Acho que nada estava a meu favor naquele dia. Meu celular não tocou na hora de ir para o ensaio, e eu acordei com uma dor de cabeça imensa por ter chorado tanto no dia anterior.

Tomei um banho de banheira relaxante e longo, tentando esquecer tudo o que tinha ocorrido. Era difícil demais ter que pensar que mais cedo ou mais tarde eu teria que enfrentar o Ed... E ainda por cima eu não sabia como a minha coisa com Justin ficava...

Quando sai do banheiro, pingando água quente por todo o quarto, percebi que meu celular tocava estridente. ‘Justin Bieber’.

-Alô?

-Jacque?

-Sou eu Justin. – dei um sorriso instantâneo.

-Que bom... Ouvir você. Ah, você ta bem? Não veio hoje, fiquei preocupado.

-Ah, bom é que meu celular não tocou na hora e eu não levantei...

-E você e o Ed? – ele tocou no ponto certo.

-Terminamos. Entre berros. Ainda não consigo entender.

-Ah deus... Ããh quer que eu passe ai? A gente sai e conversa...

-Não sei... Acho que eu preferia ficar em casa hoje...

-Vamos! Sou só eu que estou louco pra te ver?

-É claro que não! – eu ri. Como não rir? – Ok, pode passar aqui, mas vai ter que enfrentar a senhorita Mason.

-Numa boa, acha que se eu cantar pra ela, ela gosta de mim?

-Quem não ia gostar JB?

-Não sei...

-Até mais tarde.

-Até baby...

Eu desliguei sorrindo. Eu sabia que podia contar com ele. Sabia que por mais que todos estivessem me odiando profundamente naquele momento, ele era a pessoa com quem eu podia contar sempre que quisesse. E encontrar ele, podia me fazer ficar um pouquinho mais feliz do que eu já estava então... Porque não?

Coloque uma calça jeans simples, uma camiseta roxa e uma sandália roxa com uma flor na ponta enrolei os cabelos e fiquei esperando por ele na sala.

-Aonde vai assim, tão arrumada? – minha mãe perguntou.

-Sair com Justin.

-Não é o que...

-É mãe...

-Não vou fazer perguntas.

-Muito obrigada.

A campainha tocou, acabando com o que podia virar uma discussão. Minha mãe disse que ia atender, e eu deixei só pra ver o que acontecia. Ouvi o clique da porta abrindo, e a voz de minha mãe:

-Pois não?

-Aah... A Jacqueline está? – a voz maravilhosa disse.

-Da parte de quem? – minha mãe estava sendo durona.

-Ah... Não me apresentei, desculpe. Sou Justin senhora Mason, Justin Bieber.

-Muito prazer Justin. Sou May. Já a chamo.

Minha mãe entrou na sala com o maior sorriso que já vi. Até tu Brutus? Esse menino tem mel ou o que?

-Ele é uma graça. Pode ir. Mas não voltei muito tarde.

-Ok mãe, te amo.

Sai correndo dali antes que visse minha mãe falando como eu que o cabelo dele era a coisa mais linda do mundo e blábláblá. Ele estava lindo. Sempre estava não é? Ele sorriu ao me ver, e me acolheu em seus braços, me embriagando em seu perfume masculino outra vez. Olhou minha boca, e a beijou levemente.

-Senti saudade pequena. Você tinha que ter vindo hoje, foi muito bom.

-Hum... Não ia ser tão divertido ficar com Ed agora, se é que me entende.

-Você vai me contar isso direito, e eu vou te mandar meu plano.

-Que plano, meu deus do céu?

-Você vai ver, só entre no carro e deixe eu te levar.

-Sim, senhor Bieber! – falei como um soldado.

Entramos no familiar Range Rover. E mais uma vez, fomos cantando como malucos Telephone, Single Ladys e 3. Chegamos ao que parecia uma pequena sorveteria na beira da praia. Tinham alguns adolescentes ali, e fiquei me perguntando o que fariam quando vissem Justin Bieber saindo do seu famoso Range Rover e indo em direção a elas. Se fosse a alguns dias atrás eu gritaria. Mas agora eu já tinha entendido como era a situação.

Descemos do carro, e eu acompanhei o olhar estupefado das garotas. Cutucaram as amigas, e agora todas olhavam para nós, e eu senti vontade de rir, mas achei que era muita maldade com as garotas. Ele passou o braço em torno de minha cintura, e me olhou, dando uma piscadela de ‘é hora do show’.

Entramos, e ele puxou uma cadeira pra mim, e foi até a bancada pedir os sorvetes. Eu sabia que era questão de tempo até a mais corajosa da turma levantar e pedir um autógrafo ou foto.

-Hey, podia me ver dois sorvetes de chocolate?

-Ah.. Claro. – a mocinha se atrapalhou.

E, como eu previ, uma das loirinhas se levantou com a câmera na mão, empurrada pelas amigas. Ela cutucou Justin, que virou com o sorriso mais lindo no rosto. A menina quase teve um infarto.

-Justin... Ah, você... Podia tirar uma... Foto?

-Claro.

Ele a abraçou que teve uma tremedeira, e tiraram a foto. Daí o show foi aberto, eram todas querendo um pedaço do meu garoto, e eu ali sentada só babando. Quando ele deu beijos e abraços em todas, pegou nossos sorvetes, e me surpreendeu. Deu-me um beijo na frente de todas elas.

Olhei pra ele surpresa. Ele apenas sorriu, e deu a idêntica piscadela. Sorri de volta para as bocas abertas das Beliebers ali presentes e comecei a comer o sorvete.

-Então, me conta o que aconteceu.

-Bom... Quando eu cheguei com você, ele ficou bravo porque eu não tinha ligado pra ele de volta e estava com você. Ficou falando que eu devia satisfações pra ele, e eu não gostei disso.

-Caramba... Que cara grudento e ciumento.

-Nem me fala. Acabamos gritando um com o outro e eu falei que não agüentava mais e que tinha terminado.

-Uoou! Garota decidida.

-É... Mais acho que é melhor assim... Eu não queria iludir ele, não gostava do Ed tanto assim, entende?

-Entendo. – disse pensativo. – Mas agora você está comigo.

-Sobre nós... O que é exatamente o que temos?

-Bom... Eu gosto de você de verdade Jacque. Por isso, eu queria muito que você fosse minha namorada.

Sorri inconfundivelmente feliz. Era exatamente o que eu precisava. Ser feliz com o garoto que gostava. Então eu peguei sua mão, e a apertei, meio que respondendo o que ele queria dizer, e ele a apertou também. 

Tomamos nosso sorvete, e entramos de novo no Range Rover, agora a caminho do ‘plano’ dele.

-Me conte o que é! Vamos!

-Ok... Bom, eu conheci duas meninas hoje, vão fazer o clipe conosco, depois te conto direito. Mas o fato é que a Dani estava me contando sobre o namorado dela, eles terminaram porque ele era insensível e não sabia trata-la bem. E a outra, Paola, disse que esta namorando firme e forte.

-Ta, e como eu ou Ed entramos nisso?

-Espera. Bom, eu tava pensando, que o Ed ia querer uma garota mais romântica, porém mais madura pra ficar... E a Dani é perfeita pra isso.

-Como assim Justin?

-Eu ia propor que nós saíssemos os oito.

-Oito quem?

-Eu e você, Paola e Marco, Aaron e Jessy e Ed e Dani.

Eu ergui as sobrancelhas indicando compreensão. Eu sabia exatamente o que ele estava querendo. Se arrumasse outro par para Ed, talvez ele me perdoasse e ainda por cima ficasse com alguém que realmente valesse a pena.

-Isso é perfeito... Mas como vou chamar eles pra sair? Eles não vão querer.

-É lógico que vão! Ligue pra sua amiga, a Jessy, e conte pra ela tudo o que aconteceu, tenho certeza que ela vai te entender, ela parece ser bem legal.

-Justin, ela não vai querer me atender.

-Vai sim. Confia em mim.

-Como você pode ter certeza?

-Eu simplesmente tenho.

Calei-me no mesmo instante. Eu já tinha tido essa certeza antes. E todas elas me levaram onde estava agora, nos braços de meu amado. Peguei o celular, minha mãe trêmula, e disquei o número de Jessy.

-Achei que nunca ia me ligar. – ela me recebeu.

-Você não me odeia?

-É claro que não! Só quero saber o que aconteceu direito.

Sorri ao saber que não tinha perdido minha melhor amiga. Contei tudo a ela, tudo mesmo, cada detalhe, mesmo sabendo que Justin escutava tudo e me caçoaria depois. Ela apenas ouvia atenta tudo o que eu dizia.

-Caramba... Eu não sei se ele vai querer mais... Eu vou tentar. Não quero ver ele assim tão triste de novo, então vou fazer de tudo para levá-lo conosco.

-Muito obrigada amiga. É muito bom te ter de vota.

-Sei. Agora aproveita o bonitão do Bieber!

-Ok, tchau.

-Tchau.

Ele me olhava com um sorriso convencido.

-Eu não te disse?

-Ok, disse.

-E quer dizer que o meu beijo foi ‘extremamente mágico e único’?

-Foi sim.

-Que bom. Quer mais um?

Eu ri da piada, e apenas continuei olhando para fora do carro. Era muito bom saber que Jessy me entendia. Eu e mataria por completo se tivesse perdido a minha primeira amiga. Paramos no acostamento do Hotel Hills, e fomos até a suíte que Justin ocupava.

Era muito luxuosa para uma pessoa só. Mas ele parecia nem notar, apenas se jogou na cama e fechou os olhos, como se não fizesse aquilo a tantos anos.

-Vou me arrumar, ok?

-Pra quê?

-Pra gente sair...

-Ah é...

Ele foi até o banheiro e saiu com uma jeans, jaqueta de couro, e o sneaker amarelo que eu mais gostava quando era uma Belieber. Não dizendo que eu não era. Ainda era. Mais eu estava vivendo o sonho mais aprofundado. Justin deu uma voltinha, e me mandou um beijinho.

-Então, como estou?

-Maravilhoso amoreco.

-Amoreco? Caracas, essa foi feia.

Rimos e nos dirigimos até o boliche, onde encontraríamos todo mundo, ele sorrindo a beça, e eu com as mãos suando e o coração batendo muito mais forte do que o necessário.

Eu e Justin estávamos reservando a pista. Algumas garotas a estavam formando filas no local, mas parecia que meu namorado não estava nem aí. Só ficava me falando que tudo ia dar certo.

Quando avistei os quatro chegando. Paola e Dani eram meninas realmente muito bonitas, e o namorado de Paola era realmente um cara para se casar. Dani vinha com os dois, meio tímida, como quem não queria atrapalhar. Já Jessy e Aaron, agarrados e sempre! Apenas Edward mantinha aquele rostinho triste de cachorrinho pidão. Estava evitando olhar diretamente para mim.

Eu me virei rapidamente para evitar o confronto, e cutuquei Justin, pedindo ajuda. Ele me olhou, olhou os quatro recém-chegados e apenas sorriu, me abraçou e beijou o alto da minha cabeça, sussurrando novamente que tudo daria certo.

-Justin! – as meninas gritaram.

-Hey girls! Como estão?! – ele falou abraçando as duas forte. – Você deve ser Marco.

-Sou sim. – o garotão loiro disse sorrindo.

-Oi Justin.

Era Jessy, que o cumprimentava meio tímida. Aaron acenou com a cabeça, mais Ed não tirou os olhos dos pés, que por um minuto lhe pareciam muito interessantes. Eu ainda estava o achando infantil, mas quem era eu para falar alguma coisa?

-E ai pessoal? – Justin Cumprimentou os dois. Ficou muito receoso para cumprimentar Ed, e quando Jessy fez que não ele se afastou.

-Meninas, essa é a Jacque.

As duas acenaram para mim sorridentes, estava na cara que Justin tinha falado muito de mim pra elas. Entramos e colocamos nossos sapatos de boliche, tudo sob os fleshes, e entramos para jogar. Aaron foi o primeiro, que por sorte, não tinha perdido o senso de humor, e brincava a cada jogada. Justin e Dani conversavam muito em um canto, parece que ela estava meio receosa em ir conversar com Ed, mas acabou indo, e fez o que eu pensei que não fosse possível: Ela o fez rir. E eles ficaram juntos o jogo inteiro, mesmo que ele ainda não olhasse pra mim, eu estava feliz.

Estava tão feliz, que não me importava com nenhuma das fãs histéricas gritando e tentando capturar imagens do meu garoto, eu só tinha olhos para ele, e aquele sorriso que não saia de seu rosto. Pulei em seu pescoço, e ele me girou no alto.

-Está muito feliz! Eu adoro te ver sorrindo assim.

-Eu só sorrio porque a sua idéia deu certo, e eu estou me divertindo a beça.

-Você é maravilhosa pra mim.

-Você é que é maravilhoso pra mim.

-Sei.

-Sabe sim.

Ele ficou sério de repente. Olhava diretamente para meus lábios. Acho que estava se decidindo entre me beijar na frente de todos, ou não me beijar, e deixar para quando estivéssemos a sós. Mas acho que nem eu nem ele resistimos a estar tão perto sem poder se beijar.

E lá fui eu novamente, afogada no cheiro do perfume dele, senti seus lábios molhados e macios nos meus, e simplesmente entrei de cabeça no beijo. Sem me importar com os olhares, e as bocas abertas de todos, estávamos felizes juntos, e eu não queria que aquilo acabasse!

Nos soltamos, ele estava com os olhos ainda fechados, sorrindo muito.

-Eles estão loucos, não? –Perguntou.

-Bom... Pode se dizer que sim.

E era verdade, tiravam fotos como loucos, e assobiavam. Eu escondi meu rosto em seu peito, e ele me acolheu ali, no escuro de meus pensamentos, que só gritavam uma única coisa: Ele é seu! Ele é seu! Ele é seu!

-O jogo foi incrível. – comentou Aaron.

Os outros murmuraram coisas em resposta. Estávamos todos caminhando pela praia, com os sapatos nas mãos, abraçando seus respectivos pares. Eu ainda via um paparazzi aqui e ali, tentando se esconder, mas já estava feito. Nós estávamos juntos, e aquilo era público e exposto. Mas como ele mesmo disse o que importava era o nosso relacionamento, não as pessoas que se interessavam nele.

Tínhamos que ser fortes para continuar juntos, mas eu estava disposta a continuar, e me esforçar o máximo.

A lua estava mais uma vez no céu, piscando pra mim, e me fazendo lembrar de nosso primeiro beijo, que bem, tinha sido ontem, mais ainda assim era algo muito bom de se lembrar. Nos sentamos na areia, contemplando ao redondo astro prateado que dançava sob nossos olhos, lá no céu.

Justin me abraçou mais forte, e fechei os olhos, sentindo o resto do perfume dele, que já se dissipava pelo dia estar acabando. Era mais d que um sonho, podia ser chato ficar tocando esta mesma tecla sempre, mas eu me sentia a garota mais sortuda do mundo, ali em seus braços.

-Te quero pra sempre pequena. Temos algo forte demais pra ser jogado fora.

-Concordo com você baby.

Ele me beijou mais uma vez, a lua de testemunha, de que aquele romance ainda a durar muito mais, e de que um dia, mesmo que não fosse com ele, eu me lembraria de tudo isso, e a rir. Rir e pensar que aqueles, com certeza, foram os melhores dias da minha vida.