De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 25
Aprecie as flores.


Notas iniciais do capítulo

De Repente Papai alcançou (e ultrapassou) os 100 comentários!!!!
Muito obrigada a todos vocês! =^.^=



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Sesshoumaru detestava ser incomodado.

E sair de casa era um incômodo.

A primavera era um incômodo

Sim, ele detestava o verão e seus dias insuportavelmente quentes, mas a primavera, com todas aquelas flores caindo das árvores e o pólen pelo ar, era muito irritante também, é verdade que no outono as árvores deixavam cair muitas folhas também, mas ele não era um incômodo para Sesshoumaru, era no outono que o clima começava a ficar mais agradável afinal… e ninguém inventava de fazer piqueniques ao ar livre no outono.

E ir a lugares cheios de pessoas era um incômodo.

Lugares lotados era um incômodo maior ainda.

E ainda assim… ali estava ele.

Com certeza ninguém jamais pensaria em procurá-lo em um parque ao ar livre em plena primavera.

—Ei Rin-chan, por favor, nos conte logo como você convenceu o Sesshoumaru a vir a um lugar desses! — Pervertido disse ao seu lado.

 —Isso! Pode ser que nós queiramos guardar esse trunfo na manga para situações futuras! — o idiota do Inuyasha disse ao seu outro lado.

—Eu não usei truque nenhum. — Rin respondeu alegremente de cima de seus ombros. — Sesshoumaru-Sama disse que queria vir.

Ela era tão pequena e o lugar estava tão lotado que era arriscado ele tentar levá-la pela mão e ela acabar sendo levado pela multidão e acabar se perdendo, então Sesshoumaru preferiu mantê-la em segurança no alto.

—Chantagem? — chutou Inuyasha — Ou algum tipo de suborno… talvez?

—Vamos lá, Rin-chan, não guarde o segredo só para você. — Pervertido insistiu, irritantemente dando uma leve cotovelada em Sesshoumaru — Nos conte como fez!

—Rin, se nos contar eu prometo... — Inuyasha começou a dizer.

Aquilo era tão aborrecido. Eles eram tão irritantes.

—O próximo que falar terá sua língua arrancada com pinças quentes. — Sesshoumaru comentou em tom ameno, da mesma forma que alguém usaria para se referir ao clima, por exemplo. — Esse lugar está lotado demais.

Olhando a volta à procura de um lugar onde houvesse pelo menos um quadrado de gramado livre Sesshoumaru deu-se conta de algo: Ele estava carregando na mão direita o embrulho com o obento de três andares — porque não bastava que Rin e ele cozinhassem para si próprios, eles também tiveram que cozinhar para aqueles dois glutões folgados! — e pendurado ao ombro esquerdo pendendo na altura de seu quadril estava um cooler com as bebidas, mas aqueles dois folgados estavam ambos de mãos vazias, nenhum dos dois carregavam absolutamente nada, nem sequer um mísera toalha.

Será que eles pretendiam que todos se sentassem diretamente no chão?!

Por que eles não tinham trazido nem a toalha? Rin e ele tinha que fazer tudo por ali! Eram mesmo uns inúteis!

Sesshoumaru já estava prestes a abrir a boca, para indagar sobre a toalha.

—Rin-chan! Estamos aqui! — Gata Selvagem chamou acenando para eles.

Há não mais que três ou quatro metros deles Gata Selvagem e Domadora estavam sentadas sobre um quadrado de tecido rosa sobre a grama — ao menos alguém pensava por ali! — e enquanto Gata Selvagem acenava, Domadora estava de costas, arrumando a comida ali, ela virou-se com um sorriso, que desapareceu assim que viu todos ali.

—Sango-chan! — Rin agitou-se sobre seus ombros.

E Sesshoumaru achou melhor empurrar os obentos contra Pervertido para liberar logo suas mãos e tirar Rin dali de cima antes que ela decidisse se jogar por si mesma.

Mal ela tocou o chão e já saiu correndo em direção às meninas, deixando os sapatos pelo caminho — restando a Sesshoumaru recolhê-los ao passar —, Gata Selvagem a esperava de braços abertos, claro, mas Rin passou direto por ela para abraçar Domadora, que a abraçou de volta, mas seus olhos estavam fixos no idiota do Inuyasha.

—Poxa Rin-chan! E quanto a mim? — choramingou Gata Selvagem.

—Ah! Oi Sango-chan! — Rin soltou-se da Domadora para abraçar a Gata Selvagem.

Enquanto isso, Inuyasha e Domadora não deixavam de encarar um ao outro.

—Kagome, o que você...?

—Sesshoumaru! Que surpresa vê-lo aqui! Você pode deixar seus sapatos ali, os de Rin também!

—Ei! Não me ignore! — Inuyasha enfureceu-se.

—É verdade. — Gata Selvagem concordou soltando Rin — Quer dizer, nós já sabíamos que Rin certamente te convidaria, mas nunca imaginamos que você realmente viria.

—Não ajam como se eu não estivesse aqui! — Inuyasha bateu o pé no chão.

Olhando-a Sesshoumaru arrumou os sapatos no lugar indicado e sentou-se de pernas cruzadas sobre a toalha.

—Eu vim. — afirmou.

—Mas nós também não esperávamos vê-las por aqui! — Pervertido afirmou alegremente, também tirando os sapatos e se sentando sobre a toalha, próximo a Gata Selvagem, e já desembrulhando os obentos.  — Rin não nos disse que as havia chamado.

—Ela também não nos disse que havia chamado vocês. — Domadora respondeu com os olhos fixos em Inuyasha.

—Feh! — Inuyasha bufou virando o rosto de lado, jogando os sapatos de qualquer jeito e então se sentando junto a Sesshoumaru. — Se soubesse que essa bruxa estaria aqui nem teria vindo!

—Pois não pense você que eu não tenho nada de melhor para fazer do que passar o meu tempo com um idiota como você! — Domadora também virou o rosto de lado.

Eram duas crianças aqueles dois, mas Sesshoumaru não tinha nada haver com aquilo, então simplesmente começou a comer.

—M-mas...! Foi justamente por isso que eu não disse nada! — Rin defendeu-se — Eu queria ver todos juntos para que fizessem as pazes e parassem de brigar e Kagome-chan voltasse a nos visitar no apartamento como antes! Por que de repente você parou de vir e ninguém me explicou nada! Eu odeio quando os adultos fazem isso! E eu senti sua falta Kagome-chan! E o Sesshoumaru-Sama também!

Então ela ia metê-lo naquilo também?

De repente todos os olhos estavam voltados para Sesshoumaru.

—Se eu pudesse escolher ter você como irmã caçula seria muito mais agradável do que a este imbecil. — comentou dando um pequeno aceno com a cabeça antes de voltar a comer.

Olhando-o em choque Domadora piscou.

—Sesshoumaru… acho que essa foi a coisa mais gentil que você já me disse.

—Essa foi coisa mais gentil que ele já disse para qualquer um. — Inuyasha afirmou também em choque, afastando-se dele.

Não era bem assim, Domadora podia ser mandona, mas ela certamente comia bem menos e era bem mais organizada que seu imprestável irmão idiota, com certeza o dinheiro que ele recebia do pai e da esposa dele para aturar/sustentar o filho dos dois valeria muito mais a pena se ele tivesse que aturar a Doadora em lugar do estúpido Inuyasha.

—Eu sinto muito Rin. — Domadora passou a mão pelos cabelos da menina — Mas você podia ter me ligado.

Rin sacudiu a cabeça.

—Não. — negou — Porque você me disse para só usar o celular quando Sesshoumaru-Sama tentasse se livrar de mim, e ele só tentou isso mais uma única vez, então eu não queria que pensasse mal de Sesshoumaru-Sama nem mesmo por um segundo!

—Espere um pouco. — Gata Selvagem cerrou os olhos, puxando o obento para longe de Sesshoumaru bem quando ele estava prestes a pegar uma salsicha — Ele ainda tentou de novo?

—Mas já faz tempo! — Rin respondeu alegremente — Foi logo depois de as minhas férias terem terminado!

Sesshoumaru encolheu os ombros.

—Tentei devolvê-la para a mãe de Mariko, mas a avó a recusou. — respondeu esticando o braço e pegando de uma vez com seus hashis uma das salsichas.

—A avó a recusou?! — Pervertido estava boquiaberto.

—Uma atitude incompreensiva, entregar a neta para um estranho que ela, aparentemente, detestava e que não via há dez anos.

—E depois Sesshoumaru-Sama e eu fomos fazer exames de DNA! — ela completou feliz.

—Exames de DNA?! — Inuyasha se engasgou. — Espere, há quanto tempo foi isso?! Não foi logo depois das férias de verão?!

—Então os resultados do exame já saíram! — Domadora afirmou. — E o que deu? Qual foi o resultado?!

—Ele não tentou mais se livrar dela… então... Rin é mesmo sua filha?  — Pervertido perguntou.

—Mas é claro que sou! — Rin respondeu quase como se estivesse ofendida por eles sequer terem duvidado daquilo.

Mas ainda assim todos os olhares permaneciam em Sesshoumaru, ansiosos pela resposta dele.

Pessoas intrometidas, o tipo mais irritante de gente que existe.

Sesshoumaru espanou com irritação uma pétala de flor que caíra sobre seu ombro esquerdo, e então, olhando-os de lado, de forma gélida e superior ordenou:

—Cuidem da própria vida.

Um silêncio pesado e desconfortável recaiu sobre o grupo, uma cerveja viria bem a calhar agora, mas Sesshoumaru fora dirigindo até ali, pois os metrôs estavam lotados demais de pessoas querendo ir aos parques para “apreciar as flores” e nenhum daqueles imbecis tinha idade para dirigir — e mesmo que tivessem, ele nunca deixaria que dirigissem o seu carro — então se conformou em tirar do cooler uma simples lata de chá verde.

Após algum tempo Inuyasha pigarreou.

—Kagome… desculpe. — resmungou mal separando os lábios para falar.

Domadora o encarou.

—E pelo que exatamente você está me pedindo desculpa?

Bastava um olhar para a cara de Inuyasha e qualquer um poderia dizer que ele não sabia pelo que estava se desculpando.

—Bem… você ficou zangada comigo. Não é? Então... Você deve achar que eu fiz alguma coisa.

—Ora...! — Domadora irritou-se — Mas é claro que você fez alguma coisa! Seu idiota!

—Ei! Por que está ficando brava de novo assim de repente?! — Inuyasha partiu para a defensiva — Eu é que deveria estar bravo aqui!

—Você?! — ela indignou-se — E por que é que você é que deveria estar bravo aqui?!

Pervertido e Gata Selvagem assistiam a tudo virando a cabeça repetidas vezes de um lado para o outro, como quem assistia a uma partida de tênis.

—Porque você deu aqueles chocolates para o lobo fedido!

—Bem, eu dou chocolates pra quem eu bem entender!

—Mas eu sei que fez isso só pra me provocar! — acusou — Até os chamou de “chocolates de vingança”! O que deveriam ser chocolates de vingança?!

—E você também não tinha nada que ter dado presentinhos à Kikyou, seu idiota!

Parando por um momento Inuyasha olhou-a desconcertado.

—Aquilo foi um presente de Dia Branco, ela também tinha me dado chocolates.

—Mas não precisava ter dado a ela um exatamente igual ao meu! — ela deixou escapar, com voz embargada.

Àquela altura Rin já estava com os olhos cheios de lágrimas, ela os havia chamado ali para fazerem as pazes, não para brigarem mais ainda, sem dizer uma palavra Sesshoumaru a puxou para si e cobriu seus olhos com uma mão, ela não precisava ficar vendo-os brigar.

Aquela cena toda também havia começado a chamar atenção das pessoas nas proximidades que, sem muita discrição, os olhavam de canto e cochichavam sobre eles, mas bastou um olhar de Sesshoumaru para que voltassem a cuidar de suas próprias vidas.

Inuyasha baixou a cabeça.

—Sinto muito. — murmurou.

E dessa vez sim parecia arrependido e envergonhado ou, ao menos, ter noção do porque deveria se desculpar.

De sua parte Domadora colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, desviando o olhar como se estivesse envergonhada.

—Eu também sinto muito. — admitiu.

A mão de Sesshoumaru já jazia até mesmo esquecida sobre os olhos de Rin, até que ela a tirou de lá, fungando um pouco, mas ele mal reparou nisso.

Ótimo. Pensou. Agora seu apartamento voltaria a ser pont de encontro para aqueles parasitas.

—Sesshoumaru. — Gata Selvagem o chamou — É o seu celular que está tocando?

—Não. — respondeu sem rodeios retirando o celular do bolso e desligando-o.

Ele já tinha dito àqueles dois que não os buscaria no aeroporto, afinal ambos sabiam dirigir e eram perfeitamente capazes de alugar um carro, ou simplesmente chamar um táxi, não havia qualquer necessidade de ele se transformar no chofer particular deles.

Embora talvez pudesse ou não ter avisado que também não estaria em casa.

Rin fez menção de perguntar qualquer coisa, mas Domadora disse-lhe para deixar para lá e ninguém mais fez pergunta alguma.

O celular permaneceu desligado até à tarde do dia seguinte, quando Sesshoumaru em fim percebeu que havia se esquecido de ligá-lo de volta.

É claro que o telefone começou a tocar menos de cinco minutos depois.

—Seja rápido. — alertou.

—Sesshoumaru, aqui é o Myuga. — disse o velhote do outro lado da linha — Onde você está?

—No Japão.

Myuga suspirou impaciente.

—Esqueça, não importa, seus pais querem falar com você, sabia?

—Izayoi não é minha mãe. — comentou.

—Que diferença faz se ela é ou não sua mãe? Você evita a duas igualmente. — Myuga reclamou.

—Não estou evitando ninguém e se eles queriam falar comigo por que não me ligaram eles mesmos?

—Ligaram! — afirmou o velho — Mas você aparentemente os bloqueou!

—Não bloqueei. — negou — Desliguei o celular, estava ocupado, só o liguei novamente agora há pouco.

—Oh. E isso soa muito melhor. — o velhote resmungou. — Você não apenas se recusou a buscá-los no aeroporto como também sequer os recebeu em casa ontem! Eles tentaram lhe visitar novamente hoje pela manhã, mas o porteiro não quis deixá-los entrar de novo.

Sim, era bem verdade que o porteiro havia lhe informado no dia anterior, logo após Sesshoumaru retornar do — infernal — hanami, que um casal alegando serem seus pais viera lhe ver mais cedo, mas como eles não haviam deixado nenhum recado ou aviso prévio de que pretendiam retornar, ele também não viu motivos para perder tempo confirmando quem eles eram.

—Talvez o porteiro não os tenha deixado entrar porque ele não os conheça e eu não disse nada sobre alguém estar indo me visitar?  — arqueou uma sobrancelha, afinal já fazia mais de um ano desde a última visita de Inutaisho e Izayoi, certamente não havia como o homem se lembrar dos rostos deles. — Eles deveriam ter ligado antes.

—Você desligou o celular!

—Eles também têm o número do meu telefone fixo e e-mail, podiam simplesmente deixar uma mensagem avisando que viriam.

—Para você pegar o próximo trem para Yokohama de novo? — Myuga retrucou ranzinza.

Dá última vez que Inutaisho e Izayoi estiveram no Japão — dois invernos atrás — coincidiu de ter sido justamente na época em que ele viajara para fazer uma pesquisa de campo em Yokohama para o livro que estava planejando.

E em sua defesa, ele já havia comprado a passagem de trem antes de aqueles dois ligarem avisando que estavam voltando ao Japão, é claro que não mudaria sua agenda só para se adaptar aos planos deles.

—De qualquer forma é inacreditável! — Myuga continuava reclamando ao telefone — Inutaisho é quem paga o aluguel...!

—Na verdade ele paga metade. — Sesshoumaru comentou como se fosse verdade.

Mas Myuga seguiu falando como se ele não houvesse dito nada:

—E agora o homem não pode nem sequer entrar no prédio!

—Myuga. — chamou.

—Sim?

—Você está me incomodando. — e aquele era um claro aviso de “eu vou desligar”.

Myuga suspirou.

—Tudo bem, tudo bem, acalme-se. Por que não atendeu para deixá-los subir ontem quando o porteiro ligou?

—Eu estava fora. — respondeu.

—Sim… foi o que o seu porteiro disse. — o homem concordou, deixando bem claro em seu tom desconfiado que não acreditava nem um pouco que Sesshoumaru estivesse realmente fora no dia anterior, e o porteiro apenas dissera o que haviam lhe instruído para dizer. — Onde estava?

—Hanami.

—O-o que? — Sesshoumaru teve a impressão de ouvir algo caindo.

—Fui apreciar as flores e comer ao ar livre. — explicou para o caso do velho já estar caducando.

—Francamente Sesshoumaru, você é escritor, podia inventar algo melhor que isso. — o velhote resmungou — E hoje mais cedo?

—Estava fora. Fui levar Rin à escola.

—Rin? A menina?

—Não, Rin o cão basset.

—Francamente...! — Myuga bufou — O que quero dizer é... você a leva para a escola? Você?

Ele certamente não demonstraria mais estranheza na voz nem se Sesshoumaru tivesse dito que amava comer capim todas as manhãs no desjejum.

—Levo.

—Ela está ferida?

—Sua escola é longe.

—E existe transporte público.

E assim Sesshoumaru deu por encerrada a ligação.

...

É claro que ele sabia que Izayoi e Inutaisho voltariam novamente, de forma que não ficou surpreso ao atender ao telefone naquela noite para receber de seu porteiro a notícia de que “o casal das vezes anteriores, que dizem serem seus pais, está aqui novamente”.

—Deixe-os subir. — respondeu desligando o telefone.

—Deixar quem subir? — Inuyasha perguntou saindo do quarto, obviamente não se tratava nem da Domadora nem do Pervertido, já que ambos eram visitas tão frequentes ali, que o porteiro simplesmente os deixava subir diretamente. — Myuga?

—Não. — encolheu os ombros. — Izayoi e Inutaisho.

Inuyasha arregalou os olhos.

—Mamãe e Papai?!

Esse foi o momento ideal também que Rin escolheu para aparecer, perguntando por detrás de Sesshoumaru:

—Mamãe e Papai?!

—Eles já estão subindo. — avisou dando meia volta e indo para a cozinha preparar café.

O café já estava quase pronto quando Inuyasha correu para abrir a porta e receber Izayoi e Inutaisho.

Com sorte os dois convidariam o filho para sair para jantar e se esqueceriam dele.

—Sesshoumaru, seu idiota! — Inuyasha entrou correndo irritado na cozinha — Por que não me disse que nossos pais estavam no Japão?!

—Porque eu não ligo. — respondeu virando-se — E se você se importa tanto com a localização deles, deveria pegar o telefone e ligar de vez em quando, a mãe é sua.

—Oras, seu...!

—Vamos, vamos, meninos, não briguem. — Izayoi fez o possível para apaziguá-los, adentrando a cozinha junto de seu marido.

Seu pai e a esposa não haviam mudado em nada desde a última vez em que os vira, ambos já haviam passado dos quarenta, e estavam agora mais perto dos cinquenta do que dos quarenta propriamente ditos — com três ou quatro anos de diferença entre eles —, mas enquanto os cabelos de Inutaisho já tivessem se tornado completamente prateados — o primeiros fios brancos surgiram-lhe ainda antes dos trinta — Izayoi continuava com seus fios impecavelmente negros — tintura? Talvez.

—Olá Sesshoumaru. — cumprimento-o Inutaisho.

Sesshoumaru acenou brevemente com a cabeça.

—Já faz algum tempo. — disse. — Sentem.

—Um pouco mais de dois anos. — seu pai concordou, puxando uma cadeira para a esposa sentar-se antes de puxar uma para si mesmo — Nós viemos no natal retrasado, mas você estava em... Yokohama?

—Sim. — respondeu.

O pai lançou-lhe um olhar indicativo, como quem perguntava “por que você estava em Yokohama?”, mas Sesshoumaru limitou-se a encolher os ombros.

O café ficara pronto.

—Infelizmente não conseguimos vir nesse último natal. — Inutaisho comentou. — Mas viemos ontem.

—Eu sei. — respondeu servindo-se de café — Eu estava fora.

—Nós estávamos em um hanami... — Inuyasha respondeu confuso, como se seu minúsculo cérebro ainda não houvesse processado aquela informação e, de repente, arregalando os olhos apontou-o acusador — Espera! Foi por isso que foi conosco?!

—Não. — eles haviam dito que chegariam durante o final de semana, e Sesshoumaru apenas suspeitara que pudesse ser no domingo, então o hanami havia sido como Yokohama: algo que ele havia planejado antes da confirmação para a data certa da chegada de Inutasisho e Izayoi e que ele não fizera questão de mudar simplesmente para se encaixar a agenda deles — Café?

Ele indicou a jarra para Inutaisho e Izayoi.

—Seu cret...! — Inuyasha começou a dizer.

Mas Inutaisho tossiu, interrompendo-o, certamente para evitar mais brigas.

—Obrigado. — aceitou e esperou até que Sesshoumaru o servisse, enquanto Izayoi declinou sua oferta com um meneio de cabeça, ela odiava café. — Hanami?

Sesshoumaru deixou a xícara de café na mesa.

—Não vou a um hanami com vocês. — Sesshoumaru respondeu, assim que notou o olhar cheio de expectativa de Izayoi.

Ela suspirou desanimada, murmurando consigo mesma.

—E quanto à hoje? — O pai questionou após um breve gole de café.

—Fora. — respondeu — Deviam ter ligado antes para avisar.

—Eu te disse! — reclamou Izayoi, batendo no braço do marido — Não é educado vir assim sem avisar nada!

—Izayoi, ele sabia que estávamos chegando ao Japão ontem, é claro que sabia que viríamos. — Inutaisho respondeu levemente aborrecido, e voltando-se para Sesshoumaru novamente disse: — Podia ao menos ter dito ao seu porteiro quem éramos, para que pudéssemos subir e te esperar aqui.

—Podia. — Sesshoumaru-Sama concordou bebendo seu café — Mas não queria vocês mexendo nas minhas coisas.

—Então não adiantaria de nada ligarmos antes. — o pai concluiu bebendo também mais um gole de café e Sesshoumaru deu de ombros — Onde está a menina?

Claro que eles queriam vê-la, haviam vindo somente por ela certamente.

—A menina? Rin? — Inuyasha perguntou idiotamente da entrada da cozinha.

Como se houvesse alguma outra menina morando ali, se bem que havia a Domadora, ela não morava lá, mas era praticamente como se morasse! E Gata Selvagem também!

—Sim. — Inutaisho confirmou — Myuga nos contou sobre ela.

—Claro que contou. — Sesshoumaru responde irônico, desde o principio ele já sabia que Myuga contaria, aquele velho linguarudo.

—E... É verdade? A mãe dela realmente...? — Izayoi parou desconfortável.

—No inicio do verão passado. — Sesshoumaru confirmou.

—Uma pena. — lamentou seu pai — Quem… quem era ela?

—Seu nome era Mariko. — respondeu — Ela foi nossa vizinha por algum tempo.

—Acho que me lembro dela. — Izayoi apertou os lábios — Foi babá de Inuyasha, não foi? Pobrezinha, era muito jovem… mas eu nunca soube que vocês dois… quero dizer...

Ela calou-se, ao seu lado Inutaisho franziu o cenho.

—E… o que pretende fazer com a criança? Realmente pretende ficar com ela?

Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha.

—Querem conhecê-la? — perguntou em lugar disso.

—Claro! — concordou Izayoi repentinamente animada — Onde ela está?

Ela olhava agora para todos os cantos, como se esperasse que Rin estivesse escondida em algum lugar por ali.

Sesshoumaru arqueou a sobrancelha e erguendo um pouco o tom de voz chamou:

—Rin!


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Notas finais do capítulo

Como viram, eu ainda não esqueci do exame de DNA não kkkk
Quem chutou que as visitas seriam Izayoi e Inutaisho parabéns o/
E no próximo capítulo teremos Rin se reunindo com seus avós, até lá! ;)



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