Five Nights at Freddy's: Sister Location escrita por Melehad


Capítulo 2
Capítulo Um: A Chegada




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Era um entardecer nublado e frígido e mesmo que o sol brilhante e dourado não dava suas graças o clima ainda era um pouco quente para a região. As rajadas de vento balançavam as árvores e arbustos meio secos da estrada lentamente demonstrando que possivelmente vinha por aí uma densa tempestade.

Na longa autoestrada silenciosa que chegava à cidade surgia um automóvel que vinha aceleradamente. O carro, uma caminhonete moderna cor vinho estava cercada de poeira em sua lataria e em suas grandes rodas se aproximava cada vez mais da grande placa que dizia o nome bem grande da localidade. No seu interior estava um homem que segurava firmemente ao volante com seus braços esticados e costas retas. Seu olhar era bem atento à estrada interiorana e rachada, mas ao mesmo tempo não tirava o olhar das imponentes cadeias de montanhas belas que tocava o horizonte. Ele trajava uma blusa social branca só que estava bem causal, com a manga dobrada e um pouco desabotoada, usava uma calça jeans e mocassins bem engraxados. Seus cabelos castanhos, antes penteado, eram balançados pela brisa que adentrava no carro pelo vão da janela do motorista e combinavam com uma barba rala e um cavanhaque já um pouco maior. Ele usava um óculos de sol e sorria com a música que tocava na rádio.

Ele calmamente gira o volante para a esquerda ao chegar à curva e finalmente adentra no centro da cidade. Desacelerando na estrada principal um pouco parada em relação ao movimento dos carros o homem aproveita para abrir o porta-luvas e puxar um grande mapa que conseguia tapar o vidro todo.

— Não é esse mapa... — Ele resmunga já indo em direção ao guardador de trecos. Se inclinando para o lado ele consegue puxar outro mapa, que era menor, e joga o anterior para o banco ao lado.

— Aqui é a estrada principal, aqui é o centro comercial... Mais algumas quadras até minha nova casa — Após abaixar o mapa seu coração bate mais forte e um grande susto o causa dores. Seu carro havia saído da estrada por conta de sua concentração ao pedaço de papel e invadindo o lado contrário causando um quase acidente, por sorte o motorista que vinha de frente parou antes que uma tragédia acontecesse.

— Quem te ensinou a dirigir? Preste atenção na estrada seu idiota! — O motorista diz completamente nervoso. — Perdão senhor... — Responde o homem ainda alarmado com acontecido e agora mais ainda com o constrangimento.

Ele dá ré em seu carro, pede desculpa mais uma vez e segue seu rumo à nova casa que tanto falava e pensava ansiosamente...

Enquanto seguia até seu destino ele vagava por mundos imaginários e memórias em que ele queria esquecer porque sempre causava mais dor em seu peito. Seu olhar estava longe e sereno, ele observava a rua para não ocorrer mais acontecimentos como o anterior e também observava as moradias da parte residencial da cidade que eram belas e bem modestas.

— Finalmente... — Ele olha ao redor e percebe sua nova vida chegar cada vez mais perto, e isso era algo que ele desejava incessantemente. O carro para em frente a casa e o homem desce apreciando o local. Era uma casa pequena - apenas um quarto, um banheiro, cozinha e sala de jantar, saleta e uma garagem – mas era bem bonita. Sua fachada tinha um gramado alto e verdejante, as paredes eram pintadas de um marrom claro que realçava com a base feita com pedras lascadas perfeitamente alinhadas. Havia uma janela branca bem grande na parte frontal ao lado da entrada que era uma varandinha estreita e dava acesso à garagem.

Após fechar a porta do carro sem tirar os olhos da morada, ele gira a chave no sentido horário e tranca o veículo já indo para a entrada. Com passos calmos e quietos, sentindo o vento tocar-lhe a face, segue até a porta da frente, mas ao chegar é chamado por alguém...

— Você deve ser o novo vizinho — Um homem se aproxima. Ele aparentava ter uns quarenta anos de idade, vestia uma camisa quadriculada vermelha, calças jeans e trazia em suas mãos um chapéu cinza. Seus cabelos eram pouco grisalhos e ele não tinha um mísero fio de barba no rosto.

— Eu venho lhe cumprimentar... — Ah claro... — Meu nome é Jones Lewis, sou seu vizinho da esquerda — O senhor cumprimenta. — Bem... Meu nome é Dilan, Dilan Campbell. Muito prazer...

Ambos se estreitaram em uma conversa tranquila e bem acolhedora. Jones comentou bastante com Dilan sobre a cidade, indicando para o novo morador locais que deve-se ir como uma cafeteria no centro da cidade e locais que não deve-se ir. Porém, na hora dos locais não acolhedores, Jones não citou exemplo. Ele apenas falou que mesmo uma cidade tranquila têm certas incertezas e falou também que todos são boas pessoas nessa terra, porém existem joios crescendo no trigo dessa cidade. Dilan não entendeu direito essa mudança no tom de Jones após os lugares não acolhedores, só entendeu que isso parecia ser uma ferida e ele não queria mexer com ela...

Após a conversa agradável eles se despediram e Dilan entrou em sua casa. Era um ambiente bem simples e estava repleta de caixas lá dentro, a mudança chegou primeiro que ele porque teve um pequeno incidente quando saia de sua cidade natal. Ele sempre foi uma pessoa que tinha uma certa falta de atenção e isso, consequentemente, por pouco, não causou um acontecimento desagradável...

— Longe do passado, essa será minha vida agora — Ele fala depois de pegar um porta-retratos dentro de uma das caixas de papelão e olhá-lo com uma profunda tristeza.

Ele anda até a cozinha e pega de uma das caixas uma faca e inicia seu longo trabalho de desempacotar algumas coisas. Quando percebe algo dentre as tralhas ele enfia a mão dentro e puxa um relógio de parede retrô. Era um aparelho amarelado com um formato de um sol e esta máquina trazia lembranças que não deveriam voltar para o jovem. Ele passa a mão nos ponteiros e nos números - que eram representados por pontos – que marcavam nove da noite e sorri.

— Vamos colocar aqui... — Dilan segue até a parede e aproveitando o furo que já tinha lá coloca o relógio no local que até combinou com o papel de parede azul listrado com base de madeira também listrada. Seu olhar continuava meio tristonho como se seu coração o impedisse de lembrar-se de algo muito importante e também entristecedor.

Horas e horas passam enquanto seu cansaço ficava cada vez maior. Ele conseguiu arrumar maior parte de sua mobília e agora era só esperar o resto chegar pela manhã seguinte.

Ele olha atentamente a sala e dá um sorriso por estar feliz com a arrumação breve que fez este entardecer. Erguendo a mão até a cabeça e jogando o cabelo suado que atrapalhava seus olhos para trás, ele segue até a poltrona que residia em uma parede e a arrasta até a frente de uma mesinha de madeira meio bege onde estava sobre ela uma televisão.

— Pelo menos terei algo para ver caso estiver estressado...

Posteriormente de arrumar pelo menos um pouco de sua mobília, Dilan seguiu para o banheiro de sua casa para deliciar-se em um banho relaxante na banheira. Enquanto banhava-se vagarosamente a emoção que o envolvia era um princípio de raiva misturado com uma desolação constante, as memórias estavam novamente o cercando e o jogando na parede tentando intimidá-lo.

Dilan após seu banho segue até o lavatório e antes de abrir o gabinete observa seu rosto no espelho arcando suas sobrancelhas e fechando seus olhos. Ele abre o gabinete e pega duas coisas dentro, uma delas ele já utiliza. Passando o creme de barbear em sua face cuidadosamente e após pegando o aparelho prateado e antigo sobre a pia, ele começa a raspar os primeiros fios de sua barba ainda sem tirar o olhar de seu reflexo...

— Um novo homem nasce aqui...

Na manhã seguinte ele acorda com o som estrídulo de seu despertador causando um quase infarto. Olhando em volta ele percebe que estava em sua casa e seu olhar desapontado mostrava que em seus sonhos ele estava em um local muito diferente e que ele queria muito estar nesse lugar. O relógio do despertador marcava o horário de seis e meia da manhã e com isso era a hora de levantar, pois teria coisas a fazer nesse dia. Dilan segue até a janela abrindo a cortina brutalmente para ver o dia, as pessoas passando nas ruas e sentir o sol novamente o banhar.

Calmo e sereno neste novo dia, ele foi até a cozinha preparar uma xícara de café, mas depois de ver que as xícaras estavam guardadas ele pegou uma caneca mesmo. Colocando o pó na cafeteira ele lembrou que teria que tomar o café da manhã fora e isso o chateava. Dilan pode ser carismático só que sempre foi um rapaz tímido e quieto, principalmente depois de seu último trabalho. Ele era jornalista e enquanto trabalhava e ficava na sua não era demitido porque os outros tentavam bajular o chefe que acabava não gostando do interesse dos seus funcionários.

Depois da caneca de café para tirar o sono e subir os ânimos, ele vestiu-se casualmente e seguiu até seu carro e posteriormente saindo de casa para o centro da cidade.

— Para começar bem o meu dia, meu café ficou muito ralo, a pia da cozinha está entupida e minhas costas estão doendo muito! — Quase chegando ao centro comercial Dilan percebe algo estranho surgir em sua visão. Era uma edificação bem grande estilo pizzaria com elementos de circo e uma mistura tecnológica. Dilan já viu algo assim em algum momento de sua vida complicada e sentia que aquilo soltava uma faísca de memória esquecida que ficou em sua cidade natal junto com seu passado.

— Por que abririam um tipo de pizzaria desse porte em uma cidade tão simplória? — Ele pergunta tentando livrar a cabeça de sentimentos desnecessários.

Chegando a cafeteria em que Jones lhe falou naquela conversa, estacionando o carro na vaga ele observa a fachada da cafeteria que era toda feita de tijolinhos bege. Em cima uma grande placa que dizia "Coffee Point" em verde. Com as mãos no bolso ele adentra no local e sério como sempre olha ao redor e até dá um pequeno sorriso porque ele imaginava um lugar diferente do original, este era um lugar aconchegante. De longe ele enxerga alguém conhecido entre as pessoas sentadas apreciando um lanche, era Jones que hoje utilizava uma roupa mais formal e estava com o cabelo penteado.

— Chegue mais Dilan! — Ele grita sem se importar com as pessoas olhando para ele bravas com o susto repentino. Dilan então se aproximou meio sem graça, mas se aproximou.

— Nossa! Quase não o reconheci sem a barba, mas deixe isso para depois e sente-se aí — Ele fala novamente.

Ele acomoda-se na cadeira e quase ri com o jeito de Jones que era como se alguém estivesse animado sempre.

— Sabia que viria... — Jones diz. — Como soube? — Geralmente todos que se mudam para essa cidade querem apreciar um café da manhã nessa cafeteria e é por isso que lhe falei sobre — Ambos riem.

Dilan pega o cardápio sobre a mesa e começa a olhar os pratos meio indeciso com o que pedir, eram muitos tipos que variavam.

— Eu vou até a banca de jornal comprar um, já volto... — Jones levanta e vai indo em direção à porta.

— Vai esse mesmo... — Dilan resmunga já levantando e andando até o balcão cheio e movimentado para fazer o pedido. Após falar com o atendente ele olha para a porta e vê seu novo amigo voltando só que sem querer esbarra em outra pessoa que estava entrando. O homem olha sério para Jones que se desculpa e vem em direção à mesa.

— Meu Deus ele é muito atrapalhado... — Dilan fala.

Depois de sentarem novamente e quase rirem novamente com o olhar que o homem mal-educado fez, Jones entregou um jornal para Dilan que logo agradeceu. Lendo as notícias rapidamente durante o tempo em que espera seu lanche chegar ele observa um classificado com empregos e se interessa com o assunto.

— Eu preciso arrumar um emprego — Comenta Dilan.

— Que bom, eu gosto de trabalhar, acredito que trabalho é uma necessidade positiva em nossa vida. Tipo, eu trabalho no banco da cidade... — No banco? — Dilan interrompe sem grosseria. — Sim, sou bancário e mesmo que isso signifique ficar atrás de uma mesa um dia inteiro eu ainda prefiro a ficar em casa fazendo nada como a maioria da cidade faz — Também gosto de trabalhar... — Dilan continuava a ler o jornal. — Qual era seu trabalho? — Jones pergunta abaixando seu jornal e bebendo seu café. Dilan para um momento revivendo as memórias.

— Eu era jornalista... — Ele fala com um tom taciturno e seu amigo percebeu que não deveria perguntar sobre a vida de Dilan tão cedo, pois algo de ruim aconteceu e essas lembranças eram doídas para ele.

— Ótima profissão... — Ele ficou meio sem graça, porém Dilan já mudou de assunto avisando ao seu amigo a novidade:

— Acho que vou tentar esse emprego aqui nos classificados... — É mesmo? Qual? — Jones levanta e vai olhar o jornal de Dilan que olha para o lado com uma expressão abismada e avisa para o amigo que os jornais são o mesmo e que ele não precisaria olhar o dele.

— É um emprego interessante e não pede requisitos muito elevados, apenas uma habilidade mecânica um pouco evoluída — Continue... — Jones fala. — Eu sou bem em mecânica e isso já é um ponto forte. Aqui também diz que o salário é bem alto, não deve se importar com lugares apertados e não se importar ser cercado por máquinas ativas — Interessante, o que é o lugar? — Uma pizzaria... — Dilan responde.

— Acho que nunca vi uma pizzaria pedir algo envolvido com mecânica, mas mudando de assunto, qual o nome do estabelecimento? — Mais uma pergunta de Jones. — Bem... Parece se chamar Circus Baby’s Pizza World...


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Notas finais do capítulo

Está se iniciando a trama...
Até...