O Destino do Amor escrita por Lilissantana1


Capítulo 21
Capítulo 21 - Volta ao lar


Notas iniciais do capítulo

Estou tão tão tão feliz! Vocês não imaginam o quanto. Recebi uma lindíssima recomendação da leitora Myrelle. Muito obrigada, amei o que você escreveu. É bom demais quando percebemos que vocês gostam do que escrevemos. BJ



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Mais alguns dias de muita conversa amena sobre assuntos variados. De visitas e trabalhos na estufa. De brincadeiras com os filhotes de  Bloodhound se seguiram. Dias em que nomes como: Peter, Daisy ou George não foram mencionados. Entretanto, Jon acreditava que Annie não esquecera o assunto. Assim como não esquecera tudo o que falara desde que se conheceram. E uma hora ou outra eles voltariam a falar sobre aquilo. Pacientemente decidiu que esperaria essa hora chegar para ver o que faria. Sua vida estava tranquila e boa demais para adiantar situações que nem sabia se ocorreriam.

Annie mudara de comportamento com ele. Nunca recusava seus carinhos, seus beijos, sua atenção. E mesmo quando, por qualquer motivo, a percebia pensativa ou desatenta as atitudes dela demonstravam que não se relacionava com ele. Nessas horas a única coisa que lhe incomodava era a possibilidade da esposa estar pensando em outra pessoa. Mas, ele decidira ser paciente, e esperar. Não havia mais nada que pudesse fazer, além do que já estava fazendo.    

A noite, eles adormeciam juntos, na cama de Jon, abraçados. Geralmente Annie se aninhava contra o peito do marido, permitindo que ele passasse os braços por seu corpo, e que suas pernas se enroscassem.  E quando acordava se deparava com o rosto dele, com as mãos dele, com a respiração dele, com o aroma dele junto de si. Era quase como um ritual matinal, observar Jon dormir.

Peter não voltou a aparecer em seus sonhos. Nem Jon voltou a falar que a amava. E algumas coisas ela decidira deixar para lá. Preferia não pensar e apenas aproveitar a paz e a tranquilidade que eles dividiam ali.   

Então, o clima ajudou. Apesar de mais fresco com a chegada do outono, se tornou mais firme. E o piquenique almejado por Jon finalmente pode se concretizar. 

No último passeio pela região, Annie decidiu o local em que eles poderiam estender uma toalha, e ficar sem serem importunados. Jon organizou tudo com Bridgite e depois dispensou a garota bem como Andrew, considerando que aquele momento dispensava plateia.  Hawkins, pretendia dividir aquele momento apenas com a esposa e ninguém mais.

Annie não se ressentiu de não ter pessoas a lhe servir, estava se habituando às manias do marido. Ele gostava de fazer muitas coisas por si mesmo. Ele gostava de privacidade. Ele gostava de tranquilidade. E, em várias ocasiões ela pode comprovar que isso era algo que fazia parte da personalidade dele.

Naquele momento, depois de passearem, conversarem e comerem, estavam relaxados. Jon apoiara a cabeça sobre as pernas dela e dormia serenamente com as mãos cruzadas no peito.

Distraída, Annie enrolava os dedos pelos cachos castanhos e observava o cadenciado ressonar do marido. Eles voltariam para casa no dia seguinte. Mas, ela não queria voltar. Sentia um medo infundado do retorno. Era como se o simples estar novamente na casa deles pudesse colocar um ponto final naquele clima quase mágico de paz e harmonia que se instalara entre os dois.

Jon moveu a cabeça para o lado e roncou de leve, provocando um riso de surpresa na esposa. Era a primeira vez que o ouvia roncar. Passou a mãos dos cabelos para a gola da camisa branca, aberta sentindo a pele firme e muito pálida sob seu toque.

Estavam tão bem ali! Fechou os olhos sentindo o aroma do campo. Assim, nesse ponto, chegava a compreender o motivo de Jon ter lhe dito que aquela era sua casa favorita. Annie acreditava que não importaria quantas casas do Ducado tivesse a oportunidade de visitar. Aquela também seria sua favorita.

Uma brisa suave e mais fresca trouxe sobre eles algumas folhas que despencavam das árvores. Acordando Jon. Ele abriu os olhos e a observou ainda sonolento, moveu a mão passando pelo pescoço dela, trazendo-a para perto, para um beijo.

Annie sorriu afagando o queijo barbudo, permitindo que o marido a afagasse sob o vestido. Tudo, absolutamente tudo o que ele fazia lhe parecia natural. E ela já não se imaginava vivendo da mesma forma, com a mesma intimidade com quem quer que fosse. Nem mesmo Peter.  

***************

Depois de longas e tristes despedidas, eles retornaram para casa. O clima da viagem não foi o mesmo. Havia uma tranquilidade que pairava entre eles, e que transparecia até no modo como se olhavam.

Mas, em casa, muitas novidades os esperavam.

Assuntos que exigiam a pronta atenção de Jon. Reuniões com o pai dele. Com o advogado dele. Com o gerente do banco dele. E Annie, logo no segundo dia, foi deixada sozinha por quase dez horas.

Quando finalmente retornou para casa. Jon parecia exausto, mas fez questão de sentar com Annie para um jantar tranquilo e depois, dormir ao lado dela, na cama dela como faziam no campo.

Só que as novidades e pendências não paravam por ai.

Havia cartas, cartões de apresentação, convites empilhados numa bandeja que Hilda entregou ao casal no terceiro dia pós retorno. Eram jantares, bailes, reuniões, encontros, saraus. Atividades sociais que deveriam ser cumpridas agora que eles representavam o mais novo, e mais importante casal da região. As pessoas contavam com a presença do filho do Duque e sua esposa nos eventos que promoviam. Só que, o mais importante de todos, seria aquele que o próprio Duque de Hawkins ofereceria para a nora. No final daquela semana.

Quando Jon leu o convite do pai, e o mostrou a Annie ela percebeu imediatamente o desconforto do marido.

— Como ele sabia que estaríamos aqui? – Annie perguntou curiosa.

— Ele me perguntou quando pretendia voltar do campo. E eu falei.

Annie olhou novamente o papel imponente que tinha entre as mãos. Seu sogro. Ela não o conhecia direito, mas por diversos motivos não gostava muito do homem.

Jon então soltou um som abafado de pura irritação. Ela o observou, o marido lia um cartão. O motivo do incômodo estava ali, naquele papel amarelo. A família Besant os convidava para o noivado da filha.

— Sua amiga vai noivar. – Jon falou batendo com o convite contra o apoio do sofá.  - A festa de noivado será íntima, mas considera nossa presença indispensável.

— Quando? – Annie perguntou sorrindo.

— No dia seguinte ao jantar de papai. - Jon explicou passando o papel escrito em letras desenhadas para a esposa. – Final de semana perfeito! – reclamou apertando os lábios.

Annie leu rapidamente o convite. Então finalmente Daisy se casaria. Ela havia falado algo a respeito. Sobre o pretendente que seu pai escolhera. E que ela aprovara.

Jon suspirou abrindo outro envelope.

— O que há nesse? – Annie perguntou largando o convite dos Besant sobre a mesinha ao lado.

—Um sarau. – ele abriu outro – E neste, um jantar. - outro – Jantar novamente. – outro – Casamento.

A cada novo envelope aberto, o vinco entre os olhos do marido parecia se ampliar mais. E ela tinha vontade de rir da expressão incomodada dele.

— Estamos repletos de atividades sociais até o natal. – ela o ouviu reclamar alto e finalmente não controlou mais a risada. Jon a olhou com os olhos e a boca ainda apertados.

— Está rindo de que?

— De você! – ela falou sincera.

— Por quê? – o tom masculino já mudara, os lábios já mostravam um leve sorriso, os olhos se abriram.

— Eu sabia que você não gostava de atividades sociais, mas não imaginava que as detestava.

— Imensamente! – ele concordou largando o restante dos envelopes no chão antes de perguntar: - Annie... podemos, por favor, voltar para a nossa casa agora?

Annie gostaria de dizer que sim. Mas, sabia que Jon precisava cumprir esses compromissos. Talvez não todos... mas alguns.

— Não precisamos ir a tudo não é?

Ele suspirou batendo com as mãos contra o estofado.

— Se formos a um e não formos a outro, será um falatório sem fim... – olhou para o rosto dela. – Você se incomodaria muito se falassem de nós? – para ele não fazia qualquer diferença, estava habituado a ser alvo de fofoca alheia. Mas sabia que esse não era o caso de sua esposa.

— Como assim?

— Ah! Dirão que somos antissociais, que somos esnobes... você sabe, essas coisas que as velhas fofoqueiras adoram falar sobre as outras pessoas.

Annie riu com vontade surpreendendo-o e Jon continuou:

 - Vão dizer ainda que estou proibindo você de sair de casa, especialmente depois desses dias fora, quando não viajamos para nenhum desses lugares onde os recém casados costumam ir.

— Você não se incomoda que falem... – Annie começou.

— Não me incomodo que falem de mim. – ele esclareceu.

— E eu não me incomodo que falem de mim. – ela sentenciou provocando o riso do marido.

Ele saltou da cadeira ficando de joelhos diante dela. Annie o enlaçou pelo pescoço sentindo o coração bater mais forte. Afagando as costas dele com as mãos. Jon a beijou suavemente.

— Jon... – ela disse baixinho

— O que foi?

— Minhas regras... – ela parou de falar para receber outro beijo - não vieram.

Ele se afastou surpreso.

— Isso quer dizer que você já...

— Pode não querer dizer nada. – ela disse sorrindo do jeito dele. – Melhor esperarmos mais alguns dias.

Ela descobrira naquela manhã que deixara sua caixinha para aqueles dias especiais do mês em casa, e esse dia já chegara e se fora, e ela não precisara da caixa. Decidira então que nada diria, mas, aquela nova possibilidade estava lutando dentro dela para sair.

— Melhor procurarmos o médico de papai. – ele disse ficando em pé, imediatamente lembrando que no momento em que entrassem no consultório o falatório seria geral. E logo seu pai estaria batendo na porta para saber do neto.

— Jon... – ela chamou sem se erguer apertando a mão dele que estava entre as suas e pedindo: – Vamos esperar mais um ou dois dias?

Ela não queria criar falas expectativas.

— Mais um ou dois dias somente?

— Isso.  

Ele concordou com a cabeça, voltando a se ajoelhar. E só então percebendo que o trato deles estava prestes a se concretizar. Havia agora pouco tempo para chegar ao coração da esposa.

*****************

Dois ou três dias depois, Annie percebeu que um leve sangramento surgiu em sua roupa íntima e logo contou a Jon. Diante da notícia, ele não soube se se sentiu triste ou aliviado. Uma gravidez, justo naquele momento, reduziria drasticamente o período disponível para atingir seu principal alvo. O coração de Annie. Entretanto, ele desejava um filho e essa foi a parte decepcionante da noticia.

No final de semana, o jantar na casa do Duque de Hawkins aconteceu como o planejado. Jon vestiu-se a caráter. Com todas as peças de roupa necessárias para comparecer a um evento na residência paterna.

Assim que o viu arrumado Annie logo lembrou das outras duas datas em que o vira assim, tão aprumado. Seu noivado e depois o casamento. Em nenhuma dessas ocasiões ela estava feliz. Porém, naquele dia, apesar da decepção causada pelo sangramento, ela estava contente.

Porém, o contentamento logo se transformou em irritação. Na casa do sogro, havia quatro casais, além dela e de Jon, do próprio Duque e da irmã solteira dele. O homem imponente e arrogante, ela logo descobriu, era intragável. Insuportável. Autoritário e presunçoso. Para Jon deveria ter sido torturante viver naquela casa com aquele senhor como pai.

Jon estava sentado do outro lado, conversando com um homem de cabelos brancos e de barriga proeminente. Pareciam atentos a um assunto qualquer.

— Como meu sobrinho está se saindo na vida de casado? – a irmã do sogro lhe perguntou com voz serena.

— Nós nos damos bem. – Annie respondeu sinceramente.

O sorriso desconfiado mostrava que a mulher não confiava no que era dito. Annie decidiu ser mais precisa.

— No começo, tivemos alguns problemas. Mas agora, está tudo bem.

— Meu irmão está contando que você lhe dará um neto em breve. – a frase e olhar indicavam uma nítida cobrança.

Annie imediatamente lembrou do incidente com o sangramento.

— Jon e eu queremos muito um filho. – não era mentira.

A mulher suspirou se acomodando na cadeira.

— Jon é inconsequente, irresponsável... temíamos que ele acabasse morto antes de dar um neto e herdeiro a Hawkins.

Annie se incomodou pelo modo como a tia se referia ao sobrinho.

— Por que seu irmão não teve outros filhos?

Desse modo, a obrigação não recairia somente nos ombros de Jon.

A outra torceu o nariz antes de explicar:

— Ah minha cara! Minha cunhada não era o que se pode chamar de uma mulher fértil... além disso, ela detestava crianças. A gravidez de Jon foi um dos piores momentos na vida de meu irmão. Ela já havia perdido outros dois quando finalmente o herdeiro nasceu. E depois disso, se recusou a ficar grávida novamente.

Os olhos de Annie correram para o marido, ele ainda conversava com o mesmo homem. Que tipo de vida Jon deve ter tido com aquela família louca. De gente infeliz e... ela analisou a mulher diante dela. Arrogante e totalmente desinteressada pelos sentimentos dos outros.

Mas ainda havia mais:

— Espero que você seja rápida e dê logo a Hawkins o herdeiro de que precisamos para que a linhagem e o título permaneça intacto.

Enquanto ouvia os absurdos que a outra despejava, Annie pensou em meia dúzia de coisas que poderia lhe falar, mas acabou não dizendo nada. Se a outra soubesse da possibilidade ventilada nos últimos dias, já estaria sendo cobrada por ter perdido um herdeiro dos Hawkins. E enquanto observava Jon conversar desejava estar em outro lugar, muito longe dali, onde eles pudessem sentar numa sala pequena e apenas jantar juntos, conversando amenidades sobre rosas.    

Rapidamente ela fechou os olhos lembrando que ainda faltava uma atividade social complicada. O noivado de Daisy que se daria na noite seguinte. Silenciosamente Annie pediu aos céus paciência para si e para Jon, pelo que os esperava.

Os dias de paz, harmonia se foram. Definitivamente, agora viriam as provas.


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Notas finais do capítulo

A vida não é feita apenas de alegrias. Há momentos difíceis que precisam ser superados. Eles acabam de começar. E vão colocar a prova sentimentos que ainda nem existem direito. BJ e obrigada por acompanharem e por comentarem, até o próximo



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