Seguindo em Frente escrita por liamara234


Capítulo 35
Alegria


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas cheguei.
Boa leitura!



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Várias vozes se misturavam ao fundo.

A sensação maravilhosa de estar flutuando em água morna fazia seu corpo quase contorcer de prazer, uma infinita sensação gostosa que Hermione podia escutar até seus suspiros de satisfação. Após algumas tentativas para abrir os olhos ela desistiu, contemplando a escuridão, aguçando suas outras funções. Ao tentar mover as mãos um barulho baixo de água soou. Definitivamente flutuando, pensou. Uma claridade cada vez mais forte a fez franzir o rosto.

Pouco a pouco Hermione foi voltando a si. Algo parecia levitá-la para fora da água e tudo começou a ficar mais claro.

— A condição da sua filha continua a mesma, Sr. Granger – dizia o velho curandeiro, vacilante sobre as pernas, os óculos na ponta do nariz. – Pedirei para que continuem com as poções básicas, assim...

O resto do discurso – sempre o mesmo – se perdeu na mente de Rony. De pé ao lado da cama onde Hermione permanecia desacordada a quase uma semana, ele observava o rosto belo e pálido da morena. Uma curandeira aproximou-se e com a varinha, fez um véu quase transparente pairar sobre o corpo da enferma e alguns números dourados pularam graciosamente. O sorriso simpático e inesperado que ela lançou a Rony fez o coração do ruivo dar um pulo e voltar a bombear sangue com o dobro da velocidade.

Depois de finalizar o feitiço e anotar os tais números estranhos em seu pergaminho ela ergueu os olhos para ele.

— Foram números dourados dessa vez – ela partilhou. – Quer dizer que ela está melhorando.

Do mesmo modo discreto que chegou ela foi-se para relatar ao superior.

Rony abaixou o corpo, espalmando a mão na lateral da cama de Hermione.

— Já chega de esperar, ok? – ele murmurou. – Preciso ver seus olhos. Vamos, Hermione, acorde!

Permaneceu assim alguns minutos até sentir alguém dar batidinha em suas costas.

— Oi – Harry disse, lançando um olhar para a amiga. – Você tem que pra casa.

— Não.

— Não é um pedido, Rony. Você está aqui desde ontem.

— Eu estou bem – Rony puxou a cadeira que era mantida perto.

— Que merda, cara! Para com isso! – o moreno murmurou, olhando para os lados e voltando a atenção para o amigo. – É quase hora do almoço. Tenho certeza que nem o café da manhã você tomou.

— Agradeço a preocupação, Potter, mas eu estou bem e sem fome então vou continuar aqui até que Hermione acorde.

— Ou até desmaiar – Harry rebateu zangado. O ruivo permaneceu quieto, mas seu corpo retesou. O auror tentou outra vez, agora tentando manter a calma. – Olha, eu entendo você. Hermione é uma das pessoas mais importantes da minha vida e como você está incluso nesse circulo você vai tirar esse traseiro da cadeira e vai comer alguma coisa.

Rony continuou calado.

— Eu vou falar pra sua mãe.

— Você parece uma criança – ele respondeu com um olhar indignado.

— E você tá merecendo uns tapas!

— Você que merece por gritar em um hospital!

Os dois se encaravam bravos, alheios as outras pessoas ao redor. Wendel e Mônica, até então concentrados no velho curandeiro-chefe, pararam para observar a discussão. Gina, que viera acompanhando o namorado e que estava próxima a janela, ergueu uma sobrancelha zombeteira para as duas crianças que trocavam farpas. Ela sabia que era uma briga inútil já que os dois eram teimosos demais para ceder e no fundo sabia o porque e entendia o lado do irmão. Quando alguém que se ama muito está em uma cama de hospital a vários dias sem dar o menor sinal de progresso a não ser em números podia ser excruciante. Todavia entendia também Harry. A melhor amiga desacordada a dias e o melhor amigo se acabando na espera era algo que só ela sabia o que se passava na cabeça do moreno.

O sol forte entrava pelas duas janelas do quarto particular que o próprio ministro pedira no Sr. Mungus. A medibruxa que estava a frente do caso de Hermione visitava o quarto a casa duas horas para recolher o progresso e executar alguns feitiços. De acordo com ela o corpo da auror estava sozinho e vagarosamente livrando-se da maldição, como um veneno em seu organismo, que havia explodido no momento do incidente já que ela estivera em contato com a criança também machucada. Lisa Stark, a garotinha que Hermione salvou havia acordado dois dias antes e continuava internada apenas para terem certeza de sua condição.

Gina voltou a si quando Harry caminhou em direção a saída, pisando duro.

Lançou um olhar triste para a amiga e o acompanhou.

— Rony? – Mônica estava do outro lado, puxando as mangas do cardigã até cobrir as mãos. – É hora do almoço, querido. Não quer me acompanhar?

O ruivo checou as horas em seu relógio. Na verdade, passava da hora. Sacudiu a cabeça.

— Estou bem, Sra. Granger. Vá comer algo com seu marido. Eu fico com a Hermione.

A mulher deu um suspiro sôfrego e após alguns segundo saiu, acompanhada do marido.

Era sempre assim. Nos últimos dias Rony não saia de perto da morena a não ser para ir em casa, tomar banho e comer algo. Junto com os pais dela, a não ser que outros amigos aparecessem para uma visita não gostava de deixá-la sozinha nunca. E se ela acordasse? E se visse que estava sozinha? Se entrasse em choque por, talvez, não lembrar de nada?

Suspirou, tocando a mão de Hermione. A expectativa as vezes o fazia ver coisas. Antes de Harry chegar jurava que sentiu os dedos dela mexerem, mas fora muito rápido e sentia-se um pouco lesado pela falta de sono. Sua cabeça estava criando situações inexistentes.

O sol estava no pico. O quarto bem iluminado ficava no quarto andar do St. Mungus e depois de alguns protestos dos Granger, concordaram que o melhor era manter Hermione em um hospital bruxo. Como iriam explicar as lesões mágicas para os médicos trouxas? Alias, de que adiantava trata-la com remédios intravenosos se a maldição tomava o corpo dela de uma forma diferente?

Mas isso era algo já resolvido e todo aquele assunto repetitivo fazia o auror ter sono.

Ajeitando-se no pouco espaço, repousou a cabeça na cama e fechou os olhos por alguns segundos... apenas por alguns segundos.

***

Algo pesava em sua barriga. Algo também suspirava baixinho.

Os olhos de Hermione fitaram primeiro um teto escuro e regular. Ao tentar girar a cabeça para um lado a dor começou a surgir até vibrar preguiçosamente por seu corpo. Respirou um pouco e o fogo que iluminava o local a fez vislumbrar o que fazia pressão em sua barriga.

O cabelo ruivo foi a primeira dica e ela sorriu quando o ressonado de Rony a assustou momentaneamente. A escuridão das janelas só podia significar que era noite e ela sentiu uma onda de amor ao perceber que ele havia acabado dormindo ali, ao seu lado, com a cabeça em cima de sua barriga e o braço ao redor de sua cintura. Com dificuldade, ergueu a mão e tocou nos fios vermelhos. Ele acordou depressa, assustado.

— Hermione – ele sussurrou, ficando ereto na cadeira.

— Oi.

— Hermione – ele voltou a falar.

— Pois é, bobão, esse é o meu nome – ela riu, mas teve que parar. Ele pareceu notar seu desconforto e com um aceno da varinha que ela nem tinha visto que estava por perto a porta se abriu e várias pessoas surgiram como um pelotão.

A visão triste e desesperada de seus pais fez seus olhos lacrimejar. Wendel e Mônica a abraçaram e seu pai, fazendo algumas risadas soarem, foi o que mais chorou agarrado ao seu pescoço. Uma medibruxa surgiu apareceu para examiná-la e as várias perguntas que disparava – qual seu nome? Sabe onde está? Reconhece essas pessoas? Lembra do por que de está aqui? – a obrigou seguir a etiqueta e ser diplomática. Queria se livrar dela logo.

Meia horas depois e após meia dúzia de abraços dos amigos que brotaram em seu quarto, a morena estava sentada em sua cama com apenas Harry, Gina e Rony ladeando seu leito. Seus pais haviam ido para casa arrumar uma mala para ela e voltariam apenas na manhã seguinte. Essa fora sua condição.

— Estava gostando do seu sono da beleza? – Gina reclamou. – Por que não acordou mais cedo?

Hermione revirou os olhos.

— Quer que eu volte a dormir, Ginevra? Que tal eu fazer isso em você primeiro?

— Ai. Meu. Merlim! Ela voltou – e chapou um beijo entusiasmado em Harry, que corado, puxou a namorada para fora.

Ela estava rindo quando o olhar de mais alguém queimou sobre si. Rony estava no final da cama, de pé e com as mãos dentro dos bolsos, o rosto sério, cabelo revolto e uma sombra da barba crescendo. Aquela imagem desleixada era incrivelmente sexy. Não eram pensamentos para se ter quando ainda estava dolorida, mas quando ele apertou o maxilar o bom senso deu tchau.

— Vai ficar aí até quando?

Ele não respondeu. Não da maneira como ela pensava, mas da maneira que ela queria.

Rony caminhou decidido até ela e em um fôlego só capturou sua boca. Seus lábios estavam brutos contra os seus e passado o susto Hermione entregou-se também, percebendo que compartilhava do mesmo desejo. O tremor que varreu sua espinha quando ele adentrou os dedos em sua nuca a fez gemer involuntariamente. Rony puxou seus cabelos afim de ter mais acesso a sua boca, o beijo ficando mais suave... o desejo crescente e a proximidade ainda muito pouca para o seu gosto.

Quando as mãos da morena começaram a explorar por dentro do seu suéter ele teve que contê-la. Mesmo contra sua vontade não era hora e muito menos o lugar. Hermione o olhou confusa assim que ele parou o beijo.

— Você precisa descansar.

— Não. Próximo – retrucou, puxando-o pela gola.

— Hermione, não! – ele segurou seus pulsos, fixando seus olhares. – Acredite, eu quero muito. Mas você acordou agora depois de dias. Ainda não comeu nada ou fez exames. Não sou tão babaca a ponto de me aproveitar de você.

Hermione mordeu o lábio, avaliando suas palavras. O que dizer depois de tamanha expressão preocupada? Controlando a respiração, arrastou-se para perto do ruivo e encostou sua testa na dele.

— Você é um idiota.

Rony riu levemente e com cuidado, puxou-a para mais perto pela cintura.

— Eu sei – sussurrou, roçando seus lábios.

Depois de mais algumas provocações Hermione começou a bocejar. A auror riu dela mesma. Dormir dias seguidos pareceu não fazer efeito nenhum. Rony permaneceu sentado ao seu lado na cama até que dormisse.

***

A semana seguinte chegou com a finalmente alta de Hermione. Giana, a medibruxa responsável pela ala foi direta com a morena: repouso e sem atividades em campo por tempo indeterminado. A última questão não foi muito bem aceita por Hermione, mas só de poder ir para casa a obrigou sorrir e fugir do quarto de hospital assim que seus pais foram buscá-la.

Sem poder aparatar ou usar uma chave de portal os três foram acompanhados por Harry e Gina até o carro da família Granger em uma manhã de sábado. As ruas de Londres estavam movimentadas de turistas cheios de sacolas e tralhas e o ritmo normal do cotidiano pareceu alegrar mais o dia da morena, que abraçou o casal de amigos bem apertado antes de entrar no carro. A ausência de uma certa pessoa não passou despercebida por ela mas a questão foi aos poucos sumindo de sua mente a medida que avançavam no trânsito, junto com a música baixa do rádio e a conversa animada de seus pais. Eles pareciam radiantes. Observando-os do banco de trás – sentindo-se uma adolescente outra vez – Hermione sorriu para a imagem de amor deles, a aura tranquila e paciente.

Pensar neles não ajudava porque sempre desviava para outra pessoa e por hora, só que ria chegar em casa e tomar um bom banho quente.

Mônica não a perturbou muito quando chegaram. A garota havia deixado bem claro que só permaneceria com eles uma semana até que se sentisse bem o suficiente fisicamente para voltar para seu apartamento e ao trabalho. Mesmo que o mimo fosse maravilhoso ela era independente e queria seguir com a vida.

O dia foi passando e ela começou a ficar ansiosa.

Ajudou a mãe a limpar a cozinha depois do almoço e a ansiedade deu lugar a irritação. Quando o sentimento chegou, a morena o agarrou como uma razão certeira. Que se dane não querer pensar em Rony. Que se dane sentir saudade e rezar para que ele não aparecesse em sua frente duelassem cruelmente em seu peito. Ao se sentar no sofá, sozinha e com o livro nas pernas, ficou foleando para as horas passarem depressa e isso só aguçou sua raiva. Ele sabia que estaria saindo do hospital naquele dia. Era sábado! O que ele estaria fazendo de tão importante pra não acompanhar uma amiga na alta?

Estava quase fechando uma lista de como matá-lo quando a campainha tocou, a assustando.

Os passos de sua mãe escoaram pelo corredor e ela arregalou os olhos vendo a filha correr escada a cima desesperada, mas com uma cara de finja-que-eu-não-estava-esperando-ele.

— Olá, Rony!

— Boa tarde, Sra. Granger – ele estava com as orelhas vermelhas. – Hermione está?

— Está. Decidimos que o melhor seria que ela ficasse aqui por um tempo – respondeu, fazendo sinal para que ele entrasse.

Rony caminhou até a sala.

— Foi o que eu pensei. Fui até o apartamento dela e ninguém atendeu.

— Ah, sim – Mônica parou a frente do ruivo, rindo internamente da vergonha do rapaz. – Sábado ocupado?

— Perdão?

— É que você não foi ver Hermione hoje quando ela recebeu alta... então pensei... – Mônica deixou no ar, olhando o ruivo ficar cada vez mais constrangido.

— Ah, não! Não estava ocupado – disse, ficando desesperado quando a matriarca ergueu as sobrancelhas. – Quer dizer, não ocupado ao ponto de não ir ver a Hermione, mesmo que seja o que eu acabei fazendo, m-mas é que o ministro marcou uma reunião de última hora e eu tinha alguns relatórios para terminar. Foi por isso.

A mulher assentiu, aceitando as desculpas e caminhando para as escadas. Por cima do ombro, disse:

— Vou chamar Hermione agora. Mas tenho certeza que ela já sabe que está aqui e só esteja sendo teimosa.

Deixou a risada baixa dele para trás e trombou com a carranca da filha no andar de cima. Hermione estava grudada no corrimão e a olhou feio.

— Você tinha que falar aquilo?

— Eu só queria ajudar!

— Ajudar a quem? Ele ou eu?

— Não seja chata, Hermione.

— E você não seja intrometida! – ela resmungou, dando a volta e descendo as escadas. – Com que cara eu vou falar com ele agora?

— Que falar o que, menina. Honre a mãe que te trouxe ao mundo e o beijo de uma vez.

Hermione parou no meio dos degraus e virou-se indignada.

— Mamãe!

— Como se você não quisesse – Mônica sussurrou.

A auror gaguejou uma resposta e decidiu encerrar a briga.

— Oi, você.

Rony estava de costas, olhando os porta-retratos enfileirados próximos a TV. Ele endireitou o corpo e por um segundo apenas gravou a imagem da garota em sua mente: bochechas coradas, calças jeans e blusa de mangas que iam até suas mãos pareciam a visão do paraíso. Hermione afastou a franja do rosto e franziu as sobrancelhas para ele já que ele não respondia as suas perguntas.

Pela segunda vez ele apenas avançou até ela e arrebatou em um beijo maravilhoso e sem explicação. Merlim, seus lábios tinham um gosto delicioso. Antes que se entregasse por completo ela espalmou as mãos no peito dele e o afastou, um súbito pensamento surgindo.

— Quem você pensa que é?

— O quê? – Rony ofegou.

— Aparece aqui do nada e me beija como se tivesse o direito de fazer isso quando bem quer!

— Isso é por que não fui te ver hoje mais cedo?

— Também – ela mentiu, cruzando os braços.

Rony bufou, incrédulo.

— Como eu disse a Sra. Weasley, o ministro nos reuniu para um discurso motivacional que levou muito tempo e eu tinha outras coisas inacabadas para fazer.

Hermione ergueu o queixo, afrontosa.

— Então porque o Harry não estava lá também?

— Eu sei lá! – o ruivo resmungou. – Aquele ali é um perdido na vida!

Os dois ficaram em silêncio, olhando-se por um momento. Quando a razão chegou a sua cabeça Hermione sentiu o corpo tremer de vergonha pelo belo show. Ainda assim manteve os braços cruzados e balançou o corpo suavemente.

— Que bom – murmurou. – Se era só isso, hm, você já pode ir. Já viu que estou bem.

Antes que pudesse caminhar até a porta Rony surgiu na sua frente com uma rapidez que a assustou. Segurando-a firme na parede mais próxima ele estava com o olhar no mesmo nível que a morena, um sorriso maroto brincando em seus lábios carnudos.

— Você é muito orgulhosa, sabia disso?

— Eu não sou.

— Negar só reforça – ele riu. E aquele riso foi demais para ela. Puxando-o pelo pescoço pôs fim a distância de suas bocas e grudou o corpo no dele. A reação foi imediata. Rony a segurou pela cintura com força, sugando sua língua enquanto tropeçavam pelo lugar.

Alguns passos e mordidas depois Hermione estava sentada no colo do ruivo, explorando seu pescoço enquanto ele a apertava em todos os lugares possíveis. Era uma experiencia nova para ela. É claro que tinha aproveitado as regalias do namoro falso com Peter, mas tirou as dúvidas que tinha antes: com sentimento era muito melhor e muito mais gostoso.

Em meio aos beijos e suspiro se viu rindo, sem saber por que.

Rony não teve muita escolha quando ele mesmo se contagiou da alegria dela.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso. Fanfic acabando e pela glória do (lê-se o ser Superior que você acredita) vamos concluir mais um trabalho em grande estilo.
Malfeito feito!
Nox!



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