Reino da Magia escrita por semita13


Capítulo 26
A localização do quadro de minha mãe.




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        A velha amizade que começou de maneira tão despretensiosa e se abalou por culpa de dúvidas e desconfianças se renovou com um simples abraço triplo. E Serena e Lucius nem se importaram com o estado físico de Nicolas: sujo, mal cheiroso... Apenas fizeram cara feia em tom de brincadeira. Lucius até simulou um desmaio, o que arrancou gargalhadas de Serena e Nicolas. Amizade fortalecida, agora é hora de decidirem o que iriam fazer.

—Vamos perguntar para a Diretora, com certeza ela sabe a localização do quadro de minha mãe. - sugestiona Serena.

—Tem razão, Serena, mas... - diz Lucius, que olha para Nicolas e depois se volta para a garota. - Depois do que aconteceu... Bem, você sabe! Depois do que Nicolas e eu fizemos, acho melhor você ir perguntar pra ela sozinha.

—É! Lucius tá certo! Se ela ver a gente é capaz até de não dizer de propósito. Vai lá que a gente ti espera.

         A garota faz uma cara de descontentamento, mas depois sorri para eles concordando com a proposta e sai na direção por onde passou o grupo de crianças com Victoria. Enquanto esperam, Nicolas está curioso em saber quem é a pessoa que Lucius quer tanto ver.

—Eu acho que Serena deve ter a cara da mãe. Ela deve sentir muita falta dela... E você, Lucius, quem é que você quer nos mostrar? Alguém importante?

—Pra mim é! Uma feiticeira muito poderosa... Samantha Nolan.

—Puxa, sabe até o sobrenome. Por acaso você é fã dela? - diz Nicolas, brincando.

—Ela assassinou os meus pais. - responde Lucius.

     Sua resposta deixa Nicolas tão sem graça que ele acha melhor esperar por Serena em silêncio. E só então percebe o quanto sua pergunta foi inconveniente ao lembrar que Lucius havia mencionado que a pessoa que ele queria ver é uma Medieval, membro de um grupo de feiticeiros criminosos, como disse Victoria.

        Está difícil para Serena chegar até a diretora, cercada por algumas crianças que lhe fazem várias perguntas. O grupo já passou por diferentes corredores e está bem adiantado em relação ao grupo do Professor Mark, presume a garota.

—Serena... - fala Sidney, vendo-a passar correndo por ele.

—Aonde ela vai com tanta pressa? - quer saber Renan.

—Ih... Será que aqueles dois aprontaram de novo? - deduz Paula.

        Não importa qual seja o motivo, o certo é que Sidney sai atrás dela. Renan o segue enquanto Paula e Allison se mostram indiferentes e continuam vendo os quadros. Clara e Margot observam a cena e discretamente saem do local.

—Apesar de ser a diretora dessa escola, eu não me formei aqui. Somente os quadros daqueles que se formaram na própria entidade de ensino permanecem na entidade. Senão, faltariam paredes para pendurar tantos quadros, não é mesmo? - diz Victoria, respondendo a um garoto sobre o local de seu quadro, mas parece que sua resposta valia para todos em volta. - Os quadros dos que não se formaram aqui são de pessoas ilustres de nossa sociedade e é claro, o quadro de cada um dos Medievais para que ninguém se esqueça dos rostos desses criminosos. Todas as entidades possuem seus retratos. Eu me formei no Templo de Amaterasu.

—Ahn, que pena! Gostaria muito de ver seu quadro. - diz Carl.

É um puxa-saco! - sussura Alice para Michelle, fazendo-a rir.

—Quem sabe no final do período letivo, no dia do ‘Grande Sorteio’. Você pode sortear esse lugar e passar o próximo ano estudando nessa entidade. Ou pode ser o desejo dos ganhadores do Torneio de Merlin desse ano, hein? - explica Victoria. O fato de mencionar os combates místicos atiça e anima as crianças. - Mesmo passando por períodos difíceis, conseguimos ter muitos formandos. E por essa razão os quadros se revezam nas paredes. Mas se estiverem procurando alguém específico basta usar a magia de revelação. Qualquer criatura inanimada desse local irá lhe mostrar. Ah, é esse aqui!

        Victoria entra em um corredor pequeno e fechado. Há cinco quadros de tamanho mediano do lado esquerdo e mais cinco do mesmo tamanho do lado direito. No fundo, uma armadura segurando uma lança com fitas nas cores da escola. Logo os mais curiosos se espalham pelo corredor, lendo as pequenas plaquetas metálicas abaixo de cada quadro, tocando nas molduras e dizendo o feitiço aprendido. Victoria os orienta para não se afobarem, pois poderiam voltar a qualquer momento e verem aqueles e outros quadros com mais calma.

—“Morgana Leroy - A Feiticeira Vampira”... Nossa, ela é muito bonita. - comenta David observando a imagem de uma mulher de cabelo preto e liso e aparência jovial, usando um tipo de uniforme militar.

—É claro seu bobo, ela é uma vampira. - diz Clara. - Além da magia vampírica que realça sua beleza, ela já morreu e por isso não envelhece. Não é, Diretora?

—Exatamente, querida! - confirma Victoria, atenta para tirar qualquer dúvida.

—Olha Allison! - diz Paula, chamando a atenção do garoto. - Este aqui é o Medieval que usa o Corte Mágico. Quem sabe um dia você consiga deixar seu vento nesse nível.

—Vai sonhando... - diz Ricardo ao passar perto deles, antes que Allison pudesse dizer alguma coisa.  

—E por que não? - retruca Paula, em defesa do amigo. - Diretora, esse Medieval se formou aqui, não é? Então o feitiço que ele desenvolveu está registrado aqui. Não é verdade?

—É sim, minha cara! - confirma Victoria. - Cassius Flynn se tornou feiticeiro nessa escola e seu feitiço, assim como vários outros, estão registrados nos pergaminhos, na Biblioteca. Vocês poderão aprender todos eles. Nas aulas sobre Estudo da Magia vocês saberão mais sobre eles.

—Acho que ela não se parece com você, Alice. - diz Munique, que assim como outros, presenciam Alice examinando a pintura de Francis Beaumont, a Pena Viva, já que durante seu teste mencionaram o nome da Medieval e compararam suas características físicas a da aprendiza. - Você é mais bonita.

—Obrigada, amiga! Tem razão, eu sou jovem e bonita. Ela é... hum... Alta! E só. Queria saber quem foi o tolo que comparou essa daí comigo.

—Acho que fui eu. - diz Victoria, aparecendo por trás delas de repente.

—Vamos ver outro quadro, Alice, sim? - fala Munique, rapidamente.

—S-sim, claro, vamos, vamos... - concorda Alice, que junto com sua amiga saem em passos acelerados de perto da diretora.

—“Eve Grimaldi - A Erva Daninha”! Dizem que ela controla os elementos da natureza como ninguém. Taí um nível que você nunca vai alcançar, Ricardo. - comenta Allison, com a nítida intenção de dar o troco em Ricardo.

—Ela é arborita, idiota, somos de classes diferentes. Deveria dizer isso para o John, já que ele se acha um ‘expert’ em níveis de magia.

—Provavelmente é a mais fraca dos Medievais. - diz John, se aproximando dos garotos após terem mencionado seu nome. - Uma feiticeira que usa magias antiquadas, ultrapassadas... Fraca.

—Fraca? - indaga David, se intrometendo na conversa. - Acho que se ela fosse fraca não teria seu quadro exposto em todas as entidades de ensino.

—Fraca sim! Se fosse forte o bastante não precisaria se unir a outros feiticeiros para conseguir o que quer. - se justifica John. - Não digo fraca comparada a nós e sim aos outros do grupo. Quando ela conseguir o que quer, vai ficar devendo favores aos outros. Isso mostra sua incapacidade.

—O que é que esse cara tá dizendo? - diz uma garota, desacreditada com as palavras do garoto.

—Não liguem pra ele, é um presunçoso mesmo... - diz Ricardo, que assim como os outros, se afastam de John.

      Outro grupo de meninas está mais interessado em um quadro no canto do lado direito.

—Essa é Megami Nakamura, conhecida como O Sopro da Morte! - anuncia Margot para as meninas ao seu redor, após ter revelado a pintura da feiticeira. - Fantástica!

        Ela se distancia do quadro, admirando a imagem de uma mulher de cabelos pretos que chegam a sua cintura, tocando em um cinto de pano que prende suas vestes orientais, em tons preto e branco. Tem pele clara mas um rosto maduro e olhos sem vida.

—Nossa, pra que esse entusiasmo todo? - pergunta Anna.

—Por que eu admiro muito Megami. Não pelos crimes que ele cometeu, não é nada disso. Mas sim pela sua determinação e coragem. Uma das mais poderosas de nossa classe, senão a mais poderosa. Nem a cegueira a impediu de ser o que é hoje.

     A resposta da garota fazem as outras pensar sobre o assunto. Algumas concordam e outras não dizem nada, mas Anna faz cara feia e sinal negativo com a cabeça para Margot, se afastando das meninas. Margot a ignora e volta a observar a pintura no momento em que Serena passa por ela chamando pela diretora. Victoria a ouve e pergunta o que ela deseja. Uma pequena distância separam as duas, que começam a conversar, sendo observadas pelos outros.

—Diretora, eu gostaria de saber onde está o quadro da minha mãe. - diz Serena, sem rodeios.

       As crianças trocam olhares mas muitos sabem que era óbvio que Serena iria querer ver a pintura da mãe. Sidney faz menção de dizer algo, mas a atenção da garota está em Victoria.

—Querida, use o ‘Revele-me seus segredos’ e descubra a localização do quadro de sua mãe. Como eu disse aos outros, muitos se formaram durante os anos e para não termos tantos quadros pendurados nas paredes eles se revezam. É uma boa oportunidade para desenvolver o feitiço, tenho certeza que conseguirá.

—Mas, Diretora...

—Eu já disse, não tenho certeza da localização exata dele. Você terá tempo suficiente para vê-lo... Tempo! - algo chama a atenção dela. - Crianças, vamos! Temos que ir para o refeitório, já estamos muito atrasados. Depois vocês voltam aqui. Vamos, vamos...

     A diretora deixa o recinto seguida por algumas crianças. Outras esperam até poderem acompanhá-la. Serena fica parada, desapontada. Carl se aproxima dela enquanto caminha na direção da saída.

—Eu pensei que você quisesse ver os pais de Ricardo.

—Eles não se formaram nessa escola. - responde o garoto, passando por eles. Serena o observa.

—Mas você poderá vê-los no dia do Conselho de Classe. - diz Margot, que a encara.

—Conselho de Classe? - pergunta Serena.

—É quando entregam o boletim de desempenho do aprendiz aos seus pais. Ahn! Me esqueci. Você não tem ninguém pra mostrar o boletim.

        Algumas risadas são ouvidas enquanto a garota se afasta de Serena com um sorriso nos lábios. Serena a encara com ira, mas prefere não falar nada.

—Serena eu...

        Novamente Sidney tenta falar com ela, mas a garota sai correndo do local ultrapassando os outros e dando um leve esbarrão em Margot. As risadas aumentam e a garota se manifesta.

—Vai, vai pra junto de seus amigos, aqueles perdedores. Hunf! E eu que tinha uma esperança de que ela tivesse mudado. Só foi a roupa mesmo.

—Foi o que eu disse: a ruína dessa família. Uma Fitcher sempre será uma Fitcher. - diz Munique.

        O lugar está quase deserto, exceto por Sidney que continua parado de frente para um quadro. Renan retorna para buscá-lo.

—Vamos, Sid! O pessoal tá ti esperando. - ele apenas troca olhares com o amigo e ao ver a identificação do quadro entende o que Sidney queria mostrar para Serena. – Ahn, então é isso! Infelizmente não será você que irá mostrar a ela. Vamos!

     Assim como os outros eles saem do local, deixando para trás o quadro cujo a plaqueta de identificação está escrito “Dagmar Fitcher - A Chama Explosiva”.


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