I still walk escrita por Claymore


Capítulo 8
Capitulo 8




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Não podia acreditar no que meus olhos me mostravam, não conseguia processar. Não conseguir conter as lágrimas, mas só as notei quando meu peito doía quase como se alguém tivesse arrancado meu coração. Meu peito sentia solavancos e batidas fortes, como se alguém estivesse batendo nas minhas costas. Eu queria gritar e bater em alguém.

Parte da minha mente queria rir e pensar que aquilo não me afetava, afinal eu nem gostava realmente dele, só que não é verdade. Agora eu podia ter certeza dos meus escondidos e confusos sentimentos, que agora estavam em pequenos fragmentos espalhados pelo chão frio.

Ela disse alguma coisa e logo ele estava voltando para a casa, ela fechou a caixa de energia e se dirigiu para a porta dos fundos da casa, que imagino ser da cozinha. Aos poucos as lagrimas frias me trouxeram para a realidade e eu consegui abaixar meus olhar para minha mão direita que agarrava com força a fina cortina aberta. Minhas unhas tinham apertado tanto o tecido que era possível ver a mancha vermelha se expandindo pelo tecido claro. Eu havia cortado a palma da minha mão e manchado o tecido. Com algum esforço abri minha mão e encarei os pequenos cortes na minha palma branca, logo uma pequena poça de sangue se formou ali.

Ouvi a porta da sala bater, e o som me fez sobressaltar e perceber o quanto minha respiração estava alta. Meus lábios tremiam, mesmo que eu não estivesse com frio. Meu corpo estava submersos naquela névoa de solidão. Eu realmente era patética. Rastreando ele da forma como fiz, e correndo contra o tempo pensando que ele estivesse sofrendo. Mas ele estava em um outro mundo. Provavelmente não foi ele quem me encontrou.

Ouvi passos subindo as escadas e isso me fez entrar em desespero, ele não poderia me ver assim. Juntei toda a força que eu poderia juntar em minhas pernas e corri para a porta fechando-a , porem ainda consegui ver Daryl se aproximar por alguns segundos. Fechei a porta e tranquei com a chave de ferro que estava na fechadura antiga de bronze.

Não consegui me mover, apenas fiquei ali parada com uma mão sobre a porta e a mão machucada na chave, minha respiração era forte e provavelmente se ele estivesse atrás da porta a ouviria, mas minhas forças já estavam nas ultimas e eu não conseguia parar.

Conseguia ver agora a sombra de uma pessoa se aproximando da porta, era ele. Quando a primeira batida veio, eu quase gritei, não estava esperando. E logo uma segunda batida, dessa vez dupla , impaciente . Eu não podia abrir . Gotas de sangue caiam no chão próximo aos meus pés e agora eu conseguia ouvir uma segunda respiração pesada.

— Beth?

Prendi a respiração e me aproximei da porta encostando minha testa na madeira fria, apertando com força a chave e ignorando a dor aguda que a chave causava na minha mão ferida. Eu só conseguia pensar: “ Caia fora, de o fora daqui”.

— Beth, eu não sei o que dizer.

Então éramos dois, pois eu não conseguia dizer uma única palavra e o choro que mesmo silencioso parecia que enchia o quarto inteiro. Então a sobra e o barulho da respiração se foram e logo ouvi outro barulho, mas dessa vez bem baixo de porta se fechando. Minhas pernas desabaram e eu estava sentada sobre os meus tornozelos com a cabeça baixa e as duas mãos na porta.

O que eu podia fazer? Como poderia agir? Eu fui tão tola em achar que ele sentia o mesmo. Antes eu poderia fingir , antes eu poderia mentir e dizer que não sabia o que sentia e se a situação piorasse eu poderia dizer não gostava dele, mas e agora? Não posso mais fingir que o que sinto não existe mais. Essa dor que invade minha alma e que era pior do que estar a fora sozinha.

Aos poucos eu fui perdendo a noção do tempo e de como fui parar deitada no chão frio e adormeci ali mesmo. Não sei por quanto tempo, poderia ser por 5 horas ou 5 minutos, no final das contas eu nem queria saber, eu não ligava.

Aos poucos eu fui acordando naquela manha e o sol mal tinha nascido dava para ver, mas eu conseguia ouvir que a casa já tinha começado sua rotina pelos barulhos de passos. Meu rosto estava sobre o piso gelado e por causa da janela aberta a temperatura do quarto estava bem baixa.

Foi difícil erguer minha cabeça e olhar para a janela os raios de sol recém nascidos entrar e repousar sobre a cama vazia. Aos poucos me levantei e fui ate a janela, e logo notei que todos já estavam saindo e começando seus afazeres eu imaginei.

A dor no meu peito ainda estava ali e como se o frio do quarto tivesse entrado no meu corpo e substituído meu coração eu conseguia sentir o vazio se instalando dentro de mim.

Peguei a bolsa de higiene pessoal e fui até o banheiro, logo eu estava descendo as escadas e ouvi a família na sala conversando em um tom alegre.

— Provavelmente eu e o Daryl devemos sair em dois dias para buscar mais suplementos, então ele não vai sair para recrutamento. – Ouvi Rick falar.

— Acho que é melhor assim, por um tempo. – Era a voz de Daryl agora.

—  Não quer sair por muito tempo?

— Não só isso. Acho que não é uma boa hora para trazer desconhecidos .

Ao descer as escadas todos me encaravam, e isso fez todos os pelos do meu corpo se levantarem.

— Bom dia Beth, dormiu bem? – A voz de Michonne veio da entrada da cozinha e ela vinha com uma maça na mão.

— Claro, Bom dia .

— Gostaria de tomar café?

— Não, estou bem .

— Você precisa comer, esta tão magra. Tome, pelo menos essa maça. – Ergui a mão e peguei a fruta que estava com algumas partes vermelhas e outras verde.  Dava para ver que era uma fruta orgânica do pé e não como aquelas vermelhas enormes que mamãe comprava no mercado.

— O que aconteceu com sua mão?

A pergunta me pegou desprevenida e a olhei confusa para minha mão. Dava para ver os três cortes mais profundos e doloridos agora em vermelho escuro por causa do sangue coagulado e um pequeno corte rosa claro causado pelo meu dedo menor .

— Sou descuidada, só isso.

— Não quer ir até a enfermaria e dar uma olhada? Pode infeccionar.

— Eu estou bem.

Ouvi uma batida na porta e Rick a abriu , tentei olhar rápido para a porta sem parar o olhar no Daryl. Não poderia encara-lo agora.

Rick abriu a porta e tinha um rapaz alto esperando. Rick o deixou entrar então eu o reconheci.

— Bom dia a todos. Que bom que você já levantou, vim a sua procura Beth. – ele falava diretamente a mim e se aproximou. Estava com uma camiseta azul marinho, calças jeans e botas pretas.

— Eu ?

— É , minha mãe precisa fazer algumas coisas hoje, então ela pediu para que eu buscasse você para vocês conversarem lá em casa.

— Pediu, ou você se ofereceu? – Daryl usou um tom baixo porem assustador. Algo que não era típico dele. Normalmente era apenas quieto, não assustador.

Todos olharam para ele e eu não pude deixar de olhar também. Como na noite passada ele estava próximo à janela e não olhava para mim, apenas olhava para fora. Talvez ele ficasse ali esperando sua “namorada” loira aparecer.

— Bem, eu me ofereci. Achei que poderia te mostrar o galpão depois caso você quisesse trocar alguma coisa... – O garoto estava obviamente constrangido. O que o Daryl tinha com isso?

— Obrigado Spencer, seria ótimo.

  Daryl abaixou o rosto e deu um sorriso, não pude acreditar. Era um sorriso sínico e de deboche, qual era o problema dele?

— Não tem problema. Já tomou café?

Levantei a maçã e me dirigi próximo a ele.

— Estou pronta.

Sai pela porta e ele me acompanhou, logo pegou a minha frente e eu estava ao seu lado o seguindo pela rua abaixo. Não conversamos por algum tempo, e foi confortável. Spencer parecia ser o tipo de cara que não forçava conversas desnecessárias e isso me alegrou.  

O ar frio da noite passada ainda pairava pelo lugar e tudo estava molhado por causa da tempestade. O lugar parecia ter saído de um catalogo ou de um livro de romance. Apesar das pessoas que já estavam saindo de “suas” casas , o lugar tinha um ar de sossego e calmaria que eu nem me lembrava que poderia existir novamente.

— Como foi à noite?

— Fria.

— Precisa de mais uma coberta? Podemos ir ao galpão.

— Não é necessário. Mas tenho que ir até o galpão, trocar as roupas.

— Algum problema?

— Ficarão meio grandes.

— Imaginei que ficariam mesmo. Te levo lá depois. Não vai ser problema.

— Vai ser meu guia particular ou meu guarda costa? – Não acho que estava sendo grossa e tenho certeza que minha expressão era praticamente de duvida eu tinha certeza. Mas esse garoto por algum motivo esta interessado em mim e eu precisava saber o porquê.

— Na verdade pretendia ser seu amigo.

— Precisa mais do que uma excursão para ser meu amigo. - Agora estávamos parados em frente a uma casa branca. Maior e mais bonita que as outras. Com as vogas mais grossas e aparentemente de uma madeira mais cara. Tinham flores roxas em potes marrons em toda a varanda. A casa tinha uma ar de primavera por toda parte.

— Que bom que temos tempo.


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