De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 21
Confrontos com chá.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas!
Obrigada por voltarem, sei que o capítulo é curtinho, mas espero que gostem XD



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No dia anterior Myuga havia lhe escrito um e-mail, um longo e desnecessário texto expressando seu choque, mas principalmente sua gratidão por ele não ter escrito nada “perturbador ou sombrio” para seu conto de verão.

Ao invés disso escrevera “Amor de vidro” a história de uma pequena fada das margaridas que inutilmente se apaixonara por uma estatueta de um homem de vidro, mas era apenas uma estatueta fria e cortante e, portanto esse “amor” nunca rendeu nada à fada além de cortes e cicatrizes, até que ela em fim desistira daquele amor inútil. Francamente ele quase vomitara escrevendo aquilo, e juntamente com o arquivo também enviara um aviso expresso de que nunca mais escreveria uma coisa nauseante daquelas, não era uma história feliz, mas o que se podia esperar de uma história de verão de Sesshoumaru? Ao menos ele não grudara a fada com um alfinete na coleção de algum taxidermista. E Myuga ficara satisfeito o bastante para depositar o dinheiro em sua conta sem mais perguntas.

E Sesshoumaru estaria perfeitamente satisfeito se esse houvesse sido o único e-mail que recebera…

“Rin está na escola agora, ela está bem.”

Ele guardou o celular no bolso.

Essa era apenas a ultima mensagem — recebida naquela mesma manhã — de dezenas de outras mensagens que Sesshoumaru recebera durante o tempo que estivera fora.

Ele já havia viajado antes, e por muito mais tempo e para muito mais longe — embora geralmente eles não tivessem como saber para onde ele ia — e nunca o haviam enchido daquela maneira.

Mas dessa vez aquele idiotas estavam se superando, pois desde que ele saíra em viagem, ao menos quatro vezes por dia eles enviavam um e-mail a ele com “informações novas” sobre a menina, revezando-se para enviar e-mails que iam desde mensagens rápidas e concisas como aquela até longos e desnecessários textos — que, por alguma razão, ele lia até o fim — que mais pareciam boletins informativos, aliais, os assuntos dos e-mails sempre estava intitulados como “boletim informativo do dia”, mesmo que houvesse mais de um por dia.

Somente da primeira vez que recebera um daqueles e-mails inúteis — o recebera logo na primeira noite e a mensagem dizia “Rin disse para você não se descuidar e se alimentar direito” e tinha por remetente o idiota do Inuyasha — Sesshoumaru havia respondido, e apenas para dizer:

“Não me enviem e-mails desnecessários. Idiota”.

E com “desnecessário” Sesshoumaru queria dizer qualquer tipo de mensagem da parte deles.

Mas, ainda assim, dia após dia aquele grupo irritante continuou a enviar e-mails a ele... E de alguma forma Sesshoumaru não os colocou na caixa de Spam. Provavelmente a situação seria muito pior se acaso ele tivesse uma conta de LINE.

Como ou quando eles haviam conseguido seu e-mail ainda lhe era um mistério — embora não um tão difícil assim de se descobrir, seu pai, Izayoi e Myuga tinham conhecimento sobre seu endereço de e-mail, bastava saber a qual deles eles haviam perguntado — mas nem mesmo para isso Sesshoumaru havia se dado ao trabalho de responder.

Os e-mails chegavam a ser quase tão irritantes quanto à presença física deles, exceto pelo fato de que era mais fácil ignorar aos e-mails — mas não ignorava — mas de qualquer forma isso já não tinha mais importância, pois agora que ele estava de volta eles finalmente parariam de enviar aquelas mensagens irritantes... E passariam a irritá-lo pessoalmente.

Sesshoumaru havia dito que estaria em casa entre sete e dez dias, então foi até bem razoável quando ele retornou no décimo quinto dia.

Eram por volta de 11h da manhã quando ele chegou ao prédio e entrou pelo portão da frente respondendo ao cumprimento do porteiro com um breve aceno, àquela hora Rin, Inuyasha e os amigos parasitas dele deveriam estar na escola então ele estava convencido de que seria capaz de descansar, ao menos um pouco... Engano seu.

Tendo preferido viajar de trem a viajar de carro e ainda tendo tido que pegar o metrô para ir e voltar da estação de trem, ele escolheu, naquele dia, subir de elevador, mas deveria ter pegado as escadas, pois quando as portas do elevador se abriram quem estava ali se não a senhora sua mãe, Arina?

Ela podia estar naquele momento descendo do quinto andar, irritada por ter ido procurá-lo e não o encontrado, ou então podia muito bem ter acabado de chegar e estar justamente agora subindo da garagem no subsolo.

De qualquer forma isso não importava, pois ali estava ela, bem a sua frente, com os braços cruzados e expressão de desdém.

—Bem. — ela disse.

Ele cumprimentou-a com um aceno de cabeça, e entrou no elevador deixando a mala ao lado de seus pés.

O botão para o quinto andar já estava apertado.

—Eu vim procurá-lo uns três ou quatro dias atrás. — a senhora Arina disse finalmente — Mas aquele filho insuportável de seu pai, que você abriga só para me irritar, me disse que você estava viajando. — ela girou aos olhos — Você nem sequer se deu ao trabalho de arranjar uma desculpa decente!

Geralmente quando sua mãe aparecia por ali Sesshoumaru mandava Inuyasha, ou qualquer um, dizer que ele havia se mudado e não deixara endereço.

Mas ela sempre voltava.

—Não que seja da sua conta, minha senhora, mas eu realmente estava viajando. — ele respondeu — Estive passando algum tempo nas termas, se quer saber.

Se sua mãe fosse capaz de demonstrar alguma emoção Sesshoumaru diria que, por um segundo, tinha detectado um leve rastro de mágoa em seu rosto.

—As termas? — ela repetiu um segundo depois — Ninguém vai às termas sozinho, quem você levou? Alguma nova amante?

 As portas do elevador se abriram, Sesshoumaru pegou sua mala e saiu para o corredor.

—Não há nenhuma amante. — respondeu sabendo que ela o seguia — Eu fui só.

—Só? — repetiu sua mãe — Que vida mais triste e solitária.

Ele ignorou esse ultimo comentário.

Seguiu até seu apartamento e, não se envergonhava de admitir isso, tentou deliberadamente deixar sua mãe do lado de fora ao entrar. Mas ela, possivelmente já prevendo sua atitude, acabou por ser mais rápida.

—Não me oferece uma xícara de chá? — ela inquiriu abrindo o pesado casaco — Por que insiste em usar essas roupas tão maltrapilhas?

Ela obviamente se referia ao longo sobretudo cinzento de Sesshoumaru e aos seus surrados tênis, brancos e inadequados para o clima lá fora.

—Eu não sinto frio como as outras pessoas. — respondeu depois de tirar os tênis — Para mim essas roupas são o suficiente. E eu estava usando luvas.

E mostrou a ela as grossas luvas de lã cinza escura, tirando-as em seguida.

Sua mãe torceu os lábios.

—Se ao menos vocês deixasse de lado de uma vez essa sua teimosia! — ela reclamou.

—Por que a senhora não se senta na cozinha? — perguntou pegando sua mala e se afastando — Eu vou deixar minha mala no quarto.

Obviamente ele não pretendia voltar.

No corredor a Senhora Arina agarrou-lhe o braço.

—Prepare uma xícara de chá agora. — ordenou.

E sua mãe sabia disso.

Sesshoumaru girou os olhos e deu meia volta.

...

Pareceu levar uma eternidade até que a água chegasse ao ponto de fervura.

—Tem mesmo uma criança morando aqui? — sua mãe perguntou às suas costas, isso porque Sesshoumaru achava muito mais produtivo ficar encarando a chaleira enquanto esperava a água ferver do que voltar-se para ela — Ou você só disse isso para me manter longe?

Tecnicamente ele nunca havia dito nada a ela, Rin é que tinha pulado nela como um filhote de cachorro louco para ser adotado, se dependesse dele sua mãe nunca sequer sonharia com a existência da menina, mas ao menos um ponto positivo havia surgido naquilo: nunca antes ele havia visto a Senhora Arina ir embora tão depressa, antes mesmo de tirar os sapatos, recusando o chá e afirmando que só estava ali de passagem porque tinha outros compromissos.

—Realmente há uma criança morando aqui. — respondeu pondo as folhas de hortelã na água fervente.

Francamente ele preferia oferecer-lhe café… Sua mãe odiava café, então ela certamente iria embora muito mais rápido se ele lhe desse isso.

—É mesmo? — ela soava cética, o que, para falar a verdade, não era novidade — Então por que a casa parece tão bem arrumada e impecável? Ou, pelo menos, tão bem arrumado e impecável quanto um lugar desses pode ficar. E por que não vejo brinquedos em lugar algum?

Ele queria que o chá ficasse pronto de uma vez, para que assim sua mãe o tomasse e fosse logo embora, na verdade, o ideal seria que ela o levasse para viagem.

—Rin gosta de arrumar a casa. — ou melhor, isso era quase como uma obsessão da menina. — E ela não tem brinquedos.

Quando colocou aquilo em palavras Sesshoumaru percebeu o quanto isso parecia errado, uma criança precisava ter brinquedos e sua infância, e tudo o que ela tinha era aquele urso ridiculamente grande que Domadora lhe dera no natal, mesmo ele havia tido brinquedos quando pequeno — embora, pelo que se lembrasse, ignorasse a maioria deles.

Ela sempre parecia feliz quando cozinha, mas, ainda assim, não parecia certo.

Ouviu-se um baque de madeira que, segundo a impressão que Sesshoumaru teve, sacudiu parte da cozinha, e quando ele olhou para trás percebeu que a mãe havia batido com a palma da mão na mesa enquanto apoiava a testa na outra mão.

—Sesshoumaru. — ela o chamou calmamente, sem erguer os olhos — Em que tipo de negócio escuso você se meteu?

—A que se refere? — perguntou levando a chaleira até a pia onde uma xícara e um coador já haviam sido deixados com antecedência.

—Quem realmente é essa menina? — ela perguntou — Você a encontrou na rua e prometeu comida e abrigo em troca de trabalho?

Sem dizer nada Sesshoumaru colocou a xícara de chá sobre a mesa em frente a sua mãe, com o pires em cima a tampando para conservar o sabor, e esperou para ver até onde ela ia.

—Por favor. — ela ainda não havia sequer erguidos os olhos, Sesshoumaru duvidava que tivesse notado a xícara de chá a sua frente — Me diga que você não comprou essa menina. — diante o silêncio de Sesshoumaru ela continuou — Mandarei uma empregada para você, se o problema é dinheiro não se preocupe, eu pagarei o salário dela, alguém já o denunciou? Não, óbvio que não, então eu levarei a menina comigo antes que o denunciem, arranjarei um bom lar adotivo e...

—Eu não comprei uma criança e nem a peguei na rua para explorá-la. — ele a interrompeu servindo chá para si mesmo, embora preferisse café, e sentando-se em frente a ela — Um dia Rin simplesmente bateu à minha porta e disse ser minha filha.

A senhora Arina arqueou uma sobrancelha e retirou o pires de cima da xícara, colocando-o debaixo dela antes de levá-la aos lábios e experimentar o chá.

—E você simplesmente deixou-a ficar? — inquiriu com sua indignação indo para outro lado agora — Sem sequer exigir um exame de DNA?

—Eu fiz um exame de DNA. — ele a interrompeu.

—Ah. — ela tomou mais um gole de chá — E a mãe da garota?

—Falecida.

Mas, se ele lembrava bem, Rin já havia dito aquilo a ela no dia em que se conheceram.

—Certo. — ela disse — Isso o livra da pensão.

Frívola como sempre, mas Sesshoumaru não estava surpreso, levantando-se sem sequer tocar em seu chá, ele recolheu ambas as xícaras e as levou até a pia.

—Realmente veio até aqui apenas para falar da criança?

—Você sabe que não. — ele podia ouvi-la tamborilando no tampo da mesa. — Vim saber se já se cansou de perder tempo e decidiu arranjar um emprego.

É claro que ela ia falar daquilo de novo.

—Eu tenho um emprego. — respondeu virando-se para ela com as mãos nos bolsos.

—Escrever livros não é trabalho, Sesshoumaru, é hobbie. — ela girou os olhos — E agora que você tem uma menina para criar, você precisa de um emprego de verdade.

E agora ela tentaria usar a menina contra ele. Típico. Sesshoumaru girou os olhos.

—Se isso era tudo, minha senhora. — disse pegando a mala e retirando-se da cozinha.

—Sesshoumaru. — ela o chamou — Sesshoumaru eu ainda não terminei. — mas ao ver que ele não lhe dava ouvidos decidiu apelar: — Pense no futuro da menina!

Sesshoumaru parou à entrada da cozinha e virou-se.

—Se você quer tanto um herdeiro eu tenho uma proposta melhor. — afirmou — Leve a menina em meu lugar. Deve ser bom o bastante, tenho certeza que você pode dar a ela uma criação melhor do que eu, se você está assim tão preocupada com o futuro dela. Ah. — lembrou-se — E aquela empregada que você ofereceu-se para pagar, eu aceito também. — arqueou uma sobrancelha — Acho que a senhora já sabe onde fica a porta, não é?


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Notas finais do capítulo

O que acharam do conto que Sesshoumaru acabou escrevendo? E por que acham que ele disse isso a mãe dele? Me contem nos comentários! ;)



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