Reino da Magia escrita por semita13


Capítulo 21
Uma invocação.




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       Finalmente os testes estão acabando. Carl, o garoto sensação do momento e que está sentado na frente de Nicolas é chamado. Depois do que fez, seu teste passou a ser um dos mais aguardados. O garoto de pele clara, cabelos curtos e castanhos, como seus olhos, segue em direção à mesa onde os professores o aguardam. Seu corpo é franzino e seu andar é calmo, parece transmitir segurança e tranqüilidade, como se nada tivesse acontecido alguns minutos atrás. Faltam apenas mais duas crianças até chegar a vez de Lucius e Serena. Percebendo isso, o garoto procura tranqüilizá-la, como também a si mesmo.

—Você está nervosa?

—Não, só um pouco ansiosa... Eu acho.

—Que besteira! - interfere Nicolas. - Se vocês têm capacidade para enganar os outros, não vão ter dificuldades em passar nesse teste.

—Nicolas... Você ainda continua achando isso da gente? - diz Serena, decepcionada.

—Psiu! Vai começar o teste do intrometido.

—Carl Riley! Idade: 13 anos. Classe: radiesteria. - anuncia Flora, fazendo uma pausa e olhando para Victoria.

—A classe dele é a mesma da Diretora Victoria. - comenta Renan.

—Tem razão! - diz Paula - Será que é tão forte como ela? Do jeito que parou o feitiço de Michelle usando um feitiço tão poderoso como o CAM. "E eu nem sei como se faz...".

—Uma coisa é certa: fraco ele não é. - finaliza Sidney. Sua opinião é compartilhada por muitos, até por aqueles que não querem admitir.

—Sujeitinho exibido, isso sim! O que você acha, Margot? - pergunta Ricardo.

—Seria uma bela aquisição... - diz a garota, acompanhando os movimentos de Carl com os olhos - Melhor não, pode nos causar problemas mais tarde.

       Os professores se aproximam e o cercam, fazendo perguntas. Um pouco acanhado no início, ele logo demonstra segurança nas respostas, como se adivinhasse o que iriam lhe perguntar.

—Então, Carl, está preparado para o teste? - pergunta Victoria - Ah, que pergunta a minha, depois do que vimos é claro que ‘sim’.

—Você deve vir de uma linhagem de grandes feiticeiros, Carl. - deduz Mark.

—Parece que vamos ter grandes surpresas esse ano. - se anima Flora.

—Não se acanhe, Carl, queremos saber de tudo! - diz Hilda.

         O garoto obedece e, meio sem jeito, começa as explicações.

—Obrigado professores pelos elogios, mas acho que não é para tanto, eh! Eu não sou tão forte quanto pensam que sou. É mais em razão da minha classe, a Diretora Victoria deve conhecer bem.

—Sim! O radiesterista possui uma sensibilidade maior que a dos outros. É capaz de captar as radiações e energias emitidas por qualquer pessoa ou objeto, sejam mágicas ou naturais. - explica Victoria. - Mas isso também é uma desvantagem para nós, devido as variações da magia. Temos que nos concentrar em algo específico.

—O que ela está dizendo? - pergunta Allison, que assim como alguns poucos privilegiados sentados à frente, conseguiam ouvir a conversa.

—Que os indivíduos dessa classe têm mais facilidade em realizar qualquer tipo de feitiço, mas precisam se concentrar em um tipo específico se quiserem ser fortes e poderosos. - lhe responde Sidney.

 - ...Por isso eu sou mais forte em desfazer magia do que fazê-las. - continua Carl.

—Hum... Isso explica a anulação de magia feita com maestria. Mas o teste é exigência do Conselho Místico, então você terá que realizar um feitiço. E ao que parece você não terá dificuldade em realizá-lo. - comenta Mark.

—Será que ele vai mostrar outro feitiço poderoso? - pergunta Allison, curioso.

—É provável que sim, mas parece que muitos estão escondendo o jogo. Não vai me surpreender se ele fizer um feitiço simples agora. - Sidney.

—Mas parece que ele tem experiência no uso da magia. - Renan.

—Quem ele pensa que engana... - complementa Alice.

       Depois dos procedimentos iniciais e das crianças terem se acalmado, mas não desviado a atenção, Carl inicia seu teste ficando em pé diante da mesa. De expressão séria, seu olhar está fixo na base do móvel. De repente ele começa a agitar os braços, subindo e descendo, como um bater de asas.

—Ué, ele vai voar? - solta Nicolas, o que causa algumas risadas que logo cessam, muitos estavam realmente interessados no teste do garoto.

—Que é isso, Nick, ninguém pode voar! - afirma Lucius.

—Hunf! Desde que cheguei aqui vi coisas que até Deus duvida. Vocês, feiticeiros, são cheios de surpresas. - complementa Nicolas, fazendo cara feia, o que intimida Lucius, que se cala, cabisbaixo.   

        Uma garota sentada à frente e que ouvia a conversa deles se vira e se manifesta:

—Por que diz isso? Você também é um feiticeiro - comenta a garota de maneira displicente para Nicolas, se virando para frente, mas logo volta a encará-lo - correção: APRENDIZ de feiticeiro.

         Surpreso, Nicolas olha para Lucius e Serena e desabafa:

—Quem chamou essa garota na conversa?

Inflamarium!— diz Carl, o que atrai a atenção de todos.

      Chamas cobrem suas mãos e antes que elas atinjam seus antebraços ele lança os braços à frente, fazendo com que as chamas saem de seu corpo e se direcionam sobre a mesa. Como um cobertor, as chamas se espalham pela superfície do móvel, e depois desce até tocarem o chão. As crianças nas primeiras filas se espantam, mas logo se acalmam ao verem que as chamas não iriam adiante.

—Vejam! - diz Clara, como se fosse possível não notar aquele brilho amarelo intenso na frente do salão.

—São as ondas flamejantes. - diz David.

—Esse garoto é bom! - Munique.

      Ricardo e Margot trocam olhares enquanto que as professoras e parte do público aplaudem o aprendiz com entusiasmo.

—Para mostrar todo esse potencial, esse sujeito é muito burro ou muito esperto. - conclui Renan.

—Acho que de burro ele não tem nada. - diz Allison

—Então é bom tomarmos cuidado. - alerta Sidney.

        Os aplausos se espalham e, tímido, mas sorridente, Carl agradece a todos, de maneira elegante, curvando o corpo à frente. Enquanto se dirige ao seu assento, se iniciam as conversas paralelas entre as crianças. Alguns alunos sentem inveja de seu poderio e conhecimento das artes mágicas, mas outros discordam.

—Esse garoto não é tudo isso que pensam. - diz Margot, enquanto observa Carl se distanciar - Deve ter usado tudo que sabe, já que sua especialidade é desfazer feitiços. Fraco!

—Parece que muitos não pensam assim. - lhe diz Ricardo, próximo ao rosto dela - Isso pode ser uma vantagem para nós. É apenas um sujeitinho insignificante, como os outros. Não precisa se preocupar, Margot.

—Preocupada? Quem disse que estou preocupada? Hunf...

        Antes que pudesse se sentar, Carl dá passagem para a garota que está sentada ao seu lado, a mesma que chamou Nicolas de ‘aprendiz’.

—Não é melhor você agradecer a ele? - diz Serena para Nicolas, o que chama a atenção de Carl, antes que pudesse se sentar.

—Agradecer, por quê?

—Bem, ele ti salvou daquela garota que iria dar um banho em você.

—Não precisa agradecer. Eu só não queria que ninguém se machucasse. - se antecipa o menino.

—Hum... Além de forte também é cheio das gentilezas, hein? - comenta Nicolas - E eu achando que era o único esquisito por aqui. Bom... valeu por... por ter feito aquilo... você sabe...

      Com um sorriso no rosto, Carl faz um aceno afirmativo com a cabeça e volta a sentar-se. Tudo pronto para o teste da garota de longos cabelos loiros e olhos azuis, pele clara e nariz empinado, que não se incomoda com os olhares de todos para si, mas parecia retribuir o mesmo olhar para cada um. Hilda inicia o procedimento padrão e sua colega Flora anuncia a candidata ao público.

—Anna Velino! Idade: 13 anos. Classe: animália.

        Apesar da idade, Anna aparenta ser mais velha, talvez devido a sua altura. Em vez de ir para o lado da mesa, ela se coloca de costas para ela, ainda olhando para as crianças.

—Será que ela também vai imitar um rouxinol, Alice? – pergunta Allison.

—Hunf! Vai ter sorte se aquele garoto abelhudo não atrapalhar. – responde Alice, cruzando os braços.

—O que ela vai fazer? - pergunta Clara.

—Parece que ela não vai usar a mesa. - supõe David.

        Anna estende o braço direito à frente com a palma da mão voltada para cima e os dedos entreabertos. Seu gesto é semelhante ao que Ricardo e David fizeram em seus respectivos feitiços. Por alguns segundos, ela fica nessa posição, concentrada, observando atentamente a palma de sua mão, levemente trêmula, como que esperando que algo saísse dela. E numa fração de segundos, assim que uma pequena luz brilha entre seus dedos, ela fecha a mão, e gira violentamente o braço para trás, como se golpeasse uma parede invisível com a parte inferior do punho.

Invitah! - diz a garota, quase que naturalmente, se não fosse pela tensão do momento.

      Ouve-se um barulho de algo se quebrando quando seu soco fica parado no ar ao lado do corpo, quase sobre a mesa. A impressão que todos tiveram é a de que seu punho tivesse atingido um espelho atrás dela. Uma linha luminosa horizontal se forma, suspensa em cima da mesa, e dela saem um estranho vento acompanhado por diversos pontos negros, aves, andorinhas, que sobrevoam as crianças. O golpe de Anna abriu uma fenda temporal e permitiu a entrada de vários convidados velozes e barulhentos.

—Eu não acredito! - diz Margot, espantada, de olhos esbugalhados, quase se levantando da cadeira.

—Eu-eu achei que fosse o herbarium, m-mas... - Ricardo não consegue completar a frase.

—Uma invocação! - diz Hilda, que como os outros professores, parecia feliz com o feito da garota.


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