Who stalk the stalkers? escrita por HellFromHeaven


Capítulo 18
Vingança




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Meus devaneios negativos prosseguiram com seu trabalho incessante de fortalecer minhas paranoias e diminuir a qualidade de meus sonhos por dois dias, até que o stalker da Grande Geleira finalmente criou coragem para cumprir com a sua parte do acordo. Nosso grupo e o trio do Campo dos Sussurros se reuniríam naquela mesma lanchonete. Entrar em “modo profissional” me ajudava a manter as paranoias quietas momentaneamente. O medo de falhar era forte em todo o meu ser, o que fazia de mim um ótimo profissional com um péssimo emocional.

Logo de antemão, fiquei sabendo que Daisy e Lance não compareceriam à reunião. Nosso amigo morto-vivo obviamente permaneceria em sua cripta, aproveitando a companhia silenciosa de seus colegas cadáveres. Entretanto, a ausência de nossos agentes de campo foi uma surpresa para mim. Perguntei ao detetive o motivo, porém obtive apenas respostas vagas. Normalmente, isso causaria um grande alvoroço nem minha mente perturbada, mas usei todas as minhas forças para tentar ignorar, aceitando uma teoria barata de que eles estariam ocupados com outro trabalho.

Tive uma manhã complicada, assustado com o tamanho das minhas olheiras e pensativo por notar pela primeira vez em anos quão prejudiciais poderiam ser meus pensamentos para meu corpo nada saudável. Demorei a levantar da cama e apenas me deixei levar, sem pensar muito, e acabei saindo de casa sem almoçar, por volta de duas da tarde. Pois é, parece estranho que eu não tenha percebido, mas vale ressaltar que eu só consegui me soltar do abraço apertado dos lençóis meio dia e meio. Estar preocupado comigo mesmo era uma sensação nova e consumiu toda a minha capacidade mental, fazendo com que eu sequer notasse o passar do tempo. Quando percebi, estava em frente à lanchonete com o estômago vazio, gritando por um pouco de atenção. Peguei meu celular para verificar as horas e estava vinte minutos adiantado, o que, no meu idioma, significava que estava quase atrasado.

Ao abrir a porta, vi que o local estava praticamente vazio. Havia apenas um velho gordo usando uma camiseta branca sem mangas e uma calça jeans larga, ambas com manchas de graxa. Seus poucos cabelos grisalhos estavam cobertos por um boné azul escuro e seu largo bigode estava sujo com restos ovos mexidos. Ele já tinha terminado de comer e enrolava para tomar sua xícara de café. Para meu alívio, a xícara era de porcelana branca. Ao fundo, sentados, estavam Petúnia e Dalila. Involuntariamente meus olhos percorreram todo o cenário em busca de Hiperatividade, porém assim que percebi o que estava fazendo, tentei disfarçar e fui até a mesa, sentando-me em frente ao casal de stalkers. Leather usava um vestido rosa claro com estampas de flores em um tom mais escuro de rosa, com uma presilha de coração em seus cabelos. A fantasminha usava uma camiseta branca sem mangas ou estampas  e calças jeans pretas. As duas me encaravam com sorrisos maliciosos e eu só conseguia pensar que não esperava viver o suficiente para ver aquela pequena criminosa sorrir duas vezes.

— Sentindo falta de alguém, rapazinho? - perguntou Petúnia em um tom de provocação.

— Para falar a verdade, é estranho chegar primeiro que a Hipera… Dark Rose. Ela estava se divertindo estragando minha pontualidade lendária.

— A rainha das perucas estava aqui quando chegamos, mas teve que sair para resolver alguma treta. - disse Leather. - Mas ainda bem, não é? Você está parecendo eu depois de virar algumas noites.   

— É, eu sei que o caso está sério. Minhas paranoias tem me incomodado bastante nesses últimos dias e...

Minha fala foi interrompida por um grito de socorro vindo de meu estômago, seguido de uma dor desagradável causada por sua raiva. Comer em uma lanchonete tão longe da minha área de conforto era contra todos os protocolos criados por minhas paranoias, porém situações desesperadas pedem medidas idiotas. Chamei uma das garçonetes e tomei ainda mais decisões imbecis. Em algum lugar da minha mente o interruptor do “foda-se” foi ligado e eu acabei pedindo um combo completo de ovos, bacon, cheeseburger com fritas e uma jarra de suco de laranja. As garotas me encararam surpresas e eu tenho que admitir que por dentro, também estava.

Um ou dois assuntos banais surgiram até que o monumento erguido em glória à minha gula chegou à mesa, no mesmo momento em que a porta da lanchonete se abriu. A fome me obrigou a enfiar um punhado de batatas fritas na boca antes de ceder à curiosidade e me virar em direção à entrada. Sherlock e a dupla de stalkers entraram conversando amigavelmente e logo notaram nossa presença. O detetive usava sua fiel boina, uma camiseta social xadrez e uma calça social preta. Heretic usava o mesmo vestido preto de mangas longas da última reunião e continuava encarando o chão, claramente aflita com toda a socialização ao seu redor. A stalker mestre dos disfarces era totalmente irreconhecível, com pele clara, olhos azuis, cabelos loiros e compridos, com um longo vestido florido. Até mesmo seu andar estava mais sutil e delicado, assim como os movimentos de sua mão enquanto falava. Obviamente, foi uma visão assustadora.

O trio se juntou a nós, deixando um lugar vago ao meu lado. Minhas paranoias notaram rapidamente o complô armado por aqueles que eu considerava amigos. Fora esta armadilha, havia um lugar vago ao lado de Sherlock, que provavelmente estava reservado para Scarface. A conversa se instaurou na mesa, porém só fui capaz de mostrar minha presença quando pude, enfim, satisfazer meu estômago. A presença das duas “forasteiras” me levou a crer que nenhum assunto banal surgiria em meio às conversas que aconteceriam naquele dia. Entretanto, Doppelganger contrariou minhas expectativas com um sotaque sutil característico dos habitantes da Grande Torre de Metal. Por um lado, foi extremamente assustador, mas pelo outro foi uma boa forma de passar o tempo até que eu terminasse minha refeição e a porta se abrisse novamente. Hiperatividade e Nikolai entraram na lanchonete. O stalker usava um terno cinza claro com uma gravata preta com listras brancas e uma calça social também cinza. Logo atrás dele, Ana usava uma jaqueta jeans por cima de uma camiseta branca e folgada, com calças pretas e botas também pretas. Seus cabelos arroxeados, curtos e ligeiramente bagunçados combinavam com os olhos verdes e o batom preto. Por mais que tenham entrado juntos, os dois não conversavam e S.H. aparentava estar apressada. Os dois rapidamente se juntaram a nós. Hiperatividade sentou-se ao meu lado e Nikolai ao lado do detetive, dando início oficialmente à reunião:

— Senhoras e senhores, convoquei vocês com orgulho por mais um serviço bem cumprido pelo Eye. - disse Sherlock. - Assim como para finalizar nossas negociações para a última etapa desta operação. Senhoritas Heretic e Doppelganger, este homem bem vestido ao meu lado é Scarface.

— Boa tarde, meu bom senhor. - disse Doppelganger. - É um prazer finalmente conhecê-lo pessoalmente.

— Igualmente. - respondeu o homem. - Admito que isso não estava em meus planos até ser sequestrado por esse grupo de malucos. Entretanto, seria um excesso de orgulho dizer que o trabalho em conjunto é mais eficaz do que o caminho de lobos solitários. Nunca imaginei que se vingar seria tão fácil.

— Nosso padrão de qualidade é alto, rapaz. - disse Petúnia.

— Nós gostaríamos de agradecer a vocês, stalkers da Baía dos Pecadores, por auxiliarem esta junção de poderes e nos comprometemos a fazer de tudo para que o seu objetivo inicial seja atingido. - disse Doppelganger.

— É exatamente isso o que eu espero, sem ofensas. - disse Dalila. - É bom para uma organização como a nossa que mais grupos se formem e que o serviço seja executado de forma mais eficaz. Porém, o meu interesse pessoal continua sendo superior ao profissional neste caso. Assim como nosso companheiro Scarface, eu anseio por vingança e não pretendo descansar enquanto não saciar esta vontade.

— É totalmente compreensível, minha cara. - disse Nikolai. - Eu só aceitei entrar para esse manicômio por interesses pessoais e me considero um ótimo profissional. Não sei qual foi o acordo feito com minhas duas novas companheiras, mas agora que faço parte disso, usarei meus contatos e habilidades a seu favor. Só não digo que você tem o meu rifle, porque tenho certeza que você mesma quer apertar o gatilho.

— Agradeço a compreensão. - disse Dalila, com um sorriso no rosto. - Acho que habitantes do submundo se entendem.

— Agora que as coisas estão certas, gostaria de saber ao certo o que nós temos. - disse. - Qual será nosso ponto de partida assim que essa reunião acabar?

— B-bem… - disse Heretic, encarando a mesa. - Eu resolvi adiantar minhas pesquisas enquanto vocês negociavam com Scarface e… Bem, consegui alguns nomes e hackeei alguns perfis desses suspeitos de estarem relacionados com o alvo de nossa coleguinha.

— Se eu souber quem é o alvo, poderei verificar suas suspeitas e acrescentar novas. - disse Nikolai. - A parte tecnológica eu deixo com vocês porque sou uma negação completa nessa área.

— Assim que possível, auxiliarei Heretic com a invasão e monitoramento digital dos possíveis suspeitos. - disse. - Acredito que Doppelganger, Fire Head e Show Man podem ser úteis no monitoramento físico destas pessoas.

— Nossa galerinha é sensacional. - disse Hiperatividade. - Se precisarem invadir lugares, podem contar comigo e… Acredito que Scarface também seja bom nisso.

— Sou muito bom em entrar em lugares que quero acessar, porém tenho certeza de que você é muito mais discreta. - respondeu Nikolai.

— Então estamos todos decididos. - disse Sherlock. - Criarei um grupo com todos nós dentro do A.S.E. para que possamos trocar as informações técnicas e acompanhar o progresso uns dos outros. Desejo boa sorte a todos e declaro por encerrada esta reunião.

Diferente de nossas reuniões habituais, o fim do assunto profissional realmente foi o fim do encontro dos stalkers. Todos pareciam apressados para começar a trabalhar ou algo do tipo. No fim, estávamos eu e Hiperatividade no ônibus de volta para a Baía dos Pecadores. Petúnia e Dalila foram em um dos carros da fantasminha e Sherlock ficou para conversar com os outros stalkers sobre algum assunto desconhecido por mim. Estar sozinho com S.H. deixou boa parte das minhas paranoias em desespero e parte de mim passou a nutrir ódio por essas paranoias. Sentir-se desconfortável ao lado daquela pessoa era inaceitável para mim e eu teria uma longa conversa comigo mesmo assim que chegasse em casa. Minha colega parecia tentar segurar seu sorriso, como se quisesse muito contar algo. Então, resolvi ignorar meus instintos e quebrar o silêncio:

— Então… Por que chegou atrasada?

— Eu até cheguei cedo, menino! Mas tive que sair correndo antes de ver sua cara de derrota.

— Eu sinto que você quer que eu pergunte, então lá vai: qual o motivo dessa fuga estratégica?

— Achei que não ia perguntar, seu coiso! Luna foi fazer alguns exames para monitorar o estado do câncer e tive que deixar a Lisa tomando conta dela. Daí, recebi uma mensagem de que os resultados foram os mais positivos possíveis! O câncer foi-se embora! Não resisti, tive que ir correndo dar um abraço de urso na minha pequena.

— Cacete! Por que você não me disse antes, então? Porra, menina! Isso é uma notícia feliz pra caralho! Desculpe-me, mas terei que cancelar meus planos e passar na sua casa para abraçar ela também.

— Mas olha ele. E quem disse que eu te quero na minha casa?

— Maldade isso aí, menina. Tenho certeza de que a sua irmã quer. Ela gosta mais de mim do que de você.

— Tadinho, faz mal se iludir assim, sabia?

Rimos e conversamos normalmente ao longo da viagem. Havia alguns afazeres em minha mente, mas nada me impediria de comemorar essa conquista com aquela pequena garotinha sorridente. Coloquei todas as minhas paranoias problemáticas em uma jaula, tranquei e joguei a chave fora até segunda ordem. Compramos um bolo no meio do caminho e fizemos uma festinha na casa da Hiperatividade. Contrariando os devaneios e as crises existenciais dos últimos dias, acabei passando a noite novamente na casa da Ana e saí para almoçar com as três no dia seguinte, para uma segunda comemoração. Ao meu ver, uma vencedora como a Luna merecia um ano inteiro de festividades em sua homenagem.

Terminando as festividades, chegou o momento de assumir a postura de profissional. Cheguei ao meu apartamento por volta de quatro da tarde e a primeira coisa que fiz foi ligar meu amado computador e a segunda foi preparar uma garrafa de café. Àquela altura, os nomes dos suspeitos de Heretic e Nikolai já estavam à nossa disposição e tratei de começar a investigar as vidas dessas pessoas azaradas. Assim, os dias se seguiram. No começo, os progressos foram bem lentos, estávamos baseando nossas buscas em boatos e palavras de terceiros sem muita credibilidade. Então, obviamente, muitos dos suspeitos eram apenas sujeitos comuns ou pessoas que se envolveram no mundo do crime, mas que tinham ligação nenhuma com o nosso alvo.

Os primeiros avanços começaram com as investigações do nosso time de campo, que seguiram alguns poderosos do mundo do crime com o auxílio de Juan de La Montana e conseguiram alguns nomes de contatos que poderiam ter relação com o alvo de Ghost. Eles os seguiram e descobriram seus hábitos para que Ana pudesse invadir locais estratégicos e plantar escutas e pequenos dispositivos para que eu e Heretic conseguíssemos invadir computadores e sistemas de segurança para que nosso monitoramento fosse o mais eficaz possível. Com isso, sequestramos três criminosos que atuavam em conjunto, com a certeza de que um deles tinha contato direto com nosso alvo. Leather, Ghost e Scarface passaram alguns dias com o trio e foi o suficiente para conseguir concretizar nosso objetivo.

Petúnia matou os três criminosos para limpar rastros e, com a localização do concorrente de Juan de La Montana em mãos, restava apenas a última empreitada. Monitoramos a mansão do sujeito que resolvemos chamar de Chacal para facilitar nossa comunicação. Como esperado da moradia de um chefão do crime, o local era muito bem monitorado e cheio de guardas. Infelizmente, a vingança de Nikolai contribuiu para que a segurança se intensificasse, o que pode ser comparado ao que chamam de karma. Assim, restou apenas confiar em Doppelganger e Sherlock para se infiltrarem em meio aos guardas. Essa parte do processo levou algumas semanas, mas finalmente conseguimos um cenário perfeito onde Chacal estava longe de sua casa, acompanhado por nossos dois stalkers e mais dois guardas, sendo que Sherlock era o motorista. Armamos uma emboscada e os dois stalkers eliminaram facilmente os guardas, uma vez que foram pegos desprevenidos, sendo possível sequestrar o Chacal e levá-lo até o condomínio da Petúnia.

Todos fomos chamados para esse momento de vitória, exceto os stalkers do Campo dos Sussurros. Seus serviços foram concluídos com grandes méritos e já não eram mais necessários. Dalila era mais complexada do que eu quando se tratava de questões profissionais, então segundo ela não fazia sentido que os três participassem da “comemoração”. Por incrível que pareça, todos, incluindo nosso amigo zumbizado estavam presentes no salão de festas do prédio da Leather. Havia uma mesa comprida com cadeiras para nós, coberta com um tecido branco e à nossa frente estava um homem amarrado a uma cadeira com um saco de pano preto sobre a cabeça. Ao seu lado, estavam Petúnia e Dalila. Chegamos todos praticamente ao mesmo tempo e a situação não permitiu que assuntos banais surgissem entre nós. Leather aplicou um líquido transparente no Chacal com uma seringa. Após alguns segundos, seu corpo inerte começou a demonstrar espasmos musculares, até que ele finalmente pareceu recobrar a consciência. Dalila, então, retirou o saco de sua cabeça. Era um homem na casa dos quarenta e cinco anos, gordo, com cabelos castanhos e curtos e olhos azuis. Ele estava visivelmente nervoso e assustado:

— Boa noite, senhor Chacal. - disse Petúnia. - Seja bem-vindo a meu humilde parque de diversões.

— Não sei quem são, mas saibam que pagarão caro por isso! - gritou o homem, tentando disfarçar seu medo.

— Somos vários ninguéns e você, meu amigo, é um homem morto. - respondeu Petúnia. - Normalmente, eu e minha querida aqui só daríamos um tiro na sua carinha gorda e derreteríamos o corpo em um tonel de ácido, mas as vantagens de ser um criminoso poderoso é estar recheado de informações. E, para a sua sorte, nós trabalhamos com isso.

— Informações? O que querem? Matarei todos vocês!

— Queridinho, você não está na posição de fazer perguntas. - disse Hiperatividade. - Todos que estão ao meu lado, sentados à mesa estão aqui apenas para impedir que você morra de uma forma horrível, então se sairmos daqui, saiba que morrerá.

— Isso… Vocês… - disse o homem, visivelmente desesperado.

— Ela está certa. - disse Dalila. - Se você quiser viver, terá que falar tudo o que sabe.

— Não negociarei com vocês. Assim que estiver livre, tratarei de pagar por suas cabeças.

Petúnia sacou uma faca e cravou na mão esquerda do homem, atravessando a carne e se prendendo ao braço da cadeira. Daisy desviou o olhar enquanto o homem gritava de dor. Ele xingou incessantemente a tudo e a todos até que outra faca encontrou sua mão direita. Mais um grito de dor ecoou no salão, seguido de vários xingamentos. Alguns minutos depois, o homem se acalmou um pouco, apenas soltando poucos gemidos de dor até que nossa anfitriã sacou mais uma faca, para o desespero do Chacal. Ele desmoronou em lágrimas e concordou em contar tudo o que sabia sobre o mundo do crime: nomes, datas, endereços e tudo várias outras informações que renderiam belos créditos no E.S.E. O interrogatório demorou horas e só terminou assim que tivemos certeza de que a última gota tinha sido devidamente extraída. Chacal parecia satisfeito no final, a dor devia ser intensa. mas a esperança de sobreviver o mantinha firme.

— Bem, agora acredito que o interrogatório chegou ao fim. - disse Petúnia.

— Finalmente! - Exclamou o Chacal. - Se me libertarem agora, posso esquecer tudo isso e poupar vocês.

— Desculpe-me. - disse Dalila, sacando um revólver e o encostando na cabeça do homem. - Mas eu menti. Fui um escrava do verdadeiro Juan de La Montana. Matei aquele maldito e assumi sua identidade, tudo para caçar todos vocês e adivinhe? Você é o último!

— Espere, espere! - clamou o homem. - Se você me poup...

O salão foi iluminado momentaneamente, seguido por um estrondo e um forte cheiro de pólvora na atmosfera. Chacal foi silenciado sem conseguir terminar sua última frase, Sua cabeça coberta de sangue caiu para o lado e ficou inerte, sujando o chão com as gotas vermelhas que caíam do buraco por onde a bala saiu. Daisy ficou enjoada e saiu do local, acompanhada por Lance. Dalila ficou parada com a arma em mãos por alguns minutos, até que largou o revólver e caiu de joelhos, desmoronando em lágrimas. A vingança não fez com que a garota se sentisse melhor, tampouco recuperou as marcas de queimadura e a dor que ela sente diariamente. Ela sujou as mãos por muitos anos apenas para se decepcionar com o resultado. Petúnia segurou a cadeira onde o homem estava e a jogou para o mais longe que conseguiu, se ajoelhando e abraçando Ghost logo em seguida.

— Eu matei tantas pessoas, contei tantas mentiras, arruinei tantas vidas… Tudo para isso? Nada mudou! O que restava do meu mundo desabou completamente.

— Querida, infelizmente eu sabia que essa hora chegaria. Porém, nada do que eu disse lhe faria parar, por mais que eu quisesse evitar seu sofrimento. Seu antigo mundo desabou, mas quero que saiba que hoje você é o meu mundo. Eu estava prestes a entrar em colapso a qualquer momento antes de te conhecer e eu sei que você tinha muita dificuldade de se abrir com alguém antes de eu insistir minha presença na sua vida. Então, se me permitir, ficarei honrada em te ajudar a construir um novo mundo.

O choro da fantasminha cessou e ela lentamente ergueu seu rosto para Leather, que a encarava sorridente. Os olhos da pequena ficaram ainda mais marejados e ela abraçou sua namorada com força, convertendo suas lágrimas de desespero em lágrimas de emoção.

— Desculpe-me por deixar o desespero me vencer. - disse Dalila. - Mas você já é o meu novo mundo.


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