Sozinho, solitário e o ultimo ser vivo. Era isso que eu era. Enquanto observava a paisagem destruída a minha frente eu só podia sentir arrependimento. O solo por todo mundo estava enegrecido e o ar carregado de cinzas. Os mares não existiam mais, as floretas foram incendiadas, cidades destruídas, animais, criaturas, povos, raças e a própria vida foram todos extintos. E tudo se acabara nas mãos de um único ser... eu.

Olhei para minhas mãos feitas de ossos saindo pelas mangas negras de meu manto. Eu estava sentado em um trono feito de ossos olhando para a paisagem arruinada de Paris. Minha mãe amava tanto esse lugar. Vendo o nível de destruição era claro que eu tinha feito serviço de profissional aqui. Nem me lembro porque destruí o lugar na verdade. Sei apenas que fora a primeira cidade que destruí completamente.

Pensando no passado não consigo me lembrar quantas pessoas ou criaturas eu matei. Meu eterno desejo por poder me fizera reduzir a vida na terra a apenas um único ser. Sendo o único ser vivo e tendo tido tempo para refletir vejo o quão longe eu fui. Eu não nasci um bruxo como meus pais eu era um aborto, mas sempre desejei poder fazer magia. Eu pesquisei interminavelmente durante tantos anos, mas só fui descobrir em lendas como eu poderia obter poder para me vingar. Para isso eu precisaria virar um warlock. Warlock eram considerados pelos bruxos como os maiores traidores, adeptos de artes das trevas, ladrões de magia e assassinos.

Quando eu tinha treze anos minha mãe recebera a visita de enviados do ministério da magia acompanhados dos guardas de Azkaban. Eles tinham vindo com a intenção de levar minha mãe para depor sobre a fuga de um dos prisioneiros de Azkaban, meu pai. Minha mãe se recusara dizendo que havia cortado ligações com o mundo bruxo a muitos anos atrás. Os guardas de Azkaban não aceitaram não como resposta e nos atacaram. Minha mãe que não praticava mais magia se encontrava desarmada. A única coisa que ela pudera fazer para nos defender fora se jogar em cima de mim me fazendo olhar para baixo. Ela recebera o ataque sozinha dos guardas antes que os enviados do ministério pudessem fazer qualquer coisa. Fora tudo tão rápido que na época eu só pude constatar que o corpo de minha mãe ficara instantaneamente frio. Ela não estava morta, mas sua alma... havia sido roubada.

Estudei por anos procurando uma forma de curá-la enquanto assistia de longe os acontecimentos do mundo bruxo. Quando o corpo dela deixara de funcionar eu já era um homem adulto, mas nem por isso a dor fora menor. Minha falta de poder me revoltara. Passei a estudar uma forma de obter poder mesmo sendo um bruxo abortado. Duas décadas depois tendo descoberto a forma exata de obter poderes mágicos cometi meu primeiro assassinato. Tendo obtido os poderes de minha vitima o desejo por poder só crescera me levando a procurar outras vitimas. A cada vitima eu ficava mais e mais forte. Infelizmente meus sentimentos e humanidade iam sumindo pouco a pouco. Quando eu não me sentia mais humano passei a matar indiscriminadamente sendo o único prazer que eu sentia. Fui de cidade em cidade matando tudo e todos. Não me lembro quanto tempo levei... mas sei que por minhas mãos a vida deixara de existir no planeta. O único ser vivo que sobrara fui eu.

Tanto poder, tanto conhecimento adquirido e agora a única coisa que possuo de verdade é solidão e arrependimento. Com um simples pensamento aparatei para as ruinas da torre Eiffel vendo o amontoado de metal derretido e curvado. O chão de todo o local como de todo o mundo estava enegrecido, as nuvens estavam negras devido aos vulcões que entravam em erupção diariamente por todo o mundo. Em frente as ruinas da torre havia um grande circulo magico com círculos e símbolos complexos em seu interior, contornado de tunas e com escritas em diferentes línguas em seu interior. Adentrei o circulo removendo meu capuz revelando minha face cadavérica com chamas negras e roxas no lugar dos olhos. Ergui minhas mãos e passei a recitar um longo e demorado encanto. Meu corpo coberto por meu manto negro começara a brilhar junto do circulo magico. Passei a desenhar no ar com minhas mãos deixando rastros de luz por onde passavam formando um circulo magico branco em pleno ar. Dentro do circulo magico que flutuava a minha frente havia uma grande estrela de seis pontas. Levei minhas mãos a minha cabeça as afastando lentamente removendo uma esfera de luz de minha testa que fora até o circulo flutuante se posicionando no centro do circulo. Olhei para o céu vendo um grande vórtice negro se formando fazendo os círculos mágicos brilharem mais intensamente ainda.

Por varias razões eu não poderia voltar ao passado e mudar tudo o que eu havia feito. Vira-tempos não funcionavam em minha deturbada versão, mas nada me impedia de mandar um guia para meu antigo eu. Eu acreditava na teoria de que se a vida de uma única pessoa fosse mudada no passado diferentes acontecimentos poderiam ocorrer durante os anos seguintes. Se eu conseguisse oferecer as ferramentas necessárias para meu eu mais jovem tudo poderia ser diferente. E seria.

                – Agora vá e corrija nossos erros do passado. Garanta que nossa vida seja diferente – disse vendo o circulo magico flutuar em direção ao vórtice sendo sugado por ele e desaparecendo seguido do vórtice.

O circulo magico abaixo de mim desaparecera. Olhei para o horizonte sentindo uma perturbação estranha ocorrendo. Senti uma forte onda de choque me atingir me forçando a cruzar os braços e usar meus poderes para não ser arrastado para longe. Olhei novamente em direção ao horizonte vendo uma grande parede de luz branca vindo em minha direção.

                – Começou – que as mudanças que ocorressem fossem bem vindas.