Desenhando Futuros escrita por R_Che


Capítulo 26
Capitulo 26


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Voltei e com novidades!
Além de este ser um capitulo muito esperado por alguns (e finalmente aqui está, é o penúltimo), postei o primeiro da minha nova história.
Se quiserem dar uma vista de olhos, prometo seguir a minha linha do romance.

https://fanfiction.com.br/historia/726352/Te_Espero_a_Ti/

O titulo é em espanhol, perceberão porquê se a acompanharem. Espero que gostem se o fizerem.

Em relação a esta, não sei se vocês têm por hábito ler as minhas respostas aos vossos comentários, mas se quiserem, numa delas dei umas luzes da minha opinião.
Adoro-vos por todos os comentários que recebi, e pela vossa persistência em acompanhar esta história.

Há dias que ando a pensar como explicar isto sem ser mal interpretada, mas aqui vai de forma directa...
Não sou apologista de estragar um romance com descrições de cenas de sexo. Porque existem muitas maneiras de se ler uma história com essa temática, e não quero perder a minha linha, pela qual batalho desde a primeira história, que é o romance e a forma poética de descrever o envolvimento entre dois personagens.
Desta forma, o que quero dizer é que não esperem descrições detalhadas e pormenorizadas de um envolvimento físico/sexual entre duas pessoas. Não é a minha praia, nem é o que pretendo com esta história. (Mas prometo não defraudar quanto à intensidade!)
Quero acreditar que ainda existam pessoas que lêem as histórias pelo conteúdo emocional e o desenvolvimento histórico delas, e não só pelo que podem encontrar na descrição detalhada de uma cena de sexo.
Com isto não menosprezo qualquer história que contenha essa temática, inclusive porque algumas das minhas favoritas a sigam e é exactamente por isso que são favoritas, porque faz sentido naquela linha de escrita e do que se quer passar.

Não me alongo mais.

Desfrutem.



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Dormir não lhe tinha assistido de nenhuma maneira. Tinha muito sono quando chegou a casa e se deitou, mas os pensamentos não a deixaram descansar. Aquela segunda feira ia ser a pior em muitos dias. 

Amanheceu e ligou para a empresa a dizer que não ia naquele dia. Desculpou-se consigo mesma de que ainda tinha muitas coisas para arrumar das mudanças. Tomou um banho quente e vestiu um fato de treino confortável para desencaixotar o resto das coisas que tinha para arrumar. Tinha sido um exercício muito produtivo inclusive para a sua mente que estava um autêntico caos.

Pelas quarto da tarde deu por ela sentada no chão da sala, encostada no sofá em cima da carpete a olhar fixamente para a mesinha de centro de sala que já brilhava. Tinha acabado de arrumar tudo e de limpar. Pela cabeça passaram-lhe imensas coisas, mas a principal foi a conversa que teve com o pai no dia anterior. Russell tinha-lhe dito directamente que aceitaria Rachel se ela fosse a sua escolha. Quinn não sabia lidar com isso, mas sabia menos lidar com a sua capacidade de controlar a felicidade que lhe invadia o corpo depois daquela conversa. O dia anterior tinha sido definitivo na sua vida, e ela não pretendia continuar a sofrer por isso. 

Pegou no telemóvel, a medo, e ligou a Rachel. Precisava de ter uma conversa muito séria com ela, e sabia que seria naquele dia ou nunca. Agora ainda tinha a coragem misturada com o entusiasmo e a felicidade, mas se a realidade e o facto de ter de lidar com a sociedade lhe passasse pela cabeça naquela altura, perdia a confiança para o fazer. 

 

— Quinn? - perguntou Rachel surpreendida mas com muita calma. - Está tudo bem?

— Imagino que te surpreenda o meu telefonema. 

— Confesso que não estava à espera, mas sabes que me deixa feliz que me ligues. 

— Nos últimos tempos não pareceu. - disse a loira quase num sussurro. 

— Nos últimos tempos eu precisei de aprender a viver sem te ter na minha vida todos os dias. 

— Estou a ligar para te convidar para vires jantar comigo hoje, na minha casa nova. - disse ela sem respirar. Rachel sentiu o coração disparar e fechou os olhos com força. Respirou fundo e Quinn ouviu do outro lado. 

— É um jantar de grupo? Porque se te sou muito honesta prefiro não ir nesse caso. Acho que o de ontem chegou para as próximas semanas. - A loira riu-se com carinho, e Rachel percebeu que aquele riso era demasiado confiante para ser da Quinn do dia anterior. 

— É um jantar de amigas. Tu e eu. Quero muito conversar contigo definitivamente sobre isto. - disse ela com a mesma confiança do riso e Rachel sorriu com alguma esperança.

— Sobre isto? - perguntou a estilista sem vergonha. 

— Sim, sobre tudo o que está a acontecer na minha vida. E quero muito que vejas a casa que a senhora que me recomendaste me arranjou. Acho que vais gostar. 

— Tenho a certeza que sim. A que horas me queres aí?

— Oito? - perguntou a designer com um sorriso rasgado. 

— Combinado. 

— Mando-te a localização por mensagem. 

— Certo. Obrigada pelo convite, e até logo. - disse Rachel também a sorrir. 

 

—x-

 

A confiança era aparente, porque o corpo de Quinn parecia gelatina quando ouviu a campainha tocar. Toda ela tremia e estava nervosa, e toda a coragem que tinha ganho com o exercício físico das arrumações, tinha ficado lá nas quatro da tarde naquele telefonema. 

Abriu a porta e Rachel trazia uma garrafa de vinho na mão acompanhada de um sorriso carinhoso que iluminou a noite de Quinn. Ela não sabia como cumprimentá-la mas, como sempre, Rachel salvou o momento dando-lhe um pequeno abraço e um beijo na cara. Quinn sentiu o famoso arrepio na espinha, mas desta vez sorriu com ele. 

— Obrigada por teres vindo. 

— Obrigada pelo convite. 

Quinn mostrou-lhe a casa, todos os pormenores dela e explicou-lhe algumas ideias que ainda ia pôr em prática. 

— Gosto muito. Adoro a localização, e além disso é muito ampla e luminosa. Parabéns Quinn. - disse ela com um sorriso carinhoso. 

— Obrigada. Realmente não sei se tinha acontecido assim se não fosses tu. - Rachel percebeu que ela não se referia só ao contacto da agente imobiliária, mas só acenou com a cabeça em concordância. - Encomendei Sushi, chegou 10 minutos antes de ti, e se não te importares vamos comer na mesa de centro da sala. 

— Adoro pufs. Adoro sentar-me nessas coisas. - disse a morena divertida. 

Sentaram-se nos dois pufs, um em frente ao outro no centro da sala, e começaram a jantar. Rachel estava à espera de saber o que queria dizer Quinn, mas ela perdeu a coragem e não dizia nada. 

— Então? - pergunta Rachel impaciente mas com um sorriso. 

— Então o quê? - responde Quinn simpática. 

— Não me digas que me convidaste para jantar para me convidar para tua madrinha de casamento com o George. - disse Rachel provocativa mas divertida. Quinn riu-se e respondeu com a maior naturalidade do mundo. 

— Como sabes? Mas pela tua reacção não vai ser difícil de te convencer a aceitar. - Rachel perde o sorriso de maneira automática e Quinn solta uma divertida gargalhada. - Mereceste por detestável. - respondeu a designer fazendo Rachel revirar os olhos e depois fixar o olhar nela. 

— Esse papel é teu, não meu. - responde Rachel com a mesma intensidade no olhar. Contrariamente ao que ela esperava, Quinn susteve-o e ficou a olhar para ela da mesma maneira. A estilista não conseguiu decifrá-lo, mas Quinn decidiu dizer o que lhe passava pela cabeça naquele momento, sem medos nem pavores. 

— É inacreditável como tu tens o poder de cativar as pessoas. Elas rendem-se a essa tua postura. Ainda me hás-de explicar como conseguiste conquistar o meu pai?! - disse a loira num tom de voz relativamente baixo mas perceptível. Rachel sorri e sem nenhum descaramento responde-lhe. 

— Realmente preferia conquistar a filha. - Quinn baixa a cabeça imediatamente e começa a brincar com as unhas, mas um pequeno sorriso lhe nasce nos lábios. Rachel não chega a perceber esse sorriso. - Já me calei. Vou ficar quieta porque não quero ver uma cena igual à daquele dia. 

— Traumatizou-e não foi?! - perguntou a loira agora com um sorriso triste. - Eu percebo que foi uma cena absolutamente infantil e ridícula. Aliás, depois disso tu não voltaste a procurar-me mais, e eu percebi perfeitamente. - Rachel franziu a testa, mas antes de poder dizer alguma coisa ela continuou. - Só que realmente Rachel, eu acho que devias ver a coisa como um momento de fragilidade meu. Muito pouca gente me viu chorar na vida. 

— Desculpa Quinn, acho que estás confusa. - disse ela em modo de esclarecimento. - Primeiro aquilo que eu vi não foi um momento infantil nem ridículo. Ridículo é que tu o chames assim. E não me afastei de ti por isso, afastei-me porque achei que te estava a fazer mal, e no final ia acabar por me fazer mal a mim. E segundo, mas não menos importante, não vi momento de fragilidade nenhum ali, vi sim um momento de descompressão e senti-me responsável pelo teu mal estar. - disse a morena com toda a honestidade que lhe cabia. 

— Não quero que te sint... - mas Rachel interrompe. 

— Eu é que não quero que tu te sintas na obrigação de calar seja o que for, e por isso prefiro dar-te espaço. - Quinn sentiu outro frio na barriga, mas agora de medo. Ela não queria que Rachel se afastasse de novo. Naquele momento ela queria Rachel o mais próxima quanto possível, e tinha de desenterrar a coragem das quatro da tarde rapidamente ou aquele frio na barriga transformava-se em facada profunda. A sua consciência já estava a fazer pressão nesse sentido. 

— Tens razão quando dizes que o George não devia ser perdido nem achado nesta história. Eu sei que o estou a prejudicar. - diz Quinn mudando o rumo à conversa. 

— Essa é a função dele na tua vida. - responde Rachel tranquila. 

— Isso é um bocadinho frio vindo de ti. - acrescenta Quinn com um sorriso. 

— As pessoas passam sempre na nossa vida com uma função Quinn. A do George é a de te fazer perceber o que queres realmente. Ou então é o erro da tua vida. - diz Rachel com calma. Quinn fixa o olhar nela sem medo e não o retira, Rachel devolve-o e sustém-no. Não eram preciso palavras, mas Quinn moveu os lábios num sussurro. 

— Tenho medo. - e Rachel inspirou com força ainda com os olhares conectados e no mesmo tom respondeu.

— Eu sei meu amor. - Quinn prendeu a respiração e continuou a olhar para ela por mais três segundos, até que todos os músculos do seu corpo estavam a perder as forças e a sua mente obrigou-a a lutar contra eles. 

— Desculpa. - diz a loira de repente enquanto se levanta com alguma pressa. - Vou à cozinha buscar água. - e rodeia a mesa em direcção à cozinha quando ouve Rachel chamá-la enquanto se levanta. A designer pára de costas para a morena e sente que ela está relativamente perto dela.

— Por favor, trás em copo e não nos olhos. - diz Rachel com amor enquanto lhe agarra na mão com carinho. Quinn fecha os olhos com força e são quatro da tarde de novo. Mas as quatro da tarde bateram com fogos de artificio como banda sonora, e não foram borboletas, foi toda a vida selvagem que se instalou na barriga de ambas quando Quinn ganhou de coragem e de repente se virou para Rachel e a beijou. 

Não foi um beijo desesperado, foi casto e com amor, mas Quinn perdeu-se no momento em que sentiu os braços de Rachel rodeá-la e apertá-la contra ela. A estilista apertou-a com força enquanto inspirava, como se a tivesse a respirar, como se a tivesse a prender e não a largasse mais. Ela terminou por deixar cair uma lágrima, que se misturou naquele beijo e fez Rachel deslizar as mãos até à nuca de Quinn e encostar a testa dela à sua separando por poucos milímetros as bocas. Quinn não conseguiu abrir os olhos, mas Rachel não conseguiu não olhar para ela com um amor profundo. Quando a segunda lágrima ia escorrer na cara de Quinn, Rachel agarrou-a com os seus lábios e deixou um beijo na maçã do rosto dela, voltando de imediato à posição anterior. Estiveram assim um bocadinho, até Quinn abrir os olhos com medo. E Rachel sem ele, voltou a deixar um beijo nos lábios dela. Mas este foi molhado, e foi aquele que marcou a sucessão de vários a partir dali. 

Quinn estava a descobrir um mundo inexplorado, e Rachel tinha a certeza que não existia mais ninguém no mundo com quem quisesse partilhar aquele sentimento. Primeiro os beijos foram com amor e dor, depois tornaram-se apaixonados, e já a caminho do quarto, quando Quinn sente a sua língua roçar na da morena, tornaram-se molhados e desesperados. O percurso até à cama tinha sido mais lento do que o esperado depois de tanto tempo a aguentar aquela sensação de impotência, mas quando ambas perceberam que tinham a cama a poucos centímetros, pararam de se beijar e olharam uma para a outra com paixão. Rachel não podia avançar antes de ver o olhar de Quinn, e percebeu naquele momento que era desesperado. Desesperos levam a arrependimentos, e esse era o risco que a morena jamais quereria correr nesta situação. Decidiu usar o seu charme para perceber como seguir dali para a frente. Com um sorriso sarcástico mas cheio de amor, e com o tom correcto de despreocupação e diversão, disse o primeiro que lhe veio à cabeça. 

—  Admite! Estavas à espera de ter um apartamento só teu para me levares para a cama. - Embora soubesse que era um risco, esse risco só durou um segundo. Quando Quinn processou o que ela tinha dito e em que tom, entoou uma gargalhada e respondeu com a mesma postura. 

— Foste tu que disseste que eu tinha de ter um apartamento só meu para poder controlar a minha vida. - Rachel revirou os olhos na brincadeira e ia responder mas não conseguiu. Quinn encostou os lábios nos dela e sussurrou com um sorriso: - Podes ir embora se quiseres. - Rachel beijou-a de novo e sem se separar dela, no mesmo volume de sussurro e com os lábios nos dela respondeu-lhe. 

— Nunca. 

Caíram por terra todos os preconceitos que Quinn podia ter mal resolvidos quando sentiu os lábios de Rachel percorrer o seu corpo. Aquela mulher tinha um efeito nela que a apavorava, mas também os seus medos ficaram à porta do quarto. Na sua cabeça até podia ser um erro, mas aquele erro ela queria cometer sem culpas. Rachel por sua vez, sentiu o coração sair pela boca cada vez que sentia as mãos de Quinn tocar-lhe. Beijá-la era um prazer que lhe tinha sido proibido por demasiado tempo e não pretendia de nenhuma maneira passar mais nenhum dia da sua vida sem o sentir. Ia ser difícil, era consciente disso, e caiu-lhe uma lágrima com pensar que no dia seguinte Quinn se podia arrepender daquilo, mas ao mesmo tempo, nasceu-lhe uma força interior que lhe tinha morrido há poucas semanas para lutar por ela contra todas os destinos. 

No raio de 100km à volta daquele quarto, não seria possível existir alguém que no dia seguinte tivesse pouca sorte. A explosão de amor foi tanta que abriu uma cratera terrestre que o sustentou de raiz. 


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Notas finais do capítulo

Desiludidos?
Espero que não...
Beijoooooo e obrigada!!!
Até ao último!