Lost In Time escrita por VitóriaWolf


Capítulo 9
Lost in injustice




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   Acho que estava dormindo, porque acordo sentindo uma mão em meus cabelos. Levanto a cabeça, assustada, para ver meu pai sentado na cama, completamente normal e bem.
     _Tom? O que aconteceu? Eu não posso acreditar!- o abraço em uma mistura de surpresa e alegria.
  
    Morgana já se foi e, portanto, devo limpar seu quarto, o que é exatamente o que estou fazendo agora, recolhendo seus vestidos espalhados pelo cômodo. Eu não me importo, de verdade, não depois de tudo o que aconteceu ontem. Meu “pai”está vivo, e é isso que importa, nada pode me abalar hoje.
     _Como está Tom? Está se sentindo melhor?- a cabeça de Merlin aparece pela metade na porta meio aberta do quarto.
     _Sim. É incrível! É um milagre.
     _Isso é bom. Muito bom!-diz pensativo e começa a se virar para sair.
     _Você não parece muito surpreso.- afirmo e ele se assusta.
     _Não, não. Claro que estou. É um milagre- tenta se desvencilhar, mas sem muito sucesso. Ele sorri e sai para o corredor.
     _Obrigada, Merlin.- Grito através do corredor e vejo seu sorriso ao se virar no final do túnel.
     Volto para o quarto e tento me lembrar aonde parei. Estava trocando as flores dos jarros quando a porta se abre novamente. Achei estranho Morgana voltar assim tão rápido, mas não disse nada.
     _Como foi com Uther?- pergunto ainda de costas, mas não recebo respostas. Quando me viro, me deparo com Arthur e mais alguns guardas atrás dele. O que poderiam estar fazendo aqui?
     _Prendam-na.- ordena e me assusto. O que eu fiz? Deixo o jarro cair no chão e se quebrar em milhares de padacinhos.
     _Não.- mas não adianta nada,os dois guardar marcham até mim e seguram meus dois braços, me impedindo de me mover. Olho para Arthur em busca de ajuda, mas a única coisa que vejo é dor e arrependimento.
     _Guinevere, eu te prendo por crimes em contravenção as leis de Camelot, onde não se pode praticar feitiços.- sou arrastada no chão pelos homem enquanto vejo Morgana correr para dentro do quarto, totalmente desesperada.
     _Gwen?- ela tenta me desvencilhar do guarda, mas ele é muito mais forte do que nós duas juntas.
     _Eu não fiz nada!- tento me defender.-Socorro, por favor!- imploro até os perder de vista.- Por favor, por favor me escutem!- sou jogada de um lado para o outro e não sei mais se sinto meus pulsos. Arthur anda em nossa frente e não se vira para trás em hora nenhuma. Acho que eu julguei mal seu caráter afinal de contas.- Você tem que me ouvir, por favor! Eu sou inocente!- no meio de toda a confusão noto uma movimentação atrás de mim e uso o resto das minhas forças para virar a cabeça para trás e ver Merlin, sem entender nada, nos olhando.
     _Merlin! Merlin por favor me ajuda! Porque você não me escuta?
     Continuo pedindo por ajuda e gritando por alguém, mas de nada adianta. Até que nós paramos em frente a uma porta, e quando ela se abre, me localizo. O salão do trono, o lugar onde menti sobre minha história, o lugar onde Uther me condenará a morte.
 

Pov Arthur
     _Você está falando sério?-Morgana se vira para mim, me acusando, enquanto Gwen é levada a força pelos guardas.
     _Eu achei ervas mágicas na casa dela.- explico.
     _Isso é ridículo!- se exalta
     _Como mais explica a recuperação do pai dela?- paro de andar e me viro para ela, realmente curioso com a resposta, porque se existe alguma que não seja essa, vou adorar saber.
     _Ela é inocente. Eu sei que ela é inocente.- ela esquece da pergunta completamente e tenta implorar para que eu pare com tudo isso.
     _O que eu posso fazer? Eu não posso ignorar isso!- elevo o tom de minha voz e a dou as costas, seguindo os dois guardas. 
      Os gritos e a imploração não pararam e eu me remexia por dentro a cada vez que ouvia sua voz pedindo por ajuda. As pessoas costumam acham que sou frio e sem emoções, que como dever de herdeiro do trono de Camelot, eu devo assumir minhas funções como príncipe e seguir as regras feitas por meu pai. Eu não penso assim, mas daqui a pouco falo mais sobre o que realmente penso em ser rei.
     As portas da sala do trono se abrem, dando lugar a diversas bandeiras vermelhas e a carranca de Uther sentado em seu trono. Gwen continua gritando por ajuda, mas ninguém sequer parece notar. Os guardas praticamente a jogam no chão, como animais, e fujo de seu olhare amedrontado. Procuro olhar para qualquer lugar, mas onde é que for, encontro outros, de Merlin, Morgana ou até mesmo de Gaius. Meu pai a encara, frio e calculista para depois de virar para mim.
     _Bem feito.- ele elogia, mas não sorrio em retribuição.
     _Porque ninguém acredita em mim? -Gwen se desespera, deitada no chão.- Ele ficou bem. Só se recuperou. Eu não fiz nada.- tentas argumentar não adianta com meu pai, quando algo é posto em sua cabeça, mesmo que a coisa mais impossível, nada a retira.
     _Eu acredito em você.- Morgana abre as portas e entra, totalmente determinada a enfrentar Uther, uma completa idiotice.- Talvez seja uma doença que não seja fatal. Já pensou nisso? Talvez ele tenha se recuperado naturalmente.
     _Então o que foram essas ervas que encontramos?-meu pai pergunta calmamente. Morgana olha para Gwen em busca de uma resposta, mas só recebe mais perguntas.
     _ Que ervas? Eu não sei nada sobre ervas!
     _Foi achado na sua casa- meu pai se levanta.- Desfaça o encanto. Coloque um fim nessa epidemia.- demanda.
     _Eu não posso.
     _Então não posso lhe conceder misericórdia- ele se abaixa para ficar do mesmo tamanha que a jovem.
     _Não sou uma bruxa! Não sei como parar uma doença!
     _Se não desfizer sua feitiçaria, você não me da escolha e preciso te dar como culpada.
     _Mas eu já lhe disse..- Gwen o interrompe tentando se explicar novamente.
     _Então é obrigação pronunciar seu julgamento. Em devidas circunstâncias não tenho escolha mas sentenciar você a morte.
     _Não.- lágrimas começam a rolar por seu rosto e ela tenta desesperadamente segura-las.
     _Só espero que quando você morrer, essa praga maléfica morra com você.- meu pai completa. Coloco a mão no rosto, já totalmente estressado, e tento pensar no que fazer agora.
     _Levem-na.- a sessão termina. Gwen continua gritando, desesperada implorando por sua vida enquanto dois guardas a arrastam para fora da sala. Ela se debate e se contorce, tentando de qualquer jeito se desvencilhar dos braços fortes que a prendem, mas nada a impede de seguir para as masmorras, onde será jogada no chão duro e deixada sozinha para esperar pela morte.
     Ando de um lado para o outro, bufo diversas vezes tentando pensar, mas os gritos abafados inundam meus pensamentos e antes que pudesse fazer qualquer coisa, Morgana toma o primeiro passo e faz a maior estupidez possível: bate de frente com meu pai.
     _Ela é minha camareira, não uma feitiçeira.- meu pai, que se manteve de costas para toda a gritaria, se vira com o rosto frio.
     _Você já viu uma feitiçeira?- Morgana permanece em silêncio, mas sem perder a pose de durona.- Acredite em mim, elas nunca parecem ser o que são. Não tem nada de mau em seus olhos.
     _Eu já vi como essa garota trabalha. Seus dedos são pesados, suas unhas estão quebradas. Se ela fosse uma feitiçeira, porque então faria tudo isso? Porque se ajoelharia na pedra fria toda manhã enquanto poderia fazer coisas como esta em um estalo de dedos? Como um rei ocioso.
     _Você não tem o direito!- ele grita e Morgana dá um passo para trás, fugindo de sua ira.
     _Mas você tem o direito de julgamento dela!
     _Eu tenho responsabilidades de tomar conta deste reino! Não tenho prazer em fazer isso.
     _Mas está claramente sentenciando a pessoa errada.-o interrompe. Continuo ao lado, esperando pelo o que acontecerá e pelo momento onde terei que acabar com a discussão.
     _Ela está certa pai.- canso de esperar.- É só ouvir a palavra “mágica” que o senhor torna-se impiedoso.
     _Você viu por si mesmo, ela usou encantamentos.- ele se apoia no trono, claramente cansado de tudo.
     _Sim, talvez. Mas para salvar seu pai que estava morrendo. Isso não faz dela culpada de criar uma praga. Um é ato de amor, outro é de maldade. Não acredito que haja maldade nessa menina.- o olho debochado, como se a ideia de Gwen fazer mal a qualquer coisa coisa fosse a mais absurda de todas. Não a conheço, não faz mais de um mês que a trouxe para cá, mas é só olhar para seu rosto angelical e ver que não há nada de ruim nele.
      _Eu já testemunhei o que a magia negra pode fazer. Já sofri em suas mãos. Eu não posso arriscar. Se tenho o mínimo de dúvidas sobre essa garota, ela deverá morrer para salvar esse reino.
      _ Eu entendo isso.- replico.
      _Um dia você será rei, e então irá entender que essas decisões tem de ser feitas. Existem forças negras que ameaçam o reino.
      _Eu sei que feitiçaria é um mal, pai, mas injustiça também! Sim, eu ainda não sou rei e não sei que tipo de rei eu serei, mas tenho ideia da Camelot onde quero viver. Seria onde a punição se adequa ao crime.- ele se levanta, como se tivesse acabado de ter uma ideia brilhante.
      _Temo que esteja certo. Ele brincou com fogo, e tristemente vai morrer em fogo também.- se retira, pisando fundo.
      _Droga!- grito e soco a parede para depois urrar de dor.
      Por causa da doença que se espalha, um conselho de emergência foi reunido no intuito de encontrar um jeito de acabar com toda a praga que continua a aflorar pelo reino. O pátio da cidadela está coberto de corpos cobertos por cobertores e o número aumenta cada vez mais. Gaius não para de trabalhar e Merlin não apareceu mais para trabalhar, provavelmente ajudando o mentor.
      _ E se quando queimar essa bruxa o veneno continuar a se espalhar?- meu pai abre a reunião enquanto anda pelo salão ao redor da mesa, onde os conselheiros estão sentados.- Como protejo meu povo?
      _Meus homens fecharam as fontes de água.- o digo na tentativa de que melhore a tensão. Gaius apareceu um pouco antes para dizer que chegou a conclusão de que a doença só poderia se espalhar via água, afinal, o que servos, comerciantes e nobre poderiam fazer em comum além de beber água que é distribuída para toda a população.
       _Mas o suprimento de emergência não vai durar por muito tempo.- Gaius se pronuncia.- Temos que encontrar um jeito de retirar a doença da água.
       _Mas como?
       _Bem...- Gaius se levanta para explicar a hipótese, mas as portas do salão se abrem com força antes, fazendo um barulho ao se baterem na parede e todos viram suas cabeças para ver Merlin adentrar, determinado. 
       Droga!-penso para mim mesmo.
       _Fui eu! Fui eu que usei mágica para curar o pai da Gwen.- ele para de correr e para em frente da mesa, olha nos olhos de todos presentes e respira fundo, tentando de manter calmo. Meu pai o olha com os olhos semicerrados, em dúvida. Faço minha melhor careta, sem entender tudo isso.
     _Gwen não é a feitiçeira, eu sou.- Gaius, que tinha se sentado de susto, se levanta rapidamente.
     _Merlin, você está louco?- sussurra.
     _Não posso deixar ela morrer por mim. Coloco-me em sua misericórdia.- ele se volta para meu pai, que o olha interessado.
      _Ele não sabe do que está falando.- Gaius tenta consertar, mas Merlin o interrompe, afirmando novamente tudo o que disse antes.
      _Então prendam-no.- meu pai ordena e se senta novamente.
      _Pai, por favor! Você não posso permitir isso.- me recupero do choque.- Isso é loucura, Merlin não pode ser um feitiçeiro! É o Merlin!- Espero que ele não se ofenda, claro. Me posto ao lado do meu criado que já está sendo segurado por dois guardas.
     _Não escutou o que ele disse?
     _sim.
     _Ele admitiu.
     _Ele me salvou. Se lembra?
     _Porque ele inventaria essa história?
     Surto. Tento pensar em qualquer resposta plausível, mas nada de vem em mente. Todos no recinto me olham, esperando pela resposta.
     _Como disse Gaius...- olho para ele esperando receber ajuda, mas ele me olha sem entender também.- Ele tem.. hum.. ele tem uma doença menta grave.- Sério Arthur? É só isso que consegue pensar?
      _Verdade?- meu pai parece acreditar.
      _Ele está apaixonado.- as palavras saem da minha boca instintivamente e definitivamente parece uma desculpa melhor.
      _O que?- O próprio Merlin pergunta, quase que tentando destruir minha desculpa para salvar a vida dele!
      _Pela Gwen.- completo.
      _Não estou.- ele afirma e o fulmino com os olhos.
      _Sim, você está.- teimo.
      _Não, eu não estou.- tenta argumentar e meu pai simplesmente sorri.
      _Vi você ontem com aquela flor que ela te deu.
      Ele ri envergonhado.
      _ Eu não estou apaixonada por ela.
      _Está tudo bem.- o abraço e o olho esperando que ele entenda que é para parar de atapalhar, mas quando se trata de Merlin não se deve esperar nada.- Você pode admitir.
      _Nem penso nela dessa maneira.
      _Talvez ela tenha te enfeitiçado.- meu pai acha graça da situação  e começa a rir. Rio junto para manter as aparências.
     _Merlin aqui, é uma incógnita.- o cbalanço e ele me olha de cara feia.- Mas a verdade é que ele é um perfeito idiota. Ele não pode ser um feitiçeiro.- retiro o tom de brincadeira e o encaro.
     _Não desperdice meu tempo novamente. Soltem-no.
     Meu pai volta para o trono, Merlin sai do salão enraivecido com Gaius em seu encalso e eu suspiro de exaustão e admiração. Tem algo nele, mas eu simplesmente não consigo saber o que.
     Desço as escadarias do porão em silencio. É madrugada e a maioria dos funcionários dorme a esse momento, ou pelo menos é o que espero. Espero com que Merlin vá embora e os sons parem, então saio. Espero a ronda dos guardar trocarem e me escondo em cada canto possível para não ser visto. Como um príncipe posso simplesmente andar pelo castelo a hora que quiser, mas não quero que as pessoas saibam que estou visitando uma prisioneira que tecnicamente será condenada a morte na manhã seguinte.
     Os dois guardas que tomam conta das celas estão parados em frente a entrada e não há jeito de não ser visto pelos os dois. Então em vez de fazer como Merlin faria nesse momento e distrai-los, simplesmente uso minha autoridade e os ameaço dizendo que se disserem alguma palavra sobre me verem ali, serão eles dentro das celas. Não acho que irão falar qualquer coisa. Atravesso o corredor procurando pela frágil garota que conheci, mas só vejo celas desertas. Meu pai não é muito de deixar o preso esperando. Gwen está no último cubículo, não dorme como eu esperava, está sentada na pedra suja, com o vestido completamente rasgado, as mãos e praticamente o corpo inteiro sujo de fuligem, os cabelos ruivos emaranhados e as lágrimas rolam em seus olhos, que encaram a lua cheia pela pequena janela no cimento.
      _O que faz aqui?- ela pergunta assim que me nota do outro lado.
      _Eu queria me explicar.- respondo honesto.
      _Explicar o que? Explicar como não me ajudou? Sobre como ficou quieto enquanto via seu pai me condenar a morte? Explicar que não é quem eu e todo o seu povo achávamos que era?- enquanto grita, caminha em direção da grade.- Me poupe.- ele se volta para o fundo do quadrado e se senta no mesmo lugar.
     _Você não conhece meu pai como eu. Se eu falasse qualquer coisa naquela hora, você provavelmente já estaria morta, assim como Tom.
    _Merlin tentou me ajudar.- ela diz sem me olhar e rio.
    _Ele tentou e quase piorou tudo! Tive que tirar a mira dele também, senão os dois seriam vizinhos de cela.
     _Ele pelo menos tentou.- seus olhos azuis me encaram, determinados.
     _Uther é como uma criança mimada, você diz o que ele quer ouvir e depois faz o que ele não quer que faça. Acha que quero que morra? Eu poderia ter te deixado morrer aquele dia no lago, mas eu te salvei, assim como vou fazer novamente.- termino de falar e volto em direção ao quarto, dessa vez sem me importar que me vejam.
     Abro a porta do meu quarto e vejo a pior coisa que poderia ver nesse momento. Morgana. Bufo.
     _O que quer?
     _Onde esteve?- ela desconversa.
     _Não te interessa.- ela olha para o quarto todo  bagunçado.- Me desculpe por isso, Merlin tem estado um pouco ocupado.- chuto uma almofada que voa de volta para minha cama.
     _Pobre Merlin.
     _É.- concordo.
     _Oferecer sua vida para salvar a da Gwen. Não consigo imaginar nenhum homem me amando tanto.- lança a indireta.
     _Não, eu também não consigo imaginar. - retruco e ela sorri.
     _Isso é porque você não é o Merlin. Ele é um amante.
     _É, talvez a razão seja que eu não achei a pessoa certa.- paro de tentar arrumar o quarto e me viro para ela, deixando claro a mensagem.
     _Infelizmente a era romântica parece estar morta. Olhe ao seu redor e você só vê homens pequenos que nem suas armaduras conseguem preencher.- zomba.- Nenhum deles se sacrificaria pelo o que é certo.
     _ O que você quer que eu faça?
 

 


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