Você chama por mim, e eu caio aos 
seus pés
Como alguém pode pedir por mais?
E nosso tempo separados, como facas no meu coração
Como alguém pode pedir por mais?
Mas se há alguma pílula que me ajude 
         a esquecer
Deus sabe que eu ainda não encontrei
Tentando não te amar, somente vai muito longe
Tentando não precisar de você, está me partindo ao meio
Não consigo ver o lado bom, caído aqui no chão
E eu apenas continuo tentando, mas eu não sei para que
Porque tentar não te amar
Apenas me faz te amar mais
Apenas me faz te amar mais
Mas eu estou morrendo por uma, Deus, eu estou tentando

Trying Not To Love You - Nickelback

Pov Kile

Depois de tanto andar chego em casa. Já passa das dez da manhã, ainda bem que hoje não vou para a faculdade. Abro a porta, e vejo minha mãe sentada no sofá. Ainda estava raciocinando tudo o que a Eadlyn falou para mim. Tudo que ela me falou, cada palavra praticamente cuspida para mim foi como um tapa. E esses tapas pareceram me acordar para vida, e ver a verdadeira Eadlyn, por trás de tudo. É como se eu estivesse cego esse tempo todo, e esses tapas, me fizeram enxergar o tipo de mulher que a Eadlyn é. Eu me odeio por ainda ama-la, tenho que esquece-la, tenho que pelos menos tentar deixar de ama-la.

— Kile - minha gritou. Tomei um susto, minha mãe não era de gritar. Olho assustado para ela - Desculpe ter gritado, filho. É que você entrou, e ficou aí parado na porta. Falei com você mas você não respondia então tive que gritar. - não disse nada, apenas a encarei. Seus olhos refletiam preocupação, e eu me perguntava o que eu estava parecendo aos olhos dela daquele momento. - Aconteceu algo, filho? 

— Sim - disse, suspirando. Não sabia se deveria contar para minha mãe, ela sempre gostou da Eadlyn, e perceber em que ela tinha se tornado era completamente doloroso. Mas, apesar de tudo ela era minha mãe, e me apoiaria e eu precisava falar com alguém, e ela era a melhor pessoa para me ouvir.

— Me conta o que foi? - minha mãe perguntou com cautela, ela estava preocupada, mas dava para perceber que ela não queria forçar a barra. 

— Eu vou contar. Mas a senhora tem que me prometer que não irá me interromper. - disse, e ela assentiu em silêncio - Então, eu fui a festa do Eikko, como a senhora sabe. Fui com a Eadlyn e o Ahren - ignorei totalmente o Eikko - Quando cheguei lá, a Eadlyn se separou de mim e do Ahren e foi com Eikko. Depois de um tempo, eu fui vê-la na pista de dança, praticamente se esfregando com Eikko - me xinguei mentalmente por está com raiva ao lembrar da cena - Dava para perceber que a Eadlyn não estava totalmente em seu juízo perfeito. Então eu fui até lá e a tirei dele a levando para um canto - olhei para minha mãe e vi que a mesma escutava tudo com cautela e atenção com se não quisesse perder nenhuma palavra - Então, nós começamos a beber e depois disso eu não me lembro de quase nada. Só me lembro de acordar hoje de manhã, dormindo de conchinha com a Eadlyn, pelado.

— Então aconteceu alguma coisa entre vocês? - minha mãe tinha um sorrisinho nos lábios, mas eu tinha certeza que depois que eu contasse tudo esse sorriso iria desaparecer.

— Provavelmente sim - disse - Mas o pior foi tudo o que a Eadlyn me disse, mãe - disse, com os olhos marejados. Droga, eu não acredito que estou chorando. Lembrei do que a Eadly me falou:

Flashback On

— Nós nunca vamos nos casar - disse, com uma mistura de irritação de indiferença - Eu nunca vou me casar com você. Eu não te amo e nunca irei te amar. Será que você não percebe isso? Será que você é tão cego a ponto de não perceber isso? - ela pergunta retoricamente - Olha para você Kile , depois olha para mim. Você acha que eu algum dia vou casar com alguém que nunca vai poder dá tudo o que eu quero? O que aconteceu ontem foi um erro, e esse erro nunca mais vai acontecer. Só podia está muito bêbada mesmo. Acorda de uma vez, eu nunca vou ser sua, espero que você entenda isso. Tem homens mais interessantes e mais ricos, com eu posso me casar. Você é um pobre coitado...

Flashback OFF

A esse ponto eu já chorava, minha mãe me abraçou, me passando todo o conforto que eu precisava. Ela colocou minha cabeça em seu colo e começou a fazer carinho no meu cabelo. Eu dizia cada palavra, cada frase, que pareciam facadas no meu coração, o tom de voz da Eadlyn, para minha mãe, que não disse nada, apenas me abraçou. Ouvi alguém bater na porta,e olhei para minha mãe, com um pedido silencioso, ela apenas assentiu, como se tivesse entendido. Fui para o meu quarto o mais rápido possível, e fechei a porta, não queria ver ninguém. Me joguei na cama, e fitei o teto, enquanto pensamentos tomavam conta da minha mente. 

— Filho - minha mãe coloca a cabeça dentro do meu quarto pelo vão da porta - Ahren está aí. Peço para ele vir até aqui? - pergunta me olhando, ela sabia que eu não estava muito bem e que poderia mandar o Ahren embora, mas eu não iria. Ahren era o meu melhor amigo, e não iria deixar de falar com ele, porque ele não tem culpa da irmã que tem.

— Sim, mãe. Obrigado - murmurei, mas ela ouviu, porque sorriu para mim e saiu me deixando sozinho. Por pouco tempo, por que Ahren logo chegou.

— Você está bem? Eadlyn me disse o que aconteceu - só de ouvir o nome dela, meu olhos ameaçaram lacrimejar novamente, mas eu lutei contra - Eu sinto muito, Kile, mas eu te avisei. Eadlyn mudou. - Ahren dizia, seu tom de voz era triste. - Eu briguei com ela.

— Por que? - 

— Na boa Kile, você é meu amigo. - disse, consternado - Eadlyn pode ser minha irmã, mas eu sei que ela não é para você. Ela não te merece. Ela só se importa com dinheiro, e com ela mesma. Está cega pela ganância.

— Eu sei. Tudo que ela me disse, me vez enxergar a realidade, Ahren. Parece que eu estive sonhando esse tempo todo.

— E você estava - 

— O que?

— Kile, você esteve sonhando esse tempo todo. Sonhando que a Eadlyn poderia te amar do mesmo jeito que você a ama, que você iria ficar rico para poder ela casar com você. Só que ela não iria se casar com você, e sim com o seu dinheiro. Todo mundo sempre percebeu isso, menos você. 

As palavras do Ahren me acertaram em cheio, e eu sabia que ele tinha toda a razão. Eu vivia em um mundo, onde a Eadlyn, era a perfeita, que ela me amava, que iriamos ficar juntos. Mas não, agora eu percebo o quanto eu fui idiota, e me deixei levar pelos meus sentimentos. Até hoje me pergunto como pude me apaixonar pela Eadlyn. Mas quando eu me apaixonei, ela era totalmente o contrário do que é hoje. Ela era doce, meiga e tinha orgulho de ser pobre, mas depois que os seus pais morreram, parece que eles levaram com eles a antiga Eadlyn, deixando outro em seu lugar. Desde então eu servi de tapete para ela, sempre poder pisar em mim. Só que agora o tapete seria ela. Eadlyn. 

— Você tem toda razão. E quer saber de uma coisa, não vou mais chorar por ela - falei decidido - Por que ela não merece uma lágrima minha. 

— Ah, é assim que se fala - disse Ahren, sorrindo - Vamos sair? - perguntou.

— Claro - fui até o banheiro. Mas antes eu ouvi uma pequena movimentação da sala, parecia que minha mãe tinha recebido alguém. Tomei um banho rápido, me vesti e sair do banheiro, vendo Ahren jogado na minha cama. Folgado. - Está confortável senhor Ahren? - perguntei irônico.

— Claro - disse com um sorriso sacana.

— Se o senhor quiser posso trazer um café ou chazinho, para o Senhor.

— Um café, por favor - disse

— Sai da minha cama - empurrei ele, que caiu com tudo no chão. Gargalhei. Só o Ahren mesmo para me fazer rir. - Vamos logo, Ahren.

Ahren se levantou e passou por mim, sem dizer uma palavra. Revirei os olhos, segui com ele para fora do quarto, e cheguei na sala, onde a minha mãe conversava com alguém. Observei bem esse alguém, eu o reconheceria em qualquer lugar, seus cabelos castanhos. Minha mãe me olhou e fez cara de assustada. Logo ele se virou para mim, abrindo um sorriso ao me ver, eu não sabia o que fazer fiquei totalmente paralisado. Minha mãe me olhou tentando decifrar qual a minha expressão, provavelmente estava imaginando quando eu perguntaria quem era ele. Mal sabia ela, que eu já tinha o visto antes.

— O que está fazendo aqui? - perguntei, e a saiu mais grosseiro do que eu pretendia.

— Oi Kile - ele disse, ignorando totalmente minha pergunta. Olhei para a minha mãe, e ela me olhou com os olhos brilhando.

— Oi, pai.