De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 19
Quem paga a conta do hospital?


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas? Como vão vocês?
Obrigada por voltarem!

GLOSSÁRIO:

Glossário:

Genkan: Área da casa, posicionada à entrada, onde se deixam os calçados antes de entrar;

Futon: Tipo de colchão enrolável feito para se por em pisos tipo tatame. É formado por um shikibuton (inferior) e um kakebuton (acolchoado grosso).



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/713754/chapter/19

No mesmo dia em que Inuyasha foi internado, antes mesmo de sair completamente do hospital Sesshoumaru já estava ligando para uma equipe profissional de limpeza.

—Preciso de uma equipe com o máximo de rapidez possível. — informou — Dois quartos, banheiro, sala, cozinha e varanda. Sim, claro, pago por hora, o meu endereço é...

Enquanto passava o endereço ele retirou do bolso as chaves do carro e desativou o alarme.

Os paramédicos haviam sugerido que ele seguisse na ambulância junto com eles e Inuyasha, mas o dia em que Sesshoumaru entrasse numa ambulância com um paciente doente seria o dia em que ele mesmo fosse o paciente… No entanto ele seguiu a ambulância tão rápido quanto foi capaz, talvez incluísse na conta a multa de trânsito que levou por causa disso.

Cerca de duas horas depois o porteiro ligou avisando que “a equipe solicitada por ele havia chegado”, a essa altura Sesshoumaru já havia preparado uma mala com os itens mais básicos de Rin e colocado do lado de fora da porta para que Gata Selvagem a levasse — coisa que já havia feito aliais — feito uma mala para si mesmo e reservado um quarto de hotel também.

Claro, ele poderia levar Rin consigo para o hotel, mas ficar em um quarto de hotel sem nada para fazer, além de assistir TV a cabo, enquanto ele escrevia freneticamente só a deixaria entediada.

Ele só esperava que Gata Selvagem não decidisse seguir o exemplo de seu irmão idiota e cair doente também enquanto cuidava de Rin. Sesshoumaru devia ter se dado conta antes que a coisa era mais que um mero resfriado.

—Essas são as chaves do apartamento, levem o tempo que for necessário. — ele avisou ao chefe da equipe de três profissionais que chegara — Quero o apartamento completamente esterilizado, nem um vírus, bactéria, fungo, seja lá o que for pode sobreviver, incinere as roupas de cama se preciso.

—Não se preocupe senhor, somos os melhores no ramo. — o homem lhe garantiu pegando as chaves.

—Esse é o número do meu celular e o número do hotel no qual estarei então me liguem quando o serviço tiver terminado. — ele entregou uma folha de seu pequeno bloco de notas com os números anotados — Se uma criança aparecer por aqui não a deixe entrar, avisem-na de que a área está interditada por tempo indeterminado.

—Mas é claro senhor. — o homem concordou.

Sesshoumaru pegou a mala do chão.

—E se algum adolescente aparecer por aqui. — acrescentou — Mande-o ir cheirar produtos químicos. Dos fortes.

Quando, no terceiro dia, ele retornou para casa e mandou Gata Selvagem trazer Rin de volta, a menina tinha uma ideia já fixa na cabeça:

—Tio Inuyasha ficou doente por minha causa.

É claro que ela pensaria isso.

—Não ficou. — respondeu.

—Ficou! — ela insistiu. — Por isso... Eu não quero mais que tio Inuyasha fique dormindo na sala por minha causa, eu... Eu quero que ele volte para o quarto dele quando receber alta no hospital!

Sentado em sua cadeira de vidro Sesshoumaru virou a página de seu livro, uma coisinha a toa que ele tinha comprado para passar o tempo no hotel, depois que cansara de trabalhar... Minutos antes de lhe ligarem para avisar que o apartamento já estava pronto.

—Só há uma cama no quarto de Inuyasha, então o que você sugere Rin? — perguntou, querendo saber o que ela diria.

—Bem, como eu fui à última a chegar, o mais justo é que quem durma na sala seja...

—Não. — respondeu.

—Mas Sesshoumaru-Sama...!

—Vá dormir agora. — ordenou checando o relógio de pulso — Já passa das 22h e suas aulas começam amanha.

—Mas Sesshoumaru-Sama...!

—Rin. — ele a chamou seriamente, deixando claro que aquele assunto já estava encerrado.

Por um momento pareceu-lhe que a menina ainda tentaria falar alguma coisa, mas então ela suspirou, deu meia volta e foi embora.

É claro que, levando-se em consideração o histórico dela, Sesshoumaru já sabia que ela teria aquele tipo de pensamento culposo sobre a doença do idiota do Inuyasha e, justamente por isso, a primeira coisa que fizera ao chegar ao hotel fora acessar a internet e fazer certa compra online, pagando um valor a mais pela entrega mais rápida e dando o endereço de Eleonor para entrega, já que ele não sabia quando voltaria para casa.

Essa encomenda chegou no dia seguinte à noite em que ele teve a conversa com Rin que, por acaso, infelizmente também foi o mesmo dia em que Inuyasha recebeu alta do hospital e pôde voltar para o apartamento, porque se dependesse de Sesshoumaru ele certamente ficaria internado por mais algum tempo.

—Taisho-Sama. — o porteiro o chamou quando ele chegava do hospital, fazendo-o abaixar o vidro do carro — Serov-Sama deixou aqui um recado para o senhor, ela disse “Acaba de chegar algo aqui para você” e disse que o senhor subisse imediatamente.

Sesshoumaru acenou concordando e voltou a subir a janela do carro.

—Sesshoumaru. — Eleonor lhe deu passagem para entrar — Será que da próxima vez que usar meu endereço como destinatário para suas encomendas, você pode, ao menos, me avisar?

—Pensarei no seu caso. — respondeu abaixando-se para pegar o pacote que Eleonor havia deixado no genkan mesmo — Você abriu o pacote.

Comentou.

—Veio parar no meu apartamento, eu apenas exerci meu direito. — Eleonor respondeu categórica, e deu uma espiada enquanto ele levantava a encomenda e a jogava sobre as costas — Mas por que você comprou um futon afinal? Desde que o conheço o seu estilo sempre foi ocidental demais para esse pequeno país insular. — e, diante da falta de resposta dele, chutou — É para seu irmão?

—Se Inuyasha quiser um futon, ele mesmo que o carregue. — respondeu saindo do apartamento.

—Entendo... Então é para a menina. — ela concluiu pensativa.

E, sem esperar por uma resposta, fechou a porta.

Inuyasha havia recebido no hospital um atestado para ser entregue na escola e no trabalho, caso ele tivesse um — o que não era o caso — que o permitiria ficar onze dias em casa, além de uma receita com os remédios que ele devia tomar durante esse tempo, e o plano original de Sesshoumaru era colocar o futon de Rin em seu próprio quarto durante esse período para que ela não ficasse exposta ao idiota e acabasse doente também porque Sesshoumaru não podia lidar com duas crianças doentes.

No entanto, no momento em que ele chegou ao apartamento com o futon Rin correu para abraçá-lo, o que — até aí — não era nenhuma novidade.

—Um futon! É para mim? — perguntou ainda abraçada a ele.

—Sim. — respondeu.

Na verdade ele preferia que ela continuasse dormindo em uma cama, mas não havia espaço no quarto de Inuyasha para acomodar duas camas, e mesmo o pouco conhecimento que ele tinha sobre a criança já era suficiente para que ele soubesse que ela nunca aceitaria fazer Inuyasha dormir no chão novamente — mesmo que em um futon.

—Agora tio Inuyasha não vai mais precisar sair do quarto dele por minha causa! — ela comemorou — O senhor pode colocar o meu futon do lado da cama dele, assim eu posso cuidar do tio Inuyasha bem de perto.

—É melhor que você espere um tempo até dormir no mesmo quarto que Inuyasha. — avisou.

Ela não entendeu.

—Por quê?

Sesshoumaru olhou para o idiota de máscara hospitalar.

—Só até passar da fase de contagio.

—Que absurdo Sesshoumaru. — Gata Selvagem intrometeu-se — Rin não vai pegar nada por dormir no mesmo quarto que Inuyasha.

—Claro. — Pervertido concordou — Afinal ela é uma menina perfeitamente saudável.

E Domadora ainda acrescentou:

—O máximo que ela poderia pegar seria uma simples gripe.

Mas afinal o que é que aqueles três tinham haver com aquilo?  Ah é, eles sempre se intrometiam em tudo. Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha.

—E não foi com uma “simples gripe” que essa história toda começou?

Além do mais, pneumonia viral era mais comum em crianças e idosos — ou seja, aqueles com saúde mais frágil — o que só tornava o fato de Inuyasha ter conseguido contrair aquilo uma idiotice ainda mais histórica.

—Só porque não foi tratada adequadamente. — Domadora argumentou — O que obviamente não acontecerá com Rin.

Ela lhe lançou um olhar desafiante, que Sesshoumaru sustentou sem problemas. E teriam ficado naquela guerra silenciosa ainda por tempo indeterminado, não fosse Rin puxando seu sobretudo.

—Sesshoumaru-Sama. — chamou — Por favor... Foi culpa minha o tio Inuyasha ter adoecido, é meu dever cuidar dele agora.

—Culpa sua? — Gata Selvagem questionou — Rin como algo assim pode ter sido culpa sua?

Claro, afinal eles sabiam que a mãe de Rin morrera, mas não sabiam como e nem de que forma Rin incorporara essa culpa.

Sesshoumaru apertou os lábios.

—Faça como quiser. — respondeu e ela ergueu o rosto com os olhos brilhantes.

—Obrigada...!

Ele não lhe deu tempo de agradecer, seu olhar agora estava cravado na razão de todo aquele problema.

—Quero você de máscara 24h por dia, não vai tirá-la nem para dormir. — avisou — Se eu pegá-lo sem máscara, mesmo que apenas por um segundo, e ainda mais quando estiver perto de Rin, e vou mandá-lo direto para o hospital novamente, e não de um jeito bom, e dessa vez serão bem mais do que apenas quatro simples dias internado. E vai tomar seus remédios, todos eles, e na hora certa, nenhum segundo depois.

Ninguém disse uma palavra sequer, até mesmo Domadora ficou muda.

Sesshoumaru acenou com a cabeça e foi deixar, mesmo que ainda não estivesse completamente de acordo com isso, o futon de Rin no quarto de Inuyasha.

Desse dia em diante Rin se autoconverteu na enfermeira particular de Inuyasha, cuidando minuciosamente de cada um de seus horários para tomar remédio e levando-lhe as refeições na cama, sem permitir jamais que ele levantasse um dedo sequer.

O lado bom é que, ao menos, isso evitava o idiota de ficar andando desnecessariamente pelo apartamento e contaminando tudo.

Certa noite, depois de quatro dias seguindo essa rotina, o telefone do apartamento começou a tocar, fazia pouco mais de duas horas que Sesshoumaru havia enviado certo e-mail, portanto ele já sabia perfeitamente de quem se tratava.

Rin saiu do quarto de Inuyasha assim que ouviu o telefone tocar, mas quando sua mão já estava a poucos centímetros do aparelho, a mão de Sesshoumaru repentinamente o atendeu aparecendo tão rápido que quase pareceu ter se materializado do nada.

Ele a olhou, compreendendo a situação a menina curvou-se pedindo desculpas — embora não houvesse razão para isso — e retornou ao quarto de Inuyasha.

Enquanto que ele próprio voltava ao seu quarto, levando consigo o gancho do telefone. Era por situações como aquela que ele preferia ter um aparelho sem fio.

—Pronto. — atendeu fechando a porta do quarto.

Sesshoumaru. — a voz do outro lado da linha soava severa, mas também muito cansada — Que história é essa de Inuyasha ter contraído pneumonia viral e ficado internado durante quatro dias?

Seu pai sempre ligava para o telefone fixo quando queria demonstrar que a situação era séria, não que isso fizesse alguma diferença para Sesshoumaru.

—Creio que expliquei toda a situação em seus mínimos detalhes no e-mail que enviei. — respondeu se dirigindo à sua cadeira de vidro.

—Tem ideia do quanto ficamos preocupados? Izayoi quer pegar um avião hoje mesmo para o Japão!

—Não vejo o porquê de tanto alarde. — comentou ligando o notebook — Eu disse claramente no e-mail que ele já recebeu alta e está se recuperando bem agora.

—Por que não nos avisou antes?!

—É mais prático te enviar as contas todas de uma vez, do que uma de cada vez. — respondeu.

—Pare de ser tão frio e pragmático é da saúde do seu irmão que estamos falando!

Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha.

—E?

—O importante. — seu pai suspirou, parecendo finalmente desistir daquela conversa sem sentido — É que ele está bem agora, não é?

—Ele recebeu alta do hospital e agora está tomando remédios e se recuperando bem em casa. — respondeu citando exatamente as palavras que escrevera em seu e-mail.

Será que seu pai dera-se ao menos ao trabalho de ler algo além da primeira frase do e-mail antes de decidir pegar o telefone e ligar para fazê-lo perder tempo?

—Bem... Isso vai ter que servir. Vou tentar acalmar Izayoi com isso. — seu pai suspirou cansado — Agora sobre as despesas pelas quais tenho de te reembolsar.

Ora, então afinal ele havia passado da primeira frase!

—O que têm elas?

—Eu entendo que seja minha obrigação te reembolsar pela conta do hospital e dos remédios de Inuyasha. Nada mais justo. Mas por que você me enviou também a conta de uma equipe de limpeza, diária de hotel, da gasolina do seu carro, e de uma corrida de táxi?!

Ironicamente Rin havia feito aquela mesma pergunta, com exatamente aquelas mesmas palavras, a ele quando o espiara por cima do ombro elaborando o e-mail.

—Porque estou criando seu filho como uma forma extra de gerar renda e não de perder. — respondeu.

E ainda assim não incluíra na conta a multa de trânsito e a conta de telefone por ligar para o hospital a cada doze horas.

—Disso eu sei.

—Então qual o problema?

—O problema. — seu pai começou. — É que quando você aceitou receber Inuyasha em troca de receber uma mesada por isso, nós fechamos o acordo de que eu arcaria apenas com metade do aluguel e todas as despesas que Inuyasha pudesse gerar.

Sesshoumaru ainda não havia enxergado o problema.

—E...?

—E isso não inclui os seus caprichos!

—Caprichos? — seu pai tinha sorte de estar em outro continente.

—Sesshoumaru, o que contratar uma equipe de limpeza tem haver com os “Gastos Médicos de Inuyasha”? — seu pai perguntou já impaciente citando o assunto que Sesshoumaru escolhera para o e-mail.

—Eu mandei esterilizar o meu apartamento. — respondeu, embora isso também estivesse dito no e-mail, o que só provava cada vez mais que seu pai não havia prestado atenção nele — Visto que foi aqui que Inuyasha adoeceu o mais lógico seria se livrar de uma vez de qualquer vírus, bactéria ou fungo residual.

Francamente, aquele homem podia dar um pouco mais atenção às coisas que lia antes de decidir pegar o telefone.

—Sesshoumaru isso só prova ainda mais que você fez isso pensando somente em você mesmo e não em Inuyasha.

Verdade.

—E o que o leva a pensar isso?

—Sesshoumaru, uma vez eu cheguei a casa tossindo e em menos de dois minutos você me apareceu usando máscara com a minha mala pronta e me mandou ir dormir em outro lugar. E tinha apenas nove anos! Você sempre repudiou tudo o que tem haver com doença. E eu nem me lembro da última vez que você ficou doente!

Era por precações como aquelas que ele também não se lembrava exatamente da ultima vez que ficara doente.

—De qualquer forma. — ele não tinha como e nem vontade de negar — A limpeza também foi benéfica para Inuyasha, já que, estando ele com a saúde fragilizada e ainda se recuperando da pneumonia o melhor seria voltar e ficar em um ambiente adequadamente limpo.

Apesar de não estar se esforçando para demonstrar nem sequer um pingo de sinceridade naquele seu discurso pronto, Sesshoumaru sabia que tinha um alto poder de covencimento.

—E quanto à conta do hotel?

—Eu não podia ficar no apartamento enquanto a equipe trabalhava.

—A gasolina do seu carro?

—Precisei ir ao hospital por causa de seu filho.

Houve trinta segundos de silêncio.

—Sesshoumaru.

—O que?

—Das três opções uma: Ou o preço da gasolina no Japão mudou muito desde a última vez que eu estive no país, o que é muito improvável visto que não faz tanto tempo assim, ou esse hospital fica a duas quadras do seu apartamento, o que é mais improvável ainda, ou você praticamente não foi visitar seu irmão quando ele foi internado!

—Eu não fui visitá-lo nenhuma vez. — admitiu sem culpa, já se mantinha suficientemente informado pelo telefone — Precisei ir apenas quando ele foi internado e quando recebeu alta para assinar a papelada.

—Que droga, Sesshoumaru! — por que ele estava tão irritado? Não era como se pudesse esperar outra atitude dele — Será que você não podia ter um pouco mais de consideração pelo seu único irmão?!

—Também fui hoje ao colégio dele para entregar o atestado dele. — acrescentou.

Aparentemente aquela escola antiquada não aceitava receber atestados médicos de ausência por e-mail ou pelas mãos de colegas do aluno em questão.

Dou outro lado da linha seu pai grunhiu.

—Cuidado com o estresse. — avisou — Se você morrer seu filho vira um estudante sem teto.

—E quanto ao táxi?! — o homem estava, com certeza, chegando ao auge da irritação.

Era interessante como sempre que os dois conversavam o mais velho acabava tão alterado.

—O que tem o táxi?

—O que é essa corrida de táxi? Se você tem o seu carro por que precisou de um táxi?

—Eu não precisei. — respondeu. — Inuyasha precisou.

Mais trinta segundos de silêncio.

—Sesshoumaru. — seu pai estava claramente tentando manter a calma — Não me diga. — ele parou para puxar a respiração e soltá-la vagarosamente — Que você mandou o meu filho com pneumonia de táxi para o hospital.

—Inuyasha foi de ambulância para o hospital. — respondeu — Ele apenas voltou de táxi.

Dessa vez o momento de silêncio durou quase um minuto inteiro.

—Muito bem. — ele parou para puxar a respiração várias vezes — Eu vou pagar pela gasolina do seu carro, e visto que a limpeza do seu apartamento se deu pelos seus próprios interesses, mas acabou sendo benéfica para a saúde de Inuyasha. — ele parou — Inuyasha está no apartamento, não é?

—Em quarentena no quarto. — respondeu.

Seu pai podia acreditar que ele estava mentindo, claro, mas a palavra “quarentena” acrescentava alguma credibilidade as suas palavras.

—Certo. — ele concordou — Então pagarei metade da diária do hotel e da conta da equipe de limpeza.

—Setenta por cento.

—Não me teste Sesshoumaru, metade e só.

—E quanto ao táxi?

—Você não precisava mandar o garoto pegar um táxi! Podia dar uma carona a ele!

—Ele está com a saúde frágil, ficar em um espaço confinado comigo podia passar algo para ele.

—E deixá-lo em um espaço confinado com um estranho era mais seguro? — para Sesshoumaru sim, talvez nem tanto para Inuyasha — Pelo que eu sei aquele motorista podia estar até com varíola no dia!

—A varíola foi erradicada do mundo.

—Eu não vou pagar o táxi. — sentenciou definitivo, Sesshoumaru sabia que quando o pai usava aquele tom não adiantava discutir, um momento depois o pai suspirou — Criar um filho a longa distância está ficando cada vez mais caro.

E então desligou.

...

Dois dias mais tarde Sesshoumaru saiu para sacar no caixa eletrônico da loja de conveniências um pouco do dinheiro depositado por seu pai, e quando voltou Myuga estava em sua sala tomando chá com Rin.

Inuyasha devia estar dormindo àquela hora, como um bom vagabundo, só assim para a menina sair do lado dele.

—Bem vindo Sesshoumaru-Sama! — ela o cumprimentou. — Biscoito?

Ele negou.

—Rin, você devia saber que não pode deixar velhos estranhos entrarem em casa, pode ser algum pervertido.

A menina inclinou a cabeça de lado.

—Ele disse que se chama Myuga, vovô Myuga para mim, e passou o cartão por debaixo da porta, eu perguntei ao tio Inuyasha e ele disse que estava tudo bem, que era um antigo amigo da família.

Claro que disse. Inuyasha era um imprestável mesmo, Sesshoumaru olhou para o velho.

—“Vovô Myuga” isso realmente parece coisa que um velho pervertido diria. — censurou, o velho tossiu — O que está fazendo aqui?

Myuga o olhou.

—Eu vim falar com você.

—Você podia ter me enviado um e-mail. — sugeriu mexendo no celular.

—Você me colocou na sua caixa de spam.

—Sim. — respondeu.

Myuga suspirou.

—Sesshoumaru eu estou aqui...

—Para falar do meu conto de verão. Eu sei. — Interrompeu-o indo embora.

—Espere! Onde você está indo?

—Pegar um café.

Meia hora depois estava trabalhando quando o velho veio bater à sua porta.

—O que? — respondeu.

—Como assim “o que”? Você me deixou plantado lá na sala! — ele indignou-se.

Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha.

—Eu disse que iria pegar um café, mas nunca disse que voltaria.

Ouviu Myuga suspirar exasperado.

—Sesshoumaru... Por favor! Nós realmente precisamos falar sobre...

—O que tem para falar sobre meu conto de verão? — interrompeu saindo do quarto e se movendo pelo corredor para levar sua caneca vazia até a cozinha — Você me pediu um conto de verão, eu fiz um conto de verão.

Rin estava na cozinha lavando a louça, ele colocou a caneca sobre a pia e ela lhe sorriu.

—Mas você não me escreveu um conto de verão! Você escreveu um suspense psicológico sobre um monstro marinho que encalhou na praia! — Myuga reclamou.

Sesshoumaru puxou uma cadeira para sentar-se, porque sabia que se voltasse para o quarto aquele velho o seguiria.

—A estória se passa durante o verão e os personagens reclamam, pelo menos, duas vezes sobre o calor, é ele que está fazendo o fedor do monstro em decomposição empestear tudo ainda mais rápido.

—Sesshoumaru... — Myuga puxou uma cadeira para sentar-se também.

—E tudo ocorre em uma praia, o que pode ser mais “a cara do verão” do que um cenário de praia?

—Não brinque comigo Sesshoumaru! — o velho impacientou-se.

Aquilo já estava começando a parecer com as conversas que ele tinha com seu pai.

—Não sei do que você está reclamando tanto Myuga, creio que eu cumpri com todos os requisitos do seu “conto de verão”, há inclusive um casal principal.

—Você não colocou nenhum indicio sequer de romance entre esse casal! — o velho revoltou-se — É só um par de desconhecidos que começam a conversar...!

—Ela está esperando pela volta do marido que sumiu no mar anos atrás. Ouvi dizer em algum lugar que isso pode ser considerado... Romântico?

Myuga suspirou.

—Você é impossível Sesshoumaru.

—Entregue o meu texto Myuga, e se não gostarem dele...

—Você escreve outro? — perguntou esperançoso.

—Eu o vendo para ser publicado em alguma revista, como fazia antes de me tornar profissional.

—Claro que sim, afinal você é impossível. — o velho resmungou — É por sua causa que eu já estou quase completamente careca. Sabia disso? De qualquer forma... Eu vou apresentar o seu texto. — ele levantou-se — Mas, Sesshoumaru, se o texto não for aceito eu realmente te aconselho a escrever outro para publicar neste livro que vai pagar bem melhor que qualquer revista, mas se você realmente ainda quiser publicar esse texto então você o pública, mas publique algo no livro também.

Nessa última parte ele lançou um olhar à Rin, que ainda de costas para eles agora secava as mãos com um guardanapo, a mensagem implícita era óbvia ali: “Afinal você precisa do dinheiro, não é?”.

Sesshoumaru levantou-se para acompanhá-lo, quando percebeu isso Rin imediatamente se pôs a segui-los.

Já na porta Myuga tocou a cabeça dela e a elogiou:

—Você é uma boa menina. — ela sorriu e Myuga olhou seriamente para Sesshoumaru — Sesshoumaru não a estrague.

Depois disso vestiu o casaco longo e o chapéu e se foi.

Uma desconfiança surgiu na mente de Sesshoumaru, que Myuga havia vindo até ali para tentar convencê-lo a mudar o texto, que não era o que ele esperava — mesmo sabendo que era um caso perdido — era certamente verdade, porque às vezes — muito raramente — quando tinha algo importante para dizer — do ponto de vista dele, pelo menos — ele aparecia ali, mas aquela não fora a única razão... Ele também aproveitara para conhecer a menina que fora, basicamente, a razão que fizera Sesshoumaru procurar escrever o “conto de verão”.

—Rin. — chamou.

—Sim, Sesshoumaru-Sama?

—Talvez sejamos visitados por alguém além dos parasitas em um futuro breve. — avisou.

Essas visitas, no entanto, certamente não viriam antes da chegada do frescor da primavera.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então o que acharam desse capitulo?
Sesshoumaru definitivamente já mudou bastante com Rin, não é mesmo? ^^'
Embora pareça ainda ser o mesmo cretino de sempre com todo o resto do mundo...
E então, quem serão essas visitas que Sesshoumaru está prevendo que virão na primavera? Teorias?
Até a próxima :x



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "De Repente Papai" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.