De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 44
Não me esqueça


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo do ano!!!

Glossário:

Hafu: é a pronuncia em japonês para "half" ("meio" em inglês) se refere a pessoas que são etnicamente metade japonesas, e agora é mais usada para pessoas multiétnicas em geral no Japão.



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Rin agiu forte e confiante diante de Sesshoumaru-sama, porque sabia que seu papai a resgataria o mais rápido possível e queria que ele soubesse que ela confiava nele, mas tão logo ela se viu fora das vistas dele, não pôde mais se conter, e começou a chorar incontrolavelmente, o casal com ela no carro tentou falar-lhe gentilmente e acalmá-la, mas Rin não queria ouvi-los, eles eram pessoas más que a tinha tirado de Sesshoumaru-Sama quando todos estavam felizes e comendo juntos!

A ela pareceu-lhe que passou uma eternidade chorando.

—P-por que eu preciso ir? — soluçou. — O-onde estamos indo?

A mulher de vestido marrom lhe entregou uma garrafinha de água.

—Pronto… pronto. — murmurou passando a mão em sua cabeça. — Rin-chan, como você deve saber seu avô e sua avó estão disputando com o senhor Taisho pela sua guarda… — ela fez uma pausa — A sua guarda é…

—Sesshoumaru-Sama quer me adotar e ser meu papai, mas vovô e vovó são contra e querem que eu volte a morar com eles. — completou amuada, girando a garrafa d’água entre as mãos.

—Sim, isso mesmo. — ela concordou. — E ambos os lados fizeram acusações muito sérias, digo… seus avós falaram algumas coisas ruins sobre o senhor Taisho…

—Sesshoumaru-Sama não é um homem ruim! — Rin o defendeu imediatamente.

Quer dizer, ele podia ser até bem cruel às vezes, mas mesmo assim…

—E o senhor Taisho também disse algumas coisas sobre seus avós… — continuou a mulher. — Então a juíza que está cuidando do caso ficou preocupada com tudo o que leu e decidiu que até tudo ser resolvido, você deveria aguardar em um lugar seguro…

—A casa de Sesshoumaru-Sama é segura! — Rin se exaltou, e a água espirrou de sua garrafinha. — Desculpe, eu…

Ela parou, fazendo uma careta involuntária, por que ela deveria desculpar-se com aquelas pessoas ruins que a tiraram de Sesshoumaru-Sama?

Eles disseram que queriam ter certeza de que ela estaria aguardando em um lugar seguro até que tudo estivesse resolvido, mas isso estava errado, Rin não se sentia segura ali em absoluto! Era um lugar estranho, com pessoas desconhecidas: um casal que não pareciam velhos o suficiente para serem avós, mas… bem, pensando direito, Rin imaginava que essa era a idade que os pais geralmente tinham, afinal não era comum terem bebês quando ainda estavam terminando a escola, assim como Mariko… e outras três crianças além dela, duas meninas e um menino, mas todas mais velhas, as garotas talvez tivessem a mesma idade de seu tio Inuyasha, e o garoto já estava no ginásio.

—Ah, é só uma pirralha. — o garoto disse-lhe grosseiramente assim que a viu — Eu tinha esperança de que pudéssemos receber mais um garoto e assim ficarmos empatados aqui.

Se Rin não estivesse tão triste e assustada, teria se sentido tentada a lhe mostrar a língua, as garotas foram um pouco mais educadas, mas os adultos eram assustadores!

Porque eles eram estranhamente gentis!

Assim que Rin chegou àquele lugar eles carregaram suas coisas, mostraram-lhe o pequeno quarto que ela compartilharia com as outras meninas da casa, onde poderia guardar suas coisas e onde estava o futon, também lhe perguntaram se estava com fome, se queria tomar um banho…

—Mas não é melhor que sejam legais com vocês? — Shiori perguntou-lhe no dia seguinte na escola — Qual o problema…?

—É assustador! — Rin retrucou — Que dizer… eu nem os conheço, por que estão sendo assim tão… legais?

Pois por sua experiência, adultos em geral não costumavam ser tão bons assim com crianças que não fossem seus parentes ou responsabilidade, Rin ainda se lembrava de como os adultos falavam sobre ela e Mariko, ou então simplesmente as ignoravam.

Suas amigas tinham que concordar, afinal sendo Shiori uma hafu e Soten uma criança sem pais e criada pelo irmão mais velho, elas não tinham experiências muito diferentes.

—Tá certo… alguns adultos são bem ruins. — Soten concordou — Mas… imagino que alguns sejam bons.

—Ele nem queria que eu viesse à escola hoje. — Rin afirmou com uma careta, vinha fazendo muitas caretas desde a noite anterior, mas não se importava, porque isso era melhor do que não conseguir parar de chorar. — Disseram que o dia ontem foi muito difícil para mim e que se eu estivesse cansada, tudo bem.

Mas isso não era o mais preocupante: segundo a mulher, Shouko-san, a escola de Rin era muito cara para a que a pensão do governo cobrisse completamente, mas seria problemático transferi-la assim tão no final do ano letivo, então poderiam esperar até que pelo menos ela concluísse aquele ano.

O que agora a fazia pensar…

—Soten, como seu irmão paga as mensalidades?

—Ele não paga, eu tenho bolsa de estudos. — a amiga respondeu sorrindo toda orgulhosa.

—Vai ser muito triste sem Rin aqui na primavera. — Shiori se lamentou suspirado.

—Isso não vai acontecer! — Rin protestou. — Antes do final do ano letivo, Sesshoumaru-Sama terá me resgatado e então não haverá mais necessidade alguma de que eu seja transferida!

E ele iria resgatá-la, é claro, porque se o juiz não pudesse ver que o melhor era que Rin ficasse com Sesshoumaru-Sama, então ele devia mudar de emprego!

—Ah, isso é um alívio. — Shiori opinou com sinceridade.

—Mas afinal, Rin, que tipo de lugar é esse onde você está morando agora? — Soten quis saber.

—É um “lar provisório temporário”. — Rin recitou — “Um lugar que fica entre o lugar de onde você saiu e o lugar aonde você quer chegar”.

Ou, pelo menos, foi essa a forma como lhe explicaram, mas isso parecia errado também, pois Rin já estava onde queria estar antes de ser levada para aquela casa, então e se isso significasse que eles não pretendiam deixá-la voltar para casa de jeito nenhum…?

Mas, não importava como, ela voltaria para casa de Sesshoumaru-Sama o quanto antes!

Rin não conseguia parar de pensar nisso enquanto se dirigia à estação de metrô, essa, aliais, era a única coisa legal, não, não legal, talvez… empolgante? Mesmo que só um pouquinho, mas pela primeira vez em sua vida Rin estava indo e voltando da escola completamente sozinha!

Na verdade Shouko-san havia ficado bem alarmada quando ouviu que Rin nunca havia ido ou voltado sozinha da escola e começou a lhe dar repetidas explicações sobre como pegar o metrô, em qual estação descer e qual caminho pegar, tudo com a ajuda visual do Google maps, para ter certeza de que ela não se perderia, sempre incluindo entre uma explicação e outra algum comentário de “tem certeza que quer realmente ir à escola hoje?”, e ela já parecia bem nervosa antes por estar deixando-a andar de metrô sozinha, mesmo quando Rin argumentou já ter quase dez anos e lhe mostrou o apito e o spray de gengibre que Sesshoumaru-sama lhe dera há algum tempo e que essa não fosse a primeira vez que ela estava andando sozinha na cidade, ela havia encontrado o endereço de seu pai sozinha afinal — embora não tenha realmente dito essa última parte.

Mas por fim Rin estava realmente voltando sozinha da escola…!

—Rin. — Ela congelou ao ouvir o súbito chamado, como se não pudesse acreditar no que seus próprios sentidos lhe diziam — Rin, eu estou aqui. — quando se virou, seus olhos encheram-se de lágrimas, sim, sim, ele realmente estava lá! O rosto iluminou-se com um sorriso quando ele estendeu-lhe uma mão — Venha cá.

E sem se conter Rin correu direto para seus braços.

—Sesshoumaru-Sama! — gritou, abraçando-o como se não o visse há vários meses, ao invés de apenas algumas poucas horas — Papai!

E suspirou reconfortada enquanto o sentia acariciar seus cabelos.

—Como você está? — ele quis saber — Teve pesadelos?

—Não! Nenhum pesadelo! — respondeu rapidamente.

Mesmo porque nem sequer havia conseguido dormir…

Sesshoumaru-Sama ergueu-lhe o rosto pelo queixo e o virou delicadamente de um lado para o outro, avaliando-a, e soltando-a um momento mais tarde.

—Acabo de voltar do escritório do advogado, parece que, por lei, eu não poderia vir ter ver, talvez eles pensem que eu pretendo sequestrá-la, embora seus avós estejam sob as mesmas restrições. — disse-lhe.

—Sesshoumaru-Sama! — Rin arregalou os olhos.

Afinal como ela poderia voltar a morar com ele se ele fosse preso?!

—Mas você só precisa aguentar mais um pouco. — ele continuou, calmamente — A audiência foi marcada para daqui a vinte dias.

—Então… — Rin hesitou, não queria parecer uma criancinha diante do pai, queria que ele soubesse que ela confiava nele, mas ora, ela era uma criança! — Então terei que esperar tanto ainda para voltar para casa?

Sesshoumaru-Sama olhou para o outro lado da rua, e Rin assustou-se, era a polícia? Eles o levariam? Por reflexo ela agarrou com ambas as mãos a mão dele, mas o que deveria fazer agora? Dizer-lhe para correr? Não, isso só o faria parecer mais culpado, então deveria dizer aos policiais que só se encontraram por acaso…?

—Na verdade, alguns desses processos levam bem mais tempo do que apenas uma única audiência. — Sesshoumaru-Sama informou-a ainda sem encará-la.

Ah… ele não estava procurando por possíveis policiais, só estava evitando encará-la.

O que não era exatamente melhor do que estar procurando por policiais os observando.

—Quanto… tempo? — perguntou hesitante.

—Algum. — Sesshoumaru-sama respondeu vagamente. — Você esqueceu isso em casa.

Ele estendeu-lhe uma mão, mostrando-lhe o medalhão de ouro com o qual, muito tempo atrás, presenteara Mariko, Rin o olhou, mas então se afastou um passo para trás unindo as mãos nas costas e balançando a cabeça.

—Eu não esqueci. — negou sorrindo.

—Está com raiva de sua mãe de novo? — ele claramente não sabia o que pensar sobre a situação.

—Nem um pouquinho. — e Rin estava se divertindo vendo-o confuso, ainda que fosse naturalmente tão inexpressivo.

—Então…?

—Esse é o precioso medalhão de Mariko, que mamãe usou durante todos os dias de sua vida porque nunca o esqueceu Sesshoumaru-Sama, então eu o herdei e passei a usá-lo para nunca esquecer a mamãe, mas agora deixei com o senhor, para que se lembre de mim. — explicou fechando a mão dele em todo do medalhão — Ah, mas não o estou dando ao senhor, Sesshoumaru-sama, afinal esse era o importante medalhão de Mariko! É só um empréstimo entendeu? Para… não se esquecer de vir me buscar. Então, não me esqueça, ta bem Sesshoumaru-Sama? — ela forçou um sorriso — É… como aquela flor: “não me esqueça”.

Ah… ela estava com medo, depois que Sesshoumaru-Sama dissera que gostava dela e queria adotá-la para ser seu pai legalmente havia ficado muito contente, mas então aquelas pessoas vieram e a levaram, e agora, mesmo que ele tivesse lhe dito que definitivamente a buscaria de volta, Rin tinha medo de ficar tão confiante novamente.

—Rin, não diga besteiras. — Sesshoumaru-sama a repreendeu calmamente.

Mas ainda assim ergueu as mãos e prendeu o medalhão em volta do próprio pescoço e então o guardou dentro da camisa.

Dessa vez o sorriso de Rin foi definitivamente mais aberto e sincero.

—Então é uma promessa, certo? — ela estendeu-lhe o dedo mindinho.

Sesshoumaru-sama olhou-a com uma sobrancelha arqueada e, por um longo momento os dois ficaram apenas ali se encarando, cercado pelos sons da cidade, mas Rin não vacilou: continuou encarando-o firmemente até que ele se inclinasse para frente e entrelaçasse seu mindinho ao dela.

—É uma promessa. — confirmou.

Rin saltou sobre ele, jogando os braços em volta de seu pescoço, abraçando-o rapidamente.

—Então é uma promessa. — assentiu soltando-o e dando um salto para trás — Eu preciso ir agora, Sesshoumaru-Sama, ou a dona da casa onde estou vai ficar preocupada.

—Está com seu apito e spray?

—Sim senhor!

Ele assentiu.

—Então é melhor que vá. — concordou. — Não quero viaturas no meu portão.

—Não demore Sesshoumaru-Sama porque eu não trouxe roupas de inverno! — avisou-o antes de virar-se e sair correndo.

Rin forçou-se a não olhar para trás, precisava partir antes que se arrependesse, pulasse no pai e implorasse para que ele a levasse para casa.

Apenas mais vinte dias, disse a si mesma, e ele iria buscá-la…!

Ele não a esqueceria!


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Notas finais do capítulo

E... FIM!
Não, brincadeirinha, mas imaginem só se esse fosse o último capítulo da história? ^_^



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