Você é uma vergonha, Rose Weasley ! escrita por pureblackgalaxy


Capítulo 4
Capítulo 3 - Fundo do poço


Notas iniciais do capítulo

11 pessoas acompanhando a fic *--*
Muito obrigada gente, tudo isso está me deixando feliz demais ♥
Esse capítulo é um pouco mais pesado



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/714336/chapter/4

Fiquei o resto do dia trancada em meu quarto, descendo apenas na hora do jantar. No dia seguinte, assim como prometido, minha mãe me acordou cedo, para irmos na Dra Carrow, onde eu já previa mais uma série de “ humilhações veladas”, como sempre acontecia quando ia pra lá, e por isso eu sempre enrolava minha mãe, entretanto , eu estava fazendo isso a mais de quatro anos, e acho que agora não terá mais jeito.

 Suspirei fundo, levantei da minha cama e fui praticamente me arrastando até o banheiro, onde fiz minha higiene matinal e coloquei uma calça jeans, uma camiseta branca, juntamente com uma blusa de moletom. Penteei cuidadosamente meus cabelos ruivos, dando uma leve amassada nas pontas, para os cachos se formarem e coloquei meu tênis, enquanto me olhava no espelho. Não podia dizer que eu gostava do que via, muito pelo contrário, por mim, eu destruiria todos os espelhos da casa, mas para o momento, dava para o gasto. Desci lentamente as escadas e fui em direção a cozinha, onde meu pai terminava de fazer seu café da manhã, enquanto minha mãe falava apressadamente com alguém por meio de um patrono.  Hugo provavelmente ainda estava dormindo.

— Bom dia, vai querer panquecas ? – Meu pai perguntou, sem tirar os olhos da frigideira.

— Bom dia, vou querer sim – Eu respondi, enquanto me sentava em uma das cadeiras da cozinha que tinha um estofado laranja. Ficamos em silêncio até que, depois de alguns minutos, minha mãe enfim apareceu na cozinha.

— Coma rápido, porque tenho uma reunião das 10 horas no Ministério, não posso me atrasar – Ela disse e eu concordei. Meu pai lançou um olhar frustrado para minha mãe, e colocou o prato com as panquecas em cima da mesa. O casamento de meus pais estava péssimo, e só piorava mais a cada dia, eu não sabia porque eles estavam  juntos ainda.

Engoli as panquecas praticamente sem mastigar e corri para o banheiro, escovei os dentes, peguei um livro da Agatha Christie para ler e voltei correndo para a sala, onde minha mãe já me esperava impaciente. Nos despedimos de meu pai com um aceno rápido, saímos de casa e, como morávamos em Godrics Hollow, não tinha problema em aparatarmos no meio da rua.

Chegamos em uma rua deserta, que era logo atrás da clínica em que a Dra Carrow tinha o seu consultório. Apertamos a campainha e logo a secretária abriu a porta, nos dando passagem para entrarmos na enorme e lotada sala de espera. Quando entramos, as pessoas me lançavam olhares, que se dividiam em nojo e pena, e eu aprendi que, se quisesse conservar os mínimos resquícios da minha saúde mental, eu deveria ignorar. Nos sentamos na sala de espera e eu abri meu livro. Agatha Christie era uma das minhas escritoras trouxas preferidas , e eu sempre ficava tão entretida com as histórias dela que mal percebia o tempo passar, me esquecendo por alguns minutos que estava prestes a levar um esporro imenso.

— Rose Weasley – Ouvimos a voz da Dra Carrow anunciar e eu quase saltei da cadeira, engolindo em seco. Elizabeth Carrow era uma mulher baixa, media cerca de um metro e meio de altura, magra, franzina e de meia idade, com os cabelos cor de palha. Ela tinha um ar autoritário, e certamente não era uma das melhores pessoas para de discutir.

 Minha mãe se levantou, caminhando elegantemente e a passos largos em direção ao consultório , e eu fui logo atrás dela, tentando ao máximo esconder meu nervosismo. – Bom dia, podem entrar  - Ela pediu e nós obedecemos, fechando a porta logo em seguida. – Muito bem , como estamos Rose ? – Ela me perguntou, enquanto puxava minha ficha no computador.

— Ahn..tudo bem – Eu disse nervosa, brincando com o cordão do meu casaco.

— Acho que ela engordou ainda mais , Doutora Carrow – Minha mãe disse, olhando a médica atentamente – Ela voltou ontem do colégio, para as férias – É claro que a Dra Carrow não fazia a menor ideia de que Hogwarts ou o mundo bruxo existia, mas para justificar a minha ausência durante o ano, nós dizíamos para ela que eu estudava em um colégio interno, e só voltava para a casa durante as férias de verão e feriados. Diante do relato da minha mãe, a Dra Carrow me olhou atentamente

— Tire o tênis e o moletom Rose, quero ver o quanto você está pesando – Ela  disse e eu senti meu corpo gelar. Eu nem lembrava mais quanto tempo fazia da minha última pesagem , mas eu lembrava bem o quão mal e fracassada eu me senti quando vi o marcador digital marcar 100 quilos. Engoli o bolo que se formava em minha garganta enquanto retirava o meu tênis e a blusa de moletom, ficando apenas com a camiseta branca que usava para baixo. Me levantei da cadeira e fui até a balança, onde a Dra Carrow apertava alguns botões ( segundo ela, para que desconsiderasse o peso da calça jeans e da camiseta na pesagem geral) e eu subi, fechando meus olhos.

O silêncio era total e, vendo que ninguém falava nada, eu resolvi que era melhor olhar e encarar o problema a minha frente mas me arrependi no mesmo momento, quando vi que o peso que a balança indicava : 150 kg. Não aguentei e comecei a chorar copiosamente, querendo mais do que tudo enfiar minha cabeça em um buraco e nunca mais tirar ela de lá.

— Rose, você engordou 50 kg nos últimos quatro anos, que foi a última vez que você estava aqui – Ela disse, olhando os registros. Ela pegou a calculadora e fez uma conta – Seu Indice de Massa Corporal está 49, e acima de 40 já é considerado obesidade mórbida – Ela disse séria, lançando um olhar de reprovação, tanto para mim, como para minha mãe. Eu estava com muita vergonha, e não conseguia encara-la.  – Vou pedir que você faça alguns exames o mais rápido possível , mas você precisa urgentemente perder peso ! Você só tem quinze anos, é muito nova para estar nesse estado, e se continuar assim, dificilmente vai chegar aos quarenta ! – Ela disse, enquanto preenchia uma requisição de exames, em caráter de urgência. Olhei de relance para minha mãe, e ela estava com uma expressão de pura raiva, que com certeza seria descontada em mim quando estivéssemos sozinhas.

Sai quase correndo do consultório da Dra Carrow, e tínhamos um retorno marcado para daqui três dias, que seria quinta feira. Quando chegamos na mesma rua isolada em que tínhamos aparatado, minha mãe virou-se e acertou um tapa em meu rosto. Senti minha bochecha arder, enquanto mais lágrimas escorriam de meus olhos, já vermelhos

— Você so me faz passar vergonha, Rose ! Como você se permitiu chegar a esse ponto ? Isso é inadmissível , você me da vergonha, você não é minha filha ! – Eu estava em choque, e senti quando ela apertou meu pulso com força , seguido do desconfortável e conhecido puxão no umbigo, só soltando quando estávamos na frente de casa. Ela destrancou a porta e me empurrou para dentro de casa. Meu pai já tinha saído para o trabalho, e não tinha nenhum sinal de que meu irmão havia acordado.  - Eu vou marcar esse exame mais tarde, para amanhã . Me faça o favor de ficar as 12 horas em jejum ! – Ela gritou e bateu a porta com força, batendo-a com força em seguida.

Senti como se minhas pernas fossem gelatinas e tivessem se derretido, cedendo ao meu peso. Não me dei ao trabalho de controlar as lágrimas que caiam em cascata de meus olhos, não tinha um porque. Eu sabia, no fundo, que minha mãe estava certa: eu era certamente a filha errada de Hermione Granger e Ron Weasley, dois dos heróis do mundo bruxo, eu não honrava esse fato.  Eu era uma estranha no ninho dos leões, uma intrusa, o fracasso e a eterna macha no nome Weasley.

Como podia, a filha de Hermione Granger, a senhorita perfeita, sabe tudo, ser uma obesa mórbida, sem um pingo de inteligência, carisma ou popularidade...se eu não vivesse até os quarenta anos, certamente seria um favor que eu faria, não só para minha mãe, mas para toda a minha família. Me levantei com dificuldade do chão, sentindo uma dor imensa em minhas costas e joelho, e fui aos tropeços em direção ao meu quarto.

Eu só queria me esquecer, de tudo e de todos , da minha vida, da humilhação e de toda a dor que eu sentia no momento. Fui até meu banheiro e peguei a gilete, passando-a por meu pulso e braço, reabrindo um dos vários cortes que eu já tinha feito lá. Mordi meus lábios e fiz uma careta de dor, agora a dor física se juntava com a emocional, e eu sentia as lágrimas escorrerem cada vez mais por meu rosto.

Sai do banheiro e me deitei na minha cama. O sangue escorria do meu braço e manchava toda a colcha da cama, mas eu não me importava. Aliás, nada mais me importava, pois eu sabia que tinha chegado no fundo do poço, e eu não tinha forças ou alguém que me ajudasse a sair de lá.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Você é uma vergonha, Rose Weasley !" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.