De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 33
Insuportáveis dias de verão.


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal Pessoal!!!
E como esse é o último capítulo do ano: Por favor que 2021 seja melhor!!! >—<.
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GLOSSÁRIO:

Genkan: Área da casa, posicionada à entrada, onde se deixam os calçados antes de entrar.



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Os dias de verão eram sempre os mais insuportáveis.

Eleonor tropeçou e cambaleou quando o salto de seu sapato repentinamente partiu-se sob seu pé, mas quando ela tentou abaixar-se para tentar tirar o sapato, a bolsa escorregou de seu ombro e caiu espalhando todo o seu conteúdo no chão, despertando uma pequena palavra raivosa — e certamente inapropriada — de seus lábios em algum tipo de língua desconhecida — talvez russo.

—Dia ruim? — Sesshoumaru questionou abaixando-se ao seu lado para recolher suas coisas do chão e colocá-las de volta na bolsa.

—Na verdade meu dia vinha sendo bastante satisfatório até o presente momento. — Eleonor respondeu apoiando-se em ombro para então conseguir o equilíbrio que precisava para tirar os sapatos — Fiz minha última sessão de fisioterapia na semana passada, e acabo de voltar de um consulta na qual meu médico confirmou que meus ossos estão calcificados e recuperados novamente, mas não devo parar de exercitar a mão, nada de forma exagerada é claro, ah, e por falar nisso, você não precisa mais me levar e trazer do hospital duas vezes por semana agora, mas obrigada pelo auxílio. Oh, e também assinei hoje um contrato para ser a antagonista de uma nova série anime que estreará na próxima temporada de primavera, com doze episódios previstos.

Ela endireitou-se, abrindo e fechando a mão cujos dedos até um mês atrás estavam engessados.

—Isso é bom. — Sesshoumaru acenou se levantando com a bolsa de Eleonor e estendendo a mão livre para ela — Talvez assim você ganhe dinheiro para comprar um par de sapatos novos.

—E quem me diz isso é a pessoa cujo único par de tênis parece mais velho que o próprio dono? — Eleonor ergueu a sobrancelha lhe entregando os sapatos.

—Seu pé está bem?

—Está sim, obrigada.

—Posso carregá-la.

—Não, tudo bem. — Eleonor balançou a cabeça — Foi apenas o salto do sapato.

Acenando e levando a bolsa e os sapatos de Eleonor, Sesshoumaru comentou enquanto punha-se a caminhar junto dela:

—Tenho uma notícia que talvez possa piorar ou melhorar seu dia. Deixo a seu critério. Quer apoiar-se no meu braço?

—Estou bem. E o que seria? — Eleonor segurou a saia longa e puxou um pouco para cima, no intuito de não tropeçar na roupa — Vamos pelas escadas.

Concordando Sesshoumaru respondeu:

—Vou me mudar do prédio na semana que vem.

Eles já haviam subido um total de três degraus inteiros quando Eleonor, afinal, teceu um comentário a respeito:

—Por que essa decisão tão repentina? Por acaso cansou-se de apenas escrever sobre assassinatos, e realmente cometeu um e agora vai fugir do país? — De novo aquela pergunta? Sesshoumaru girou os olhos. Mas quando terminaram de subir todo um lance de escadas sem que nenhuma resposta viesse de Sesshoumaru, Eleonor ergueu uma sobrancelha. — Se não me quer dizer significa que tem algo haver com a menina. — novamente silêncio — Muito bem, apenas lembre-se que sequestro é crime também.

—Não estou sequestrando ninguém.

—Se você diz. — ela deu de ombros, e só então deu seu veredicto: — Creio que essa notícia me é cômoda e incômoda ao mesmo tempo.

—Por que incômoda?

—Não terei mais seu carro a minha disposição.

—E por que cômoda?

—Uma pessoa me chamou para sair e vou ao meu segundo encontro com ele nessa sexta-feira, se as coisas ficarem sérias seria um grande incômodo explicar a ele porque por vezes há um homem não aparentado em meu apartamento e vez por outra na minha cama.

—Então bastaria me avisar para que não subisse mais ao seu apartamento. — salientou balançando a cabeça.

Eleonor girou os olhos.

—Isso também seria um grande incômodo. — declarou — Considero o privilégio de usar seu carro sempre que quero como uma retribuição justa por suas estadias gratuitas em meu apartamento. Chegamos ao seu andar.

—Mas o seu ainda está cinco andares acima. — ele seguiu subindo as escadas.

—E isso significa que ainda tenho direito ao seu carro por mais uma última vez? — Eleonor seguiu-o — Então acho que irei ao mercado fazer as compras do mês amanhã.

—Sabe que pode fazer essas compras pela internet e os mandar entregar aqui. Não sabe? — Olhou-a de canto — Sua reação certamente foi muito melhor que a de Rin e aqueles parasitas.

—Verdade? — ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Que tipo de reação eles tiveram?

Ele havia acabado de voltar do cartório, no qual sua mãe transferira as escrituras da casa para seu nome quando deu a notícia, e Rin, em seu pânico, ainda tropeçou duas vezes nos próprios pés antes de finalmente conseguir se levantar e vir correndo até ele.

—Sesshoumaru-Sama eu sinto muito! — desculpou-se suplicante, agarrando-se às suas roupas.

Sesshoumaru franziu o cenho.

—Sente pelo que?

O lábio inferior dela tremeu, seus olhos estavam arregalados e agitados como se houvesse injetado um expresso duplo direto nas veias.

—Por... por... por o senhor ter tido que me levar e me buscar todos os dias na escola, mesmo sendo verão e...

—Eu tenho ar condicionado no carro.

Ela nem pareceu ouvi-lo.

—E por o senhor ter tido que me pentear todos os dias, eu... eu vou aprender a me pentear sozinha! Sou grandinha!

—Não vejo problema em penteá-la.

Por acaso ela não havia gostado do elástico para cabelo com o qual ele lhe amarrara o rabo de cavalo? O comprara por sugestão da vendedora que lhe dissera que as meninas gostavam daquele tipo de cores alegres...

—E por ter derramado o seu xampu no banheiro e tentado limpar tudo com a toalha de tio Inuyasha!

—Aquilo foi você? — Sesshoumaru perguntou ao mesmo tempo em que Inuyasha.

Obviamente os dois haviam culpado um ao outro pelo incidente.

—E por tê-lo incomodado para que me levasse ao cemitério para ver mamãe!

—Não foi incomodo algum. — ele apoiou-se sobre um joelho e a segurou pelos ombros — Rin, o que você tem?

—E por termos desrespeitado as regra n° 1 do apartamento de que membros dos sexos masculino e feminino precisam ficar a 20 cm de distância um do outro. Vou me comportar melhor, por favor, não me mande embora!

Sesshoumaru franziu o cenho.

—Não vou mandá-la embora. — assegurou-lhe — Por que pensou nisso?

Aquilo pareceu refrear seu frenesi, e ela olhou-o confusa e quieta por um momento.

—Mas então por que...?

—Sesshoumaru o que você está planejando agora? — Gata Selvagem colocou as garras de fora, quando finalmente conseguiu se desenrolar daquele nó que haviam feito.

—Sim, o que pensa em fazer à pobre Rin agora? — Domadora, como não podia deixar de ser, logo se juntou à revolta.

Aquele jogo de Twistter novamente...

Sesshoumaru nem queria saber que item de sua dispensa eles haviam apostado agora. Na verdade, se dependesse dele, ele se mudaria com Rin sem deixar qualquer rastro para trás e nem dizer uma palavra sequer a qualquer um daqueles parasitas, mas infelizmente isso faria Rin muito infeliz, e além do mais... 

—Vamos, Sesshoumaru! Diga logo alguma coisa, maldição! — Inuyasha insistiu, pondo-se de pé.

Sesshoumaru levantou-se e deu uma boa olhada no irmão idiota.

—Sim, suponho que terei que levá-lo junto também. Arrume você também as suas malas e empacote suas coisas. — rendeu-se — Ainda vou decidir se te ponho no caminhão ou o deixo subir no carro.

—O que está acontecendo Sesshoumaru-Sama? — Rin inclinou a cabeça de lado.

—Vamos nos mudar.

De repente Pervertido arregalou os olhos.

—Você matou alguém?! — perguntou estupidamente.

Sesshoumaru girou os olhos e virou-se para sair dali, mas Rin estava vindo atrás dele.

—Quando? Por quê?

—Semana que vem. — Sesshoumaru respondeu fechando a porta do quarto atrás de si. — Eu deixei algumas caixas no genkan.

Ele começou por empacotar os próprios livros, embora ainda não soubesse bem como faria com sua cadeira... mas ao menos Rin foi rápida em cumprir suas ordens, apesar de que ela começou por empacotar os utensílios de cozinha ao invés das próprias coisas primeiro.

Que menina mais peculiar.

E por causa dela os parasitas logo começaram a trabalhar também só parando quando a pizza chegou — paga com o dinheiro de Sesshoumaru —, Rin ainda bateu em sua porta para chamá-lo para comer, mas ele não tinha fome.

E ele ainda precisava contratar uma empresa de mudança.

—Não sabia que você gostava de ler ligth novels. — Eleonor sentou-se e estendeu as pernas ao seu lado na cama.

—Ser uma traça de livros e ler de tudo um pouco faz parte do meu trabalho. — ele ergueu os olhos do livro. — E digo o mesmo de você.

Eleonor deu de ombros. 

—O mesmo que você: trabalho. Meu próximo papel pertence a essa obra, então estou estudando. — ela apertava ritmicamente na mão direita uma pequena bolinha vermelha de borracha repleta de espinhos, como um coração pulsante. — Então... acha mesmo que ter uma casa grande e bonita, e bem melhor que a dos avós da garota, vai mesmo servir para que algum juiz conceda a guarda dela a você, um estranho sem nenhum laço sanguíneo, em detrimento de seus avós de sangue?

—Não, mas é um começo. — ele baixou os olhos para o livro novamente — E sua mão?

—Ótima. — Eleonor jogou a bola para o alto e a pegou no ar — Quanto tempo vai ficar dessa vez? — Sesshoumaru deu de ombros — Achei que precisava empacotar suas coisas para a mudança.

—Para alguma coisa aqueles parasitas têm que servir.

Aquilo a fez rir, atirando a bola para o alto e a pegando no ar novamente.

—Apenas não se esqueça de que amanhã vamos ao mercado. E você vai carregar todas as minhas compras.

Sesshoumaru virou a página.

—Achei que sua mão estivesse ótima. — comentou.

—E está. — ela confirmou. — Você sabe que precisará de testemunhas para falar em seu favor no julgamento, caso chegue a tanto, não é?

Mais uma página virada.

—Está se oferecendo?

—De jeito nenhum, para isso esqueça que eu existo. — ela deu um sorriso de escárnio que logo desapareceu, e recostou-se ao encosto da cama olhando para o teto ainda apertando sua pequena bolinha na mão — Mas você não é alguém exatamente sociável, por isso acho que deveria contar ao seu irmão... talvez possa precisar da declaração dele e é melhor que ele esteja a par.

Sesshoumaru remoeu aquilo e, sem dizer nada, virou mais uma página tentando adivinhar quem era a personagem de Eleonor. Com certeza seria a mais insuportável dali.

Ele também precisava falar com seu pai, pois já que agora ele não iria mais precisar “interar” em seu aluguel eles teriam que conversar se o valor em questão seria somado à quantia que ele lhe pagava por abrigar seu filho sob seu teto, ou se ele iria preferir contribuir com alguma outra despesa da casa.

...

Eleonor era uma mulher que vivia sozinha com hábito de comer comidas pré-prontas de forno micro-ondas, por isso suas compras do mês não eram lá grande coisa — assim como as de Sesshoumaru até antes da chegada de Rin — portanto eles não demoraram muito no supermercado de forma que ainda não era hora do almoço quando estavam retornando de carro para o prédio no dia seguinte.

—Quando pretende ir à lavanderia? — Sesshoumaru questionou. — Há algumas roupas que quero lavar antes de ir embora.

—Eu preciso trabalhar à tarde, mas podemos ir hoje à noite. — Eleonor lhe respondeu — Por volta da meia noite talvez, sei que odeia o calor opressivo do verão.

—Com todas as forças. — confirmou — Mas sei que isso tem muito mais haver com seus hábitos noturnos.

Eleonor deu ombros, mas não negou nada.

—Olhe, não te parece que aquele senhor está esperando por alguém? 

Perguntou indicando um homem que, parado na calçada em frente ao prédio, olhava de um lado para outro de forma nervosa, embora não parecesse estar tentando atravessar à rua.

—Não é da minha conta.

Ele virou o carro e entrou na garagem do prédio, estava fazendo um calor infernal e sufocante naquele dia e ele precisava muito de um banho gelado.

Mas é claro que nem mesmo aquilo lhe seria permitido.

—Sesshoumaru. — Eleonor chamou-o da área de serviço do banheiro — Mudei de ideia, sua presença no meu apartamento é um grande incômodo.

Certa vez Eleonor dissera a Sesshoumaru que embora a maioria das pessoas pensasse o contrário, ele possuía sim um senso de humor, um tipo mordaz e cruel, mas ainda assim o possuía, só que as pessoas quase nunca o notavam porque ele sempre utilizava o mesmo tom sério, porém ela o notava... às vezes Sesshoumaru se perguntava se ela percebia que tinha exatamente o mesmo tipo de senso de humor.

Sesshoumaru segurou a ducha acima da cabeça e molhou o rosto com a água gelada antes de responder:

—Se está atrasada para ir trabalhar pode entrar, mais ainda estou usando a ducha e a banheira está vazia.

Ele não precisava de água quente.

—É claro que posso entrar, o banheiro é meu. — ela respondeu do outro lado da porta — Mas não se trata disso, seu irmão veio aqui para chamá-lo.

Sesshoumaru desligou a ducha e levantou-se.

—E o que ele quer? — perguntou abrindo a porta.

Eleonor lhe entregou a toalha.

—Vá descobrir você. — ela cruzou os braços. — Uma vez você saiu em viagem por três semanas, e quando voltou não avisou ninguém e ficou outras duas aqui, e ninguém veio procurá-lo. Agora já é a terceira vez em que alguém vem buscá-lo.

Sesshoumaru deu de ombros e enrolou a toalha em volta dos quadris. O que poderia dizer?

—Acontece que ser pai muda as pessoas. — ele encaminhou-se para a saída do banheiro. — Onde o deixou?

—Lá fora. Claro. 

E ele não precisava olhar para trás para saber que ela tinha revirado os olhos.

—O que foi Inuyasha?

Ele abriu a porta, apoiando o antebraço acima da cabeça no batente da porta enquanto com a outra mão segurava a toalha em volta dos quadris.

Se fosse Gata Selvagem ou principalmente Domadora quem o tivesse vindo buscá-lo ele certamente teria recebido um longo e desnecessário sermão sobre pudor antes de chegarem ao ponto principal, e Pervertido diria alguma piadinha irritante desnecessária.

Então até mesmo Sesshoumaru tinha que admitir que, às vezes, seu irmãozinho tinha seus pontos positivos, pois Inuyasha limitou-se a emitir um leve engasgo e franzir as sobrancelhas antes de começar a falar:

—Sesshoumaru você tem que descer agora, o avô de Rin está aí.

Sesshoumaru suspirou batendo a testa contra o portal da porta. Então afinal o homem em frente ao prédio era sim problema seu.

Definitivamente os dias de verão eram sempre os mais insuportáveis.


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Notas finais do capítulo

Para quem gosta da Eleonor esse capítulo deve ter sido um deleite, quem não gosta... Meus parabéns! Você sobreviveu até aqui! HUHAUHSUHAS
O que será que vai dar agora com o avô de Rin vindo até o apartamento hum? Bom, vão ter que esperar até 2021 para saberem MUHAHAUHSUAS



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