Seguindo em Frente escrita por liamara234


Capítulo 34
O Resgate


Notas iniciais do capítulo

Gente que demora a minha não?
Desculpas nas notas finais. Boa leitura!



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Existem ocasiões na vida que são registradas na nossa cabeça sem qualquer intenção ou trabalho. Mesmo quando dizemos, nota mental, lembrar de tal coisa ou tal eventualidade, muitas das vezes aquilo vai ser a primeira coisa que sumirá sem nenhum rastro de fumaça. Contrariando nossas vontades e nos magoando por não lembrar de cada detalhe a vida vem e transformam as lembranças esquecidas em novas. Sejam elas boas ou ruins.

E aquele era um evento ruim que Rony queria esquecer logo, mesmo que estivesse provavelmente muito longe de acabar. Caminhando ao lado de vários outros aurores o silencio era quebrado vez ou outra pelo guia que tinha os olhos presos ao mapa, erguido a sua frente como uma enorme janela obscura. O pergaminho amarelado parecia brilhar à medida que mudavam de direção ou paravam na expectativa do auror em ler as coordenadas. A mata era densa e a noite havia caído quando chegaram perto do local. Os feitiços que os bloqueavam de chegar diretamente foi a primeira certeza que tiveram. Se havia feitiços, haviam bruxos. Consequentemente praticando coisas ilegais para a necessidade de proteção, ainda mais num lugar afastado e visivelmente inabitável. Era como um sabor doce de vitória.

E que Merlim os ajudasse porque o barro estava pregando peças. Alguns dos aurores escorregavam e tropeçavam nos galhos. Árvores apareciam na frente do grupo como fantasmas e as luzes das varinhas pareciam inúteis.

Rony dividia o tempo em olhar a escuridão que os cercava, atento até na direção do vento e olhar as costas da vanguarda. Após ultrapassagem uma linha de rochas altas e lisas o ruivo sentiu uma mão em seu ombro.

— Merda! – guinchou Harry, desajeitado, sacudindo a lama dos sapatos.

— Enferrujado, amigo?

— Desacostumado, eu diria - o moreno revidou, alcançando o grupo.

— Fazíamos esse tipo de coisa todos os dias desde os onze anos. Como pode esta desacostumado?

— A gente fazia porque estávamos loucos.

— Você. Hermione e eu, coitados, só não queríamos que você morresse.

Eles iniciaram uma briga infantil de tapas e só parou quando Hermione estapeou suas nucas.

— Foco!

Não foi preciso mais trabalho da parte dela. A alguns metros eles se depararam com uma ponte. Do outro lado do rochedo para onde deveriam ir uma coluna de fumaça cinza parecia gritar algo errado.

A ponte não parecia ser precária, porém eles quiseram ser cuidadosos e foram de três em três. Hermione tocou nas cordas grossas e negras com as mãos cheias de expectativa. Ao final do trajeto eles pararam de súbito, petrificados com a gargalha que ecoou na noite. Olhos arregalados olhavam uns pros outros e eles, numa concordância mútua aproximaram-se da luz que brilhava a esquerda. A visão a frente não era das melhores. O rochedo – enorme, sujo, com folhas e com uma enorme árvore no topo, inclinada para baixo arriscando cair a qualquer baque mais forte do vento, uma gaiola que covardemente abrigava várias crianças e duas bruxas que gritavam enquanto conversam aflorou uma indignação geral. Harry, com um aceno mandão da cabeça, os reuniu para o plano.

***

Lisa olhou para Becca, a garota de rosto redondo e antigamente vermelho. Ela era do seu tamanho, gostava de jogos de corrida e amava os doces que o pai cozinhava. Após está mais disposta para falar e menos dolorida em todos os lugares, as duas passavam horas sussurrando uma para a outra coisas sobre suas vidas. Lisa descobrira que Becca morava em Covent Garden, um dos bairros com mais gente festeira de Londres, como dissera. A Coffee Emporium era a loja de café e doces que os pais comandavam. A residência ficava em cima e foi com uma saudade quase palpável que ela falou sobre como os dias eram sempre alegres e com o cheiro amargo de café onde quer que fosse.

Lisa havia se decepcionado após tais fatos. Como pessoa cética e altamente ligada a primeiras impressões o seu esquema de sentimentos, expressões, vida pessoal e estudos de Becca havia sido coloca da no lixo sem piedade. Mesmo ainda sendo uma criança de onze anos ela gostava de ser sempre a primeira a saber de tudo e de preferência a verdade. Os livros que faziam a estante do escritório do seu pai balançar não a deixavam na mão quando algum adulto duvidoso fazia aquela cara de ata. Tentou esconder a decepção à medida que a outra garota falava. Becca também parecia gostar quando Lisa falava sobre sua vida e em uma concordância muda a conversa as ajudou a ignorar um pouco a situação assustadora.

Joan, um garoto de aparência zangada, lançava olhares as duas sem nunca dizer uma palavra. A garota tinha notado isso quando Becca narrava com detalhes seu último aniversário, principalmente no bolo de dois andar que o pai fizera e nos brownies com sorvete que seus amigos adoraram. Joan era uma das crianças que a haviam ajudado e diferente das outras nenhum tipo de aproximação viera do mesmo. Ele não era arrogante, Lisa tinha notado. Pessoas arrogantes não dividiam a sua comida já muito pouca para outra pessoa. Não, Joan era do tipo de pessoa sem tato mas que cuidava de quem gostava com gestos escondidos, justamente para não ser descoberto e acabar envolvido em uma troca constrangedora de obrigado e por nada. Pegou-se olhando fixamente para ele sem querer até que os olhos muito negros dele a notarem.

Se ele queria continuar sendo antissocial, tudo bem, ela não ia forçar uma amizade. Ela mesma sabia como era horrível não saber como falar com alguém que claramente não liga pra ela.

Por ora, ia continuar falando com outras crianças e pedir a Deus que alguém as resgatasse.

***

Era preciso cautela.

Trinta minutos se passaram enquanto o grupo aguardava as instruções de Harry, oficialmente o capitão da missão. Parados em grupo a alguns metros afastar-se do local teve que ser necessário para a revisão das últimas descoberta e assim evitar qualquer problema que surgisse. Porque irisa surgir – nesse ponto o moreno olhou para os amigos - e o trabalho deles era justamente que nada fora do plano acontecesse. Sem erros, sem feridos, salvar as crianças, prender as bruxas e voltar para o ministério de preferência o mais rápido possível. A teoria parecia fácil, mas eles não resmungaram nada.

Aproximava-se da meia noite – haviam demorado muito tempo caminhando até o rochedo – e a preensão só aumentava. Com todas as pesquisas e teorias desvendadas o sacrifício que deveria acontecer em poucos minutos, contemplado com a ajuda de uma lua de sangue, um fenômeno astrológico que, pela sorte deles, acontecia a cada cem anos e iria decorrer naquela noite. A única incógnita era o que aconteceria depois. Essa parte eles não conseguiram descobrir. As histórias que pescaram dos livros de Hermione e Agnes os fez ter uma noção geral de tudo: em um ritual, que era necessário o sangue de dez crianças nascidas trouxas, porém com a mais inocente magia pura correndo nas veias, mortas em uma mesa de pedra, com uma adaga de prata, faria realidade a realização de qualquer desejo. Fosse bom ou ruim, o sangue escorreria pelas fendas da pedra, lambendo o material como fogo.

O Departamento responsável dessa parte ainda estava trabalhando e como o tempo era precário eles não tinham mais respostas. Era preciso ação.

Uma gargalhada gritou para o mundo.

Harry, com a ajuda de um feitiço, moveu-se para mais perto, memorizando cada parte do local, desde a gaiola onde as crianças estavam até as duas bruxas que estavam de costas, gritando uma com a outra em uma língua que ele não entendia. A distância entre as duas coisas era um pouco maior a três metros... as chances eram poucas de fazer o que ele estava pensando. Mas era só uma possibilidade.

— E então – perguntou Neville, olhando para o moreno.

— Temos que tirar as crianças primeiro – respondeu. – Mas elas estão presas em uma gaiola e não uma comum. Não consigo lembrar desse tipo de feitiço.

— Como ela é?

Harry, que estava com o olhar fixo no chão, forçando a mente a lembrar, ergueu os olhos para Lowell.

— É azul e brilha. Não é linear, as partes parecem ser ligadas a outras – Lowell parecia também lutar para lembrar. Mais experiente, mais tempo de ministério, porém menos tempo de ação com sua área investigativa, não em campo.

— Existe um – um dos outros aurores falou. – Pode e não pode ser ele. Meu forte em Hogwarts nunca foi teórico. Immunda Timere.

Hermione ofegou.

— É extremamente perigoso – murmurou. – Se não executado bem pode ter uma reversão, ou uma explosão e no pior cenário...

— Então não. Explosão? – Rony interpôs. – Temos que ser quietos, não? Uma explosão não é bem silenciosa e quais são as chances de não ter alguém ferido? 

— A questão não é essa, Ronald, nosso trabalho é pegar as crianças de um jeito ou outro. Já estamos aqui. E somos aurores, nos machucar faz parte.

O ruivo ficou encarando Hermione, sentindo o pescoço queimar.

— Potter?

Ele ergueu os olhos para o amigo.

— Não fique tão na defensiva, Rony – virou-se para Hermione. – Você tentar quebrar o feitiço. É melhor você ter lido o bastante pra evitar qualquer sobra. Vocês já sabem o que fazer.

Os outros três funcionários que completavam o grupo assentiram e aproximaram-se de Harry, atentos a qualquer outra ordem. Harry teve que dar a volta pela trilha estreita para chegar ao outro lado, os pedaços pequenos e roliços de pedra brincando debaixo de seus pés como uma armadilha. Sem ter pontos fixos para se segurar eles deram passadas calmas, o vento batendo mais forte contra eles, as nuvens antes opacas que escondiam a lua agora afastando-se e revelando a chuva que iria cair. A noite negra pareceu os fazer demorar muito tempo para dar a volta.

— Agora – sussurrou Lowell para Hermione. A auror havia pedido para ele acompanhá-la já que era preciso ter a concordância com Harry para avançar.

Uma coruja piou ao longe. As duas bruxas ainda conversavam afastadas, ora olhando para a lua, ora tocando a mesa de pedra como mais valioso diamante. Em um reflexo bom demais adquirido em momentos de muito adrenalina Hermione conseguiu esquivar do olhar de uma delas e puxar o parceiro para o lado. Ficaram sem respirar por alguns segundos até Lowell soltar a mão da morena do seu pulso e dá um pequeno aceno. Estreitaram os olhos, a luminosidade insuficiente, reduzida a uma fogueira no centro.

Demorou, mas eles chegaram até a gaiola. Olhos assustados fitaram os dois adultos de uma única forma: medo. Hermione levou um dedo a boca, pedindo silêncio. Sufocou o choque ao ver a situação que eles se encontravam, um grupo junto e inocente, sentados em um chão que provavelmente servia de cama e banheiro. Uma sombra moveu-se subitamente e ela abaixou o corpo já encurvado, quase grudando na gaiola estranha e quente. O ar pareceu queimar em seus pulmões coma expectativa, porém nada aconteceu, apenas o barulho agourento do afiar de uma faca.

Afastou uma mecha de cabelo solto do elástico e sentiu uma gota de água cair em sua testa.

Um trovão soou ao longe. Ótimo.

As crianças do outro lado pareciam ter entendido a situação. Mantiveram-se caladas, mesmo com o olhar assustado. Hermione apontou sua varinha para a gaiola e imediatamente ela sugou o feitiço. Uma corrente elétrica vibrou em seus dedos e passado a confusão da reação imediata ela proferiu inicialmente alguns feitiços de conhecimento geral para quebrá-los. Talvez não fosse necessário usar um tão perigoso.

Mas não aconteceu como ela previa. A gaiola tremeu por completo e Lowell puxou Hermione para um ângulo da fogueira que os escondia enquanto ela ignorava a dor em sua mão.

— O que está fazendo? – ele sussurrou.

Ela não o respondeu. Com suor escorrendo pelo rosto e gotas de chuva caindo aos poucos fez sinal para que os pequenos do outro lado fossem para mais perto do rochedo. Tudo bem.

— Immunda Timere.

O silêncio quebrou. Outro trovão ribombou ao fundo e a chuva caiu sobre eles.

Hermione gritou.

Ela não queria. A corrente elétrica que sugou seu corpo fez a calmaria do lugar morrer e acompanhada de outros gritos o caos se estalou por completo.

Lowell moveu-se depressa. A bruxa da esquerda que estava com os olhos vidrados neles no segundo seguinte ergueu sua varinha, o feitiço chocando-se no dele. Foi nesse momento que Harry surgiu, o brilho de cores zarpando para qualquer direção, as duas bruxas malignas e delicadas atacando como gazelas. Elas pareciam dançar em uma graciosidade mortal.

— Irmã! – uma gritou, a gargalhada venenosa. O jato vermelho derrubou um auror do lado de Neville e ele teve que defender os dois.

A fogueira continuava a brilhar mesmo com a chuva e a escuridão das nuvens começou a ficar vermelha. Rony olhou para o céu e a mancha de sangue inundou a lua como um corte profundo na pele.

A ardência no seu braço o desligou da distração e viu-se cara a cara com uma bruxa.

Ela era alta, o corpo esguio e bela. As feições delicadas, mas com um brilho suave de maldade nos olhos quase o fez hesitar.

 Protego! – gritou, afastando-se dela. A chuva de luzes que o atacou depois o forçou a recuar mais. Um estrondo, dessa vez sem ser um trovão, pareceu estourar do outro lado. Era difícil tentar se comunicar com os outros já que algumas crianças gritavam sem parar e as malditas bruxas não cessavam as risadas.

Conseguiu deter a inimiga por alguns segundos, tempo o suficiente para ver Hermione ainda com a varinha em punho para a gaiola. A estrutura começava a rachar em vários pontos como um quebra-cabeça gigante. Notou o corpo rígido e decidido.   

***

Lisa não consegui registrar tudo o que acontecia.

Um grupo de combatentes revezava seus conhecimentos entre as duas bruxas que pareciam não fazer o mínimo esforço para a defesa. Mas nada atraia mais a atenção dos outro como a mulher estranha que tentava acabar com a gaiola. Não conseguia ver seu rosto com perfeição por causa da chuva forte, mas a postura dela parecia fazer seu coração borbulhar. Passou a mão nos olhos, afogando-se com a água e jogou o corpo pra cima. Ainda estava dolorida só que a confusão toda pareceu aquecê-la por dentro.

— Se afasta! – escutou a mulher gritar. A voz dela parecia distante. Olhou para cima, vendo os pedaços do que os mantinha presos sumirem com guinchos altos e violentos. Um brilho dourado correu na sua direção e ia bater bem nas costas da mulher quando, com um aceno da varinha, o homem que prestava ajuda a ela o deteve.

O grito que saiu da boca dela a fez dá um pulo de susto. Olhou para trás e as outras crianças estavam tão assustadas quanto ela.

— Vai pra trás! – Hermione gritou, a corrente do feitiço sacudindo seu corpo. – AGORA!

Lisa nunca gostou de ser mandada. Mesmo que fossem seus pais ou professores, chegar a um ponto de comportamento que era necessário uma chamada de atenção era insuportável para ela.

Cheia de todo aquele medo, raiva e insegurança o grito que soltou misturou com o de Hermione. A onda de poder que exalou quebrou a gaiola como biscoitos frágeis.

O ar parou.

Lisa sentiu o corpo ser jogado para trás e Hermione foi amparada por Harry, jogada a dois metros.

— NÃO! – a bruxa gritou e o gesto violento da mão fez o pescoço do auror com quem duelava produzir um som alto.

Tudo aconteceu em um átimo. Finalmente libertos da zona que estavam a semanas as crianças correram juntas para o outro lado. Becca tentou, mas várias mãos a puxaram de toda parte a forçando andar e ficar longe de Lisa, ainda desmaiada no chão.

Uma das bruxas deslizou para cima da menina, a saia negra desenhando o chão ao redor de Lisa. Pega pelos cabelos com violência a garota acordou e piscou assustada. O cheiro podre estava mais perto, assim como no dia que fora torturada. O sangue latejou atrás de seus orelha e ela se viu sendo arrastada rapidamente.

— JÁ CHEGA! – a bruxa gritou, olhando para a irmã que estava ao seu lado no mesmo instante. A chuva não ajudava muito, mas Lisa podia ver o assombro nos olhos de toda a plateia. Algo frio encostou em sua garganta.

— Olha só, irmã. Nosso plano foi descoberto.

— Até que durou o suficiente, não acha irmã?

Elas conversavam descaradamente. Lisa engoliu em seco, a cabeça erguida para o céu, os olhos fechados.

— Vamos acabar com isso – alguém falou. – Foram descobertas e as crianças estão com a gente. Entreguem-se.

— Não, não, não, rapazinho – ela riu. – Nem todas.

— E vai dar certo só com uma? Hein? A porção nunca funciona se faltar um ingrediente.

— Não quer dizer que vamos tentar.

O baque foi tão forte que ela ficou sem ar. A bruxa segurou Lisa deitada na mesa de pedra, a faca deslizando cheia de ameaça em seu pescoço.

Antes de tudo ficar escuro ela lembrava apenas de três coisas. Primeira. A lua ficou mais brilhante na cor de sangue. Segunda. Seu peito ardeu como fogo. E terceira. O grito daquela mesma mulher.


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Notas finais do capítulo

Oi meus amores!
Aqui quem escreve é a Lia, autora maluca que abandonou a fanfic por razões de: meu notebook quebrou a mais de um ano e agora ele voltou e está novinho em folha! ~batendo palmas feliz, MUITO FELIZ!~
Vocês não estão comentando mais e não saber como estou indo me deixa realmente triste porque na minha caixinha eu vejo todas as visualizações de vocês. Mas tudo bem, vou continuar assim mesmo porque eu amo muito escrever e saber que outras pessoas leem me anima muito.
Beijos e cuidem-se!
Malfeito feito.
Nox!



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