De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 26
Passageiro como o desabrochar das flores.


Notas iniciais do capítulo

Hellou! Como vão vocês?
Muito obrigada por voltarem!

GLOSSÁRIO:

Itadakimasu: expressão japonesa sem tradução para o português, dita antes das refeições.

Tonkatsu: Costelas de porco empanadas geralmente servida acompanhada de repolho picado e/ou sopa miso.



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Quando tio Inuyasha foi atender à porta, Rin passou as mãos pelo vestido apressadamente tentando alisar ali uma porção de amassados imaginários — ou talvez não fossem imaginários.

Talvez aquela roupa não fosse adequada para conhecer seus novos avós — embora fosse a mesma com a qual ela havia conhecido seu pai meses atrás.

E seu cabelo!

Ela levou as mãos rapidamente à cabeça, como estava seu cabelo?

Estavam péssimos! Ela estava fazendo o dever de casa, então tinha os prendido no alto com um prendedor para não atrapalhá-la.

Talvez se ela pedisse a Sesshoumaru-Sama para arrumá-los um pouco, talvez com algumas das presilhas coloridas que ele lhe comprara...

De repente tio Inuyasha voltou correndo, indo em direção à cozinha.

—Sesshoumaru, seu idiota! — ouvi-o dizer irritado — Por que não me disse que nossos pais estavam no Japão?!

—Porque eu não ligo. — Sesshoumaru-Sama respondeu calmamente — E se você se importa tanto com a localização deles, deveria pegar o telefone e ligar de vez em quando, a mãe é sua.

Ainda enquanto ele falava, passos se aproximaram pelo corredor e Rin arregalou os olhos e fugiu para esconder-se atrás do sofá — sem nem mesmo saber por quê.

—Oras, seu...!

A verdade é que Rin estava um pouco nervosa, por toda a sua vida ela só havia tido uma avó e um avô, e agora estava prestes a conhecer sua terceira avó — ela ainda era sua avó mesmo não sendo mãe de Sesshoumaru-Sama? — e seu segundo avô — e isso porque não estava contando com seu vovô Myuga, seu novo “avô postiço” —, especialmente depois que seu primeiro encontro com sua segunda avó não havia sido muito bom, a mãe de Sesshoumaru-Sama não parecera nada feliz em conhecê-la... E se essa também não gostasse dela? Ou pior, e se os dois não gostassem dela?

Rin torceu a barra do vestido com nervosismo.

Na cozinha os adultos conversaram ainda por algum tempo, enquanto a menina, nervosamente escondida em seu cantinho, enrolava os dedos dos pés e torcia a barra do vestido, tentando planejar bem como se apresentaria, não podia ser impulsiva como da última vez... Ou talvez não devesse nem se apresentar. Baixou a cabeça cabisbaixa.

Não apenas a Senhora Arina parecera não gostar muito dela, como também Sesshoumaru-Sama com certeza ficara muito bravo naquela vez, e agora também ele já quase parecia que gostava dela, então ela não queria perder o que tinha conseguido deixando-o irritado de novo...

—Rin!

O chamado foi tão repentino que, com o susto, a alma de Rin quase saltou para fora do corpo.

Cuidadosamente Rin ajoelhou-se e estudou o território sobre o braço do sofá, por que Sesshoumaru-Sama a havia chamado?

Será... Será que ele queria que ela conhecesse seus pais?

Esse pensamento a encheu de alegria, e esquecendo-se completamente dos amassados imaginários de seu vestido laranja e seu cabelo que devia estar mais bem arrumado para conhecer seus novos avós, ela correu para a cozinha.

—Sim? — parou eufórica à entrada da cozinha, surpreendendo seu tio e fazendo-o dar um pequeno salto para o lado.

Sesshoumaru–Sama estava encostado ao fogão de frente para a porta, tomando uma caneca de café — aquela coisa amarga e horrível.

—É ela. — anunciou despreocupadamente.

Um pouco mais a esquerda, sentados à mesa, um casal a observava com expressões surpresas.

—Mas ela é grande! — a mulher disse de repente.

Rin fez uma careta, “grande” não era algo do que costumavam chamá-la com frequência, muito pelo contrário, ela era até um pouco baixa para sua idade, era inclusive mais baixa que Shiori, embora fosse mais alta que Soten.

Mariko podia ter sido uma mulher de estatura mediana — e Sesshoumaru-Sama era até bem alto —, mas Rin por outro lado parecia que puxaria a avó, que precisava de um banquinho só para alcançar as prateleiras mais altas.

De olhos arregalados o homem tentou explicar:

—Nós achamos que ela teria um ou, no máximo, três anos de idade, mas...!

Tio Inuyasha colocou a mão sobre sua cabeça.

—Rin tem nove. — informou-os.

—Nove! — a boca da mulher abriu-se num circulo.

—Não sabiam? — Sesshoumaru-Sama olhou-os com desdém por cima da xícara — Achei que aquele velhote linguarudo já tivesse contado tudo a vocês.

—Bem, isso ele não contou! — o homem mais velho olhou irritado para Sesshoumaru-Sama — Nove anos! A menina já tem nove anos! Sesshoumaru, por mais quanto tempo você pretendia esconder isso de nós?!

Rin não entendia, por que aquelas pessoas estavam tão bravas com Sesshoumaru-Sama? Era por culpa dela de novo? Seus olhos encheram-se de lágrimas.

—Por favor... Não fiquem bravos com Sesshoumaru-Sama. — pediu — Ele não sabia, Mariko… mamãe nunca contou a ele.

A mulher apressou-se a levantar-se e vir ao encontro dela.

—Oh querida, por favor, nos perdoe, não foi nossa intenção assustá-la, não chore, por favor! — desculpou-se e parando a sua frente com as mãos sobre o coração explicou-se — Nós não estamos realmente zangados com seu papai, sabe? Mas é que Sesshoumaru é tão… fechado. Ele nunca nos conta nada e isso nos chateia muito.

Ela lançou um olhar de repreensão a Sesshoumaru-Sama, que não deu à mínima.

O homem franziu o cenho para Sesshoumaru-Sama.

—Você realmente não sabia? — perguntou.

Sesshoumaru-Sama deixou a xícara, já vazia, na pia.

—Vocês queriam conhecê-la, aqui está ela, essa é Rin, ela está morando aqui por algum tempo. Já podem pegar o avião de volta. Façam boa viagem. — disse — Rin, esses são meu pai, Inutaisho e sua esposa Izayoi, eles são um par de intrometidos. E pare de chorar.

Acrescentou tirando algo do bolso e jogando a ela, Rin surpreendeu-se e atrapalhada acabou deixando o objeto cair no chão. Era um tubo de m&m’s.

—Obrigada Sesshoumaru-Sama! — agradeceu pegando os doces, e comendo três de uma vez — E vou ficar aqui até a maior idade!

Sesshoumaru-Sama não respondeu a isso.

—Oh querida, mas você é tão adorável! — a mulher caiu de joelhos à sua frente e apertou-lhe as bochechas.

—Hum... Obrigada, Izayoi... Sama? — agradeceu um pouco surpresa, por um momento havia se esquecido dos dois ali.

—Não querida, me chame de vovó, por favor, eu insisto. — pediu suplicante com as mãos juntas no peito.

—Tudo bem… vovó. — respondeu hesitante.

—Izayoi. — o pai de Sesshoumaru-Sama colocou-se de pé atrás de sua esposa, pondo a mão em seu ombro — Você está assustando a menina de novo.

—Oh, sinto muito! — Izayoi levantou-se cobrindo a boca com as pontas dos dedos.

Rin balançou a cabeça com veemência.

—Não! Eu estou bem! — jurou, e com um grande sorriso acrescentou: — Gostariam de ficar para jantar conosco, vovô e vovó?

—Rin. — Sesshoumaru-Sama a chamou sério, atraindo a atenção de todos ali — Se os alimentar, nunca irão embora.

 —Sesshoumaru! Não trate nossos pais, como um par de cães de rua! — tio Inuyasha reclamou com uma careta.

Sesshoumaru-Sama arqueou uma sobrancelha.

—Eu não preparo café sempre que recebo uma visita deles, à toa, sabia?

—Detesto café. — vovó Izayoi comentou com uma leve careta.

—Precisamente. — concordou Sesshoumaru-Sama.

—Oras! Seu...! — começou a reclamar, Tio Inuyasha.

Vovô Inutaisho deu um suspiro cansado.

—Tudo bem, já chega disso rapazes. — pediu.

Sesshoumaru-Sama girou os olhos e tio Inuyasha resmungou um “feh” e virou a cara.

—Não ligue para eles, querida. — vovó Izayoi balançou a cabeça, e então, dirigindo um sorriso brilhante a ela completou — É claro que adoraríamos ficar para jantar!

—Seria um prazer. — concordou vovô Inutaisho.

—Façam o que quiserem. — Sesshoumaru-Sama resmungou passando por eles ao sair da cozinha.

E logo depois ela ouviu a porta de seu quarto fechando, mas ele não proibiu e nem expulsou ninguém, então Rin comemorou comendo mais dois M&M’s.

Aparentemente tio Inuyasha chegou à mesma conclusão:

—E então Rin, o que teremos para o jantar? — perguntou animado.

—Eu pensei em fazer tonkatsu. — respondeu sorrindo alegremente.

Por sorte há alguns dias ela e o tio haviam feito compras e aproveitado para comprar costeletas de porco, originalmente Rin tinha intenção de prepará-lo para todos comerem no hanami, mas Sesshoumaru-Sama se recusara a “permitir que mais carne de boa qualidade fosse desperdiçada com aqueles parasitas”, mas ela achava que aquela era a oportunidade perfeita também!

 

—Isso parece ótimo! — Tio Inuyasha respondeu, já esfregando as mãos com a expectativa.

—Rin, querida, você vai fazer o jantar? — vovó Izayoi perguntou surpresa.

Rin acenou afirmativa.

—Claro. — confirmou — Eu sempre preparo todas as refeições aqui em casa.

—Todas?! — vovô Inutaisho perguntou boquiaberto.

Mais uma vez Rin acenou afirmativa.

—Sesshoumaru-Sama não gosta muito de cozinhar, e tio Inuyasha... — ela franziu o cenho, de forma pensativa, e voltou-se para o tio — O senhor sabe cozinha, tio?

—Eu sei fazer curry. — ele respondeu.

—Curry é bom, eu gosto. — Rin concordou. E voltando-se para seus novos avós novamente acrescentou — Antes de eu chegar, tio Inuyasha e Sesshoumaru-Sama só comiam comida instantânea.

—Ás vezes Kagome cozinhava. — tio Inuyasha comentou.

—Ah! Eu também limpo e arrumo a casa! — Rin lembrou-se juntando as mãos.

—Você cozinha e limpa tudo sozinha?! — vovô Inutaisho perguntou boquiaberto.

—Ela não faz tudo sozinha! — Tio Inuyasha apressou-se a dizer, erguendo as mãos — Sou eu quem leva o lixo para fora! — afirmou — E, uma vez por semana, limpo o banheiro também!

Rin inclinou a cabeça de lado, sem entender porque, de repente todos pareciam tão alarmados.

—E Sesshoumaru-Sama não deixa ninguém além dele mesmo limpar o quarto dele. — acrescentou — Ah, e é ele também quem sempre separa a nossa roupa suja e leva para a lavanderia pública.

—Feh, fale por você mesma. — reclamou seu tio cruzando os braços — Eu mesmo tenho que cuidar das minhas roupas.

—Ainda assim creio que deveríamos ter uma séria conversa com Sesshoumaru. — vovó Izayoi comentou tensa e, tocando os ombros de Rin afirmou: — De qualquer forma querida, hoje não precisa se preocupar com nada, pode deixar o jantar por nossa conta!

Rin olhou-a suplicante.

—Mas eu gosto de cozinhar. — afirmou.

Sua nova vovó piscou.

—Gosta?

—Amo! — confirmou — E também as tarefas domésticas!

Vovó Izayoi olhou-a confusa por alguns instantes.

—Isso é… ótimo querida! — ela sorriu parecendo sincera.

—É mesmo? — Rin piscou.

—Mas é claro! — vovó Izayoi juntou as mãos de forma animada — Eu sempre quis uma criança que cozinhasse comigo! Mas, como talvez tenha percebido, nem Sesshoumaru e nem Inuyasha se mostraram aptos a isso.

Finalizou com uma careta.

—Feh! — tio Inuyasha resmungou indo embora para a sala.

Cozinhar com seus novos avós foi muito divertido, os dois ficaram surpresos ao saber que Sesshoumaru-Sama sempre deixava todos os alimentos guardados na geladeira, limpos, separados e prontos para serem preparados, e também foram muito zelosos, garantindo que Rin segurasse a faca da maneira correta enquanto ela picava o repolho.

—Corte tudo direitinho, Rin. — Vovô Inutaisho, que estava encarregado da sopa miso e do arroz, passou a mão em sua cabeça.

—Bobo! Se a menina cortar tudo, o que você vai fazer? — vovó Izayoi o repreendeu lhe entregando uma faca — Trabalhe você também!

Aquilo tudo lembrou a Rin dos velhos tempos, quando ela ficava em casa com a avó e a ajudava na cozinha enquanto esperavam seu avô e sua mãe voltarem dos trabalhos — Mariko quase sempre era a que chegava mais tarde.

E eles lhe contaram muitas coisas também, como, por exemplo, que os dois eram executivos muito importantes — vovó Izayoi cuidava da área de vendas e vovô Inu da área de marketing — de uma empresa de sapatos muito grande e com filiais por todo mundo, e moravam na Irlanda, para onde haviam se mudado há uns dois anos e meios — talvez um pouco mais — por causa do trabalho.

Na época tio Inuyasha estava bem no meio de seu último ano de ginásio, e seus pais acharam que seria melhor ele terminar o ginásio aqui antes de mudar-se para viver com eles também, e foi assim que ficou decidido que ele ficaria morando com Sesshoumaru-Sama por algum tempo — e claro que nenhum dos dois ficou contente com isso — mas houve alguns imprevistos que atrasaram a viagem e tio Inuyasha precisou iniciar o colegial por aqui mesmo.

—Conseguimos resolver tudo antes do fim do primeiro semestre, e o avisamos que agora ele já podia mudar-se quando quisesse. — vovó Izayoi lhe contou — Mas, por alguma razão ele já não estava mais disposto a se mudar para ir morar conosco, nos disse que agora que já havia começado o colegial aqui era melhor terminá-lo por aqui mesmo.

—O que foi muito estranho. — concordou vovô Inu — Porque até então ele parecia tão desesperado para deixar de morar com Sesshoumaru que parecia até mesmo disposto a ir nadando daqui até a Irlanda se preciso.

Mas, apesar do que diziam, seus tons de vozes e sorrisos sugeriam que eles sabiam exatamente porque tio Inuyasha resolvera ficar.

—Já está pronto? — tio Inuyasha perguntou reaparecendo na cozinha pela terceira vez seguida.

Ele vinha a cada cinco minutos, no mínimo.

—Ainda não querido, mas está quase. — vovó Izayoi respondeu gentilmente — Oh! E querido?

—Sim?

—Como vai Kagome?

—Vai bem... — seu tio respondeu com um olhar desconfiado para a mãe — Na verdade ela estava aqui até uma hora atrás, mais ou menos, se vocês tivessem chegado um pouco mais cedo a teriam visto.

—Ah, mas que pena. — e virando-se com um sorriso para Rin, sua avó disse como quem conta uma confidência: — Sabe Rin, Kagome é uma moça muito preciosa, ela e Inuyasha se conheceram quando começaram o colegial. Você entende?

Havia um estranho brilho de divertimento em seus olhos.

E, como se compartilhasse um segredo com vovó Izayoi, Rin sorriu, ela entendia sim, o motivo para tio Inuyasha querer ficar no Japão para concluir o colegial fora porque conhecera Kagome-chan.

Era tão óbvio que tio Inuyasha gostava de Kagome-chan… como ele podia não perceber?

Por outro lado era também muito divertido assisti-los, esperando para ver se conseguiriam ou não se dar conta por si mesmos de que ambos se gostassem… ou talvez Rin estivesse começando a ter o mesmo tipo de senso de humor cruel de Sesshoumaru-Sama.

—Às vezes fico imaginando. — vovó Izayoi começou a dizer — Se por acaso Inuyasha não acabou desistindo da ideia de ir morar conosco, porque realmente acabou gostando da experiência de morar com o irmão.

—Feh. Eu só não queria ter que aprender a falar irlandês! — Tio Inuyasha retrucou saindo da cozinha.

Vovô Inutaisho lançou uma piscadinha à Rin, e os três riam juntos.

—É realmente incrível que saiba fazer tanta coisa, mesmo sendo tão novinha! — vovó Izayoi a elogiou em certo momento, ela havia falado durante o tempo todo, era uma pessoa realmente muito falante e alegre.

Estavam as duas agora sozinhas na cozinha arrumando a mesa para o jantar, pois, em algum momento entre o instante em que a sopa miso ficou pronta e o instante em que o arroz ainda cozinhava, vovô Inutaisho havia escapulido sorrateiramente.

—Eu sempre cozinhava com a minha avó antes. — contou envergonhada — Mas só passei a cozinha sozinha depois que cheguei aqui, vovó dizia que eu não devia usar facas sem supervisão e mexer com qualquer tipo de fritura estava proibida até o ginásio.

—Então você esteve usando minha cozinha como uma espécie de laboratório para suas experiências?

Rin pulou de susto ao ouvir a voz séria de Sesshoumaru-Sama.

Sesshoumaru-Sama estava parado na soleira da cozinha, com vovô Inutaisho ao seu lado.

—Deu um pouco de trabalho, mas eu consegui convencê-lo a vir cear conosco. — vovô Inutaisho afirmou com a mão em seu ombro.

Mas Sesshoumaru-Sama continuava com os olhos fixos em Rin... constrangida, ela desculpou-se:

—Eu... Nunca foi minha intenção fazer experiências em sua cozinha Sesshoumaru-Sama. — murmurou — Eu sempre observei a vovó, então sabia o que fazer, só nunca havia colocado em prática...

—Oh Sesshoumaru, deixe a pobre menina em paz. — vovó Izayoi intercedeu a seu favor. — Em primeiro lugar ela nem sequer deveria estar cozinhando as próprias refeições e as suas também!

—Rin gosta de cozinhar, e até agora ainda não colocou fogo em nada, então a deixe. — ele respondeu absoluto, indo sentar-se à mesa.

E Rin alegrou-se, pois para ela aquele comentário havia sido não apenas uma demonstração de que Sesshoumaru-Sama não estava realmente zangado por ter omitido que nunca cozinhara sem supervisão até sua chegada ali, como também sua permissão para continuar a fazê-lo.

—Você é assim desde criança! — vovó girou os olhos, e voltando-se para Rin explicou delicadamente: — Ele sempre quer ter a última palavra.

—Era assim que mamãe sempre o descrevia! — Rin concordou sorrindo — “Bonito e inteligente, mas muito orgulho”.

—Nunca palavras foram ditas de forma tão precisas antes. — vovó Izayoi riu suavemente.

Sesshoumaru-Sama arqueou uma sobrancelha, mas não teceu nenhum comentário a respeito.

—E aqui está o segundo! — anunciou animadamente vovô Inutaisho retornando à cozinha, mas dessa vez acompanhado de Tio Inuyasha.

—E já não era sem tempo! — Tio Inuyasha esfregou as mãos com ansiedade indo sentar-se à mesa — Itedakimasu!

E sem perder mais tempo ele se pôs a comer.

—Ao menos espere o resto se sentar também, idiota. — Sesshoumaru-Sama o repreendeu, enquanto ele mesmo já erguia sua tigela de sopa miso para tomar seu primeiro gole.

Rin sentou-se alegremente entre os dois.

—Inuyasha querido, mastigue, por favor. — vovó Izayoi pediu gentilmente, sentando-se ao lado dele.

—E lembre-se de respirar. — vovô Inutaisho riu, sentando-se entre a esposa e Sesshoumaru-Sama.

—Isso me lembra. — vovó Izayoi torceu o nariz com leveza — Sesshoumaru será que ao menos dessa vez poderia abster-se de fumar a mesa? Pela menina? — e virando-se para Rin explicou — Sesshoumaru sempre faz o possível para tornar nossas visitas o mais breves possível: prepara café, fuma a mesa...

—E deixa seu porteiro achando que somos um par de estranhos para que ele não nos deixe subir. — concluiu vovô Inu lançando um olhar de censura a Sesshoumaru-Sama.

Rin concluiu que isso soava exatamente como algo que ele realmente faria, porém, por outro lado, seus avós deviam ter sido mais espertos e persistentes, como ela, e esperado até surgir a primeira chance para entrar às escondidas no prédio — e se ele lhes batesse a porta na cara, ficassem e esperassem até alguém lhes deixar entrar.

—Deixei de fumar há meses. — Sesshoumaru-Sama respondeu comendo seu arroz.

Para Rin e seu tio aquilo não era novidade alguma, mas vovô Inutaisho e vovó Izayoi pararam estáticos os olhando incrédulos.

—É verdade? — perguntou vovô Inutaisho — Mas se há seis anos eu te digo que deveria largar esse hábito, e você nunca me deu ouvidos, porque então tão de repente...? Ah! — de repente ele virou-se exultante para Rin — Mas que criança maravilhosa você é!

—Eu? — perguntou confusa.

Seria possível? Sesshoumaru-Sama havia mesmo deixado de fumar só por causa dela?!

Com uma pequena risadinha de satisfação, ela decidiu guardar esses pensamentos para si mesma.

—Rin, coma seu repolho. — ele mandou.

—Sim Sesshoumaru-Sama. — concordou de imediato.

Ela gostaria que seus avós tivessem ficado para passar a noite também, mas infelizmente o apartamento de Sesshoumaru-Sama era pequeno e não possuía futons extras.

—Infelizmente nós dois não caberíamos no sofá. — desculpou-se vovó Izayoi segurando suas mãos. — E não nos sentiríamos nada bem também em fazer Sesshoumaru dormir no sofá apenas para nos ceder sua cama.

Ainda bem que Sesshoumaru-Sama havia ficado lavando a louça do jantar na cozinha ao invés de vir despedi-se dos pais, do contrário ele certamente teria feito algum comentário grosseiro do tipo “nunca pretendi ceder minha cama para vocês”, ou qualquer coisa assim… se bem que, depois do que houvera com tio Inuyasha, no que dependesse de Rin ninguém nunca mais passaria a noite naquele sofá.

—Não precisam se preocupar, eu entendo. — Rin respondeu.

 —Mas que menina mais crescida você é. — seu avô sorriu — Quando Inuyasha tinha a sua idade e nós precisávamos fazer alguma viagem, ele sempre chorava e se agarrava às nossas roupas, implorando para que nós ficássemos.

—Feh! — Tio Inuyasha resmungou de pé ao seu lado — Ela também não é tão crescida assim. Está sempre grudada em Sesshoumaru.

Rin encolheu os ombros, admitindo a culpa.

—Oh querido, não precisa ficar enciumado! — vovó Izayoi beijou carinhosamente as faces de tio Inuyasha.

—Não estou enciumado. — ele respondeu virando o rosto, com as bochechas ficando rosadas, e resmungou: — Voltem com cuidado para o hotel.

—Eu chamei um táxi. — vovô Inutaisho garantiu.

—Não querem mesmo que eu os acompanhe até lá fora? — Tio Inuyasha perguntou em um raro momento de educação.

Rin teve vontade de filmar aquilo só para mostrar aos outros mais tarde, mas havia deixado seu celular no quarto.

—Não precisa, tenho uma ligeira impressão de que será bem mais fácil passar por seu porteiro para sair do prédio do que para entrar. — vovô Inutaisho respondeu risonho — Além do mais, creio que ele já nos conheça.

Claro, porque Sesshoumaru-Sama os deixou plantado em frente ao prédio mais de uma vez, mesmo sabendo que eles haviam vindo.

—E se você vir conosco sempre pode haver a possibilidade de Sesshoumaru trancá-lo para fora. Nunca se sabe não é? — vovó Izayoi acrescentou.

Eles não confiavam mesmo em Sesshoumaru-Sama… claro que Rin não podia culpá-los.

De repente tio Inuyasha pousou a mão em sua cabeça.

—Não se eu levar Rin! — garantiu. — Eu tenho certeza que ele não iria querer repetir a dose. Da última que ele a deixou para o lado de fora ela fez um escânda...!

Sua voz morreu em um ganido dolorido quando Rin, muito envergonhada, pisou em seu pé com força o bastante para, talvez, só talvez, deslocar-lhe o mindinho.

Por um segundo ela até quase se sentiu culpada por aquilo, especialmente porque tio Inuyasha soou realmente muito parecido com um cãozinho ferido, mas a culpa era dele mesmo por falar demais e, além disso, ela também já tinha as chaves de casa agora.

—Esse Sesshoumaru, trancar até uma criança para fora de casa. — vovô estava com cara de quem iria entrar novamente para dar mais uma bronca em Sesshoumaru-Sama.

Rin ergueu as mãos.

—Mas não foi culpa dele! — disse apressada — Ele não me conhecia e achou que fosse um trote!

Vovô pareceu não saber que tipo de expressão fazer, e Rin achou que ele estava pensando se ainda deveria voltar para brigar com Sesshoumaru-Sama ou não, mas vovó Izayoi lhe sorriu.

—Na verdade Rin, antes eu vivia me preocupando por esses meninos vivendo sozinhos e por conta própria. — confessou-lhe. — Mas agora que você está aqui já me sinto mais aliviada.

Suspirou levando a mão ao peito. Rin apenas não sabia se vovó Izayoi achava que ela poderia impedir Sesshoumaru-Sama e tio Inuyasha de matarem um ao outro, ou apenas ajudá-los a ter uma alimentação melhor.

—Eu vou cuidar bem deles vovó! — prometeu de qualquer forma.

—Obrigada querida, mas não se esforce demais. — vovó Izayoi agradeceu feliz.

—Sim!

—Ei pirralha! Nós é que estamos tomando conta de você! — Seu tio reclamou puxando-lhe a bochecha.

— Vamos Izayoi, o táxi já está no esperando. — vovô Inutaisho a chamou.

—Oh, certo. — vovó Izayoi concordou e curvando-se ela pegou o rosto de Rin entre as mãos e beijou-lhe a testa, depois se colocou na ponta dos pés e fez o mesmo com tio Inuyasha também. — Cuidem-se.

—Mãe! — ele reclamou limpando a testa com as costas da mão.

Os dois ficaram ainda na porta no apartamento por mais algum tempo, observando vovô Inutaisho e vovó Izayoi se afastando pelo corredor até finalmente entrarem no elevador.

—Rin. — seu tio a chamou fechando a porta — Você terminou seu dever de casa?

Rin arregalou os olhos e, sem dizer mais nenhuma palavra voltou correndo para sala.

...

Rin acordou horas mais tarde no colo de Sesshoumaru-Sama, com a cabeça deitada em seu ombro.

—Já passa da meia noite. — ele a avisou quando percebeu que ela havia acordado — Se ficar dormindo na sala ficará doente.

—Sinto muito. — Rin bocejou erguendo a cabeça e coçando o olho direito — Meus livros...

—Eu os guardo. — ele respondeu ligando a luz do quarto ao entrar.

Rin ouviu tio Inuyasha reclamar e mexer-se em sua cama durante o sono, por causa da claridade.

—Ah, muito obrigada então. — agradeceu momentaneamente deitando a cabeça novamente em seu ombro, até ser depositada no futon — Sesshoumaru-Sama?

Ele puxou-lhe a coberta até a altura das orelhas.

—Diga Rin.

Rin abaixou o cobertor de volta para a altura do queixo.

—Por que o senhor não gosta quando seus pais vêm vê-lo? Eles são boas pessoas.

Apesar de não dizer, Rin estava também mentalmente incluindo a Senhora Arina também, mesmo parecendo muito dura e um pouco cruel — exatamente como o filho, por falar nisso — ela certamente só queria o melhor para ele.

Sesshoumaru-Sama arqueou uma sobrancelha.

—Durma Rin.

Ele levantou-se e foi embora, apagando a luz ao sair.

Rin não voltou a dormir de imediato, ao invés disso ela ficou deitada em seu futon ao lado do coelhinho de pelúcia, que o pai lhe dera por razão alguma numa das vezes em que fora buscá-la na escola, olhando para o teto e ouvindo a respiração de tio Inuyasha enquanto ele dormia, ela não entendia porque Sesshoumaru-Sama não gostava de ser visitado por seus pais.

Quando ela morava com sua mãe ela sempre quis que seu pai a visitasse um dia, mesmo que isso fosse impossível porque Mariko nunca contou nada sobre ela para ele… e agora não havia nada que ela quisesse mais no mundo do que ver sua mãe novamente.

Mas isso era mais impossível ainda, em silêncio ela abraçou ao coelhinho.

—Pesadelos outra vez? — Sesshoumaru-Sama questionou quando ela bateu à porta de seu quarto às duas da manhã.

—Não exatamente... — respondeu acanhada — Eu só… não consegui dormir.

Rin sentiu-se diminuir um pouquinho mais a cada segundo sob o olhar de Sesshoumaru-Sama, até que finalmente ele afastou-se um passo para o lado e permitiu-lhe entrar.

...

Dias mais tarde, quando vovó Izayoi e vovô Inutaisho anunciaram que estavam voltando à Irlanda, Rin sentiu-se na obrigação de desculpar-se pelo comportamento de Sesshoumaru-Sama durante toda a estadia deles no Japão.

—Oh Rin, querida, não precisa se desculpar por Sesshoumaru. — vovó Izayoi garantiu a sua esquerda pegando-lhe o rosto entre as mãos — É verdade que a forma como ele guarda tudo para si e nunca nos conta nada sempre nos chateia um pouco, mas essa é a forma dele ser. Na verdade de certa forma sinto como se a culpa fosse nossa. — confessou com um suspiro — Você sabe que eu não sou a mãe de sangue de Sesshoumaru, não sabe Rin?

Rin confirmou.

—Eu conheci a Senhora Arina. — acrescentou, tomando o cuidado de não chamá-la de vovó, já que isso não pareceu deixar ninguém feliz antes.

—Conheceu? — vovô Inutaisho franziu o cenho à sua direita — E ela nem se deu ao trabalho de contar-me que tínhamos uma neta. — reclamou — Sesshoumaru sem dúvida tem o sangue dela.

—De qualquer forma. — vovó Izayoi pigarreou — Sesshoumaru sempre foi uma criança tão fechada e quieta, nunca socializou com facilidade...

—Isso porque ele sempre se sentiu superior a todo mundo. — tio Inuyasha intrometeu-se do banco do carona.

—Não interrompa. — vovô Inutaisho o repreendeu.

—Eu só me tornei mãe de Sesshoumaru quando ele já tinha quase cinco anos, e ainda assim Inutaisho e eu nunca estávamos em casa. — vovó Izayoi continuou — Então, de alguma forma, talvez ele tenha se acostumado muito mais com nossa ausência do que com nossa presença, e agora não saiba como agir quando estamos por perto.

Aquilo fazia sentido. Rin pensou consigo mesma. Sesshoumaru-Sama podia ignorar seus pais, mas, em comparação, ele a tratava de uma maneira muito pior logo quando a conheceu, talvez se ele simplesmente se acostumasse aos pais, como havia se acostumado a ela...

—Ou vai ver ele é só um cretino, arrogante, frio e antissocial. — tio Inuyasha opinou.

Rin o observou. Por outro lado Sesshoumaru-Sama e o tio viviam juntos há anos e nem por isso pareciam se darem bem.

—De qualquer forma, não acho que seja como se ele nos odiasse ou algo assim. — vovô Inutaisho acrescentou distraído, coçando o rosto. — Afinal ele está até fazendo a gentileza de nos levar ao aeroporto.

—Para garantir que vocês estão realmente indo. — Sesshoumaru-Sama falou pela primeira vez desde que havia dado a partida no carro. — Os colocarei em seus assentos e afivelarei os cintos se for necessário.

—Cretino arrogante. — tio Inuyasha reclamou, e Rin viu-o girar os olhos pelo espelho retrovisor.

Porém, de sua parte Rin estava sorrindo, pois apesar de Sesshoumaru-Sama dizer isso, ele até mesmo havia permitido que ela e o tio faltassem a um dia de aula e ligara para as escolas justificando suas ausências “por motivo de doença”.

—Aqui estamos. — Sesshoumaru-Sama anunciou parando o carro — Desçam e voltem em menos de vinte minutos, ou peguem um ônibus para casa.

Tio Inuyasha saiu do carro sem reclamar, mas Rin colocou-se de pé e apoiou-se entre os bancos da frente.

—Mas Sesshoumaru-Sama, o senhor não vem conosco? — suplicou.

—Isso não é necessário Rin. — vovô Inutaisho colocou a mão sobre seu ombro — Já foi o bastante Sesshoumaru ter nos trazido até aqui, ele certamente está muito ocupado...

—Tudo bem. — Sesshoumaru-Sama desligou o carro.

Rin entrou no aeroporto logo depois dos avós, de mãos dadas com Sesshoumaru-Sama, não que ela achasse que ele daria as costas e iria embora assim que ela piscasse caso não o segurasse, Rin só estava feliz de tê-lo ali.

—Izayoi-San! Inutaisho-San! — Kagome-chan os chamou acenando, já os esperando ao lado de tio Inuyasha.

—Oh querida! — vovó Izayoi exclamou surpresa — Não precisava ter faltado à escola só para vir se despedir de nós!

—Imagina! E queria desculpar-me também por não ter podido ir ao parque de diversões com todos ontem. — Kagome-chan curvou-se ligeiramente.

No dia anterior, vovô e vovó haviam decidido levar a todos a um passeio em família antes de irem embora, Sesshoumaru-Sama se recusara terminantemente a ir junto, mas entregara as chaves do carro e dissera onde deveriam esperar para pegar Rin após a escola de bom grado — para livrar-se o quanto antes dos pais, segundo tio Inuyasha —, com a vaga deixada por Sesshoumaru-Sama, Kagome-chan acabou sendo convidada, mas ela não pôde ir porque já tinha um compromisso então Miroku-kun foi em seu lugar — foi a primeira vez que Rin ouviu-o ser chamado de “parasita” por tio Inuyasha ao invés de por Sesshoumaru-Sama.

—Imagina querida, nós é que deveríamos nos desculpar por fazer o convite tão em cima da hora! — vovó Izayoi desculpou-se se curvando ligeiramente também.

—Mas da próxima vez certamente irei! — garantiu Kagome-chan.

—Vamos todos! — empolgou-se Rin.

E lançou um sorriso brilhante à Sesshoumaru-Sama, que lhe respondeu com um arquear de sobrancelha.

Eles ficaram no aeroporto até assistirem ao avião de vovô Inutaisho e vovó Izayoi levantar voo, por fim eles acabaram indo embora rápido demais… assim como as flores de sakura.

—Domadora. — Sesshoumaru-Sama chamou com as mãos nos bolsos, ainda olhando através da vidraça que dava vista à pista de pouso dos aviões — Seu motorista está aposto ou eu terei que levá-la?

Ele olhou-a pelo canto dos lhos, obviamente estava perguntando também se ela iria para casa, ou matar o resto do dia escolar na casa dele.

—Uma carona seria muito bem vinda. — Kagome-chan respondeu com um sorriso.

Sesshoumaru-Sama girou os olhos, e sem dizer uma palavra levou Rin dali pela mão.


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Notas finais do capítulo

Sesshoumaru é um homem bastante difícil de compreender, mas às vezes ele não parece ser de todo mal, não é? Pelo menos ele parece estar cuidando direitinho da Rin... Do jeito dele, mas tá ^^
Por fim os pais deles acabaram ficando apenas por um tempo curto demais... mas espero que tenham gostado do capítulo!

Curiosidades do Japão:

O Hanami é um evento muito aguardado por todo o japão, pois as flores de sakura, consideradas um dos símbolos do Japão, florescem apenas uma vez ao ano, mas mal duram uma semana, logo, todos ficam ansiosos para poderem apreciarem esse momento tao único e especial.
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Eu devia ter falado disso no capítulo passado, mas esqueci kkkk
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Até a próxima!



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