Reino da Magia escrita por semita13


Capítulo 11
Está na hora de irmos para o Castelo de Merlin.




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A presença daquela mulher de certo modo trouxe um ar de animação para aquelas pessoas, exceto para Nicolas e seu grupo, bastante apreensivos. Afinal eles eram os novatos, já que a impressão que tinham era de que tudo que acontecia parecia normal para aquelas pessoas. Alguns aplaudem, outros sorriam e muitos saudavam a mulher dizendo “Professora Victória!” ou “Diretora Victória!” ou somente “Senhora Victória!”. Ela caminha por eles e recebe cada comentário com um sorriso ou aceno com uma das mãos. Cumprimenta as crianças passando a mão na cabeça delas ou tocando de leve em seus ombros e com as mães faz uma curta reverência curvando um pouco o corpo à frente. Em algumas, com mais intimidade, ela apertava a mão e lhes beijava os lados da face.

—Olá Sra. Messina, como tem passado? Paula, minha querida, seus cabelos estão lindos... Sra. Frontin, há quanto tempo! Michelle, como você cresceu!... Sra. Lane, prazer em vê-la. E Munique, continua dando trabalho?... Sra. Eidil! E os negócios, vão bem? Estude bastante para herdar os negócios da família, hein Renan!... Sra. Liadan, que bom revela! Margot se parece tanto com a senhora...

          Nicolas e os garotos apenas observam. Victoria caminha em direção a Bertha e a senhora que a acompanha.

—Presumo que seja a Sra. Adler. Eu recebi o seu arauto. - diz Victória, segurando as laterais do vestido e inclinando-se um pouco à frente. A senhora faz o mesmo gesto, repetindo o cumprimento.

—Encantada em conhecer a grande diretora dessa renomada entidade de ensino. Fico feliz que tenha recebido meu arauto, Sra. Winston. Creio que já está a par de tudo.

—Sim! Então esta é a promissora garota que mencionou.

—Bertha Etzel, Senhora! - diz a menina, repetindo o gesto de cumprimento das senhoras, porém sem a mesma elegância.

—Senhorita Etzel, de que parte do Sacro Império você veio?

—Augsburgo, Senhora!

—Seja bem-vinda, querida!

          Victoria se despede delas com um sorriso e em seguida se dirige até a Sra. Berker.

—Emily, querida! Como está? - Victória segura às mãos de Emily e beija cada lado de sua face. Emily faz o mesmo com a diretora.

—Ah, Victória! Um pouco apreensiva. Mesmo assim resolvemos trazer Ricardo e deixá-lo aos seus cuidados.

—Agradeço a confiança! Tranquilize Herman e diga-lhe para não se preocupar ou preocupar os outros. Está tudo bem no Castelo de Merlin.

—Os Medievais não vão conseguir o que querem.

—Não mesmo, pode confiar em mim. - Victória vira-se para Ricardo - Está se tornando um belo rapaz, Ricardo. Com certeza já atrai a atenção das donzelas, eh!

—Obrigado, Professora Victória! Mas, sem querer alarmá-la... Creio que terá muito trabalho esse ano.

          O garoto chama a atenção dela ao apontar o indicador para Nicolas e seu grupo. Eles ficam receosos ao ver a mulher se virar para eles e os observar com uma expressão de desaprovação. Ela franze as sobrancelhas e depois vai até as crianças que estão chamando tanto a atenção. Nicolas nota um leve sorriso sarcástico no rosto de Ricardo. A diretora fica frente a frente com o grupo, olha para cada um deles rapidamente e faz seu comentário.

—Minha nossa! O que é que as deusas me trazem? - e logo começam as perguntas, sempre olhando para um rosto apavorado. - Onde estão seus pais? Como chegaram aqui? Quem são vocês e de onde vieram?

        Encabuladas, as crianças trocam olhares como se procurassem respostas ou que alguém pudesse responder a tantas perguntas. Percebendo o nervosismo deles e já que foi nomeado orador do grupo, Nicolas toma a palavra.

—Isso aqui é uma escola?

—Não! Aqui ainda é o muro fora da escola. - responde Victória, ouvindo algumas risadas que logo se cessam. - Não se responde uma pergunta com outra e você não respondeu nenhuma pergunta minha. Tem certeza que está no lugar certo?

—Como é que vou responder se a senhora não para de fazer perguntas, Dona?

—E novamente me responde com outra pergunta. Bem! Vamos parar com as perguntas já que parece ser impossível para você formular alguma resposta. - Victória olha para os rostos dos outros, procurando alguém que queira falar, além de Nicolas. Ela fixa sua atenção em Serena. - Seu rosto me parece familiar...

—Ei! Tá me chamando de burro, é, Dona?

          Não teve jeito, Victoria volta-se novamente para Nicolas.

—Não, já que você teve inteligência suficiente para deduzir isso. E pelo que me lembre, não sou dona de ninguém. Pare de me chamar de dona! Meu nome é Victoria Winston.

—É o seguinte, Dona Victoria! Eu sou Nicolas, essa aqui é a Serena, aquele é o Lucius...

—Pode parar! Não precisa de apresentações. Se vocês estão aqui é porque devem ter algum conhecimento. No teste de aptidão conhecerei todos vocês. Agora vamos!

—Vamos pra onde, Dona Victoria?

—Pare de me chamar... - Victoria desiste de continuar a conversa, dá as costas a Nicolas e vai para frente do grupo de crianças. - Vamos crianças! Está na hora de irmos para o Castelo de Merlin.

          As mães se despedem de seus filhos com abraços, algumas lágrimas e muitas recomendações. Enquanto refaz o caminho de volta, Victoria é seguida pelas crianças. Nicolas ia perguntar alguma coisa, mas ao ver Serena e Lucius seguindo os outros percebe que seu grupo também decidiu ir por aquela direção. Quando todas as crianças já se encontram dentro da propriedade, o muro se reconstrói aos poucos, fechando a entrada. Nicolas olha para trás achando que as mães acompanhariam as crianças, mas apenas vê o muro se erguer novamente. Ele se assusta e apressa o passo para ficar ao lado dos amigos.

        Victória lidera as crianças que a seguem, passando por um caminho de terra batida entre as árvores. Algumas estão ao seu lado, como Ricardo. O grupo de Nicolas está um pouco atrás.

—Fala aí, gente! Será que esse é o lugar certo, hein? - pergunta Nicolas, ao lado de Serena e Lucius.

—Parece que sim! - diz Serena, entre os garotos. - Ouvi alguns comentando de que o castelo é uma escola. Vamos esperar até termos certeza que é um lugar seguro.

—Com tanta criança me sinto como se tivesse indo para o orfanato. Acho que esse é realmente o castelo que meus pais falavam. - deduz Lucius.

—Morar num castelo não é nada mal. - comenta Gabrielle, junto com seus irmãos e ao lado de Nicolas.

—Castelo, escola ou orfanato o certo é que lá tem comida e eu tô morrendo de fome. Se a gente não gostar, vamos embora. Mas primeiro precisamos se cuidar: beber, comer e ficar bem pra poder sair de novo. Vocês concordam?

         A sugestão de Nicolas é aceita por Serena, Lucius, Gabrielle e seus irmãos. Enquanto caminham, as outras crianças procuram se afastar, formando quase um círculo ao redor deles. Mesmo assim alguns garotos seguiam o grupo de Nicolas de perto. Um deles é Sidney, acompanhado por Alisson e Renan.

—O que foi, Sidney? Viu alguma coisa boa naquele grupo deprimente? - pergunta Renan.

—Eu sabia! Ele reconheceu um parente. Não foi?

—Deixa de besteira, Alisson! Não é nada disso. Eu só... Achei aquela garota... Simpática.

—GAROTA? - dizem Renan e Alisson ao mesmo tempo.

          Sidney não dá atenção a eles. A conversa desperta a curiosidade de Serena. Disfarçadamente, ela os observa com o canto do olho. Levanta a cabeça, olha para um lado e para o outro. E às vezes seus olhos encontram os de Sidney. Não havia como não reparar naquele rosto bonito. “Seus olhos são azuis?”, ela se pergunta. Depois olha para ele duas, três vezes. “Sim, são azuis... Eu acho. Droga! Estou tão suja.” Além dos olhos aqueles cabelos escurecidos deixavam o garoto com um conjunto charmoso e elegante. Ele lhe dá um sorriso e ela fica encabulada. Lucius repara no nervosismo de Serena enquanto Nicolas percebe um olhar de Ricardo para ele, que em seguida se afasta das garotas que o acompanham e caminha apressado até a frente. “Aquele Pó de arroz, ele vai até lá na frente... Ah, já sei! Ele vai falar com aquela velha, aposto que é sobre a gente.”

—Escuta! Eu vou até lá na frente vê o que é que aquele Pó de arroz tá tramando. Com certeza vai falar alguma coisa pra prejudicar a gente com aquela velha. Eu vou e já volto.

—Nick, cuidado com o que você vai fazer! Não piore a nossa situação.

—Não esquenta, Cabelo de Fogo, deixa comigo!

—Esse é o meu medo.

          Enquanto as crianças seguem Victoria, o muro finalmente se reconstrói por completo. As mães já haviam partido e o silêncio toma conta daquela área fora da propriedade. Porém, uma figura assistia a tudo de uma distância segura, escondida debaixo da sombra de uma árvore. É aquela velha senhora que Lucius encontrou na floresta. Ela sai das sombras e olha fixamente para o muro. Aos poucos ela abre um sorriso.


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