Cry Baby escrita por Nakamura Tisuky


Capítulo 2
Parecia que você substituía seu cérebro por seu coração




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Bebê Chorona acordou, ela estava em seu bercinho de madeira, forrado com tecidos azuis e com um móbile de bichinhos de pelúcia pairando sobre ele.

Ela se sentou no mesmo se observou a sua volta, o quarto estava do mesmo jeito do dia anterior, e do dia anterior ao anterior.

Sua pequena casinha de bonecas estava ali, ao lado se encontrava sua cadeirinha de balanço onde ela adorava se balançar com seu ursinho Teddy Urso.

No chão seus bichinhos de pelúcia e brinquedos de montar ainda estavam espalhados por conta da brincadeira que ela teve na noite anterior.

Seus olhos foram em direção a porta, onde sua mãe entrava segurando um cadeirão de madeira.

 

— Bom dia Bebê Chorona - Cumprimentou sem expressão, montando o cadeirão no meio do quarto.

 

Ela se aproximou de Bebê Chorona e a pegou no colo um tanto bruscamente, colocando-a sentada no cadeirão.

A mesma tirou de dentro da cômoda um babador onde era estampado o nome de Bebê Chorona e colocou-o nela, preparando-a para o seu café da manhã.

Ela se retirou do quarto e voltou com uma garrafa de vodka, bebendo um enorme gole e lambendo os lábios em seguida, no fim ela acabou deixando-a sobre o apoio do cadeirão com uma certa brutalidade.

 

— Vamos comer que eu não tenho o dia todo - Murmurou.

 

Ela estava cambaleando e falando estranho, aquela com certeza não era a primeira dose que ela tomava, mas isso não era novidade, ela era uma completa alcoólatra.

Ela enfiou uma colher num potinho de papinha comprada pronta e levou em direção a boca de Cry Baby, mas ela virou a cara.

Sua mãe estava sem paciência, mas Bebê Chorona tinha que comer logo aquela papinha para que ela pudesse em fim, beber em paz sem se preocupar com aquela garota bobona.

 

— Filhinha - Ela passou a mão sobre suas tranças um pouco frouxas pois já estavam ali desde o dia anterior e beijou o topo de sua cabeça, fazendo Bebê Chorona recuar um pouco - Se você não comer essa porcaria agora eu enfio essa colher por baixo da sua goela.

 

Bebê Chorona sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos mas não deixou elas escaparem, ela não iria chorar, não agora.

A sua mãe novamente aproximou a colher até a sua boca e dessa vez ela abocanhou a mesma com força, pegando todo o conteúdo contido ali e engolindo tudo segurando para não vomitar.

 Sua mãe sorriu satisfeita e tomou mais uma dose de vodka, em seguida, deu mais uma colherada daquela papinha para a filha, que comia forçadamente.

Sua mãe continuou lhe dando papinha enquanto tomava alguns goles de sua vodka, até que uma hora Bebê Chorona se esgotou e não quis mais comer nem uma colher se quer.

 

— Não vai comer? - Perguntou a mãe - Não me importo, quem vai ficar com fome o dia inteiro não sou eu.

 

Ela então foi em direção a saída do quarto, mas antes acabou batendo o pé na quina da porta.

 

— Porra - Gritou ela e saiu em seguida.

 

Bebê Chorona olhou para os blocos que estavam em cima do apoio de seu cadeirão, e começou a brincar com eles.

Ela havia prestado atenção na última palavra que sua mãe disse antes de se retirar dali, ela pensou que podia formá-la com bloquinhos de letras.

Ela olhou para os pequenos blocos e foi montando eles um em cima do outro, finalmente estava exposto claramente a palavra porra escrita nos blocos.

Ela sorriu ao ver o resultado e observou o quarto a sua volta.

Olhou para baixo e viu o ser pequeno ursinho de pelúcia, o teddy urso.

Ela adorava aquele brinquedo, assim como adorava todos naquele quarto, mas ao mesmo tempo que ela os amava, os odiava, parecia que aqueles olhos escuros e vazios tramavam alguma coisa enquanto ela dormia, e parecia que a qualquer momento eles iriam fazer algum mal a ela.

Essa cena rapidamente se passou em sua cabecinha de vento, todos os seus bichinhos criando vida e subindo por seu cadeirão, tentando matá-la de algum jeito brutal, e a pobrezinha mal conseguia se defender e aturava aquilo tentando se livrar, mas era em vão.

Seus pensamentos conturbados foram interrompidos com a entrada de sua mãe no quarto, o que fez com que Bebê Chorona empurrasse seus blocos desformando a palavra, irritada. Sua mãe a tirou do cadeirão e a colocou sobre o chão, jogando um vestido azul com alguns babados e uma enorme estampa de pato nela.

Ela saiu do quarto e novamente Bebê Chorona se viu sozinha.

Ela tirou sua camiseta branca e trocou-a pelo vestido azul, também soltou seus pequenos cabelos que estavam trançados e os deixou soltos.

Apesar de Bebê Chorona ser uma criança pequena, ela era obrigada a se virar sozinha, sua mãe era um completa alcoólatra que não lhe dava muita atenção, e seu pai sempre saia de casa para o seu "emprego", enquanto seu irmão mais velho vivia trancado em seu quarto fazendo sabe se lá o que.

Ela pegou sentou no chão e pegou os seus brinquedos e ursinhos de pelúcia, começando a brincar com todos.

Seu irmão mais velho entrou e começou a observá-la, ela parou de brincar e o observou também, ela se sentia incomodada com o fato dele estar olhando para ela daquela maneira.

 

— O que está fazendo? - Ele perguntou encostando na parede e cruzando os braços.

 

Ela não respondeu e continuou brincando.

 

— Você é bem esquisita - Sua atenção novamente se voltou para o irmão enquanto ele falava - As outras crianças saem para brincar juntas e você fica aí enfurnada dentro de casa, por quê? Ah, é, você não tem amigos.

— Xiu - Ela levou o dedo até a boca e fez um sinal para que ele ficasse quieto.

— Xiu nada. Você sabe que isso é verdade, você não tem nenhum amigo porque você é estranha. A única coisa que você sabe fazer é se trancar nesse quarto e chorar Bebê Chorona.

 

Os olhos de Bebê Chorona se encheram de lágrimas e não demorou muito para que ela abrisse um completo berreiro.

As lágrimas escorreram pelos seus pequenos olhos castanhos, e seu irmão hesitou um pouco.

 

— Eu estava brincando Bebê Chorona - Tentou acalmá-la em vão.

— O que está acontecendo? - Perguntou sua mãe entrando no quarto - Já fez sua irmã chorar? Se vire para fazer ela calar a boca sozinho - Ela se retirou novamente.

— Eu não, ela que pare de escandalizar sozinha - Ele saiu também, deixando Bebê Chorona sozinha, aos prantos.

 

Sua imaginação fértil fez ela mentalizar suas lágrimas enchendo o seu pequeno quarto, levando para longe todos os seus brinquedos e algumas roupas espalhadas pelo chão.

Ás lagrimas continuaram escorrendo pelo seu rosto, mas mesmo assim um sorriso um tanto psicopata se formou em meio entre elas. 

 

 


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