Bells of Notre-Dame escrita por Elvish Song


Capítulo 20
L'hotel Dieu


Notas iniciais do capítulo

Oláááá! Aqui estou com mais um capítulo! Espero que gostem!
Dedicado à Tiete Drama Total e à Masquered for you!



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Esmeralda seguiu de perto a Madre Isabelle, que falava a respeito dos eventos nas ruas e tentava convencer a moça – sem muito sucesso – de que tudo ficaria bem.

— Madre, eu não quero ofender, mas vivo nas ruas e sei, por experiência própria, que as coisas raramente “ficam bem”, para minha gente. – ela ia prosseguir, mas avistou diante de si, por trás das construções, os pináculos do Palácio da Justiça. Lançou um olhar de terror para a senhora e, como um animal acuado, recuou contra a parede mais próxima – mentiu para mim!

— Não, criança! Escute, o Palácio da Justiça é próximo à Saint-Chapelle e seu convento, bem como do Hôtel de Dieu, e isso eu não posso mudar. Para chegarmos ao convento, passamos perto do Palácio.

— Tem ideia de quem mora naquele lugar? O juiz Frollo está atrás de mim! Ou a senhora não sabia do fato?!

— Esmeralda... – Isabelle tinha os olhos sérios – Conheço Frollo desde que éramos crianças, fomos criados como irmãos e, acredite, mantê-lo sob controle é minha especialidade. Ele não a tocará, enquanto estiver sob minha proteção, isso eu garanto.

— Se foi criada como irmã de Frollo – o olhar e a voz de Esmeralda eram puro desdém e desconfiança – por que, então, não haveria de me entregar a ele?

— Porque todo e qualquer amor que eu pudesse ter por esse homem desapareceu há quase vinte anos... – a mulher mais velha engoliu em seco, e seus olhos se encheram de tristeza – quando ele arrancou meu filho de meus braços.

— Seu... Filho? – a moça ficou confusa: freiras não eram castas?

— Ah, não de sangue, claro... – a Madre sorriu com amargor – Mas cuidei de Aaron como mãe alguma teria feito. Eu o amamentei, embebendo um pano em leite e torcendo-o em sua boca, quando não tinha forças para sugar o seio da ama de leite. Troquei suas fraldas, tratei das escaras que se abriam na pele frágil das manchas... Era em meus braços que ele dormia, e não num berço. Vi suas primeiras palavras, primeiros passos, ensinei a ler, escrever, falar línguas... E quando percebi seus talentos, ainda com cinco anos de idade, incentivei-o a aprender as artes. – ela se aproximou de Esmeralda, que já não temia mais, após ver nos olhos da outra a mais pura sinceridade – Aquele menino foi tudo para mim: era doce, tímido e curioso... Mas quando completou treze anos, Frollo decidiu que eu o mimava demais, e que isso levaria meu filho pelos caminhos “do pecado’. Arrancou-o de meus cuidados e o levou para torna-lo seu agente, seu cúmplice... Seu torturador. – a freira ergueu os olhos – então, Esmeralda, não se surpreenda se eu não nutro por Claudius Frollo qualquer amor. Por outro lado, você arrancou Aaron daquela vida miserável que levava, enfurnado nos calabouços da Inquisição; isso, somado ao amor que ele tem por você, farão com que o juiz precise passar por sobre meu cadáver para tocar um dedo que seja em sua pessoa. – ela estendeu a mão para a menina – agora, se ainda estiver disposta a confiar em mim, posso lhe mostrar onde vivemos. Um lugar onde terá santuário, e poderá se esconder entre outras moças de sua idade; um lugar onde ninguém faz perguntas sobre passado ou origens, e uma jovem cigana pode passar por despercebida.

Mesmo ainda trêmula e levemente desconfiada, a menina aceitou a mão que lhe era estendida: pior do que estava, a situação não ficaria. Assim, mesmo com sobressaltos a cada vez que uma esquina virada a fazia enxergar as temidas torres do Palácio da Justiça, ela confiou em Aaron e seguiu a madre.

De fato, foi levada até a Saint-Chapelle, onde logo à primeira vista um grupo de noviças limpava as escadas da frente; ergueram os olhos para a madre e pararam imediatamente com os risinhos e burburinhos que antes trocavam, parecendo completamente concentradas em seu trabalho.

— Se outra vez não conseguirem concluir o trabalho – disse a mulher de hábito negro, severa – não haverá jantar para qualquer das quatro, fui clara? A indolência é um vício mortal, mãe de todas as outras faltas e desvios morais.

— Sim, Madre Superiora – murmuraram as moças, retomando o trabalho de modo aplicado. Esmeralda franziu o cenho e torceu o nariz, sem se preocupar em ocultar o próprio desagrado, coisa que não passou despercebida a sua acompanhante.

— Não concorda com minha severidade, não é?

— meu povo é livre. Não compreendemos uma vida de servidão.

— Ah, menina – suspirou a senhora – servir por vontade não é servidão, mas amor. – e sorriu levemente – ao acaso sente-se servil quando limpa as escaras de um mendigo, ou distribui alimento aos que nada têm?

— Como a senhora...?

— Aaron não me esconde nada, Esmeralda. – riu-se a freira – é raro eu conseguir fazer o menino falar, mas quando consigo, ele me conta tudo. E, ultimamente, mais de metade das palavras dele são a seu respeito.

— Se ele lhe conta tudo, não sei como ainda não fui entregue às autoridades eclesiásticas. – respondeu a garota, acompanhando a mulher mais velha para dentro da Chapelle.

— Aquele bando de velhos hipócritas e mesquinhos, que poriam as próprias mães na roda de tortura? Não há um só que possua um comportamento sequer próximo de moral ou decente.

— A senhora não parece muito afeiçoada aos seus... Colegas.

— E não sou. O sacerdócio deveria vir de vocação, amor e vontade de servir a Deus e ao próximo; nossos “queridos” membros do alto clero, porém, parecem engajados em distorcer e contrariar cada ensinamento deixado por Cristo, como amor, caridade, humildade e mansidão. São hipócritas, cruéis e comandados pela ganância, medo e ignorância. – ela revirou os olhos – e que ninguém me escute, ou amanhã serei mais uma hóspede da Inquisição. – voltou-se então para Esmeralda – mas oras! Estou agindo como uma velha tagarela! A tagarelice também é forma de ócio! Ande, vamos entrar, ou acabarei cometendo mais delitos em um dia do que em todo o ano anterior!

A cigana acompanhou sua estranha guia para dentro e, vendo-a se ajoelhar diante da imagem de Maria, fez uma breve reverência e imitou o sinal da cruz; a freira se surpreendeu:

— É cristã, minha jovem?

— Depende do que essa pergunta significa, madre – respondeu a latina, tímida – não sou batizada, nem acredito num Deus distante ou Diabo... Mas creio em Cristo e Maria. Não são as mães as criaturas mais próximas da sacralidade, por serem as únicas capazes de dar a vida?

— Um pensamento perigoso, mas nem por isso errado. – sorriu a senhora – venha.

— O que há aqui que deseja me mostrar? – perguntou a cigana, ainda não muito à vontade.

— O hospital. Aaron me contou especificamente de suas habilidades de cura e desejo de ajudar os outros... Uma vez que as ruas são um lugar perigoso para você, no momento, talvez queira fazer a diferença em um lugar que não ameaça sua vida.

O modo como os olhos verdes brilharam disseram à madre que acertara em cheio: alegria, entusiasmo... Raramente vira alguém ficar tão feliz assim pela chance de ajudar o próximo! De fato, pelo pouco contato que tivera com aquela menina, já compreendia o que capturara daquele modo o coração de Aaron, o bastante para tirá-lo da influência perversa de Claudius Frollo. Havia nela uma doçura, um amor pela vida e pelas pessoas quase impossíveis de se encontrar! O tipo de amor que cura todas as feridas, que doa sem nada esperar em troca... Um amor do qual ela só ouvira falar, e finalmente tinha a chance de presenciar.

— Tem um coração tão puro, minha querida... – Isabelle acariciou o rosto da jovem – tanta bondade em alguém tão sofrida...

— Não sofri como pensa, senhora. – corrigiu a cigana – pois se tive dificuldades na vida, também tive enormes alegrias e privilégios que a outros não são nem mesmo um sonho.

A mulher mais velha recebeu aquelas palavras com um sorriso suave, e conduziu a moça pela mão através das salas onde jovens moças trabalhavam – lavando roupas, cozinhando, secando ervas, preparando remédios – e capelas onde algumas rezavam. Saíram novamente para as ruas – Esmeralda puxou seu xale sobre a cabeça, receosa de que alguém a reconhecesse – e duas quadras depois adentraram outro prédio. O silêncio ocasionalmente quebrado por um grito logo avisou que haviam chegado ao hospital, e que havia pacientes com dor.

Madre Isabelle fixou seus olhos penetrantes na cigana, que descobria a cabeça e avançava timidamente pelas saletas cheias de frascos e plantas; seus olhos pousaram em alguns livros, e ela leu com pouca dificuldade o título de uma das capas:

— “de herbarium”— olhou para a Madre – é latim, não é?

— Sabe ler? – espantou-se a outra.

— Aaron começou a me ensinar... Faz umas duas semanas. – ela disse aquilo como se não fosse nada demais, mas a religiosa quase caiu sentada: DUAS SEMANAS! E ela já era capaz de ler um título de capa e identificar a linguagem!

— Sim, de fato é latim, mas... Nunca vi ninguém aprender tão rápido!

— Tenho um bom professor – a menina deu de ombros, encantada com o que via – eu não fazia ideia de que existiam tantos instrumentos! O que é aquilo? – apontou para um destilador.

— Um destilador. Usamos para tirar a essência das plantas. Sabe do que falo?

— Sim. A força curativa que elas têm dentro de si. Eu as retiro colocando em álcool, ou fervendo em água...

— Sim, mas disso obtemos a força diluída. Quando usamos o destilador, obtemos o óleo puro da planta, onde está sua verdadeira propriedade.

— Pode me ensinar a usar? – perguntou a moça, com empolgação de criança que fez sua guia rir:

— tudo a seu tempo, minha querida. Ensinar-lhe-ei o que puder, é claro, mas hoje é apenas uma apresentação. – levou sua convidada para as enfermarias, onde nichos separados por biombos e cortinas alojavam camas ora vazias, ora com pacientes em vários estados. – Eis a ala masculina. A feminina é mais adiante. – explicou a madre.

Devagar, Esmeralda caminhou pelo largo corredor central a se desviar das mulheres de hábito que iam e vinham; parou ao se deter diante de um homem com o joelho deslocado que lutava contra três moças ocupadas em consertar sua perna, sem sucesso. Ato reflexo, a cigana se adiantou para ajudá-las; com espanto, elas fitaram a recém-chegada de modo incerto, mas um anuir da Madre Superiora indicou-lhe que estava tudo bem, e que deviam aceitar a ajuda.

— O joelho dele está torcido, mas se não parar de lutar, não temos força para empurrar o osso para o lugar – constatou a cigana, e então foi diretamente até o campo de visão do paciente – olá. Como é seu nome?

— Pierre – gemeu ele, assustado. Era um homem pobre, como a maioria ali, em trajes sujos e surrados, e a cigana já o vira, antes.

— Pierre, eu sei que está com dor – ela limpou as lágrimas – mas precisa colaborar. Eu vou fazê-lo ficar inconsciente, para podermos recolocar seu joelho no lugar, está bem? Não lute, por favor, pois não tenho força para segurá-lo. – um longo minuto se seguiu até que ele concordasse; a cigana pousou as mãos em sua garganta e, com os polegares, pressionou a artéria: não demorou para o homem ficar inconsciente. – certo, ele não vai ficar assim por muito tempo.

Aproveitando-se dos segundos que tinham, as freiras conseguiram colocar o osso de volta em seu lugar, e quando Pierre acordou, já estava sendo enfaixado. A mais velha das enfermeiras, a única de hábito negro, dirigiu-se então à estrangeira:

— Bem pensado. Quem é você, cigana?

— Eu sou... – ela hesitou em dizer o próprio nome: como saber que não a entregariam?

— Marie – interveio Isabelle – minha protegida. É muito competente com as artes médicas, então eu a convidei a nos ajudar.

A outra freira mediu “Marie” de alto a baixo e, não parecendo convencida, mas sem poder contestar sua superiora, apresentou-se:

— Sou Ana – os olhos azuis brilhavam de modo gélido, combinando com as feições glaciais e angulosas – e estas são as noviças, Elise e Geneviève.

— É um prazer – disse a garota, num sorriso tímido. Isabelle segurou seus braços e a conduziu consigo:

— venha, Marie. Talvez possa ajudar com outros pacientes. – assim que saíram do alcance dos olhos e ouvidos de Ana, explicou – não fale com Ana além do essencial. Ela é extremamente ortodoxa, e não é afeita a pagãos.

— Já estou acostumada. – Esmeralda revirou os olhos, e talvez houvesse dito algo mais se uma senhora de roupas longas e largas, mas sem hábito, não houvesse se aproximado: tinha cabelos negros como piche mesclados a muitos fios prateados, feições arredondadas de eslava já marcadas por inúmeras rugas, pele muito clara adquirindo manchas de idade. Seria apenas mais uma senhora, não fossem seus olhos... Dourados como mel, ou como uma vela na escuridão... Olhos que Esmeralda vira apenas uma vez na vida! Entretanto, ao contrário do olhar no qual pensava, este era mortiço e confuso, embotado por confusão.

— Ah, Carolina! – saudou Isabelle – terminou com a paciente?

— Ele comeu – respondeu a idosa, em voz fraca – Mas está com dor.

— Certo, irei até ela, minha querida. – assegurou a freira – agora, pode ir descansar, está bem?

— Obrigada. – em passos mancos, Carolina se afastou, curvada como se carregasse o peso do mundo nas costas. De imediato a acompanhante de Esmeralda se voltou para ela, o rosto muito sério:

— Carolina. Ex-paciente neste hospital. Por incrível que pareça, é mais nova do que eu, ainda que aparente ser muito mais velha... Nós a encontramos quase morta às nossas portas, após o que pareceu um parto malsucedido; enlouqueceu tragicamente, não sabia sequer o próprio nome, mas chorava chamando pelo bebê, Nikolai. – a mais velha estreitou os olhos -  sim, eu sei no que está pensando, mas pessoas de olhos dourados, mesmo raras, não necessariamente são aparentadas. De qualquer modo, ela chegou quase quinze dias depois de Aaron ser deixado às nossas portas. Aos poucos recuperou um pouco do bom-senso, mas nunca ficou realmente lúcida. Eu lhe confio tarefas simples e, quando ela me pergunta sobre seu bebê, eu lhe digo sempre o mesmo: foi levado para o berçário. Ela vai até os órfãos, escolhe um deles e o nina, acalenta, dá de mamar... E no dia seguinte esqueceu-se de tudo.

— Isso é triste!

— Mais do que triste. Tem quarenta e poucos anos, mas não viverá muito mais; até onde sei, ela tentou um aborto com ervas perigosas, e paga até hoje o preço. O que houve com a criança, não faço ideia, mas provavelmente morreu.

Esmeralda tinha sérias dúvidas quanto a isso, mas se a mulher chegara tão depois do nascimento de Aaron, havia poucas chances de que fosse sua parente. Entretanto, talvez conseguisse saber mais, com o tempo.

Passaram por pacientes com doenças comuns, pequenos ferimentos, outros com doenças crônicas e chagas; Esmeralda ajudou no que podia, sempre contida por sua guia, que a alertava para não expor demais os próprios conhecimentos, a fim de evitar animosidade da parte das outras moças. Finalmente, convidou a jovem para ter a refeição da noite em sua companhia e, após tomar em silêncio uma sopa quente com pão recém-assado, sentada na companhia de noviças e irmãs-leigas, a jovem cigana foi acompanhada pela Madre de volta à Catedral. Aaron as aguardava com semblante preocupado, e ao ver as duas figuras femininas tratou de perguntar:

— Correu tudo bem?

— Maravilhosamente bem – disseram ambas, e Isabelle continuou – quando me descreveu sua amada como uma pérola rara, eu pensei que aumentava as qualidades dela por ver pelos olhos de um apaixonado. Agora, creio que foi até bastante modesto em sua descrição. – e se voltou para a moça – Esmeralda é um nome que lhe faz jus, menina. Espero que me dê o prazer de sua companhia por mais vezes.

— O prazer será todo meu, madre – assegurou a moça, despedindo-se com um beijo no rosto da senhora, que quase podia ser sua avó. Em seguida, foi recebida pelos braços amorosos de Aaron e, depois que Isabelle partiu, pelos seus beijos calorosos.

— O que faço com você? – perguntou a cigana, sorrindo – armou tudo para que eu arranjasse uma ocupação perto de suas vistas!

— Num lugar onde soldados nem ousariam entrar. – completou ele, acariciando a tez morena. – já que pedir a você para se manter quieta é impossível, ao menos ficará ocupada em um lugar seguro.

— Você é impossível – a adolescente meneou a cabeça, sorrindo – bem, já escureceu.

— Levo você para casa – ele ia terminar, mas ela o silenciou com um beijo antes de dizer:

— As portas da Ille de Cité já se fecharam. Só dá para passar por baixo, pelos túneis, e lá não há soldados. Vá descansar.

— Certo, Mademoiselle independente – ele a beijou com carinho – vemo-nos amanhã?

— Não posso prometer. Talvez precisem de mim, no Pátio, mas assim que vier para a cidade, você será minha primeira ocupação.

— Sabe que é muito autoritária para uma moça de 16 anos? – perguntou o artista, ao que ela lhe lançou um de seus sorrisos capazes de desarmar qualquer um:

— Para os franceses eu posso não ser nada. Mas no Pátio sou uma princesa, Aaron. Não se esqueça disso. – ele lhe segurou a mão gentilmente e, levando os dedos dela aos lábios, sorriu:

— Então aguardarei ansiosamente por seu retorno, alteza. – ele ainda estava preocupado – posso leva-la ao menos até a passagem, já que você não poderá usar o alçapão com tantas pessoas na Catedral.

— Aaron, são apenas algumas quadras e, como disse, há muitas pessoas. Você chama bem mais atenção com sua altura do que uma mulher enrolada num xale, nua noite de inverno. – ela viu sua expressão de angústia, e sussurrou – confie em mim. Voltarei logo para seus braços.

— Está bem... – ela a abraçou com força – tome cuidado.

— Tomarei – a garota deu um último beijo em seu amado e caminhou para fora da Catedral tão discretamente quanto pôde, misturando-se às pessoas que vinham para a missa noturna.

Sair não foi tão difícil, ainda que tivesse precisado resistir ao impulso de roubar algumas moedas de um homem cujos bolsos estavam cheios delas; para ele fariam pouca falta, mas poderiam significar alimento no inverno para muitos no Pátio Entretanto, não correria o risco de causar confusão ali. Puxou o xale sobre o rosto e lutou para se espremer por entre o povo, finalmente escapando da multidão. Contudo, não percebeu que um par de olhos castanhos carregados de paixão a acompanhava, pertencentes a um vulto que andava quando ela andava e parava quando a cigana o fazia, sempre longe o bastante para se disfarçar e perto o bastante para tê-la sob seus olhos.

Enveredou pela última esquina, aliviada por não ter tido problemas quando encontrou o bueiro através do qual alcançaria os subterrâneos; porém, ouviu passos atrás de si, e mudou o percurso: não podia entregar a localização de uma de suas passagens, ou estas deixariam de ser seguras. Seu coração palpitava enquanto a mão tateava o cós da saia, buscando algum conforto na adaga cigana em seu cinto...

Sentiu que o estranho se aproximava, e teve tempo apenas de se virar antes que uma mão ossuda se fechasse em seu braço, um corpo magro empurrando-a contra a parede do beco; no movimento, ela conseguiu ver por baixo do capuz, e apenas seu orgulho a impediu de gritar: tratava-se de Claudius Frollo.


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Notas finais do capítulo

Esmeralda está com problemas, ao que parece... O que pode acontecer agora? O que acham?



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