BELLA POV

Hoje era um dia tecnicamente especial. Além da festa na casa dos garotos, em que eu ficaria de olho em Edward e Tanya para tentar descobrir alguma coisa relevante, fazia exatos dez dias desde minha expulsão temporária do céu.

E meu humor não estava dos melhores. Era como comemorar um velório. Algo ruim. Alice e Rosalie já tinham notado meu estado de espírito, mas acreditavam piamente de que isso melhoraria com a festa. Eu não seria tão positiva.

Olhei-me no espelho. Minha cara realmente estava péssima, e não estou falando de beleza, já que Alice havia me entupido com um quilo de maquiagem. Além de pó e base, minhas bochechas estavam rosadas graças ao blush, meus olhos destacados por lápis preto e delineador, e, por fim, um batom rosa.

Puta merda, eu to virando a bonequinha da anã!

Desesperada, notei o vestido rosa claro justo que cintilava em meu corpo. Isso era tão... Alice? Sem contar os saltos altíssimos que esmagariam qualquer um com só UMA pisada.

Talvez pudesse usar contra meu pupilotário... Ou não.

Bem, provavelmente não. Durante os últimos dias eu mal tinha o visto, mesmo morando tão perto. Estávamos todos absorvidos pela produção da festa e planos para a distração da vizinha: O mendigo GTA.

Só o via durante as aulas da faculdade. E, ainda assim, mal nos falávamos. Não queria admitir, mas de certa forma ficar por dias sem ser irritada ou desafiada por ele era um tédio. Talvez o acordo que tenha feito tivesse sido precipitado, porque, vamos lá, ser desafiada é até divertido! Sacanear Ed-boy também. E agora, sem ele poder revidar, tudo estava muito, MUITO chato e entediante.

E ISSO ERA UMA DROGA!

Ouvi batidas na porta e tratei de botar o melhor sorriso falso possível na cara.

– Bella, está pronta? – Rosalie adentrou o quarto, receosa.

Ela trajava um vestido branco de renda e sapatos de salto brilhosos. Estava muito bonita.

– Sim, sim. Estava aqui esperando você vir me chamar. Já podemos ir? – A indaguei.

Rosalie balançou a cabeça negativamente.

– GTA vai entrar em ação agora. E depois iremos. Estou preocupada, Bella, sabe-se lá o que a louca da nossa vizinha fará com ele... – Disse com aflição.

Bufei. Sério, EU BUFEI. O mendigo era muito mais sacana do que a ingenuidade da ex-freira a permitia imaginar. É óbvio que ele daria um jeito de se dar bem.

– Eu não me preocuparia – falei secamente.

Rosalie suspirou.

– Sei que não gosta dele, mas até para ajudar você e Alice com o plano para conquistar Jasper ele se propôs. GTA está dando o melhor de si para conviver numa boa com a gente, Bella. Por que não tenta o perdoar? – Fez uma pausa. – Achei que já tivesse esquecido a história do colar.

Neguei veemente.

– Não estou com raiva dele nem nada assim, Rosalie. Ele está sendo legal com a anã e comigo, já tenho meu colar de volta, etc. Só estou sendo honesta. O mendigo é muito mais esperto do que sua cabeça de convento pode perceber – Argumentei.

Rosalie revirou os olhos. Nos últimos dias eu havia criado a mania de chamá-la de cabeça de convento depois de ser intimada a rezar cinco vezes por dia com ela. Eu era uma aprendiza de anjo e tudo mais, mas... FAZER ISSO ERA UM SACOOOOOOOOOOOO!

Não sabia como falar com Deus, mas certamente decorar um textinho não fazia meu tipo. Eu arranjaria outro jeito. Como sempre.

– Ok, eu entendo – assentiu.

Em seguida ouvimos barulhos de vozes vindas da sala de estar. Era o sinal.

– Os garotos já devem estar aqui para nos atualizar sobre GTA. Vamos descer e ver o que aconteceu – chamou.

E assim fomos até lá.

********************************

Ao chegar à sala, a anã já estava lá com sua calça rasgada, blusa esfarrapada e manchas de sujeira no rosto. Com certeza assustaria todo mundo da festa. O mendigo havia feito um bom trabalho a arrumando. Um ponto pra ele.

– Alice, você ta um arraso! – Sacaneei.

Ela bufou e revirou os olhos.

DEPOIS SOU EU QUEM TÁ DE MAU HUMOR NÉ?!

Emmett e Ed-boy, que estavam presentes na sala, começaram a rir. Meu pupilotário ainda deu uma disfarçada fingindo que estava tendo uma crise de tosse. Claro, ele não daria o braço a torcer. Nem eu.

Com um sorrisinho malicioso, levantei minha mão e encenei um tapa no ar. Ele engoliu a seco e parou de tossir imediatamente ao lembrar-se do ocorrido na faculdade há alguns dias.

– Muito bem, viemos avisar que o plano está indo bem. GTA conseguiu entrar na casa da velha e ligou para nós avisando que tudo está nos eixos. – Iniciou Ed-boy.

– Nosso mendigo prodígio vai comer a vizinha de vocês! – Emmett Terminou.

Rosalie arregalou tanto os olhos, que todos nós notamos a burrice que tinha sido tais palavras saídas da boca do Dementt.

Ed-boy pisou seu pé com força.

– AI, SEU BRUTO! – Gritou Dementt.

– O que ele quis dizer é que GTA vai se tornar um GRANDE amigo da vizinha de vocês, não é Emmett? – Afinou os olhos.

Demmentt bufou.

– CLARO QUE NÃO! Virar amiguinho é pros fracos, o GTA vai mesmo é... – Ed-boy tapou a boca de Emmett antes que a ex-freira desmaiasse ao ouvir tanta asneira.

Com a confusão recente passada, foi a anã quem se pronunciou.

– Bem, então... É hora de festejar? – Sorriu timidamente. Talvez as roupas de mendigo a tivessem deixado menos autoconfiante.

Resolvi dar uma forcinha a ela. E, me esforçando para fingir animação.

– VAMOS FESTEJAR!

Todos olharam para mim chocados.

– Que é? Não posso me animar com uma festa? – Indaguei.

– A FLORIBELLA TÁ CERTA! VAMOOOOOS MEU POVO! – Incentivou Emmett.

Respirei aliviada.

– Puxa Bellinha, não sabia que estava tão animada. Quero ver só na festa! – A anã provocou, vingando-se provavelmente do meu comentário de antes.

Bufei. Esperava que nessa festa tivesse algo com álcool, só assim fingiria sem tanta dificuldade estar animada.

ESPERO QUE OS ARCANJOS NÃO SE INCOMODEM DE TER UMA ANJA BÊBADA NA TERRA.

Que se dane!

GTA POV

Tava largadão no sofá da velha, comendo umas guloseimas que havia achado na dispensa da cozinha dela enquanto assistia a futebol americano na TV de plasma da coroa.

ELA ERA MUITO RICA MESMO!

Ia dar um jeito de seduzir a maluca e depois fugir com o dinheiro dela. Mas antes tinha que pensar em um jeito de sair vivo depois de invadir a casa dela.

O bom é que a velha nem estava em casa e tudo estava indo muito bem, inclusive já tinha ligado DO TELEFONE DA VELHA pra o povo começar a festa. Quem sabe eles guardassem umas cervejas pra mim como forma de agradecer pelo trabalhinho bem feito.

BAM!

Ouvi o alto estrondo que a porta fez. Alguém havia entrado na casa e provavelmente seria a maluca pela força com que a porta havia sido fechada.

Bah, quem precisa de colégio e faculdade quando se é um gênio né?

– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO NA MINHA CASA, DEITADO NO MEU SOFÁ, COMENDO A MINHA COMIDA E USANDO MINHA TV?! – A velha gritou.

Virei rapidamente para encará-la e segurei a respiração quando vi que ela apontava uma arma em minha direção.

QUE PSICOPATA, VOU MORRER!!!!!!

– Eu... Eu... – Gaguejei. A maluca aproximou a arma e eu fiz xixi nas calças. E escorreu pelo sofá dela.

Eu tinha que começar a falar antes que ela chegasse muito perto visse isso e me matasse de vez.

– Eu estive procurando há muito tempo pelo amor da minha vida. Londres, Paris, Sibéria, Antártida, Atlântida e não achava. Ai eu te vi e decidi entrar na sua vida – sorri seduzindo a velha. – VOCÊ É O AMOR DA MINHA VIDA, SUA TXUTXUCA DA MEIA IDADE! – Dizendo isso abri os braços, esperando que a velha viesse me abraçar emocionada.

A doida fechou a cara e mirou bem... EPA! NO JÚNIOR NÃO!

– Atlântida nem existe seu pervertido! – Xingou. – Você só está aqui para me observar, seu tarado maluco! Pois saiba que eu sou uma mulher de respeito e não vou deixar isso acontecer! Vou te matar aqui todinho seu desgraçado! Vai sofrer por assediar uma linda e jovem mulher – Disse toda revoltadinha.

Sem saber o que fazer, resolvi colocar em prática o plano de emergência de Emmett, o FPPSS.

Fique pelado para se salvar!

Imediatamente tirei toda a roupa, deixando a velha ver toda minha gostosura.

– VOCÊ QUER MORRER SEU PERVETIDO?! NÃO BRINQUE COM O FOGO! – Gritou chateada.

Engoli a seco. Eu confiava no Emmett então seguiria com o plano.

– QUERO MORRER DE AMOR, SUA... SUA... – Olhei para a velha e fiz uma careta. – DEUSA DO AMOR! MINHA AFRODITE! VEM PRO TXUTXUCO, VEM! – Dizendo isso, sorri com os dois dentinhos e tentei seduzir a velha fazendo contato visual.

A doida fez cara de emburrada.

– SEU... SEU... SEU TXUTXUCO! – Gritou. – Hoje é seu dia de sorte, vou me dar todinha pra você, ser sua Afrodite por uma noite! – Dizendo isso, a velha largou a arma e tirou a roupa de uma só vez.

Será que eu tava muito ferrado?

Acho que minha pergunta foi logo respondida quando a maluca atirou a chapa dentária no chão.

– Quem precisa de dente quando se é uma deusa do amor, não é, txutxuco? – disse toda melosinha.

– É... É – sorri amarelo.

– AGORA VEM PRA A SUA AFRODITE, VEM! – Chamou toda loucona.

EU TAVA MUITO FERRADO!

EDWARD POV

A festa tinha acabado de começar, mas eu já estava nervoso. Tanya ainda não havia chegado, estava indo tudo bem com o GTA pelo visto, mas... Não sei! Talvez eu estivesse um pouco emburrado pelo fato de que há alguns dias coisas da nossa casa estavam desaparecendo estranhamente.

Cogitamos de tudo, mas nada se encaixava. Minha calça jeans favorita tinha sumido, uma camisa Tommy rosa do Jasper (que havíamos comprado durante o primeiro plano de visual) também, sem contar um CD ai do Emmett. Ele tinha ficado bem louco com o sumiço de tal CD, dizia que ali continha seu futuro.

É claro que não se deve acreditar em tanta baboseira, principalmente vindo do Demmentt.

Falando no Jasper, ele decidiu mais uma vez bancar o estiloso. Acreditava que o clima da festa o ajudaria a conquistar a mais nova relaxada da parada: Alice.

Ela realmente estava muito engraçada com aquelas roupas de mendigo. Talvez GTA estivesse a influenciando de alguma maneira.

Bufei. Aqueles loucos que se entendessem!

Essa noite era minha. E de Tanya. Eu daria um jeito de me aproximar da minha garota e voltar aos tempos que era feliz desde já. Hoje recomeçava o ciclo da minha felicidade.

– Bebida? – Isabella estranhamente postou-se a minha frente e ofereceu.

– Não, valeu.

Ela revirou os olhos.

– Você precisa relaxar Ed-boy, essa sua angústia e nervosismo tão me deixando agoniada, sabia? – Reclamou.

Ela parecia mais incomodada do que deveria, como se estivesse “sentindo” o que sinto. Esquisita.

– Você nem pode falar nada, Floribella, só sabe reclamar! – Provoquei.

Ela bufou.

– Se não quer beber, não bebe! O problema é seu! – Disse estranhamente enquanto mexia em seu colar.

Acredita que ela nunca tirava aquela coisa?

Os sintomas de nervosismo voltaram como uma bomba a mim quando meu dialogo – discussão – com Isabella acabou. É, talvez...

– Isabella, volta aqui! – Chamei.

Ela voltou lentamente.

– O que foi, Ed-boy? – Perguntou mal-humorada.

– Passa essa bebida pra cá, vai! – Pedi.

– É ASSIM QUE SE FALA! – Se animou.

BELLA POV

Como se não bastasse meu humor, o otário do meu pupilo ainda tinha que ficar nervosinho. Graças ao colar, que eu não devia tirar, eu sentia isso tudo! Era um saco.

Ainda bem que ele vai beber pra esquecer os problemas agora.

Certo, querer embebedar seu pupilotário me daria alguma advertência? Espero que não...

*************

EDWARD POV

Já havia se passado algum tempo desde que a festa havia começado e a casa estava cheia de gente, mas nem sinal de Tanya.

Os convidados dançavam e bebiam animadamente, a festa com certeza ia ser o assunto da faculdade segunda-feira!

Quanto a mim, bebi o suficiente para ficar animado, mas sóbrio. Jake e Bella, que estavam dançando JUNTOS, também não estavam bebendo muito.

Eu realmente devia contar a Jacob sobre a verdadeira personalidade da Isabella.

Rosalie dançava acanhadamente enquanto Emmett bebia e a olhava de longe, talvez arquitetando algumas cantadas idiotas para lançar em minha ingênua irmã. Eu ainda não havia a perdoado completamente pelas idiotices que tinha falado, mas também não ficaria chateado pra sempre com ela.

Ao contrário de todos os outros, Jasper e Alice estavam me preocupando. Estavam bebendo MUITO. Talvez porque estivessem precisando encher a cara para se sentirem confortáveis com as roupas diferentes do habitual.

MALUCOS!

Eu estava me aproximando de Emmett para alertá-lo sobre algumas besteiras que ele não deveria fazer, quando a porta da casa se abriu e quem eu mais esperava entrou.

Tanya. Ao encontrar meu olhar, ela sorriu e pude perceber que ela realmente estava bonita aquela noite. Com um vestido vermelho colado e deslumbrante, cabelos presos e maquiagem chamativa, ela ofuscava todas as outras garotas do salão.

Então vi o que menos desejava. Minha garota estava acompanhada.

Meu semblante se fechou ao notar que Tanya estava de mãos dadas com um cara alto e musculoso. Droga!

Continuei a caminhar, dessa vez muito nervoso. Precisava falar com Emmett agora!

Sentei-me de uma vez só ao lado de Emmett no sofá e acabei o assustando.

– Quer me matar do coração seu tapado? – Perguntou chateado.

– Não – bufei. – Acontece que a minha garota chegou acompanhada, seu cabeça de vento! E eu não sei o que fazer – admiti.

Emmett deu de ombros.

– Senta, pega uma bebida e vem admirar comigo o quanto sua irmã fica gata dançando com aquele vestidinho... – Deu um sorrisinho malicioso.

O estapeei.

– Você prometeu me ajudar, seu pangaré! – Xinguei, já nervoso.

Demmentt bufou.

– Ok, ok, mas Jasper também prometeu – cruzou os braços.

Revirei os olhos. Ele não tinha notado mesmo o estado de Jasper?

Bem, talvez ele não tivesse notado NADA há não ser Rose naquela festa.

– Jasper não está em condições – expliquei, apontando para o ex-metaleiro, agora estiloso.

Demmentt suspirou.

– Entendo – disse. – Então, Tanya veio acompanhadinha hein? – Riu, olhando minha garota se jogando pra cima do seu acompanhante ralé.

– Ele não faz o estilo dela. Ela só está perdendo tempo com ele – falei emburrado.

Emmett riu.

– Ele é todo fortão, do jeito que você era quando vocês estavam juntos, talvez ele faça... – Comentou como se não quisesse nada.

O estapeei de novo.

– Você ta aqui pra me dar apoio moral e me ajudar a reconquistá-la, seu burro! Não pra me botar pra baixo – reclamei.

– Tá, ta... Então... Eu tenho um plano. Eu e Jasper vínhamos cogitando um plano melhor, você lembra? – Perguntou.

Franzi o cenho.

– Você não pode estar falando de... – Ele ficou sério. – Não... Eu nunca ficaria com a Isabella, nem por fingimento! – Fiz uma careta contrariada.

– Talvez seja sua única chance – argumentou.

– E o Jake ia ficar puto, olha como ele ta dando em cima dela! – Exclamei apontando para os dois.

Isabella e Jacob riam exacerbadamente de alguma coisa que ele tinha falado.

– Você ta chateado com isso? – Emmett me indagou.

Fiquei fulo da vida.

– CLARO QUE NÃO! – Quase gritei. – Emmett, eu to puto com o acompanhante da Tanya, não por Jake e Isabella. – Fiz uma careta.

Demmentt abriu a boca chocado com algo que eu não falei.

– JÁ SEI! VOCÊ TA PUTO PELAS DUAS COISAS! – Exclamou. – Vou ganhar 100 dólares, TO RICOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

Levei a mão à testa.

– Eu preciso da sua ajuda com a Tanya, seu tapado, agora dá pra parar de falar tanta asneira? – Pedi chateado.

Emmett se acalmou aos poucos.

– Ok, ok, veja bem... Vou falar pra Jake que preciso da ajuda dele com algo do meu jog... – Tossiu. – Do meu interesse, ai distraio ele e você fica conversando animadamente com a Floribella enquanto isso. A Tanya vai ficar louca – planejou com animação.

Suspirei.

– Você tem certeza? Não vai ser fácil com a Isabella – considerei.

– Tenho – bufou.

– Ok, vou te dar crédito dessa vez. Se não funcionar, diga adeus na Rose – ameacei.

Emmett imediatamente congelou.

– Já to indo distrair o Jake, adeus!

E se mandou.

Agora era esperar e agir. Antes de voltar a me concentrar no plano de Emmett, lancei outro olhar a Tanya e seu acompanhante. Ela alisava seu braço e ria para ele.

Bufei. Teria minha garota de volta. Custe o que custar!

BELLA POV

Emmett estranhamente convenceu Jake a fazer alguma coisa e os dois se mandaram. Então, cá estava eu, sozinha e com um humor melhor graças as piadas de Jake.

Foi então que vi Ed-boy, parado a minha frente e esquisitamente calado.

– Oi? – Comecei.

– Oi, Isabella. Er... Eu... Eu queria... – Ele balbuciou.

Revirei os olhos.

– Fala logo o que você quer, vai! – Pedi.

Ai aconteceram duas coisas.

Um: vimos a loira de farmácia da faculdade nos fuzilando com o olhar, e isso fez meu pupilotário sorrir. Vai entender.

Dois: a anã deu um berro enorme chamando toda a atenção para si mesma.

Dei um desconto porque sabia que Alice estava MUITO bêbada.

– VOCÊS, TODOS! OLHEM PRA MIM! – Exigiu. E assim foi feito. Porém, a maioria olhou com certo desdém por causa de suas roupas.

Olhei pra a cara da loira de farmácia, que ainda me encarava com uma expressão de tapada. Fula da vida com isso, porque eu não queria ninguém tomando conta da minha vida, mostrei meu dedo do meio pra ela.

A piranha bufou furiosa e virou a cara. Com certeza Ed-boy me mataria por isso quando descobrisse, já que ela era "o amor da vida dele", mas eu não estava nem ai, afinal, eu era a anja, não a mãe dele!

– ESTÃO VENDO ESSAS ROUPAS? POIS É, EU VIREI ESSA TERRORISTA DE MODA POR CAUSA DELE! – Alice gritou, retendo minha atenção de volta para si novamente.

Todos agora olhavam embasbacados para um Jasper nada metaleiro e estranhamente “estiloso”. Eu definiria GAY.

– EU ERA LINDA E FASHION, MAS EM NOME DO MEU AMOR POR ESSE CARINHA AI, EU VIREI ESSE BAGULHO! – Apontou para si mesma em uma cena tão melodramática que eu quase aplaudi o showzinho. – E COMO ELE ME RETRIBUI? HEIN? HEIN? ELE VIRA GAY!

Agora a coisa ficou séria.

O semblante de Jasper se escureceu enquanto todos na festa formavam um coro: “OOOOOOOOOOOOOOOH”

Todos estavam chocados, inclusive eu. Que estrago uma anã bêbada podia fazer, hein!

A doida ainda começou a chorar, gritando outras lamúrias e fazendo mais drama. Sem suportar mais isso, o ex-metaleiro tomou coragem pela PRIMEIRA VEZ NA VIDA.

DIGAM-ME, O QUE O ALCÓOL NÃO FAZ NÉ?!

– EU NÃO VIREI GAY! – Gritou, fazendo com que todos, inclusive a recém chorosa Alice o fitassem.

Mais um coro de “OOOOOOOOOOH” pôde ser escutado.

– EU VIREI ESSA COISA ESTILOSA E ESQUISITA POR VOCÊ, ALICE! PRA CONQUISTAR O SEU AMOR! – Exclamou.

Todos agora encaravam Alice.

– Por mim... – Ela repetiu sem reação.

– Sim, por você! – Ele disse, se aproximando dela.

Todos na festa agora gritavam em coro: “OWNNNNNNNNN, QUE FOFOS!”

Eu achava aquilo muita mistura de melosidade e álcool. Do tipo que você tem vontade de vomitar duplamente.

– Jasper – ela sorriu. – Preciso dizer que você fica ridículo com essas roupas da moda!

O ex-metaleiro deu um sorriso maior ainda.

– Graças a Deus! E prometa pra mim que vai parar de seguir os conselhos de moda do GTA. Qualquer dia desses vão te confundir com uma sem-terra, Alice – comentou.

Ela franziu o cenho.

– Cretino! – E começou a se retirar da sala, toda emburrada.

Levei a mão à testa. Que coisa mais chata! Eles fazem idiotices para conquistar o outro e quando se declaram acontece essa asneira!

Fiquei fula da vida.

– Jasper, deixa de ser tapado e vai logo atrás dela! – Gritei com impaciência.

De repente a multidão de convidados começou a gritar “VAI! VAI! VAI! VAI!” dando a coragem que faltava para Jasper. Também acho que o álcool ajudou, mas isso não vem ao caso.

E então ele foi, conseguindo alcançar a anã antes que ela abrisse a porta para sair.

– Alice, antes de ir, preciso fazer uma coisa – ele disse, arfando.

– Não vai fazer nada, seu cretin... – Jasper não deixou que ela terminasse.

Ele a beijou. E surpreendentemente a anã correspondeu tão bem que logo eles estavam se pegando loucamente.

Todos os convidados, já constrangidos em assistir àquilo, voltaram ao que estavam fazendo antes, dançar, beber, conversar, etc.

Olhei para o meu lado e descobri que Ed-boy não estava mais ali. Achei estranho, já que ele estava todo esquisito e queria falar algo comigo antes.

EDWARD POV

– Emmett, Emmett! – Chamei meu amigo não tão burro assim e o encontrei conversando com Rosalie.

NÃO PERDE TEMPO, HEIN?

– Emmett, é urgente, preciso falar com você! – Pedi, achando que ele ia me ignorar ou ficar chateado.

Para minha surpresa, não foi isso que aconteceu.

– Também preciso falar com você – disse.

Logo após, virou para Rosalie.

– Quando eu voltar vamos dançar, garota – piscou e saiu me arrastando.

Sem entender nada, perguntei a ele:

– Rosalie vai mesmo dançar com você? – Indaguei curioso.

Emmett sorriu.

– Vai. Ela está arrependida por ter achado que eu tinha me aproveitado dela e agora quer me dar algum crédito – comentou todo orgulhoso de si mesmo.

– Hum...

Parei de andar abruptamente e encarei Emmett.

– Deu certo, cara. Tanya não parava de olhar para mim e para Isabella! – Confidenciei animadamente.

Emmett sorriu presunçosamente.

– Eu sabia! – Fez uma pausa. – Agora que conseguiu o que queria, preciso que você vá buscar o estoque de bebidas que se encontra no hotel Rustoff, aqui perto. Nem vai demorar muito e logo você estará de volta para os braços da coisinha ciumenta lá – desdenhou. – Precisamos mesmo de mais bebida, só Alice e Jasper conseguiram beber uma grande parte do estoque! Aqueles bêbados! – Comentou indignado.

Desferi um tapa em sua cabeça. Não admitia que xingassem a Tanya! Depois, eliminei pensamentos sobre como e onde estariam Alice e Jasper.

– Por que não vai você? E por que eu iria?

– Porque tenho que dançar com a Rosalie, dã! E você pode chamar a Bella, pelo que a gente sabe da cabeça da sua namoradinha, ela vai pensar que vocês foram fazer “coisas” – disse maliciosamente.

COMO EMMETT PODIA ESTAR TÃO GENIAL HOJE?

– É ISSO AI!

*****************

– Já disse, Isabella, só preciso da sua ajuda – bufei. – E vai ser rápido.

Ela revirou os olhos.

– Eu não quero te ajudar, a Tanya fica me encarando e é um saco – comentou.

Tentei não perder a paciência com ela. TENTEI.

– O que você quer em troca da ajuda? – A indaguei.

– Eu? – Ela fez cara de panaca e pensou um pouco. – Quero que me ajude a me livrar do caipira e do encontro com o pirralho – sorriu.

DROGA! Assim ia ser difícil.

Mas era por Tanya...

– Ok, eu aceito. Agora vamos?

*******************

– Você tem certeza que essa coisa é segura? – Isabella perguntou com medo, ainda sem entrar no elevador.

Havíamos chegado rápido ao hotel Rustoff, uma vez que tal lugar se encontrava a pouca distância de nossa casa. Tinha sido um ótimo local para guardar o estoque.

Além disso, eu estava feliz. Tanya havia fuzilado Isabella com o olhar quando saímos, e até deu uma piscadinha pra mim enquanto saíamos para buscar as bebidas. Fantástico!

Revirei os olhos.

– Claro que sim, Floribella, agora entra logo! – A puxei com impaciência.

Quando o elevador fechou, ela se encolheu e fechou os olhos. Morri de rir da cena.

– ENTÃO A GRANDE E INTOCÁVEL FLORIBELLA TEM MEDINHO DE ELEVADOR! – Caçoei.

– CALA A BOCA SEU IMBECIL, CLARO QUE EU NÃO TENHO MEDO DESSA GERINGONÇA! – Disse, se achando muito esperta.

Qual é, dava pra ver que ela tava mentindo!

CÉU POV

O diretor sorria maliciosamente enquanto os influenciadores adentravam seu escritório. Havia tido uma idéia genial no exato momento em que Edward e Bella tinham entrado no elevador.

Afinal, quantas loucuras poderiam acontecer ao deixar os dois ali, presos naquele cubículo?

– Quero que trabalhem para que o elevador onde Edward e Bella estão quebre. – Disse calmamente. – AGORA! – Gritou, assustando os arcanjos influenciadores.

– Certo chefe! – Assentiram.

– Os deixem presos lá por um tempo. Se tivermos sorte e muitas revelações cedo, os deixaremos sair como recompensa – sorriu diabolicamente. – A AUDIÊNCIA VAI SUBIR COMO NUNCA!

Após a saída de seus funcionários, Rudius olhou para a tela onde mostrava Edward e Bella ainda no elevador. Riu da situação dos dois. Eles não perdiam por esperar!

EDWARD POV

– Se eu tivesse medo, você acha que eu faria isso? – Floribella disse, começando a mexer loucamente nos botões do elevador.

Bocejei. Até uma criança de cinco anos faria aquilo.

– Isso não prova nada – provoquei.

– E isso? – Perguntou já irritada com o desafio. Então ela começou a pular loucamente.

Revirei os olhos.

– Eu não acreditaria que você não tem medo de elevador, nem que esse daqui quebrasse – a irritei.

E então as luzes do elevador se apagaram e ouvimos o som de algo pifando.

– Opa... Acho que isso não é bom – confessei.

Logo ouvimos outros barulhos e Isabella começou a clicar insistentemente no botão que abria as portas do elevador.

– Vou sair dessa máquina da morte! EU QUERO VIVER! – Gritou chorosamente.

Se eu não estivesse tão nervoso, riria dela e a sacanearia.

Mas as portas do elevador não abriram. E ouvimos um estrondo poderoso. Então conclui que aquilo definitivamente não era bom.

Logo o elevador estava caindo por andares.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!