Forever and Ever escrita por Luna Lovegood


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Hello! Eu quis escrever essa pequena história depois de chorar rios assistindo sidekick com a Emily e o Josh. Eu achei que poderia dar um pouquinho da minha visão para essa história tão perfeita.

Espero que gostem!



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James

Morte.

Você nunca está realmente preparado para ela. Passamos toda a nossa vida a ignorando, achando que somos jovens demais para sequer nos preocuparmos com  isso. A vemos como a grande vilã, aquela que tira de nós tudo e todos o que amamos, que dá fim aos nossos sonhos e planos para o futuro. Sabemos que um dia a encontraremos. É inevitável. Mas ainda assim, somos arrogantes o suficiente para acreditarmos que somos super-heróis invencíveis. Que é algo que nos preocuparemos apenas quando estivermos bem velhos, quando já tivermos vividos todas as aventuras que precisam ser vividas, quando o nosso coração já tiver se fartado de tanto amor que deu e viveu. Não esperamos que ela apareça antes da hora.

Imaginamos que, como todo super-herói teremos a chance de viver feliz para sempre no final da história. Não é sempre assim? O bem vence o mal? O grande vilão é derrotado? O herói resgata a sua princesa?

Seria lindo, se a vida real jogasse pelas regras da ficção.

Mas a vida sabe ser injusta às vezes.

E sabe quem simplesmente adora as injustiças? Os vilões.

E se há algo sobre vilões que deve ser considerado é o quanto eles são persistentes e pacientes, eles podem ser derrotados várias e várias vezes, mas eles nunca desistem de retornar. Você pode vencê-los uma vez, você pode impedi-los e até atrasá-los, mas no fim ela chega, a mãe de todos os vilões e exige sua batalha final.

Eu estava prestes a travar a minha.

Eu deixei o quarto do nosso filho minutos depois que ele adormeceu. Eu quis ficar ali um pouco mais de tempo, eu não sabia quanto ainda me restava, mas eu sabia que era precioso, cada mínimo segundo com ele. Alisei seus cabelos tirando a franja do rosto, enquanto observava seu semblante sereno enquanto ele dormia. Eu esperava que minha pequena história sobre heróis, vilões, princesas e sidekicks o fizesse entender tudo um pouco melhor quando a hora chegasse. Me afastei dele relutante deixando um pequeno beijo em sua testa. “Meu sidekick” sussurrei com um pequeno sorriso.

Quando cheguei a sala, meus olhos foram diretamente para ela.

Minha princesa.  Tão bela e ao mesmo tempo tão triste.

Seus olhos azuis tão vívidos e reluzentes, agora eram apenas uma sombra opaca sem nenhum tipo de luz. Seu sorriso angelical que me encantou desde a primeira vez que eu a vi, há muito tempo já não mais aparecia. Esse era o problema com os vilões, eles não destroem apenas você, mas também tudo aquilo que você cuidadosamente cultivou.

Emma assistia ao vídeo do nosso casamento, as lágrimas caiam livremente por seu lindo rosto, mas ela sequer se dava ao trabalho de secá-las, era como se ela quisesse sentir a dor, para provar o quanto o amor daqueles dois jovens apaixonados era real. Eu não quis atrapalhá-la, por algum motivo estranho eu também precisava sentir aquela dor, eu precisava me lembrar de tudo de bom que vivemos, por isso apenas me encostei a parede e assisti aquelas imagens com ela. Momentos tão felizes que agora pareciam tão distantes e inalcançáveis.

Eu nunca a deixarei ir. Para sempre e todo o sempre eu protegerei você e a manterei segura.

Meus votos pareciam tão impossíveis agora.  Eu não estava a deixando ir embora, mas eu estava indo. Como eu poderia protegê-la e mantê-la segura se eu sabia que a minha partida eminente não só quebraria meus votos como também seu coração em vários pedacinhos?

Eu teria apenas que acreditar que nosso filho, meu sidekick cumprisse seu dever. Ele seria tudo o que eu deixaria para ela, ele cumpriria as promessas que eu fui incapaz de cumprir.  Ele seria o herói que resgataria a princesa da escuridão, que a levaria para luz, secaria suas lágrimas e a ensinaria a sorrir novamente. Ele daria à ela todo o amor que ela precisaria para se curar.

Suspirei audivelmente no momento em que nos beijávamos no vídeo. Era um beijo feliz, eu me lembrava perfeitamente que ele tinha gosto de sonhos. Éramos tão diferentes naquela época, tão felizes e despreocupados. Não havia vilão tentando nos destruir. Só havia o nosso amor, nossos sonhos e planos para o futuro.

— Você está aqui. - Emma virou para trás, ainda no sofá e me encarou. Tentei sorrir para ela, e apesar de tudo ela ainda conseguiu esboçar um sorriso, pequeno e triste, mas ainda assim um sorriso - Como foi a conversa com Billy? - Ela perguntou apreensiva.

— Eu acho que ele vai entender quando a hora chegar. - Respondi, dando a volta e me sentando ao lado dela no sofá.

— Eu acho que eu nunca vou. - suspirei e busquei a mão dela, eu já sabia por qual caminho estávamos indo, tivemos essa conversa centenas de vezes desde o momento que descobrimos a minha doença - Porque uma coisa tão odiosa, algo tão ruim vai tirar você de mim? Não é justo. Nós tínhamos tantos planos, tantos sonhos para realizar, eu, você e nosso filho... Nós estávamos apenas começando a viver - A voz dela quebrou algo dentro de mim.

— Eu sei, amor... - Não havia nada que eu pudesse dizer a ela naquele momento, Emma não aceitaria, não importa a história que eu contasse. Eu, de certa forma já havia passado da fase da rebeldia. Eu havia aceitado que não podemos vencer todas as batalhas - Às vezes o vilão vence no final da história - ela ergueu o seu rosto triste para mim, e me fitou sem entender muito bem a minha analogia - mas ainda há coisas que ele nunca poderá tirar de nós, - Falei puxando-a pela cintura para mais perto de mim, eu precisava senti-la mais perto, eu precisava tocá-la, aproveitar cada momento que ainda estávamos juntos e torná-los memoráveis. Passei suavemente uma mecha do seu cabelo para trás, me demorando um pouco no ato, eu estava memorizando a textura dele, o quão suave ele parecia ao escorregar em meus dedos. Eu sentiria falta disso. - Ele nunca poderá mudar a nossa história de amor, ele nunca poderá mudar o que sentimos dentro de nós ou apagar o que vivemos. Isto, é real Emma. E é mais forte do que qualquer vilão. Não importa o que acontecerá comigo, você sempre terá as nossas lembranças, você sempre me terá vivo em seu coração. Você sempre terá o nosso filho como prova de que um dia vivemos um amor único e verdadeiro - Acariciei seu rosto  secando as lágrimas, eu queria tanto que elas parassem de cair, eu queria tanto que um sorriso, o sorriso pelo qual eu me apaixonei voltasse a iluminar seu rosto.

— Então apenas me abrace, eu quero me lembrar disso, se são lembranças tudo o que eu terei de você, então eu quero me agarrar a todas elas. - Ela disse, se agarrando a mim como se a vida dela dependesse disso, e eu abracei com toda a força que ainda me restava, a mantive em meus braços protegida e segura enquanto eu ainda era capaz de fazer isso - Eu quero  guardar o cheiro do seu suéter, a sensação boa de estar em seus braços, o arrepio que o seu toque me dá, o gosto de sonhos que tem o  seu beijo. - Ela ergueu seu rosto do meu peito e seus olhos azuis ainda marejados  fitaram meu rosto -  Eu vou me lembrar para todo o sempre.

— Eu te darei todas as lembranças que quiser, ainda que meu tempo seja limitado. - Rompi a pequena distância entre nossos lábios e deixei que eles se tocassem suavemente, que eles se reconhecessem, e que se adorassem como sempre faziam. Era incrível, o gosto de sonhos e esperanças e até mesmo felicidade ainda estava lá, a grande vilã nunca poderia tirar isso de nós. Abracei Emma ainda mais forte querendo prolongar ao máximo aquela sensação, ela não era a única guardando todas aquelas sensações, eu também estava.

Eu não sabia o que viria depois que eu perdesse a última batalha. Talvez não houvesse nada, ou ainda houvesse céu e inferno. Eu não me importava eu me agarraria as lembranças felizes de Emma e nosso filho até o meu último suspiro, e se fosse possível até mesmo depois disso.

***

Eu tinha uma consulta com uma médica diferente aquele dia.

Nós já sabíamos o quão crítica era a situação. Um tumor maligno crescia dentro de mim. A quimioterapia poderia me dar mais algum tempo, porém não muito, mas uma cura seria improvável, além do que o tratamento seria desgastante e agressivo. Eu não queria que meus últimos momentos com minha família fossem dentro de um hospital, eu não queria que aos poucos eles me assistissem morrer.

Se eu tinha que ir, eu iria deixar o máximo de boas lembranças possíveis.

Nenhum médico aceitava operar meu tumor. Diziam que era arriscado demais, que a chance de sucesso era mínima. Mas havia uma chance, e eu não poderia perder essa batalha sem ao menos lutar.

Heróis não desistem eles lutam até o fim.

A nova médica aceitou fazer a cirurgia. Mas ela me alertou que era provável que eu não acordasse, eu assinei dezenas de documentos sobre isso. E durante todo o processo eu tive minha princesa ao meu lado, ela estava triste, eu sabia que ela podia sentir que o fim estava próximo, mas ainda assim ela se manteve ao meu lado incondicionalmente, segurando firme em minha mão.

Eu me esforcei para fazer dos nossos últimos momentos os melhores, embora tudo tivesse um gosto indistinto de adeus, era inegável o quanto nós três éramos simplesmente perfeitos juntos, e cada pequeno instante que passávamos juntos era repleto do mais puro amor que existia.

Mas o dia chegou.

Era hora do adeus. E aquilo foi brutal, muito mais doloroso do que a doença que se alastrava em mim. Como seguir em frente sabendo que talvez eu nunca mais voltasse a vê-los? Meu filho e minha esposa, as pessoas que eu mais amava nesse mundo. Eu não queria dizer adeus, tudo em mim lutava contra aquilo.

Mas eu precisava fazê-lo.

Eles estavam aqui agora, no quarto do hospital enquanto eu estava deitado sobra a cama, apenas esperando. Eu seria levado a cirurgia em pouco tempo e como a médica já tinha alertado, era provável que eu não acordasse. Eu abracei meu filho, eu senti as lágrimas se acumulando em meus olhos, mas eu me forcei a ser forte naquele momento, como um super-herói.

— Você se lembra da história que eu te contei na outra noite? - Perguntei, e ele assentiu. - Bom, agora eu vou enfrentar uma grande batalha contra o maior de todos os vilões, e é possível que eu perca. Heróis às vezes perdem. -  a dor que me causava ao dizer aquilo a ele, era grande demais.

— Não se preocupe papai, eu sou seu sidekick. - Sussurrou enquanto eu o apertava forte em meus braços, eu não queria soltá-lo. Mas apesar da tristeza do momento eu sorri, porque eu sabia que ele havia entendido, porque eu sabia que independente do que me aconteceria meu filho cresceria bem e feliz.

Minha princesa se aproximou e se juntou a nós em nosso abraço.

— Eu a amo, sempre amarei, não importa o que aconteça. - Eu havia gastado certo tempo pensando em quais seria minhas últimas palavras a ela, eu não queria que fosse um adeus. Eu queria apenas que ela guardasse as melhores lembranças de mim.

— Eu o amo também. E eu nunca o deixarei ir. Para sempre e todo o sempre eu protegerei você e o manterei seguro. — eu me permiti um amplo sorriso ao escutar suas palavras, ela repetia meus votos. Eu sabia o que ela queria dizer com isso, talvez eu não vencesse essa batalha, mas ainda assim ela nunca me deixaria ir do seu coração. Talvez a morte não fosse uma vilã tão boa, já que eu ainda continuaria vivendo dentro dos corações das pessoas que me amavam.

— Tudo bem chorar papai, os heróis mais fortes também choram. - Eu não tinha notado as lágrimas caindo até que meu filho as secou.

***

Um longo tempo se passou enquanto tudo o que recebi foi escuridão, foi como dormir sem nunca sonhar, mas aos poucos a consciência ia me alcançando. Eu havia morrido? Eu não tinha certeza, eu sentia minha cabeça latejar e um calor confortável em minha mão, forcei meus olhos a se abrirem, eu precisava de uma resposta. Como todos haviam previsto eu realmente havia perdido aquela batalha?

Pisquei várias vezes, meus olhos ardiam desconfortáveis com a luminosidade, mas aos pouco tudo foi entrando no foco. E a primeira coisa que vi, me fez chegar a conclusão que eu realmente havia morrido.

Olhos azuis da cor do céu encaravam os meus. O sorriso mais lindo que eu já havia visto fez meu coração se aquecer por dentro, tranquilo e feliz. Sim, eu havia morrido e ela era um anjo que veio me guiar.

— Bem vindo de volta, amor. - Sua voz era suave, assim como tudo nela. Eu sorri de volta, eu estava errado. Ela não era um anjo, embora tivesse a pureza de um. Ela era a minha princesa. Com certo esforço ergui minha mão até seu rosto, o acariciei agradecido por ser capaz de sentir sua pele delicada sob meus dedos mais uma vez. Eu  queria me certificar que era real, e pela sensação euforia em meu coração eu tive a certeza que era.

— Vencemos. - eu disse com muito custo, enquanto ela assentiu com a cabeça seu rosto banhado por lágrimas, felizes e emocionadas dessa vez.

Senti uma mão apertando a minha, e vi meu filho ali ao meu lado segurando a minha mão, seu aperto era forte para uma criança, ele se aproximou o máximo que conseguiu, e então falou ao meu ouvido palavras que tocaram o coração desse pai:

— Não se preocupe pai, eu mantive a princesa protegida e segura enquanto você estava dormindo. - Seu tom era sério e orgulhoso de si mesmo, ele havia cumprido a sua missão. Eu apertei sua mão que ainda segurava a minha, enquanto olhava para ele emocionado.

— Obrigado filho, eu não poderia ter escolhido um sidekick melhor.

Eu gostaria de ter dito o quanto eu estava orgulhoso dele, mas eu estava cansado demais para isso, por hora eu apenas queria aproveitar a sensação boa de ter vencido aquela batalha, de saber que poderia cumprir todas as promessas que eu havia feito.

Talvez os heróis possam vencer todas as batalhas afinal. Talvez eles só precisem ter por quem lutar.  E eu tinha: minha princesa e meu sidekick.

 


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Notas finais do capítulo

É algo pequeno e simples, mas eu tenho sérios problemas com finais infelizes, então eu apenas o tornei um pouco mais feliz. Eu sei que provavelmente isso irá contra toda a mensagem que o filme quis passar, mas eu não conseguiria seguir em frente se eu não escrevesse isso.

Eu não me sentiria bem se não escrevesse isso.

Eu acredito que histórias de ficção tem o dever de nos dar aquilo que a vida real às vezes falha. Esperança no impossível. É por isso que eu leio, porque a vida tem o poder de te colocar para baixo, e apenas em um livro, uma história é capaz de restaurar o sorriso que a vida nos rouba.

Enfim, espero que tenham gostado.Beijinhos!



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