Pela janela consegui ver os Grey indo embora e pude ver que Josh olhava para mim da mesma maneira que eu o encarava de volta. Assim que os carros chiques e caros desapareceram de vista cai na cama completamente confusa pelo que tinha acabado de acontecer.

— Nora? – Chamou meu pai abrindo a porta – Quer conversar sobre o que aconteceu agora a pouco?

— Estou cansada. Se não se importa gostaria de dormir um pouco.

— Eu sou seu pai Nora, goste ou não.

— Quer mesmo falar sobre isso agora? – Perguntei sentando na cama.

— Quero.

— Tudo bem, eu estava ótima morando na Califórnia. Sinto falta dos meus amigos e da minha mãe, sinto falta do sol e do mar, e principalmente sinto falta de ficar em paz como eu me sentia lá.

— Eu queria...

— Exatamente, Você queria. Em nenhum momento perguntou se era isso que eu queria, apenas ameaçou e exigiu que eu viesse para cá, para uma cidade que sinceramente eu não suporto de jeito nenhum.

— Aqui você terá ótimas oportunidades, hoje mesmo...

— Chega. Não adianta eu ter oportunidades se não sou feliz pai. É só usar como exemplo aquela família que mesmo tento tudo ainda são tão infelizes.

— Você não se parece nem um pouco comigo.

— Porque eu nunca o tive por perto e sinceramente eu estava ótima sem um pai.

Meu coração realmente ficou apertado quando o vi seu rosto magoado, mas eu também estava magoada e tudo que tinha me acontecido foi porque ele não conseguia aguentar a culpa pelo passado.

— Foi uma péssima ideia a gente conversar.

— Eu tentei avisar.

— Não vou mais incomoda-la. Boa noite Nora – E fechou a porta com uma força exagerada.

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Os próximos dias passaram super-rápido. Josh não ia mais para a escola deste o acidente em minha casa, mas eu ainda era incomodada pelos seus amiguinhos que toda hora fazia piadinhas ou pegadinhas sem graça. Meu pai mal conversava comigo, minha tia que sempre me fazia companhia quando podia, era legal tê-la por perto.

Graças a Deus tinha chegado o final de semana, meu pai iria viajar para uma reunião na cidade vizinha e eu ficaria sozinha. Passei a manhã inteira falando com a Carla e minha mãe que tinha finalmente conseguido vender metade do estoque de quadros dela e logo ela deveria voltar a pintar novamente.

Assim que desliguei o celular decidi fazer mais alguns desenhos, quando ouvir o toque de mensagem soar no ar. Ansiosa achando que minha mãe tinha esquecido alguma coisa, abri a mensagem quase não acreditando no que lia.

Ei, ruivinha você estar ocupada? Queria me encontrar com você.

Ass.: Josh Grey

O que deu nesse garoto para me convidar para fazer alguma coisa? Fiquei dias sem vê-lo e agora ele simplesmente me manda uma mensagem? Quase tremendo comecei a digitar.

Desculpa estou ocupada.

Estar certo era uma mentira lavada só que eu não sabia o que o mimado estava tramando e eu não queria descobri.

Você é uma péssima mentirosa Carther

Sabia que ele descobriria que era mentira.

Então sabe que não quero sair com você me deixe em paz.

Decidi ignora-lo mais assim que o celular tocou novamente minha curiosidade me traiu.

Sabe quantas garotas se matariam para sair comigo?

Continua ser achando.

Elas irão ficar felizes então quando você as convidar.

Sem perceber comecei a sorrir com aquela brincadeira.

Irei de buscar em uma hora esteja pronta.

Ele realmente se acha.

Não me lembro de falar sim.

Esperei.

Arruma-se logo.

Ok minha curiosidade me venceu e fui procurar algo para vestir. Pensei que a primeira roupa seria ótima mais demorei meia hora até encontrar uma calça jeans preta e uma blusa preta com rendas de flores com um casaco combinando. Amarrei o cabelo em um coque e desci olhando praticamente a cada um minuto para o relógio. Estava começando a ficar com raiva de mim mesma, porque eu estava ligando tanto para esse encontro idiota? E quem disse que era um encontro? Logo a campainha tocou e eu tentei não ligar para a ansiedade.

— Sabia que iria se arrumar – Comentou Josh vestido com uma calça preta jeans e uma camisa branca onde podia ver seus músculos com um casaco de couro mais caro que a casa de minha mãe.

— Você praticamente me exigiu minha presença. Eu não poderia de privar de minha companhia né?

— Coloca – Falou me entregando um capacete.

— Vamos de moto? – Perguntei visualizando uma moto vermelha super moderna estacionada na frente de casa.

— Não me diga que estar com medo?

— Até parece, vamos nessa – Falei engolindo em seco e o seguindo até a maquina assassina.

— Sobe – Pediu me ajudando – Coloque seus braços ao meu redor – Obedeci sentindo mais os músculos sobre meus braços – Segure firme lá vamos nós.

Soltei um pequeno grito quando ele saiu em alta velocidade pela estrada. Mal conseguia me mexer sentido os ventos batendo no meu rosto, seguimos até passamos pelas casas em direção de um lindo campo onde finalmente consegui visualizar o mar gelado pelo horizonte.

Paramos em uma Aero clube que me fez perder o folego assim que pisei no chão.

— O que estamos fazendo aqui? – Perguntei caminhando ao lado dele.

— Nós vamos voar em um planador.

— Voar? – Perguntei parando no caminho.

— Que foi tem medo de voar?

— Para caramba.

— Não vou deixar nada de ruim acontecer com você.

— Isso é para me acalmar?

— Bem vindo senhor Grey – Cumprimentou um homem apertando a mão de Josh.

— Olá Alberto, essa é minha amiga Nora Carther.

Dei um aceno de cabeça com muito medo ainda.

— A aeronave já estar pronta para o uso, vamos lá?

— E ai? – Quis saber Josh esperando minha resposta.

— Manda ver – Se era para eu morrer que pelo menos eu teria coragem. Com a ajuda de Alberto subi no planador e Josh prendeu os cintos. Depois de cinco minutos as aeronaves começaram a subi com meu coração quase parando, o piloto do outro lado fez um sinal liberando o nosso planador fazendo Josh pilotar.

— Pronta? – Perguntou no microfone ligado no ouvido.

— Vamos lá – Como um sinal positivo ele começou a girar me fazendo rir a cada tentativa. Eu tinha que admitir que o local lá embaixo fosse lindo e ver os pássaros voando de longe era inebriante, minha única vontade era ter um papel para desenhar a cena. Ficamos mais ou menos meia hora até abaixamos e assim que fiquei longe do planador corri e dei um abraço apertado em Josh.

— Isso foi muito legal – Falei rindo em seus ombros até perceber o que estava fazendo – Me desculpa – Pedi me afastando.

— Não se preocupe.

— Porque me trouxe aqui?

— Para de agradecer.

— Um obrigado já era o bastante. Qualquer um faria isso.

— Eu não sou qualquer um Nora.

— Não é. Você é Josh Grey o garoto que me surpreende – Fiquei mais maravilhada quando o vi sorrir pela primeira vez.