Bulletproof Wings escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 23
Sua verdade foi revelada


Notas iniciais do capítulo

Yeeeeeeeeeeeeey Chegueeeeei!
Ai, que saudade desse Nyah, de cada um de vocês. Quase fiquei maluca querendo postar e não conseguindo por falta de internet! Mas agora, estou de volta, espero que por um longo tempo. A boa notícia é que não tinha nada pra fazer lá onde eu tava, então eu escrevi, escrevi, escrevi e atualmente estou no capítulo 28. Se tudo der certo vocês lerão lá pelo domingo *-*
Espero que gostem! Ah, esse é meio triste também, então prepara o core.



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“Eu queria ajudá-lo, eu tinha tentado. Naquele momento, percebi duas coisas. Primeira: eu havia falhado. Ele não tinha escutado nada do que eu falei, tudo havia sido inútil. Segunda: eu não poderia fazer mais nada por Kim Namjoon. Tudo o que eu poderia fazer era me afastar para evitar me apegar mais àquela história. Evitar que eu também me machucasse”.

— Dr. Oh Sehun

 

 

Namjoon começou a abrir os olhos lentamente, mas percebeu que estava muito bem preso, então os abriu de uma vez, para descobrir o que estava acontecendo. Ele estava deitado numa cama, e seus braços estavam colocados para a frente. Namjoon se levantou com dificuldade sem o apoio das mãos. Um de seus pés descalços estava algemado à guarda da cama. O quarto era estranho e vazio. Só havia a cama e uma mesa metálica ao lado. Depois de algum tempo, uma enfermeira vestida de azul entrou empurrando a pesada porta de metal.

— Bom dia, senhor Namjoon.

— Quem é você? — Perguntou Namjoon, com a voz afetada. — Que lugar é esse?

— Fique calmo, senhor Namjoon. Este é um lugar para deixá-lo bom.

— Eu estou bom. Estou ótimo.

— Eu sei, eu sei que está. — A enfermeira começou a manusear alguns elementos da mesa metálica. — Mas vai ficar ainda melhor. Aqui, está na hora do seu remédio.

— Remédio? — Perguntou Namjoon, pensando em Hoseok. — Remédios fazem mal. Eu não preciso de remédio.

— Tem que fazer isso pra ficar bom.

— Eu não quero ficar bom! — Gritou ele. — Quero ir embora daqui!

— Senhor, as coisas serão melhores se colaborar conosco. Se não tomar o remédio, terá que ser submetido a outros métodos.

Namjoon ficou quieto, e a enfermeira tentou lhe dar as várias pílulas, mas ele tentou mordê-la. Ela tirou a mão a tempo.

— Você vai dar trabalho — murmurou ela. — Vou chamar seu médico responsável.

A enfermeira saiu. Namjoon tentou, sem sucesso, se desvencilhar das coisas que o prendiam. Parou assim que ouviu o barulho da porta pesada.

— Que bom te rever — disse Chung Ho, atrás de Namjoon. Ele se arrepiou e virou lentamente.

— Você, de novo? Como pode ser um médico tão respeitado se mente a respeito dos pacientes? Você sabe muito bem que eu não estou louco.

— Não é o que diz seu relatório. — Disse o médico, pegando a prancheta na mesa metálica. — Tentativa de suicídio… Dupla tentativa de homicídio…

— Quê? — Perguntou ele, incrédulo. — Eu não tentei matar ninguém.

— Tem até o nome das vítimas, olha: Kim Chung Ho e Kim Seokjin.

— Ah, não. Você, eu até aceito. Queria mesmo acabar contigo, mas o Jin Hyung? Sabe muito bem que não tentei matá-lo, ele é meu amigo!

— E o que estava fazendo no quarto de um paciente em coma, sem autorização? Além disso, havia uma testemunha ocular, um dos principais médicos do SNUH.

— Por que eu mataria meu amigo, seu idiota?

— Porque você não é tão amigo assim. Mas nada disso interessa para o relatório. Seu caso foi analisado por vários especialistas, inclusive eu, que concordaram com sua insanidade. Agora, você está sob tratamento, e eu mesmo fiz questão de cuidar pessoalmente do caso.

— Você quer me matar — disse Namjoon. — Você VAI me matar, não vai?

— Eu vou cuidar de você, Namjoon. Vai ficar são.

— Eu estou são! Você sabe!

— Pare de protestar! Sabe qual a porcentagem de loucos que insistem que não são loucos? Isso não vai te tirar daqui! Olha, se colaborar com seu tratamento, eu posso recompensá-lo.

— Uau. Imagino que recompensas maravilhosas — disse ele, olhando para os instrumentos na mesa metálica.

— Eu posso trazer o Jin, quando ele acordar.

Namjoon olhou nos olhos do médico. Nunca iria acreditar nele.

— Tá. Sei. Você sabe que isso é perigoso. Sabe que posso contar tudo pra ele.

— Eu sei que vai contar tudo, mas também sei que ele não vai acreditar em você. Ele virá sabendo de seu estado mental. Nada do que você acha que pode fazer me preocupa. Não tenho motivos para não trazê-lo, a não ser seu mau comportamento.

— Por que eu deveria confiar em você? Você é a pessoa mais mentirosa que já tive notícia.

— É um acordo. Eu quero que você me poupe trabalho.

— Não queria afastá-lo de mim? Agora o está usando como moeda de troca?

— Vamos melhorar isso. Não vou retirar minha oferta, mas vou acrescentar mais alguma coisa. Se você não se comportar, pode ter certeza de que seu tratamento será muito, muito pior. Acha que sua vida é um inferno? Ela vai virar se você não me obedecer. Além disso, o Jin costuma me ouvir. Você sabe que eu sou um excelente mentiroso, então posso desfigurar completamente o que ele pensa de você. É o suficiente?

Namjoon mantinha os lábios pressionados, ouvindo todas aquelas ameaças sem poder fazer nada.

— Me dê logo esse remédio. E não me engane. Eu quero ver o Jin.

 

 

Namjoon manteve seu bom comportamento em troca da chance de rever Jin. Conhecia bem a probabilidade de estar sendo enganado mais uma vez, mas era isso ou nada. Cada vez mais, tentava ser como Taehyung fora antes de morrer. Tentava esquecer que tudo estava errado. Simplesmente deixava aquele monte de erros acontecerem.

Todos os dias, tomava vários remédios em horários diferentes. Passava a maior parte do tempo sozinho em quartos com ou sem cama. Nunca era levado para banhos de sol ou para a presença de outros internos. Fazia duas refeições horrorosas por dia. Depois de algum tempo, passou a ser submetido também a injeções. Chung Ho dizia que era a “evolução do tratamento”, mas Namjoon não conseguia entender o que aquele maldito médico estava fazendo com ele. Suspeitava que aqueles medicamentos haviam sido cuidadosamente escolhidos para lhe fazer algum mal.

Quando não esperava mais nada da vida, a enfermeira veio buscá-lo.

— Vamos. Você tem visita.

Namjoon quase não acreditou, mas conseguiu se animar. Foi levado à sala de visitas, seguramente amarrado.

Depois de algum tempo, a pesada porta de metal foi empurrada. A visita entrou, enquanto Namjoon observava com seus olhos atentos. Mas não era Jin, como ele esperava; era o Sr. Park. Namjoon sorriu ao vê-lo. A Sra. Park entrou em seguida.

— Oi, meu filho — disse ele, com tom amável. Realmente tinha Namjoon, em seu coração, como um filho, desde que as coisas começaram a ficar ruins.

— Appa... — Murmurou Namjoon. Seu tom de voz era baixo porque temia que não pudesse chamá-lo daquela forma, mas não resistiu ao desejo que não aflorava havia muito tempo: o desejo de chamar alguém, quem quer que fosse, de pai. Namjoon perdera completamente o contato com a família depois de debutar no Colégio.

Os Park se sentaram nas cadeiras do outro lado da mesa. Namjoon percebeu que a Sra. Park estava evitando chorar. Ficaram alguns minutos sem dizer nada. Era uma época em que os efeitos da alta medicação já eram visíveis: Namjoon constantemente piscava os olhos com força, e às vezes tinha alguns tremeliques. Ele tinha medo de que os pais de Jimin não acreditassem nele, mas sabia que tinha que tentar.

— Vocês precisam me tirar daqui — disse ele, tentando parecer o mais sério possível. — Chung Ho quer me matar. — Namjoon notou que os Park se entreolharam, como se quisessem ler o pensamento um do outro, mas ignorou a reação deles. — Ele disse pra nós seis que Jin Hyung estava morto. Ele mentiu pra nós!

— Mas querido... — Disse a Sra. Park, afetada. — Jin está morto!

— Não! Eu o vi! Ele está vivo. Está em coma no SNUH.

— Você deve ter sonhado, Namjoon — disse Sr. Park, mansamente.

— Eu sei o que eu vi. E Chung Ho admitiu. Ele disse que mentiu para nos afastar do Jin Hyung.

— Sua mente está lhe pregando uma peça, meu amor — disse a Sra. Park. — Vocês eram tão amigos, por que Dr. Chung Ho iria querer separá-los?

— Ele não é bom como vocês! Ele não gosta da gente.

Namjoon notou que eles não o encaravam mais. Olhavam para a mesa. A Sra. Park aproximou sua mão da do marido e lentamente a segurou. Parecia pedir desesperadamente para que aquilo tudo acabasse logo. Ver Namjoon daquele jeito a fazia sofrer demasiadamente. Ao notar isso, ele recuou, silenciou e também desviou seus olhos para o lado.

— Se vocês preferem, eu posso dizer que está tudo bem. Eu estou melhorando, e vou ficar bom logo. Obrigado pela visita.

— Namjoon... — Chamou a Sra. Park, como se quisesse pedi-lo para não ser tão duro.

— Obrigado — cortou ele, insistindo com mais firmeza, ainda olhando para o lado. A Sra. Park compreendeu que ele não queria mais conversa. Silenciosamente, se levantou da cadeira, sendo acompanhada pelo marido. Eles se encaminharam para a porta. — Só me façam um favor. Quando Chung Ho finalmente fizer comigo a mesma coisa que fez com os meninos, me enterrem junto com eles.

Os Park saíram rapidamente, sem querer ouvir algo além daquilo. Namjoon, ainda com o rosto virado, fechou os olhos e deixou uma lágrima escorrer, pois soube que a partir dali estava realmente sozinho.

 

 

No dia seguinte, teve início o que Chung Ho chamou de “terceira evolução do tratamento”: Namjoon passou a ser submetido a sessões diárias em uma cadeira elétrica. Era um dos poucos internos que visitava aquela sala. A nova fase abalou completamente o que restava em seu emocional: esperança, sensibilidade e vontade de viver. Todos os dias, Namjoon perguntava a Chung Ho quando aquela inferno teria fim, e ele lhe respondia: em breve. Não perguntava mais sobre Jin, pois sabia que não poderia confiar na resposta, mas gritava por ele todas as noites.

No último dia de Namjoon, ele não foi acompanhado pela equipe de sempre. Dr. Chung Ho o conduziu sozinho à sala onde fazia as sessões. Namjoon nunca protestava voluntariamente, porque sabia que era inútil, mas teve seus espasmos de sempre. Dr. Chung Ho o prendeu habilmente na cadeira, enquanto ele mantinha seus pensamentos perdidos no vazio.

— Está pronto para sua última sessão?

Namjoon o encarou friamente. Não respondeu. Se ele não conhecesse Chung Ho, teria sorrido, pois aquilo significaria o fim do seu falso tratamento. Mas ele conhecia Chung Ho. Sabia que ele não tinha nada de bonzinho, e que não tinha nenhuma intenção de levá-lo de volta à luz do sol.

A verdade era que Namjoon estava ansioso por aquele momento. Não queria morrer por morrer, mas sabia que era isso o que aconteceria, e sabia que qualquer coisa era melhor do que aquela condição insuportável, até mesmo as madrugadas no posto de gasolina. Ele sabia que sentiria muita dor, muito mais dor que sentira na sua vida, mas estava disposto a enfrentar a morte para chegar aos braços dos seus meninos. A única coisa que o deixava receoso era estar deixando Jin para trás, mas ele não podia fazer nada quanto a isso.

Chung Ho se posicionou atrás do painel de controle e ajustou a intensidade do choque para a máxima possível.

— Ah — disse ele, como se fosse um detalhe descartável. — Jin acordou. Ainda está um pouco mal pelo longo tempo em coma, mas eu disse a ele que estava aqui, e o chamei para vir, mas ele não quis. Disse que tem medo do que vai encontrar.

Aquilo não fez nenhuma diferença para Namjoon. Eram palavras vazias e insignificantes, assim como todas as outras palavras pronunciadas por aquele homem. Ele poderia estar mentindo ou não; não era impossível que Jin estivesse aterrorizado com a notícia de que Namjoon estava internado no manicômio. Mas Namjoon não tinha como saber a verdade, e ela já não fazia diferença. Ele estava de saída.

— Boa viagem, Namjoon.

Namjoon fez uma coisa que não fazia havia muito tempo: sorriu, em agradecimento, quando Chung Ho tinha voltado seu olhar para o painel. Esperara o momento certo para transbordar sua alegria, pois era perigoso que ele soubesse.

Chung Ho puxou a alavanca que ligava a máquina. Depois disso, para Namjoon, tudo foi dor e céu vermelho até estar do outro lado.


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Notas finais do capítulo

Cabooou eeeeeeeeeee
Mentira.
Cabou nada.
Muita água pra rolar ainda, véi.
Vai preparando seu kokoro para as próximas emoções, porque o próximo capítulo é TODO EM ITÁLICO!



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