Memórias de um garoto apaixonado escrita por Chão


Capítulo 10
Muito tempo depois


Notas iniciais do capítulo

Feche os olhos.
Respire fundo
....
Solte lentamente
Eu estou aqui!



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Querido amigo!

Estou cansado. Estou esgotado. Estou morto e ninguém, além dele, foi capaz de perceber.
Meu peito arde, como se existisse fogo por baixo de minha pele. Meu coração bate mais rápido a cada sorriso seu. As borboletas voam livremente em meu estômago, fazendo cócegas que me fazem sorrir do nada. Seu perfume, doce como uma horta de morangos recem molhados pela água da chuva é tão hipnotizantes e afrodisíaco, que cada parte de meu corpo se arrepia ao senti-lo.
Seus lábios macios se encaixam perfeitamente aos meus. Como se fossemos as peças de um quebra-cabeça complicado e simples ao mesmo tempo.
Mas então por que a escuridão continua aqui? Por que o enorme buraco azul continua a me puxar em direção ao fundo, me fazendo afogar em meus próprios sentimentos?
Ele dorme tão tranquilamente sobre minha cama. Seu rosto parece uma obra prima de qualquer força existente que possa ter nos dado essa mísera vida.
Seu tronco nu se move lentamente. Subindo e descendo em uma respiração tranquila. Talvez ele esteja tendo bons sonhos. Eu gostaria de ter bons sonhos. Nada muito exagerado. Apenas sonhos tranquilos, que não me fizessem acordar, em meio às madrugadas, gritando, me debatendo, temendo a mim mesmo.
Faz um certo tempo deste que ele apareceu. O Vinicius é claro.
Era domingo. -G havia ido para a casa do pai na cidade vizinha. Meu irmão havia saído para algum lugar do qual eu não procurei obter muitas informações.
A melodia baixa de uma música desconhecida me fazia bem. Como se a música fosse capaz de afastar os monstros.
Como sempre ele surgiu através de uma notificação.
"Vinicius Andrade postou uma foto no grupo Nyah Fanfictions"
Não sei explicar exatamente os sentimentos que me dominaram naquele instante. Talvez uma mistura de medo e felicidade. Ou talvez uma simples mistura de ódio e admiração. Essa ultima descrição talvez se de pelo fato de mesmo longe, do outro lado da tela. Em um universo não compatível com o meu, em um mundo totalmente diferente, ele ainda era capaz de me tocar intensamente. Da mesma forma que aconteceria se seus lábios estivessem tocando os meus, enquanto sua mão tirava minha roupa e ele me fazia sentir como um depravado fazendo sexo escondidos dos pais no andar de cima.
Lembro de suspirar lentamente, enquanto tentava ignorar e terminar meus deveres. Mas minha mão criou vida própria e digitou aquele maldito "Oi" que me destruiu por completo. Aquele "Oi" que foi visualizado e ignorado logo em seguida. A dor se espalhou por todo meu espírito, o fazendo cair de volta à escuridão.
Talvez ele seja aquele garoto da cidade pequena, pronto para pegar o trem da meia noite. E eu seja a inocente garota do Sul de Detroit, esperando o ônibus em meio ao terminal vazio. Ambos em situações que os levariam ao encontro final, mas separados pelo destino cruel.
Estou olhando para Gus. As lágrimas que caem sobre você também serão memórias algum dia. Um dia no futuro incerto. As gotas de sangue sobre a pia serão um passado esquecido. E nós dois? Nós dois somos o infinito no momento. Mesmo que parte de mim saiba que alguns infinitos podem durar meros segundos.
Estes relatos estarão aqui. Você estará aqui quando eu acordar.
Meus olhos estão pesados e apesar de eu estar com medo de dormir, eu sei que seus braços serão meu Porto Seguro esta noite. E que mesmo que por alguns segundos, a escuridão ficaria ao fim.

— Chão


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Notas finais do capítulo

A vida é complicada de se explicar. Prometo tentar postar com frequência.
Mas promessas podem ser quebradas. Então por via das duvidas.
Perdoem-me



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