Going back to my roots escrita por Any Queen


Capítulo 2
Don't throw stones at me


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoal, obrigada pelo retorno, foi muito bom, então decidi continuar, ia postar o segundo mais cedo, geralmente faço isso para dar uma visão melhor da história, mas sabem como é, provas :/
Reforço o pedido de quem quiser fazer uma capa, essa eu peguei no google.
Espero por vocês novamente
Boa leitura ♥



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Oliver

                - Oliver, querido, o que aconteceu com você? – perguntou Raisa assim que entrei na pensão, me joguei no sofá e tomei um gole da bebida que ainda estava na minha mão.

                - Nada que te interesse, Raisa, pode voltar a fazer qualquer coisa que você faça com sua vida miserável. – meu intuito era que ela me deixasse em paz, mas a dona da pensão apenas deu um sorriso amigável e saiu por um tempo, logo ela voltou, trazendo uma bolsa de gelo e sentou do meu lado.

                - Vai melhorar a dor amanhã.

                Peguei a bolsa ainda estranhando aquela paciência comigo, geralmente as pessoas se afastavam quando eu era grosso, era assim que eu afastava as pessoas que eu não queria por perto.

                - Obrigada.

                Raisa sorriu e bateu na minha perna antes de voltar para atrás do balcão.

                - Posso perguntar quem fez isso ou eu posso concluir que foi alguém com quem você foi ignorante?

                - Foi uma tal Felicity.

                - Então deve estar doendo. – Raisa erguei a sobrancelha, olhando como se a culpa fosse minha, o que não era, eu não tinha feito nada para levar um soco daqueles, muito bom por falar nisso, quase profissional.

                - Quem é ela afinal? Eu tenho certeza que já a vi antes, mas não consigo me lembrar de onde.

                - Ela não te contou? – Raisa pareceu realmente surpresa, o que me deixou ainda mais curioso – Você é famoso.

                - Sim, ganhei o cinturão duas vezes. – tirei a bolsa do queixo e encarei Raisa – Quem é ela?

                - Bem, garoto, se ela não te disse, eu não posso fazer isso. – ela deu um sorriso carinhoso – Não gosto de fazer fofoca, já tem muita gente nessa cidade que faz isso.

                - Tenho certeza que você vai contar que eu levei um soco para todo mundo. O garoto de cidade grande mal chegou e já está apanhando. – voltei a colocar a bolsa de gelo e reencostei no sofá.

                - Acho que você já sofreu por hoje, querido.

                - Por que você está sendo legal?

                - Eu conheci seu pai, tenho certeza que ele quer que eu seja gentil com o filho dele.

                - Não precisa, eu não vou ficar por muito tempo. Pode me ignorar à vontade.

                - Ficando ou não, eu gosto de ser gentil com as pessoas, Oliver. Não somos como as pessoas de cidade grande que vivem correndo para todos os lados, nós gostamos de ouvir.

                - Obrigada, Raisa. – levantei e entreguei o gelo – Mas eu não preciso de pena.

                Peguei minha garrafa e subi, ela nem tinha chegado na metade e isso era ruim, ainda estava pensando nos problemas. Voltei para o quarto e liguei a televisão, minhas roupas ainda estavam na mala e eu não ia tirá-las de lá, eu sabia que meu pai só queria um tempo de ficar resolvendo todos os meus problemas.

                Estava muito frio e o aquecedor do quarto não pegava direito, o que não era muita surpresa, a bebida ajudava, mas aquilo só aumentava a minha raiva de não estar no meu apartamento com meu aquecedor que funcionava. De acordo com os goles da garrafa, meus pensamentos chegaram em Felicity.

                Quem era ela? Eu tinha certeza que já a tinha visto antes, seria uma das garotas que eu fiquei e não me lembrava o nome? Seria por isso que ela me dera um soco? Contudo não parecia ser isso, eu me lembraria de alguém como Felicity e ela não parecia que alguém que chamaria atenção em uma festa. Eu preferia as que falavam coisas sem sentido, que eu poderia ignorar, e com certeza a floriculturista não parecia uma dessas mulheres.

                Algo estava errado, alguma coisa estava fazendo muito barulho, um barulho ensurdecedor.

                Levantei com dificuldade e me arrependi, minha cabeça girava e pareciam que luzes invadiam meus olhos mais claras que o normal. Respirei fundo e tateei a procura do telefone, quando o segurei ele parou de tocar, mas havia uma mensagem do mesmo número.

                “Soube que está na cidade, venha me encontrar às 14h”

                E havia um endereço, não tinha nome ou qualquer tipo de identificação.

                Levantei com um resmungo e fui tomar um banho. Quando acabei estava um pouco melhor, mas precisava de um café. Tentei encontrar as roupas mais quentes que eu tinha levado e desci as escadas, Raisa tinha que ter algum tipo de café naquele lugar.

                - Raisa? – ela não estava no balcão, mas umas vozes vinham depois de um corredor.

                Seguindo o som, acabei me encontrando em um lugar como um restaurante modesto, Raisa estava servindo algumas mesas e outras pessoas a ajudavam. O lugar estava cheio e com um cheiro muito bom de comida caseira. Quando ela me viu veio falar ao meu encontro com uma daqueles sorrisos que ela dava para todo mundo.

                - Oliver, acordou tarde.

                - Que horas são?

                - Quase uma da tarde. – ela sorriu – Está com uma cara péssima.

                - É uma coisa chamada ressaca, acho que vocês não têm isso por aqui.

                - Mais do que imagina. – ela deu um sorriso fraco e puxou meu braço – Venha comer alguma coisa, vai melhorar.

                - Eu tenho que me encontrar com alguém nesse endereço às 14h. – mostrei o telefone para ela – Sabe se é muito longe?

                - Não reconhece? – a dona da pensão me olhou curiosa.

                - Deveria? – sentei em uma mesa vazia no canto.

                - Seu pai te levava lá o tempo todo quando era criança. É a academia do Ra’s.

                - Ainda está aberta? Tommy chegou a comentar, mas eu não acreditei que ele ainda treinava.

                - Agora são mais aulas para as crianças e alguns adultos que querem fazer algum esporte. Ra’s não treina alguém para lutas importantes há anos.

                - Mas ele ainda promove aquelas lutas aqui?

                - Não. – ela sorriu e sentou-se na mesa – O prefeito proibiu, mas ele leva alguns alunos para lutas clandestinas na fronteira da cidade. Soube que dão um bom dinheiro.

                - Por que está me dizendo isso? Já não sou problemático o suficiente?

                - Ah querido, Ra’s não vai deixar você lutar. – antes que eu pudesse perguntar o que significava, ela se levantou e disse que ia me trazer um prato.

                Uma hora depois estava atrás da única academia de luta da cidade. Andando nas ruas, percebi que eu lembrava onde era, mas continuava a negar que eu conhecia aquela cidade, tentava esquecer tudo o que ela representava.

                Parei na frente do local, pessoas com bolsas de malhar entravam e saiam. Assim que entrei uma enxurrada de memória me invadiu, foi ali que eu tinha começado a gostar de luta, mas agora parecia diferente, tinham menos ringues, mais material de malhação, parecia maior e tinha bem mais gente do que costumava a ter. Segui até a recepção, um garoto de uns dezessete anos estava mexendo no telefone e eu tive que pigarrear para ele perceber que eu estava lá.

                - Oliver Queen? – ele levantou tão rápido que quase caiu da cadeira – O Arrow? Eu não estou delirando? Roy Harper – o garoto esticou a mão – Eu sou um grande fã seu.

                Fiquei encarando a mão, não queria ter que lidar com fãs hoje e Roy me parecia um pouco irritante, continuei com a mão no bolso até ele perceber que eu não iria apertar.

                -  O que te traz na aqui? – disse envergonhado.

                - Tenho uma reunião com Ra’s.

                - Vou ir chamá-lo, sinta-se à vontade, sr. Queen.

                O garoto saiu às pressas e andei até conseguir ver a área de malhação. Estava cheio de mulheres bonitas, todas elas usando roupas apertadas de academia, a experiência não poderia ser toda ruim. Uma loira começou a andar até mim, rebolando mais do que o necessário.

                - Você é Oliver Queen. – ela não esticou a mão para me cumprimentar, chegou perto o suficiente e me deu um beijo na bochecha. Aquele tipo de fã eu poderia aguentar.

                - Sou eu.

                - Eu adoro as suas lutas. Foi tão horrível que tiraram você da liga. – ela fez um beicinho exagerado, mas que eu não me importei.

                - Eu também não acredito, mas acho que estava na hora de mudar os ares e conhecer novas pessoas. – dei meu melhor sorriso de lado.

                - Acho que veio ao lugar certo.

                - Oliver! – uma voz forte me chamou e eu virei para encontrar um Ra’s mais velho do que eu me lembrava.

                Dei uma última olhada para a loira e pisquei.

                - Nos vemos depois, bonitão.

                - Ra’s Al Ghul. – disse enquanto me aproximava – O melhor treinador dessa cidade está ficando velho.

                Ele me puxou para um abraço e deu uma curta risada.

                - E você está ficando mimado como todos os outros.

                - Você soube. – era uma afirmação, dava para perceber que ele estava desapontado.

                - Claro que sim. Sempre fiquei de olho em você mesmo depois que voltou para Starling, tinha potencial.

                - Tinha?

                - Agora está tudo mais voltado para fama do que para o esporte.           

                - Você não sabe disso. – ele começou a andar com as mãos cruzadas nas costas como sempre fazia e olhava para seus alunos.

                - Eu vejo as notícias escandalosas. Você foi preso por consumo de drogas.

                - Um mal-entendido. -  ele levantou uma sobrancelha.

                - Não foi seu pai que pagou um advogado? E o acidente por dirigir bêbado e quase matar uma garota.

                - Ela sabia que eu estava bêbado, foi escolha dela vir comigo. – eu não gostava de me lembrar daquele episódio, tinha sido único que eu tinha concordado que tinha ultrapassado os limites, mas isso não significava que eu falava isso em voz alta.

                - Quando aquele garotinho veio aqui eu sabia que ele ia chegar no topo algum dia, mas não sabia que ia acabar com a vida dele no processo.

                - Eu não estou acabando com a minha vida, por que todo mundo fica dizendo isso? Eu sou bem feliz com a minha vida do jeito que ela era.

                - Está feliz por quase matar um adversário a socos?

                - Olha, Ra’s, eu agradeço a preocupação, mas não quero ouvir sermão.

                - Justo.

                - Ainda mais porque você me chamou aqui para lutar nas suas lutas clandestinas. – Ra’s parou de repente e me encarou confuso.

                - Eu não te chamei aqui para isso.

                - Como assim?

                - Eu te chamei aqui para poder ver você crescido e ver se ainda tinha todos os dentes, não quero treinar alguém como você.

                - Alguém como eu? O melhor lutador dos últimos anos? Famoso o suficiente para te conseguir muito dinheiro.

                - Alguém como você, inconsequente, que não sabe medir as coisas e é um garoto mimado que não sabe mais o que é lutar por amar a luta.

                - Isso é ridículo. Você sabe o que está perdendo? E essas lutas são clandestinas, não é como se os lutadores estão ali porque gostam.

                - Na verdade, sim. Os treinadores dessa luta só escolhem os melhores, os com honra, é um contrato que temos. Não levamos ninguém problemático só porque é clandestino.

                - Você fez de uma academia de luta uma academia de malhação porque está sem dinheiro. Eu poderia ajudar, porque não para de bobeira e me deixa ganhar essa para você?

                - Dinheiro não é tudo, Oliver. Você luta com raiva e com ego, e isso não é saber lutar. Aqui na minha academia eu só treino os melhores.

                - Você me treinou.

                - Quando você ainda era um dos melhores.

                - Ra’s, isso é insano! Eu quero lutar, prometo que não vou fazer nada que estrague sua fama de treinador politicamente correto. Eu não posso ficar nessa cidade por não sei quanto tempo sem lutar.

                - Você pode treinar aqui e fazer aulas como todo mundo, mas não vai lutar.

                Grunhi, estava precisando socar alguma coisa e a cara de Ra’s me parecia um ótimo alvo.

                - O que eu preciso fazer? Faço qualquer coisa, só me deixa lutar.

                Ele ponderou e suspirou.

                - A próxima luta é perto do natal. Você tem até lá para convencê-la.

                - Quem?

                - Minha melhor professora, se você conseguir convencê-la de que está lutando apenas por lutar e que aprendeu a controlar sua raiva, você poderá lutar.

                - Eu tenho que fazer uma mulher acreditar que eu sei lutar? Isso é um absurdo.

                - Por isso eu aconselho a ficar com o pequeno Oliver dentro das calças. Ela é a melhor e se ela disser que você está pronto, eu vou acreditar.

                - Confia tanto nela assim?

                - De olhos vendados. Vou chamá-la.

                Assim ele sumiu e eu fiquei esperando no meio academia me perguntando o que ela tinha de tão especial, eu era competente o bastante para controlar minha raiva.

                Quando bufei e olhei para frente vi que uma figura loira e emburrada estava vindo na minha direção. Felicity usava o cabelo trançado e roupas de malhar pretas, um short curto e um tope. Estava soada e vermelha, como se estivesse treinando o dia inteiro, estava muito gostosa, eu tinha que admitir, o que me fez querer ainda mais saber quem ela era. Assim que ela me viu fez uma careta e tentou passar direto, mas eu estiquei o braço e ela me encarou sem paciência.

                - Para que a pressa?

                - Acho que você é surdo, ainda não entendeu que é para me deixar em paz.

                - Não seja antipática, sou novo na cidade. – sorri e ela fez outra careta de nojo, o que me fez rir mais ainda. Quando percebeu que eu não ia deixa-la passar, deu um passo para trás e cruzou os braços.

                - Me deixa passar, Ra’s me mandou encontrar alguém.

                Então era ela?

                - Acho que já encontrou, baby. – pisquei e estampei meu melhor sorriso cafajeste.

                - Nos seus sonhos, baby.

                Ela tentou passar novamente e eu a impedi, Ra’s apareceu e colocou a mão no ombro da loira.

                - Vejo que já se conheceram. – Felicity vagorosamente trocou a feição de desentendimento para surpresa, o que devo dizer que foi hilário.

                - Você não está falando sério, Ra’s. – ela argumentou – Não tem nada no mundo que faça com que eu treine ele.

                - Eu não preciso de treinamento.

                - Crianças, eu sei o que estou fazendo. Felicity, você vai treinar Oliver até que ele esteja pronto e se não fizer, vou pegar suas chaves da academia e não te dar seu décimo terceiro.

                - Você não faria isso! Não por ele. – ela apontou para mim com desgosto.

                - Eu estou bem aqui. – disse levantando as mãos e tentando achar graça da situação, ele só estava brincando, não podia estar dizendo que Felicity poderia me ensinar alguma coisa – E afinal, como uma garota de cidade pequena pode ser melhor do eu?

                - Aquele soco não foi o bastante? – Ra’s riu e Felicity ergueu uma sobrancelha.

                - Tentem não se matar até o natal. – ele me deu tapinhas no ombro e apertou o de Felicity antes de se retirar.

                - Você pode apenas dizer que eu estou pronto e eu prometo me comportar, não precisamos fazer isso.

                - Infelizmente temos, se eu disser que sim, você vai acabar matando um dos lutadores e seu eu disser não, você vai continuar enchendo meu saco.

                - Eu não vou matar ninguém! E como todo mundo sabe disso?

                - Já disse, você é famoso. – ela suspirou – Estou livre de terça a quinta de manhã, esteja aqui às sete em ponto. Ao contrário eu vou levar isso como falta de comprometimento, você tem que me dar razões suficientes para que eu diga sim.

                - Você está dificultando tudo, vai cuidar das suas flores e me deixa lutar.

                - Minha vida não se resume. – ela começou a se afastar.

                - E por que você luta afinal? Tão bem que é a melhor de Ra’s, não parece o perfil de uma...

                - O quê? Mulher? Floriculturista? Você não sabe nada sobre mim. Amanhã, às sete.

                Novamente ela começou a se afastar, mas uma luz passou por mim e acabei me lembrando de onde a conhecia

                - Ei, espera. – ela me encarou querendo ir embora – Eu sei de onde te conheço. – a cor sumiu do rosto dela de repente e ela começou a andar para longe de mim – Você é Felicity Smoak, a melhor lutadora de kicking Boxe, Overwatch, você era famosa. O que aconteceu com você?


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Notas finais do capítulo

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