Blue escrita por Bren


Capítulo 3
Capítulo 3




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O fim de semana parecia mais lento a cada segundo, o sábado foi até aceitável, passei meu dia com meus dois melhores amigos, Theo e Luma, a gente saiu para comer e ouvimos música, eu não disse uma só palavra sobre Beny, achei melhor não tocar no assunto. Já o domingo havia sido puro tédio, não que eu não gostasse de passar um tempo com minha mãe, mas eu estava contando os segundos para a segunda.

Meu pai não pudera vir me visitar aquele fim de semana, ele estava viajando e eu fiquei um pouco chateada de não poder vê-lo, mas ele provavelmente chegaria na terça e viria me ver trazendo algum presente, eu amava isso, ele sempre trazia uma lembrança de suas viagens, e eu sempre as guardava com carinho, mas nada valia mais que o abraço que eu ganhava quando ele chegava. Meus pais na verdade nunca foram casados, eles terminaram antes mesmo que eu nascesse, minha mãe tinha apenas 17 anos quando nasci, e meu pai 20, mas ainda assim eram pessoas incríveis, eu era próxima de toda minha família.

O clima em Los Angeles estava começando a esfriar, então fui dormir o mais cedo possível para que a segunda chegasse logo e peguei mais uma coberta para mim.

De manhã estava extremamente frio, vesti um sweater e um casaco por cima, calça, um vans e penteei meu cabelo, eu nunca usava maquiagem, eu não sabia como passar e não gostava de incomodar minha mãe com isso, mas ela sempre dizia que não era necessário, que eu ficava bem natural, as únicas vezes que havia passado era para festas de família.


Acabei me atrasando e esqueci minha bengala para trás.

—Mãe, leva até lá dentro, esqueci a bengala.

—Vamos rápido então já estou atrasada.

Minha mãe desceu do carro e veio me ajudar.

—Esta linda dama precisa de ajuda? -Sorri ao escutar a voz do Beny por perto.

—Oi Beny! Você pode me ajudar a chegar até minha sala? Esqueci minha bengala.

—Claro.

—Pode ir mãe. -Eu disse estendendo minha mão na direção da voz de Beny.

—Ok, até mais tarde, te espero no mesmo lugar.

—Tchau mãe.- Eu disse e ouvi seus passos se afastando.

—E então, vamos?

—Claro, tenho aula de química agora.

—Eu sei, somos da mesma turma.

—Somos?

—Sim.

Beny me guiou até a sala e me ajudou a chegar a minha carteira e então escutei seus passos se afastando.

—El?-Luma me chamou, ela sempre se sentava na carteira a minha frente.

—Oi?

—Por que caralhos você estava com o Benjamim?

—O que? -Perguntei assustada.

—O menino que te trouxe até a sala, porque ele estava guiando você?

—Era o Benjamim?

—Era! -Ela disse e eu fiquei completamente em choque.

—Longa história. -Respondi apenas.

Perdi a atenção toda na aula, não consegui prestar atenção em nenhuma matéria aquele dia, Beny era o Benjamim, o bad boy da escola, como podia ser ele? Como ele podia ser tão diferente?

Luma era como a abelha rainha da escola, todos queriam estar com ela, mas ela era uma garota especial, não abandonava os amigos, ou esnobava os outros, era sempre gentil, somos melhores amigas desde que tínhamos cinco anos, aos sete o Theo entrou para o grupo e desde de então somos um trio, passamos por muitas coisas juntos, primeiro beijo deles, quando o Theo descobriu que era gay, primeiro namorado da Luma, minhas consultas a médicos, hoje temos 17 anos e ainda estamos juntos, claro que tivemos algumas brigas bobas pelo caminho, mas eles são tudo para mim, e não se mexe com melhores amigos, mas o Benjamim tinha mexido com o Theo.

Sempre protegemos o Theo por causa de preconceito, e o Benjamim havia zoado o Theo uma vez, desde então nós o odiávamos, mais eu e a Luma do que o próprio Theo, mas agora ele parecia outra pessoa como Beny, parecia ele mesmo e não aquele bad boy que se achava o rei da escola.

O sinal tocou e isso indicava que estava na hora da aula de teatro, escutei a sala se esvaziando, Luma e Theo se despediu de mim e então guardei minhas coisas e me apoiei na parede para me guiar até a sala de música.

—Ei, Els, quer ajuda? -Sorri ao ouvir sua voz a minhas costas.

—Claro, Beny.

Naquele momento não importava quem ele era, e o que ele havia feito, eu só queria conhecer mais sobre aquele garoto, mas sobre sua forma verdadeira.

Beny me guiou até a sala de música e me ajudou a sentar no banco que eu acho que era o que ficava de frente o piano.

—Deixa eu te ajudar. -Ele disse pegando minha mochila e colocando-a em algum lugar. -Que tal uma música? -Ele perguntou.

—Sim! Por favor. -Disse animada e podia ter certeza que ele sorria.

Logo a melodia ecoou pela sala de música e eu fechei meus olhos apreciando cada segundo, só tornei a abri-los quando a melodia acabou.

—É incrível o modo que você se entrega a melodia, como se deixasse que ela te absorvesse enquanto a escuta. -Beny falou.

—Também é incrível o modo como você se entrega a música, como se deixasse que seu coração tocasse por seus dedos.

—Mas então, como foi seu fim de semana?

—O sábado foi legal, fiquei com meus melhores amigos, já o domingo foi um puro tédio misturado com o começo do frio, Los Angeles resolveu que chega de calor.

—Sim está realmente frio.

—Pensei que domingo nunca ia acabar, mas e o seu fim de semana?

—Ah! Fiz varias coisas, tipo, eu dormi, e comi bastante. -Ele disse e eu gargalhei.

—Sua risada é linda!

Pude sentir meu rosto esquentar assim que ele disse isso, com toda certeza estava corada, minha risada era claramente escandalosa e eu sempre morria de vergonha dela.

—Você está vermelha. -Ele disse.

—Eu morro de vergonha da minha risada.

—Não tem necessidade, seu rosto está quase da cor do seu cabelo. -Ele disse e eu dei uma risadinha.

—Então porque não me diz algo sobre você?

—hmmm, vejamos -Ele disse em tom pensativo. -Eu não gosto muito de festas, mas vou parar agradar meus amigos, prefiro ficar em casa assistindo um filme ou lendo livro, ah! E eu com toda certeza amo festas em família, minha família é incrível, e eu gosto de ficar descalço e minha mãe vive brigando comigo por sujar o sofá dela, eu como muito! Sou magro de ruim, não gosto de jogar futebol, mas estou no time porque jogo muito bem, gosto de luta, mas parei de fazer a dois anos porque meus amigos não gostavam, gosto de músicas clássicas, mas também gosto de rock e até mesmo essas músicas da moda como Justin Bieber e One Direction, mas meus amigos não sabem disso.

—Sabe o que eu percebi nisso tudo que você disse?

—O que?

—Que você se importa demais com o que os outros pensam de você, você não mostra pros seus amigos o que você tem de melhor.

—Queria ser mais como você. -Ele disse, sua voz parecia abalada.

Ficamos em um silencio agradável por um tempo, ele brincava com os dedos da minha mão esquerda e eu apenas sentia seu toque suave sobre minha pele.

—Saia comigo. -Ele disse quebrando o silencio.

—O que? -Questionei espantada.

—Saia comigo, sábado agora, hoje é segunda, temos até sexta para conversamos e então você sai comigo no sábado, o que me diz? Você aceita? -Ele perguntou ansioso.

Fiquei pensativa por um estante, encarando o que havia acabado de acontecer, ele estava me convidando para sair? Sim ele estava. Eu devia aceitar? A gente mal se conhecia!

—Tudo bem, eu aceito. -Disse sorrindo.

—Ok! Depois a gente combina direito.

Ficamos em silencio por mais um tempo e ele começou a tocar outra música, essa era nova nunca havia escutado antes, e então ele começou a cantar, sua voz era incrível, eu poderia ouvi-lo para sempre. Assim que a música acabou eu estava totalmente encantada em como sua voz era doce e em como ele era diferente daquele bad boy que eu imaginava, ele guardava algum segredo, só não sabia qual.

—Que incrível! Você devia cantar sempre, eu poderia ouvi-lo o dita todo.

—Obrigada. -Dessa vez ele que parecia envergonhado. -Gosto do seu cabelo. -Ele disse mudando de assunto. -Gosto quando você vem com ele solto.

—Dizem que a cor do meu cabelo é bem incomum.

—Sim, é verdade, existem poucas pessoas ruivas, acho que aqui na escola você é uma entre cinco, mas é lindo.

Ele agora tocava meu cabelo, e era completamente relaxante, eu amava quando as pessoas mexiam no meu cabelo.

O sinal tocou para a próxima aula e ele deixou um suspiro escapar.

—É, acho que temos que ir.

—Infelizmente.

—Vem eu te ajudo. -Ele disse me entregando minha mochila e pegando minha mão para me guiar.

—Você gosta de parques? -Ele perguntou enquanto íamos para a próxima aula.

—Sim.

—E de animais?

—Também.

Ele fez mais algumas perguntas até chegarmos a sala e então foi para o seu lugar, aquele dia passou voando, e tudo que eu mais queria era ouvir sua voz de novo.

Eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu não queria que acabasse.

 


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