Bulletproof Wings escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 22
Eu queria poder me amar


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é de cortar o coração hein... Já aviso. (Pelo menos cortou o meu).



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/715425/chapter/22

Namjoon sentia muita dor em todo o corpo quando abriu os olhos muito devagar. Estava deitado em uma cama macia, acomodado com muitos travesseiros. Sentia muitos machucados e curativos, além de uma agulha penetrando a pele de sua mão. Foi assim que soube que estava em um hospital, recebendo soro. O quarto onde estava era um pouco parecido com o de Hoseok. Vestia as roupas do acidente, e seu casaco estava sobre uma das cadeiras do quarto. Não havia ninguém ali, mas antes que pudesse pensar em alguma coisa com sua cabeça confusa, a porta se abriu e um médico entrou.

— Ah, acordou! — Disse Sehun, com a voz mansa, fechando a porta atrás de si. — Oi, Namjoon.

— Oi, Sehun. O que aconteceu? — Perguntou Namjoon, com a voz afetada pela confusão.

— Você não se lembra? Hum… Você sofreu um acidente de trabalho.

— Ah. Lembrei. — Disse ele, voltando seu rosto para o teto. — No posto.

“Não foi acidente”, ele quis dizer, mas achou melhor manter em segredo.

— Isso. Namjoon… Eu sei que as coisas estão difíceis, mas… Você não pode desistir.

Namjoon olhou para Sehun, como se ele não tivesse nenhum direito de lhe dizer o que fazer.

— Você não sabe de nada, Sehun — disse, sem levantar a voz, mas o médico não se afetou.

— Na verdade, o único motivo de eu estar aqui é porque sei de alguma coisa. Eu não precisava estar cuidando de você agora. Estou cheio de pacientes. Mas eu escolhi você. — Por quê?

— Porque é o mesmo caso. Você está aqui pelo mesmo motivo que Hoseok esteve. Instabilidade psicológica causada por uma perda próxima, A mesma perda que ele. Mas você não pode deixar isso te levar como o levou.

Namjoon se lembrou de quando recebeu a ligação do hospital informando que tinha descoberto a causa da morte de Hoseok: overdose.

— Por que não? Que motivo tenho pra ficar aqui se todos eles estão lá?

— Só se vive uma vez, Namjoon. Você acha que seus amigos iriam querer te ver morto?

— Talvez estejam até me esperando.

— Não! Não existe isso. Não existe coisa alguma depois da morte.

— Como pode ter certeza? Já esteve morto?

— Namjoon… — Disse Sehun, afundando na cadeira com a mão sobre a testa. — Por favor, não torne as coisas mais difíceis do que já são. Talvez você não saiba, mas… O que aconteceu com Hoseok não foi fácil pra mim.

Namjoon franziu o cenho.

— Deveria ser. Você é médico!

— Isso é um hospital universitário. Quantos anos acha que eu tenho?

— Sei lá… 28?

— Tenho a mesma idade que você. E a mesma idade que Hoseok tinha.

— Quê? Você é de 94?

— Sim. Quando entrei na universidade, esperava sim fazer muitas cirurgias e declarações de óbito. Mas não de gente da minha idade. Hoseok foi meu primeiro paciente de 22 anos a chegar a óbito. Não foi fácil pra mim, e eu sei que também não foi pra você.

— Se eu tivesse perdido apenas um amigo, talvez eu aguentasse. Mas eu tinha seis amigos, e todos eles se foram.

— Eu sei.

Namjoon olhou para o médico.

— Sabe?

— Sim. Eu acompanhei as notícias na TV. Foi muito… doloroso. Tinha visto os cinco aqui, cantando e se divertindo como se não estivessem em uma sala de hospital. E de repente… Só havia você.

— Você quer ser meu amigo? — Perguntou Namjoon com uma careta, tentando entender onde Sehun queria chegar. O médico riu levemente.

— Não seria nada mal, mas não é isso que eu quero dizer. Quero dizer que me apeguei à história de vocês, e quero que ela tenha um final feliz. Só você pode fazer isso.

— Entendi. Quer que eu viva na culpa e na solidão só pra você não ver mais um jovem morrer? Me poupe, Sehun. Não há nada que possa me trazer felicidade aqui.

A porta se abriu devagar. Uma enfermeira apareceu.

— Com licença, Dr. Sehun. Preciso do senhor na sala 245.

— Eu já vou. — A enfermeira saiu e fechou a porta. Sehun se levantou e se aproximou do paciente. — Namjoon… Por mais que seja complicado, você precisa tentar recomeçar a sua vida. Por eles. Eu já volto.

Sehun deixou a sala, e Namjoon disse para si mesmo.

— Eu já tentei. E falhei.

Namjoon olhou em volta, com os lábios pressionados, do jeito que fazia quando tinha raiva.

Ele precisava sair dali. Primeiro, olhou para sua mão. O tubo de soro o prendia ali, e se quisesse sair, ele precisaria se livrar daquilo. Tirou com cuidado o curativo e puxou a agulha para fora de sua pele, ignorando a dor. Finalmente, conseguiu, e a deixou pendurada ao lado da cama, pingando soro no chão. Levantou da cama, colocou os sapatos, o casaco e o boné.

Finalmente, saiu do quarto, com cuidado. Observou o corredor, mas não viu nenhum funcionário conhecido. Foi para a direita, mas depois de poucos passos, avistou Sehun, já fazendo o caminho de volta. Felizmente, não o viu, pois estava dando atenção a uma prancheta. Namjoon deu meia volta, mas percebeu que o corredor não tinha saída. Então, tomou a única atitude que conseguiu pensar, e entrou em outro quarto qualquer, torcendo para que estivesse vazio.

Ele fechou a porta e respirou fundo. Estava livre dos discursos motivacionais de Dr. Sehun que não lhe traziam nada. Finalmente, virou-se para observar o quarto em que estava. Não havia médicos nem visitantes, apenas um paciente deitado na cama. Namjoon levou as mãos à boca como se tivesse visto um fantasma.

O jovem estava inconsciente. Havia uma máscara de oxigênio em seu rosto, e ele estava ligado a vários aparelhos ao redor. Um deles era um monitor que desenhava seus batimentos cardíacos. Aquele menino estava vivo. Namjoon se aproximou com passos lentos, para ter certeza. Mesmo com o rosto pálido e a expressão horrível, era ele. Aquele era Kim Seokjin.

— Mas… Você estava morto… — Ele se permitiu rir por um segundo. — Aigo! Você está vivo, hyung! — De repente, seu sorriso foi desaparecendo. Ele passou o dedo pelos fios de cabelo de Jin. — Senti sua falta, hyung. Todos nós sentimos. Os meninos… — Namjoon abaixou a cabeça. — Não estão mais aqui.

A porta se abriu. Namjoon teve medo de que você Sehun, mas depois de constatar quem era, preferia seu médico.

— Você não pode entrar aqui — disse Chung Ho.

— Você! — Gritou Namjoon, retendo seu tom de voz, uma vez que estava no Hospital. — Você disse que Jin Hyung estava morto!

— Sim, eu disse.

— Meus amigos morreram achando que Jin Hyung não tinha sobrevivido. O Jimin… O Jimin morreu por causa dele. Morreu porque não podia suportar. Você tem noção do que fez?

— Tenho sim, Namjoon.

— O Hoseok morreu nesse hospital, de overdose, porque queria cuidar do Jimin…

— Eu sei disso tudo, Namjoon, pare de ser tão repetitivo.

— Você… Você não sente nem um pouquinho de culpa?

— A resposta está do seu lado. Olhe o que aconteceu com Seokjin. Você sabe, não sabe?

— Eu sei que o carro dele…

— Ele tentou se suicidar. Não foi um acidente. Sabemos disso por causa da perícia. Sabe por que ele tentou se suicidar?

— Não — confessou Namjoon.

— Encontramos resquícios de substâncias no corpo dele. Substâncias usadas contra a depressão.

— Depressão?

— Ah, você não sabia? Olha, Jin nunca deu sinais de depressão quando morava na casa dos pais. Sempre foi um menino alegre. Mas começou a mudar quando foi morar com vocês.

Parou de falar com os pais, e começou a usar essas porcarias.

— Yumii — sussurrou Namjoon, compreendendo.

— Como acha que isso aconteceu? Não é muita coincidência?

— Se você acha que eu e meus amigos éramos a causa da depressão do Jin Hyung, está muito enganado. Foi uma garota.

— Uma garota. A tal de Yumii. E de onde surgiu esse relacionamento?

— Da escola.

— Ah, Namjoon, seja mais específico! Quem ajudou a começar esse namoro? Acha que eu não sei?

— Nós queríamos vê-lo feliz.

— Não duvido disso. Só que vocês seis não sabiam nada sobre o Jin. Não sabiam o que é melhor para ele. E você continua não sabendo. Eu nunca gostei da amizade de vocês. Jin costumava ser um bom garoto antes de se interessar por música e começar a andar com vocês.

— Então acha que seu sobrinho não é bom, só porque gosta de música? Fique sabendo que a música…

— Não me importo com sua opinião, garoto! Olha só pra você! Não sabe nada sobre a vida.

Eu sei o que é melhor para o meu sobrinho. Sempre disse a ele para se afastar de vocês, porque não eram boas influências, mas ele não me deu ouvidos. Depois do resgate, quando encontrei vocês na casa da minha irmã e percebi que não sabiam do estado de Jin, vi a oportunidade perfeita para finalmente afastá-los.

— Você mentiu de propósito, e matou meu amigos. Pode se achar o máximo por isso, mas como acha que Jin vai ficar quando acordar? O que ele vai pensar sobre você quando souber que assassinou os amigos dele?

— Eu não assassinei ninguém, Namjoon. Não tenho culpa se vocês não têm nenhuma estabilidade emocional!

Namjoon cerrou os dentes, fechou os punhos feridos.

— Jimin morreu porque se importava com Jin. Ele o queria bem, e estaria vivo se você não fosse tão egoísta!

— Ao menos ele está longe do meu sobrinho. Todos eles estão, e eu estou satisfeito.

Namjoon arregalou os olhos. Não podia acreditar que estava ouvindo aquilo da boca dele!

— Você não tem coração! Prefere ver cinco jovens mortos do que ver seu sobrinho com amigos que não lhe fazem nenhum mal!

— Seis, se for preciso, Namjoon, então sugiro que não insista. Saia deste quarto e deixe meu sobrinho em paz!

Namjoon perdeu a paciência e avançou sobre Chung Ho. O segurou pelo jaleco e o empurrou para a parede, gritando.

— Não me ameace! Você não é nada pra mim!

Imediatamente, a porta se abriu, e alguns funcionários do hospital entraram, preocupados em parar o episódio. Seguraram Namjoon pelos braços e o afastaram do Dr. Chung Ho.

— Ele está insano — disse Chung Ho, com a respiração ofegante. Namjoon não se deu conta do que ele estava tentando fazer.

— Assassino! — Gritou Namjoon, muito alto. Sehun entrou na sala, e assim que notou o que acontecia, balançou a cabeça negativamente e se afastou. — Você é um assassino! — Namjoon não deu atenção à agulha que perfurou sua pele quando um dos médicos lhe deu uma injeção. — Você matou o Bangtan Sonyeondan! Eu te odeio! — Começou a murchar, sentindo os efeitos da injeção. Perdeu a sensibilidade das pernas e caiu, sendo segurado pelos braços. — Eu te odeio. — O tom de voz baixou. As pálpebras, cheias de lágrimas, começaram a se fechar. — Eu me odeio — sussurrou, e caiu no chão. Olhou para o menino que estava sobre a cama. — Hyung…

Finalmente, fechou os olhos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse é um teste, pra ver se consigo postar pelo celular (porque viajo hj). Ficou muito diferente?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bulletproof Wings" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.