Beau Swan and Edythe Cullen escrita por Mrs Darcy


Capítulo 28
Capítulo 28 - Pensamentos negativos terminam em sangue




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Pov Edythe

Às vezes é mais fácil apenas deixar a dor ir embora do que enfrentá-la. Eu sabia aquilo perfeitamente, já havia passado por situações em que eu duvidava se algum dia, eu teria salvação. As palavras de Carine ressoavam em minha mente, como um eco de uma caverna longa e escura. A humana não sobreviveria, era óbvio isso. Estava tão claro quanto uma água cristalina, mas todos estavam levando aquilo pelo lado positivo da coisa. Um lado positivo que todos viam, inclusive Beau. Eu era a única que via a verdade? A humana não resistiria ao parto, aquela coisa iria matá-la e logo todos nós seguiríamos com as nossas vidas. 

Era crueldade pensar isso, mas era a verdade. Todos acreditavam que no final haveria uma segunda chance, que conseguiriam transformá-la no último minuto. Como eu fiz com Beau, mas o que eu fiz com Beau... Eu estava desesperada e ele estava prestes à morrer. Beau não escolheu aquela vida, não pediu para ser mordido e para que nunca mais pudesse ser capaz de ver sua família para vir para esta vida. Aquela humana escolheu aquilo. A humana escolheu deixar tudo aquilo que ela conhecia para entrar para uma família de predadores, além de cometer o erro de passar a lua de mel grávida. O que diabos, Taren estava pensando? Me pergunto se ele sequer havia calculado os riscos ou a taxa de sobrevivência que a humana teria em passar uma noite com ele daquela maneira.

Bom, ela sobreviveu, mas agora está condenada. É engraçado como a vida costuma nos pregar peças, que por outro hora podem parecer irônicos e sádicos. Eu estava decidida em observar tudo aquilo, e ajudaria no que fosse possível ser feito. Mas, quando chegasse a hora, eu não gostaria de estar perto ou me meter na decisão final. 

Aquilo foi responsabilidade dele. Ela era responsabilidade dele o tempo todo, e ele falhou com ela. Não posso comentar sobre falhas, pois eu falhei com Beau também. Não fui rápida o bastante, não cheguei há tempo o bastante. 

Me pergunto o que poderia ter acontecido se eu tivesse chegado mais cedo e matasse-a antes que ela pudesse ter tido a oportunidade de sequer tocá-lo. Às vezes minha imaginação vai além do meu alcance, e eu não conseguia impedir o meu deleite de me imaginar matando-a várias e várias vezes. 

Eu os observava do outro canto da sala. Eu estava encostada na parede com os olhos na janela, até então observando a paisagem natural. Mas, quando meus olhos foram para o outro canto da sala, não pude tirar os olhos da cena. 

A humana estava sentada no sofá. O que havia acontecido com ela... Me lembro dela em seu casamento. Saudável, com bochechas rosadas e dando um show de saúde e beleza. Agora... Ela estava pálida, o rosto ossudo e tão magra quanto um esqueleto em uma cova. Com apenas a diferença daquela barriga que crescia cada dia a mais. 

Aquela coisa que estava dentro dela não reconhecia comida humana como alimento. Até então, estava negando qualquer coisa que a humana tentava colocar para dentro. Tínhamos que encontrar logo uma solução para que ela pudesse se alimentar, senão ela não aguentaria por muito tempo.

Taren estava ajoelhado na sua frente, tentando-a cobrir com um cobertor felpudo. Pude notar que ela estava tremendo de frio, mesmo agasalhada como ela estava. Beau estava lá também, ele conversava com ela baixinho. Falava palavras reconfortantes e contava sobre a sua vida como humano, ouvi meu nome ser mencionado. 

Beau levantou os olhos e encontrou os meus. Ele deu um sorriso sem mostrar os dentes, eu conhecia aquele sorriso. Era o sorriso esperançoso dele, e eu odiava ter que acabar com as esperanças dele, então eu devolvi o sorriso da melhor maneira que pude. 

Carine estava no escritório que disponibilizaram para ela. E logo eu iria falar com ela. Ver se ela havia descoberto algo novo, se havia encontrado mais alguma brecha ou encontrado alguma maneira de manter a humana viva até a hora do parto.

Notei que Eleonor e Royal pareciam entediados no canto da sala. Archie andava de um lado para o outro, fitando o chão calado. Eu sabia perfeitamente o que ele estava fazendo. Procurando por respostas em um possível futuro otimista que todos procuravam. Quando a verdade estava estampada na cara de todos.

Passei por Beau e toquei levemente em seu ombro. Subi em direção as escadas e busquei por Carine até encontrá-la. Ela estava submersa à uma pilha de livros no escritório. Um notebook estava ao seu lado, ela notava algo que parecia importante.

—Carine. - Chamei seu nome baixinho.

—Sim? - Ela disse sem levantar os olhos.

—Como estamos? - Perguntei tomando a cadeira a sua frente.

—Hoje mais cedo tentei fazer exames. O feto é forte demais, mesmo se tentássemos tirá-lo... Colocaríamos a vida dela em risco da mesma forma. Eu nunca vi isso antes, isso é diferente. - Ela finalmente levantou os olhos. E eu pude ver no interior deles, ela estava assustada com o resultado de tudo isso. - Você sabe o que eu penso sobre isso. 

—Eu sei. - Falei.

—Olhe, a humana não irá resistir por muito tempo senão encontrarmos uma forma de alimentá-la. Eu já tentei alguns métodos, mas... - Ela deu um longo suspiro cansado. 

—Isso é tão difícil. Estamos em uma situação em que uma vida está risco, mas não podemos salvá-la, pois ela quer manter essa gravidez... Essa coisa dentro dela, pois ela acha correto. - Falei revoltada. - Deveríamos tirar enquanto ainda dá tempo, enquanto ainda podemos salvá-la.

—Não é nossa escolha. É o bebê dela e a vida dela. - Carine disse pacientemente. Não pude deixar de revirar os olhos.

—Isso não é um bebê, Carine. Isso é uma monstruosidade, está sugando a vida dela. Será que ninguém vê isso? 

—Sei bem o que você pensa disso, Edythe. Mas, no final de contas não podemos fazer nada, a escolha é dela. E ela escolheu manter o bebê, temos que respeitar. 

—Eu preciso de um tempo fora. - Levantei.

—Aonde vai? - Ela me olhou.

—Caçar. Ficar longe deste ambiente. - Falei indo em direção à porta.

Desci as escadas, foi quando eu vi. 

Os três estavam rindo. Taren segurava a mão da humana e ambos conversam com Beaufort. Beau tocou na barriga da humana, que o incentivou a fazê-lo. Aquele era um lado de Beau que eu nunca tinha visto antes. Um lado paternal. 

Passei por eles, Beau notou a minha presença na sala.

—Edythe, aonde vai? 

—Caçar. - Respondi.

—Eu vou com você. - Ele levantou disposto.

—Não precisa você está... - Gesticulei com a mão indicando o que quer que ele estava fazendo com os dois. Dei um suspiro e sai pela porta.

Eu sabia que em algum lugar aqui fora, Eleonor e Royal também estavam por aqui. Eleonor não estava aguentando a abstinência de sangue e logo ambos saíram à procura de algo. 

Respirei fundo e inalei todo aquele oxigênio desnecessário, mas que por alguma razão me fez bem. Meus pés já caminhavam sem a minha autorização para longe da casa.

 

Eu já estava bem longe quando dei por mim. Limpando o sangue do leão da montanha abatido em minha boca.

—Edythe! - Ouvi a voz de Beau por entre às arvores.

Fiquei de pé na rocha.

Ele saiu por entre as árvores. Por um minuto seus olhos foram de mim para o cadáver aos meus pés.

—Você poderia ter me esperado, não é? - Ele deu uma risada com as mãos na cintura.

—Não queria interromper o seu momento com os dois. - Falei.

O sorriso se desfez.

—Você poderia ser um pouco mais humanitária e participativa.

—Me desculpe se não quero participar do circo da esperança. - Falei.

Ele franziu o cenho.

—Vamos encontrar uma solução. 

—Não. Não vamos, Beau. Isso tudo é tão... Triste. Todo mundo está agindo como se fosse dar certo no final de contas, mas não vai. Eu já vi essa estória antes. - Falei pulando de cima da rocha e passando por ele. - O vampiro se apaixona pela mocinha, ele tenta fazer de tudo para se afastar, mas acaba inevitavelmente preso à ela. E no final... Ela acaba morta.

—Deu certo antes. - Ele disse pegando a referência e segurando no meu braço. - Nós ficamos juntos no final. - Ele disse.

—E olha o que aconteceu. - Eu falei. - Só que dessa vez, Beau... Dessa vez, Taren pode não ter sido tão rápida quanto eu fui. Ele pode não...

—Ele vai conseguir. E estaremos aqui para ajudar.

Mordi os lábios e deixei escapar uma risada. 

—Você é tão pessimista, Edythe. - Ele disse cansado. - Você sempre pensa que no final, tudo dará errado e todos acabaram infelizes e miseráveis.

—Bem-vindo ao mundo real, Beaufort. Essa é a vida.

—Sempre tem outro caminho! - Ele gritou zangado. 

—Nem sempre tem! Nem sempre todos tem uma escolha, mas ela teve. E ela está escolhendo errado! Ela poderia tirar essa monstruosidade agora e todos nós ficaríamos livres e os Volturi nem ficariam sabendo!

—Ele não é uma coisa, Edythe. Ele é um bebê!

Eu dei uma risada debochada.

—Você não pode acreditar que aquele feto...

—Eu o senti hoje. E ele é apenas um bebê que não pediu pra nascer.

—ELE ESTÁ MATANDO ELA! - Gritei e ele não se encolheu. Apenas continuou me olhando firme e com a mão segurando em meu braço. - Será que ninguém percebe isso?! Será que ninguém percebe o que realmente está acontecendo?!

—Se fosse você e eu...

—Se fosse nós dois você pode ter certeza que eu teria tirado isso de você enquanto eu tivesse a chance. - Falei convicta. 

Beau fechou a cara ainda mais zangado do que antes.

—Você...!

—Eu preferia morrer do que te perder. - Segurei firme na sua camisa, fazendo-o olhar para baixo com os olhos zangados em mim. - E se os Volturi ficarem sabendo do que esses dois fizeram e vierem atrás de nós... Carine não vai hesitar em ajudá-los, mas eu... Eu não vou hesitar em te tirar o mais rápido daqui e ir para o mais longe com você. Passei anos sozinha, pensando que nunca encontraria o amor de verdade, mas agora que eu encontrei, eu não vou deixá-lo.

—Edythe... - Seus olhos suavizaram.

—E se... Eu não conseguir te tirar há tempo antes. Eu dou a minha vida tentando. - Engoli o seco. Ele ainda segurava meu braço, cerrei os dentes esperando que ele me xingasse e dissesse tudo aquilo que eu esperava ouvir. - E eu não vou mudar de ideia, você pode...! - Fui interrompida por ele, que veio na minha direção e me roubou um beijo. Os lábios firmes contra os meus, a língua invadindo a minha boca, Beaufort mordiscou os meus lábios e inspirou fundo pelo nariz, antes de me puxar para ele.

O beijo foi violento, sempre que eu o beijava, tentava ser o mais gentil e delicada, mas desta vez... Desta vez ele não poupou esforços. Beau se abaixou e quando vi, eu estava em seus braços. 

Beau me segurava firmemente, com aquela velocidade que eu conhecia bem. Ele me prensou contra uma árvore próxima, os lábios firmes beijando minha mandíbula até alcançarem o meu pescoço.

Fechei os olhos, apertando os cabelos de sua nuca enquanto ele beijava o meu pescoço. Toquei a barra de seu suéter e o puxei para cima. Minhas mãos desceram pelo seu abdômen, enquanto ele voltava a beijar a minha boca. 

...

Troquei olhares com ele, enquanto atravessávamos a floresta à caminho da casa. Beau sorria feito bobo, segurando a minha mão. Revirei os olhos e ele riu da minha expressão.

—Talvez deveríamos fazer isso mais vezes. - Ele disse.

—O que? Discutir e finalizar a discussão com sexo?

—Exatamente. - Ele disse com um sorriso e eu deixei escapar a risada.

—É, tem razão. Eu apoio isso. - Falei e ele riu.

Já estávamos na frente da casa quando dei por mim. Beau abriu a porta e me deixou passar na frente, ele tinha esse hábito. Dei um empurrão de brincadeira nele e ele riu.

Todos estavam exatamente aonde os deixamos.

—Como vocês estão? - Beau se aproximou com um sorriso gentil.

—Estamos bem. - Taren sorriu.

—Você está bem, Edythe? - A humana me perguntou.

—Ela está ótima. Isso foi apenas um dos ataques do gênio dela. - Beau sentou próximo à eles. - Mas, eu já resolvi. - Ele olhou por cima do ombro com um sorriso e eu revirei os olhos. 

—Estou ótima. - Falei com um sorriso.

—Até que enfim voltaram. Pensei que ia ter que buscar vocês. - El abaixou o jornal com um sorriso malicioso. Royal e Jess riram.

—Temos que arrumar algo para você. - Taren disse preocupado, tocando na mão da garota. - Você tem que comer alguma coisa. 

—Sim, ela tem. - Me aproximei. 

—Talvez... - Eleanor começou, mas parou de falar. - Ah, deixa pra lá. - Levantei os olhos e olhei para ela. Sabia o que ela estava pensando e poderia funcionar. 

—Isso na verdade seria bem útil.

—No que estava pensando? - Royal perguntou.

—Foi apenas uma piada. - Ela riu. - Bom, ele está se alimentando do sangue dela, certo? Talvez seja isso o que ele queira. Alguém pra enfiar os dentes. - Ela riu alto.

—Vocês tem sangue por ai? - Perguntei.

—Temos sim. Nos fundos. - Taren levantou. - Khalil pegue a bolsa de sangue. - Taren caminhou em direção a cozinha.

—Foi apenas uma piada, gente. - Ela disse olhando para o movimento.

Khalil voltou com uma bolsa de sangue e Taren despejou o líquido em um copo descartável com canudinho. Ele se aproximou da esposa e entregou para ela.

—Beba devagar. - Ele instruiu. 

Percebi que Carine havia descido e observava a cena. 

A humana fez o que Taren disse e bebeu o sangue.

Ela engoliu e fez uma careta.

Carine se aproximou.

—Como se sente? - Taren perguntou.

—Melhor. - Ela disse.

—O pulso dela tá mais forte. - Carine disse sentindo o pulso dela.

Taren sorriu e beijou a testa da esposa.

É, talvez Beau estivesse certo. Talvez houvesse uma esperança.

E eu nunca estive tão errada em acreditar nisso, mas mal eu sabia o que estava por vir.


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