as coisas ganharam proporções maiores e quentes.

Alguns gemidos escavam de ambas as bocas, quando se afastavam alguns segundos em busca de ar.
Kate que já havia afastado qualquer pensamento racional, colocou ambas as mãos por baixo da camiseta de Castle e mantendo uma no peitoral dele, passou a acariciar com a outra suas costas, trazendo ele para mais perto dela. Ele tinha uma de suas mãos segurando firme a nuca da detetive, enquanto a outra procurava pelo cós da calça que ela vestia.

Ele a pegou no colo, para que saíssem da cozinha. Kate entrelaçou as pernas na cintura dele, enquanto acariciava seus cabelos.

"Onde você vai? Não podemos ir para o quarto!" - Ela disse baixinho no ouvido do comandante.

"Sala?" - Ele mordiscou o pescoço dela.

Ele a deitou com cuidado sobre o sofá deitando por cima dela, os beijos e as carícias foram retomados. Até que...

"O que é isso?" - Ele disse sorrindo.

"Meu celular." - Ela segurou os lábios para não sorrir.

"Quem liga esse horário? Por que você esta com ele?" - Ele voltou a beija-la. - "Você não vai atender né?"

Ela gemeu ao sentir a quentura das mãos dele contra seu corpo, o contato de pele com pele. - "Eu devo ter pego quando fui ver as horas, e se for importante?" - No fundo ela não queria atender.

Com a vibração da chamada sendo encerrada, Castle voltou a investir em movimentos precisos com as mãos e beijos em lugares estratégicos.

"Castle!" - Ela gemeu, quem quer que fosse estava insistindo.

"Não Kate, ignora".

"Castle!!" - Ela com muito esforço retirou o celular do bolso. - "Castle?! É do distrito!"

"Droga!" — Ele saiu de cima dela ajudando ela a se sentar à puxou pela mão.

"Esposito?!"

"Só pode ser brincadeira, vou mandar o Espo para a África." - Ele disse baixinho, fazendo ela sorrir.

"O que? Como assim não localizam elas? Invadiram o loft? Espera… Não Castle está aqui." - Ela se levantou e passou a andar de um lado a outro.

Castle que estava ao sentado, se preocupou com as palavras 'não as localizamos' e 'invadiram o loft'.

"Você disse que tem um suspeito em custódia?" - Foi feito longos minutos de silêncio, provavelmente ela estava escutando o parceiro explicando. - "Ok Espo, estou a caminho."

Observando o semblante sério dela e o encerramento da ligação.
"Kate? O que houve?"

"Castle.. Alguém invadiu o loft." - Ela desabou sobre o sofá, sentada de frente para ele.

"Meu loft?" - Ele parecia confuso.

"Sim! Espo disse que reviraram tudo lá e graças a Deus que você não estava em casa."

"Kate, estão ficando ousados."

"Eu sei." - Ela disse frustrada.

"Ouvi você falar que não estão localizando elas?"

"É... É que como invadiram o loft; Esposito se preocupou e tentou falar com sua mãe." - Ela fez uma pausa. - "Mas caiu direto na caixa postal."

Ele se levantou, olhando para os lados.
"Viu meu celular?" - Ele mexia nos bolsos e andou até a mesa onde havia deixado as chaves.

"No quarto! Deve estar lá... Castle? Fique calmo, elas estão em outro país, deve ser problema de sinal."

"Eu sei Kate! Mas preciso ouvir a voz delas."
                     xXx 

Beckett já estava alguns minutos no quarto, tomou um banho rápido e colocou uma roupa para o trabalho. Prendeu os cabelos e se pegou parada em frente a cama olhando o sono tranquilo da neném. O que faria agora? Levaria a bebê para o distrito?
Ela  terminou de se arrumar e voltou a sala onde Castle falava ao celular.

"Graças a Deus vocês estão bem! Não mãe! É melhor ficar!" - Ele parecia angustiado. - "O que? Já estão no avião?"

Kate observava a aflição do comandante. Não era difícil entender o que estava acontecendo. O caso estava desmoronando e Beckett já sentia o efeito disso com a forte dor de cabeça que pulsava desde que Esposito havia dito que o loft havia sido invadido. Mas não era dia para dor, ela não havia dormido, tinha um bebê em seu quarto, alguém estava sob custódia sendo interrogado pelo parceiro, Castle estava agitado e com o pouco que ouviu percebeu que sua família estava voltando, precisava falar com o CT...

"É melhor fazer um café forte." - Ela murmurou jogando o chá fora e começando a preparar um café. O dia prometia, e pior, não prometia ser nada bom.