Blue escrita por Bren


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Por hoje é só lindos ❤



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A semana passou voando, todos os dias ficava conversando com Beny nas aulas de artes, ele tocava para mim, e conversávamos sobre livros que gostávamos, tínhamos mais em comum do que eu havia imaginado, ele me contava sobre seus filmes e séries favoritas e eu contei a ele de todas as vezes que fiz minha mãe assistir Harry Potter comigo para ela me dizer o que estava se passando nas cenas, eu sabia as falas de cor, mesmo que eu não estivesse vendo, gostava de passar um tempo com minha mãe enquanto ela descrevia cada cena do filme, Beny até se propôs a assistir um filme comigo, disse que não se importaria de descrever cada cena para mim, e achei isso gentil de sua parte.

Havia algo diferente em Benjamim, ele não era nem um pouco aquele garoto bad boy de quem eu ouvia falar, ele era divertido e carinhoso, sabia expressar sentimentos através de pequenas coisas, não era como aquele garoto sem coração como todos descreviam, todos os dias ele me levava a porta da sala, mesmo quando nossas aulas não se coincidiam. 

Aquela semana passou voando, cada dia que eu o conhecia, mas eu queria ficar perto dele, e me sentia estranha por tal sensação, queria poder entender o que era aquilo, mas não conseguia.

Eu amava quando ele sorria, eu sempre colocava as minhas mãos em suas bochechas, e então seu sorriso se abria mais ainda e eu podia sentir aqueles buraquinhos, nunca tive tanta vontade de ver alguém como tinha de vê-lo, eu já conhecia cada pedaço de seu rosto com a palma de minhas mãos, e aquela sensação de te-lo ali era incomparável.

Sábado havia chegado rapidamente, minha mãe me ajudara a me arrumar, vesti um vestido e ela até passou lápis no meu olho e me ajudou a passar um batom que ela me garantiu ser clarinho, não queria nada extravagante.

—Você está linda querida. -Disse minha mãe.

—Obrigada mãe. -Disse a oferecendo um sorriso e segurando a sua mão para que ela me ajudasse descer as escadas.

Ficamos um tempo conversando na sala enquanto Beny não chegava, ele não estava atrasado, eu que quis me arrumar mais cedo para que não me atrasasse.

Pouco tempo depois escuto alguém na porta e me levanto atrás de minha mãe que vai para abri-la.

—Olá querido, você deve ser o famoso Beny, de quem minha El tanto fala. -Minha mãe diz e posso sentir minhas bochechas esquentarem.

—Olá, é um prazer conhecê-la senhora. -Ele diz gentilmente. -Els, você está linda.

—Obrigada, Ben. -Digo com ainda mais vergonha.

—E então, vamos?

—Claro! -Digo e ergo minha mão em sua direção para que ele me ajuda e ele a pega. -Tchau mãe.

—Tchau, querida, cuide bem da minha menina, Beny.

—Pode deixar, eu cuidarei. 

Ele me direciona até o carro e abre a porta para mim e entra logo em seguida.

—Para onde estamos indo?

—É surpresa!

—Poxa! Eu sou muito curiosa!

—Não é tão longe, que tal a gente escutar uma música?

—Ok!

Ele ligou o som logo em seguida e fomos cantando as músicas que passavam enquanto íamos em direção a nosso destino. Como ele disse, não era tão longe, rapidamente chegamos e ele me ajudou a descer do carro.

Em seguida um som de crianças invadiu meus ouvidos, havia barulho para todo lado, parecia um parque.

—Estamos em um parque?

—Não exatamente, você já esteve num Zoológico? 

—Estamos num Zoológico? Beny você é incrível.

—Venha, vamos comprar algum algodão doce e pipocas.

Comemos todo o tipo de bobeira e Beny não deixou que eu pagasse nada, quase passei mal de tanto rir de algumas das suas histórias, ele tinha uma irmãzinha mais nova, ele me disse que ela era sua paixão e me contou de suas bagunças e que ela era sua cúmplice, me contou de como deixava sua mãe brava as vezes, mas que ela acabava sedendo e rindo junto com eles.

Sua família parecia ser incrível, pareciam serem unidos e felizes.

Beny passeou comigo por todo o Zoológico e fez questão de descrever cada animal que tinha ali para mim, eu pude passar as mãos em alguns deles, e foi um dia incrível ao lado dele.

Logo anoiteceu, nem percebi como o tempo passou rápido, o zoológico estava fechando e infelizmente tínhamos que ir embora, mas antes, Beny me levou para jantar em um restaurante em frente a praia.

Era incrível como a brisa batia em nossos rostos, aquele cheiro de ar puro e o barulho do mar as nossas costas, ele me descreveu o lugar onde estávamos, e como o mar estava naquele momento, calmo e bonito.

Assim que acabamos de jantar ele foi até o carro e pegou uma toalha de piquenique que ele disse que havia trazido e então nos sentamos na areia em frente o mar.

—Deve ser incrível, o mar sabe?

—É lindo, uma imensidão de azul que vai até o céu, parecem que estão se encostando. 

—Incrível! 

—Você já entrou na água do mar?

—Não, minha mãe nunca deixou, ela sempre teve medo.

—Como não?! Venha! Vamos molhar os pés.

—Agora? -Perguntei, ele era imprevisível as vezes.

—Sim, se você nunca o tocou como vai saber como ele é?

Aquela frase me tocou lá no fundo, ele me entendia, sabia que eu não era incapaz, e aquilo me fez gostar mais ainda dele.

Ele segurou minha mão e me guiou até o mar, havia deixado meus sapatos para trás, e sentia a areia se afundar sobre meus pés. 

Senti a água me tocando e foi como renascer, era uma coisa pura, as ondas indo e vindo, batendo sobre minhas pernas, e aquele barulho de imensidão, não pude deixar de sorrir para aquele dia, nunca tinha ficado tão feliz em toda minha vida, a praia era meu novo lugar favorito.

Ficamos um tempo ali, e nos sentamos novamente.

Eu estava em puro êxtase, não sabia o que dizer, como agradecer, procurava as palavras para descrever aquilo, mas não conseguia.

—Ben, obrigada, de verdade, por tudo.

—Não é nada, Els, fico feliz que tenha gostado do nosso dia.

—Eu amei! Mas não estou te agradecendo só por isso, estou agradecendo por me compreender, por me ajudar a entender aquilo que não posso ver, por não achar que sou incapaz, que não posso fazer as coisas por causa da minha deficiência, eu lido com isso todos os dias, e ninguém além da minha família e dos meus amigos, Theo e Luma, haviam me entendido até hoje, você me mostrou que há esperança nas pessoas, você me fez ter o melhor dia de todos, ninguém nunca tem paciência para me explicar as coisas, sem que tem coisa que não se da pra descrever, mas mesmo assim você arrumou jeito de me mostrar, você entende que as vezes meus olhos são minhas mão e é por ela que consigo compreender muita coisa, obrigada, de verdade.

—Eleanor, você é a pessoa com a maior fé que já vi na minha vida, não tem medo de ser você mesma, não tem medo de se entregar, de ajudar os outros, não desiste, você não imagina como você me inspira, eu é que tenho que te agradecer, porque tenho sido alguém melhor desde que comecei a falar com você naquela sala de música.

E ali estava aquela coisa, aquela palpitação no peito que eu não sabia de onde vinha, que me fazia sorrir para o nada.

Ficamos mais um tempo ali, mas estava ficando muito tarde e estava na hora de ir para casa.

Ele me ajudou a descer do carro e me levou até a porta, a abriu para mim e se despediu, dando um beijo no meu rosto e na minha testa.

Aquela noite dormi sorrindo, e nunca estive tão feliz por ir para escola numa segunda-feira.


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