Silêncio na Biblioteca! escrita por Lil Pound Cake


Capítulo 13
Tornando oficial




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Um bom tempo depois...

— Prontinho. Agora vou revisar e editar a matéria com as fotos. – Peggy dizia. – Vocês disseram que deram o primeiro beijo aqui na biblioteca, que estavam sozinhos no silêncio enquanto todo mundo estava na reunião no ginásio, então pensei no título: O amor no silêncio da biblioteca. O que acham?

— Eu gostei. E você? – Nath me perguntou.

— Adorei.

— Então vai ser isso. – Ela recolheu suas coisas. – Ok, o trabalho está praticamente pronto. Vou deixá-los a sós agora, pombinhos. Divirtam-se! – Ela saiu toda contente por termos dado uma matéria exclusiva de graça, e nós também estávamos contentes por finalmente não termos mais que nos esconder.

Infelizmente não pudemos ficar muito tempo a sós, pois a diretora apareceu na biblioteca.

— Nathaniel...

— Oh, sim, senhora Shermansky?

— Não viu a senhorita Melody?

— Não, não a vi o dia todo.

— Estranho... Ela estava aqui desde bem cedo, mas depois que saiu para procurá-lo não voltou mais.

— Ela saiu para me procurar?

— Sim. Parecia bastante nervosa por causa do seu atraso. Eu pedi para ela ligar para saber o que estava acontecendo, mas ela saiu e não voltou. Estou preocupada.

— É... Eu entendo, senhora Shermansky. Mas, não acredito que a Melody faça alguma bobagem. Ela deve ter ido para casa.

— Tente buscar alguma informação sobre isso, sim?

— Sim, senhora. Eu vou procurar o número da casa da Melody para ver se os pais dela sabem de alguma coisa.

Como não tinha outro jeito, Nath e eu fomos até o grêmio.

— O que você acha que pode ter acontecido? – Indaguei. Por mais que a Melody e eu não nos entendêssemos, eu estava realmente preocupada com ela. Ela não estava bem da cabeça, isso era mais claro que água. Ela podia estar em qualquer lugar, fazendo sabe-se lá que besteiras.

— Eu não faço ideia de onde ela pode ter se enfiado, mas ela já está me arranjando muitos problemas. Ah, aqui está! – Nath achou o número do telefone da casa dela e ligou. Não demorou muito e a mãe dela atendeu. Disse que Melody estava em casa, que a filha chegou dizendo que havia passado mal na escola e decidiu voltar. Disse também que como ficou cuidando dela se esqueceu de ligar para comunicar à escola.

— Pelo visto ela está bem. Disse à mãe que passou mal e achou melhor ir para casa. Talvez tenha sido isso mesmo. – Nath falou.

— É, talvez. Com a Melody nunca se sabe.

— Eu gostaria de indicar para os pais dela a levarem a um psicólogo, sei lá... Ela precisa de ajuda. E precisa me esquecer.

— Só que você não sabe como dizer isso a eles, né?

— Você me compreende cada vez mais. Sabe? Acho que você me conhece melhor que ninguém.

— Eu te conheço, Nath. Meu coração conhece o seu.

Nath me deu seu sorriso lindo e me puxou pela cintura para me beijar. Nesse momento alguém abriu a porta repentinamente.

— Opa! Eu volto depois...

— Ei! Alexy! Volta aqui...

Ele entrou. – Será que eu tenho um dom para detectar casais apaixonados? Quem sabe? – Brincou. – Eu não quero dar palpite, mas se querem mesmo ser mais discretos, não fiquem se pegando em qualquer lugar.

Nath e eu rimos e contamos a novidade.

— Não precisamos mais ser discretos, já podemos ser felizes.

— Ué! Mas e o segredo?...

— Não tem mais segredo. – Lhe falei. – Eu já contei sobre o Nath a meus pais. E adivinha! Eles aprovaram!

— Não! Sério? Que ótima notícia!

— Pois é.

Nath também se pronunciou: - Bom, só está faltando eu ir falar com os pais dela.

— Ah, não seja tão formal, Nath. – Alexy disse divertido. – Claro que você vai, mas não faça disso um mega evento. Se você não puser uma gravata já está bom demais.

— Eh, eh, eu não uso mais gravata há um bom tempo, Alexy.

— E ficou muito melhor assim, acredite! Portanto seja você mesmo, ok? Assim vai dar tudo certo. Concorda, Anna?

Alexy esperava minha resposta enquanto eu olhava hipnotizada para o Nath com boas recordações vindo à minha cabeça.

— Anna... Hello!... – Alexy estalou os dedos para chamar minha atenção.

— Hã? Ah, sim, concordo. Ficou... Muito melhor... – Eu simplesmente não conseguia desviar o olhar do meu namorado lindo e maravilhoso e acabei olhando-o de cima a baixo com desejo.

É óbvio que o Alexy percebeu.

— Ok... Acho melhor não deixar vocês dois sozinhos aqui no grêmio. Corre o risco de o próximo aluno que vier para cá dar de cara com a porta trancada.

— O que a gente ia ficar fazendo aqui com a porta trancada, Alexy? – Nath perguntou com um sorriso malicioso.

— Ah, ah, não me faça dizer o que vocês iam ficar fazendo. Acham que não estou vendo as carinhas de satisfação de vocês. Aliás... O que fizeram depois que os deixei sozinhos ontem, hein?

Nath e eu sorrimos com cumplicidade. Alexy foi logo tirando suas conclusões.

— Ah, bom... Deixa pra lá, já sei o que fizeram.

— Não é bem assim, Alexy... – Tentei falar, mas ele interrompeu.

— Não precisa me explicar, sei muito bem o que rola nesses casos quando no dia seguinte um casal está com esse sorrisinho bobo de felicidade... Eu assisto novelas, meu bem!

— Você presta atenção em tudo, hein?

— Bom, você disse a seus pais que ia dormir lá em casa e não dormiu. O que quer que eu pense?

Vi que o Nath se divertia tanto quanto eu com as insinuações do Alexy, então eu falei: - Depois eu te conto onde eu dormi, tá?

— Jura? Em detalhes? – Alexy indagou.

— Em detalhes.

— Vou querer saber tudinho, viu?

— Saberá, não se preocupe.

— Oba! – Ele comemorou. – Então, quando vão espalhar a novidade para todo mundo?

— Hum... Digamos que o trabalho do professor Patrick vai nos ajudar com isso.

— Como assim?

— Aguarde a edição do jornal da Peggy de amanhã e verás.

...

...

Ao sairmos da escola, Nath teve a ideia de ir comigo à minha casa. Havia chegado a hora de ele conversar com meus pais frente a frente.

...

...

(narração em 3ª pessoa)

Enquanto isso, na casa da Melody...

Sua mãe, após desligar o telefonema, voltou ao quarto da filha.

— Está melhor agora?

— Estou.

— Mesmo?

— Já disse que estou, mãe. – Ela olhava para o nada como se estivesse profundamente concentrada em algo.

— Sabe quem ligou? Aquele rapaz de quem você tanto fala, o Nathaniel.

Ela olhou para a mãe. – Ele ligou?

— Sim. Parecia preocupado com você. Queria saber onde você estava, por que não havia voltado à escola...

— Sei. – Novamente desviou o olhar. – A diretora deve ter mandado ele me procurar.

— Por que fala assim, filha?

— Porque ele não me procuraria. ... Ele não me procura. – Ela foi enchendo os olhos de lágrimas. -... Nem nunca vai me procurar.

A mãe dela sabia os sentimentos que ela mantinha por Nathaniel.

— Filha, às vezes... As coisas não são como a gente quer. As pessoas de que gostamos nem sempre gostam da gente... Na vida temos que saber lidar com os sentimentos não correspondidos...

Melody a interrompeu.

— Sai daqui, mãe.

— Mas, filha... Só estou tentando te explicar que...

— Sai daqui! – Falou alto e tapou os ouvidos. – Eu não quero saber! Não quero saber de nada! Não quero que fale nada!

— Filha... Por favor...

— Sai!

A mãe saiu entristecida por ver a filha naquele estado. Ela sabia que Melody não estava bem e que aquela suposta paixão que nutria por Nathaniel não era uma paixão qualquer da idade. Era algo que fugia do controle.

Mais tarde, a mulher havia conversado sobre isso com o marido.

— Precisamos fazer alguma coisa. – O homem dizia. – Não podemos deixar nossa filha assim. Eu não aguento ver minha menina tão triste. Eu vou falar com esse tal de Nathaniel e dizer que...

— Dizer o quê? Que goste da nossa filha de qualquer jeito? Querido, não podemos obrigar esse rapaz nem ninguém a gostar da Melody. E ela tem que entender isso. Só o que eu temo é que... – Suspirou. – É que ela não consiga entender.

— Pensa que ela pode cometer uma loucura?

— Não quero pensar nisso. Nossa filha é sensata, sempre foi ajuizada, mas... Não estou gostando nada do comportamento dela de uns tempos para cá.

— Eu também não. Mesmo assim, ainda acho que deveríamos conversar com esse rapaz. Talvez... Não sei... Esclarecer alguma coisa, saber se ele nunca a deu esperanças...

— Eu acho que não. Mas, se você acha melhor vamos conversar com ele.

...

...

No dia seguinte...

Nathaniel estava entrando na escola, bem mais cedo como era de costume, quando os pais de Melody apareceram pedindo para conversar com ele. Ele levou-os até a biblioteca para ficarem mais à vontade.

Estava sendo difícil e até um tanto constrangedor falar sobre como a filha deles estava. Nathaniel os ouvia atentamente e os compreendia, até que foi sua vez de falar.

— Senhores, eu quero que saibam que sempre respeitei a Melody como colega de classe e do grêmio estudantil. Eu nunca dei a entender que poderia vir a me relacionar com ela além daqui da escola. Mesmo quando ela confessou o que sentia por mim eu não a deixei criar ilusões e fui claro, eu não sentia o mesmo por ela. Confesso que na época eu sentia muito por não poder correspondê-la. A Melody é uma garota linda, inteligente, qualquer rapaz gostaria de estar ao lado dela. Mas, eu não. Não poderia. Antes porque eu vinha carregando muitos problemas, fingindo ter uma vida perfeita que eu nunca tive. Bom... Vocês devem ter ficado sabendo que eu sofria maus tratos do meu pai...

— Sim, soubemos disso. A Melody comentou.

— Então... Eu vivia com medo, vivia infeliz, e desse jeito eu não poderia fazer ninguém feliz. E se antes eu não podia corresponder a Melody por isso e simplesmente porque nunca fui apaixonado por ela, hoje muito menos. Porque hoje existe outra pessoa em minha vida. É uma colega nossa, mas por quem eu me apaixonei perdidamente. E hoje posso dizer com veemência, eu amo a minha namorada. E espero de todo coração que a Melody possa compreender isso e me esquecer.

— Nós compreendemos, Nathaniel. Só queríamos saber um pouco mais o que está acontecendo para nossa filha estar como está.

— Eu sei. E admiro sua preocupação com sua filha. Senhores... Não me levem a mal, mas... Se eu fosse vocês, consideraria levar a Melody a um profissional. Um psicólogo ou psiquiatra...

— Não! – O pai negou. – Vão dizer que nossa filha está ficando louca!

— Senhor, esses profissionais não são para loucos, são para quem precisa deles. Eu mesmo considerei fazer um tratamento depois que fui emancipado. Só não fui ainda porque antes de encontrar um psicólogo que eu possa pagar eu encontrei de graça um remédio muito melhor e muito mais eficaz... Eu encontrei o amor.

A mãe dela comentou: - Dá pra ver no brilho dos seus olhos o quanto é verdade o que você diz. O que eu mais queria era voltar a ver esse brilho nos olhos da minha menina.

— Senhora, se confia que o que digo é verdade, então confiem quando digo que, para o próprio bem da Melody, é melhor levá-la a psicólogo. Eu sei que não é fácil admitir que ela precisa de um tratamento, mas acreditem, a Melody precisa me tirar da cabeça.

— É que ela gosta tanto de você, ela...

— Senhora, desculpe interrompê-la, mas ela não gosta mais de mim. Se ela gostasse de verdade como diz, ela iria querer minha felicidade, não acham? – Os pais dela se entreolharam sabendo que tudo que Nathaniel dizia era verdade. – Ela pode ter começado gostando de mim, mas hoje está se tornando obcecada por mim. E eu não quero que ela chegue ao ponto de fazer uma bobagem, porque não vai adiantar de nada. Sinceramente, tudo que eu quero é que ela melhore e me esqueça, porque essa obsessão só vai fazê-la sofrer.

Novamente o casal se olhou e enfim levantaram cumprimentando Nathaniel.

— Você tem razão, rapaz. – O pai dela disse. – Eu não queria ter que fazer isso, mas se for para ver minha filha sorrir de novo, eu a levarei para um psicólogo, psiquiatra, o que for preciso.

— É o melhor a ser feito, senhor.

— Obrigado por ter sido tão sincero. É difícil encontrar alguém assim hoje em dia.

— Eu sei como é. E foi bom terem vindo, demonstram que amam sua filha e querem o bem dela. Acreditem, eu também quero o bem da Melody. Gostaria que nada disso tivesse acontecido.

— Nós acreditamos em você. Até mais, meu jovem.

— Até mais. – Ambos se despediram e foram embora, deixando Nathaniel pensativo e também um pouco mais leve, pois finalmente tudo estava indo no caminho certo.

...

...

Quando os pais de Melody chegaram em casa, porém, estranharam ao ver a filha arrumada para ir á escola como se nada tivesse acontecido.

— Filha, você se sente melhor?

— Estou ótima, mãe. Por que a pergunta?

— Bem, porque... Ontem você não estava muito bem...

— Hoje é outro dia. E eu já vou senão chegarei atrasada.

Ela saiu apressada, deixando os pais preocupados.

...

...

Algum tempo depois...

Os alunos chegavam à escola e já comentavam sobre a novidade do último número do jornal da Peggy. “O Amor no Silêncio da Biblioteca” era o título que se destacava na primeira página junto com história e fotos do mais novo casal da Sweet Amoris.

Nathaniel andava orgulhoso pelos corredores por ser o centro das atenções aquele dia, ainda mais por causa de um assunto que o deixava tão feliz. Todos comentavam sobre isso. E tudo que ele esperava era que a namorada chegasse logo para compartilhar o momento com ele.

(fim da narração em 3ª pessoa)

...

...

...

No caminho para a escola...

Eu ia caminhando feliz pela conversa que o Nath e meus pais tiveram no dia anterior. Também estava ansiosa para saber a repercussão que o artigo da Peggy sobre mim e o Nath estava causando na Sweet Amoris. – Estarão falando sobre nós? Quais serão os comentários? Qual terá sido a reação dos outros? – Eu me perguntava, curiosa.

Eu já estava chegando quando vi de relance alguém se escondendo, como se estivesse olhando para mim. Tive de novo aquela impressão de estar sendo vigiada e me apressei.

Assim que entrei na escola me senti mais tranquila. Meu coração estava acelerado e eu respirei fundo, mas não dei nem dois passos e meu coração já acelerou de novo, só que agora por um motivo muito bom. O Nath me surpreendeu com um beijo bem no meio do pátio.

Fui pega tão de surpresa que nem tive reação, mas quando senti seu abraço, seu cheiro, seus lábios, logo me entreguei àquele beijo gostoso, sem medo de ser feliz.

Só quando nos soltamos eu percebi que não estávamos sozinhos. Vários dos nossos colegas também estavam no pátio e assistiram ao nosso espetáculo. Eu sei que fiquei vermelha assim como o Nath também, mas a gente estava tão feliz que nem ligou para os olhares.

— Oi! – Nath me cumprimentou sorrindo.

— Oi!

Então falou baixinho só para eu ouvir. – Pronta para tornarmos oficial?

— Totalmente pronta. – Peguei na mão dele e entrelaçamos os dedos para deixar bem claro nosso relacionamento, caso ainda restassem dúvidas para alguém. E, óbvio que restava.

— Você só pode estar brincando! – Ambre se aproximou e falou olhando para o Nath, ignorando completamente minha presença.

— Brincando? Sobre o quê, Ambre? – Ele se fez de desentendido.

— Sobre... Isso! – Apontou para mim. Ela estava me desafiando, só pode!

— Isso não, Ambre. Eu tenho nome. - Falei logo.

— Eu sei, eu sei, mas não me importo.

— Acho bom começar a se importar, principalmente se você se importa com o Nath. Afinal, vamos ter que aprender a conviver e tolerar uma a outra.

— Como assim? – Ela não entendeu nada, claro, a inteligência dela é limitada.

Nathaniel a explicou: - Ambre, de agora em diante eu não quero ver você pegando no pé da Anna, entendeu? Ela é minha namorada e eu não quero nem cogitar a possibilidade de você ou uma de suas amiguinhas fazer algo contra ela, ouviu?

Ela ficou meio pasma por uns segundos – provavelmente digerindo as informações, e isso poderia levar algum tempo – e então levantou na frente dos nossos olhos o jornal da Peggy.

— Então isso tudo aqui é verdade? Não é invenção da maluca da Peggy?

— Ah! Olha só... – Nath pegou o jornal e me mostrou, ignorando completamente a irmã. – Olha, meu amor, como nossas fotos ficaram ótimas!

— Ficaram mesmo. Adorei o jeito como a Peggy dispôs tudo na página...

— Ei! – Ambre nos chamou a atenção, de novo. – Eu estava falando!

Nath deu um longo suspiro. – Ai, ai... Você não já tinha dito tudo que tinha pra dizer não?

— Não, Nath! Como... Como pode? Você e essa aí...

— Ambre! Quantas vezes terei que repetir até que você aprenda a chamá-la pelo nome?

— Tudo bem, Nathaniel! A Anna é sua namorada? Como assim? Por quê?

— Ora, por quê? Eu tenho que te dar satisfação sobre os meus sentimentos?

—... Não, mas...

— Ambre, eu não quero te ver chateada comigo, portanto trate de aceitar. Eu amo a Anna e não há nada que você nem ninguém possam fazer contra isso.

Ambre cruzou os braços emburrada. Nath me largou por um instante e pegou num braço da irmã levando-a ao grêmio. Eu os segui e fiquei por perto, podendo ouvir o que ele dizia:

— Ambre, você é minha irmã e eu também te amo. Mas, tente me entender... – Ele a olhou nos olhos. – Você não diz ser apaixonada pelo Castiel? E eu não gosto nada dele. Considere isso como... Como se fosse a mesma coisa. Você nunca foi amiga da Anna, mas eu me apaixonei por ela e ninguém pode mudar isso. Mas, a grande diferença é que o que eu sinto por ela é mais que a paixonite que você tem pelo Castiel, é algo muito maior e inexplicável. E só os sentimentos verdadeiros são assim. Isso é amor, Ambre. É amor o que eu sinto pela Anna.

Ambre não daria o braço a torcer tão fácil, mas a vi respirar fundo e falar:

— Tudo bem! Fique com ela. Mas, não espere que eu a considere minha cunhada.

Nath riu. – Eu não esperaria isso de você.

— Já eu continuarei esperando que você arranje coisa melhor, Nath. Alguém mais de acordo com o nosso status...

— Que status, Ambre? Sai desse mundo de faz de conta! Nossa família é um caos, não é nem nunca foi exemplo. ... Você tinha que ver como os pais da Anna têm zelo por ela. Isso sim é uma família. Eles podem não ser ricos, mas têm a coisa mais valiosa de todas, têm o amor. É disso que estou falando, entende? De ter amor. Esse é o único e maior status que uma família deve ter.

Percebi que de repente a Ambre encheu os olhos de lágrimas, e o que mais me deixou surpresa foi que, dessa vez, não era uma de suas chantagens, era real.

— Também não é assim, Nath. Não é justo...

— Não é justo para quem? Não era você que sofria com o desprezo daquele senhor que chamamos de pai. Então para de dizer que as coisas não são justas para você porque nunca foram justas para mim.

— O papai pode ter feito coisas erradas, mas, eu acho que ele já pode ter se arrependido... E a mamãe me ama e ela quer o melhor para nós dois. E eu... Eu sinto sua falta.

Nath a abraçou. – Apesar de você sempre testar minha paciência, eu também sinto sua falta, maninha.

Ela também o abraçou e, confesso, eu me emocionei. Era a primeira vez que os via tão carinhosos um com o outro. Talvez a distância depois da emancipação do Nath tenha feito a Ambre começar a refletir sobre a vida. Talvez ela estivesse amadurecendo finalmente, porque uma coisa era certa: ela realmente sentia falta de ter o Nath sempre ao lado dela.

Ao saírem de lá e me verem, Ambre foi logo me encarando:

— Aproveita enquanto pode, eu duvido que dure muito tempo. Mas, enquanto estiver com meu irmão cuide dele ou você vai saber do que sou capaz!

Apesar de ela querer me botar medo, eu vi que esse era o jeito de ela me pedir para fazer o irmão dela feliz, afinal, do jeito dela ela gostava muito do Nath e queria o bem dele. Naquele instante, descobri a única coisa que eu tenho em comum com a Ambre: nós duas amamos o Nath.

— Pode deixar, Ambre. Vou cuidar muito bem dele. – Respondi passando o braço em volta do braço do Nath.

— Acho bom. Porque se ele sofrer, você vai me pagar caro. Ah, e não ache que o que há entre vocês vai mudar alguma coisa entre nós, eu ainda te considero insignificante...

— Ambre... – Nath ia reclamar, mas ela concluiu.

— Mas, se o Nath quer assim, que assim seja. – Ela jogos os cabelos como se não estivesse nem aí para nós, deu meia volta e saiu.

Não que a aprovação da Ambre significasse grande coisa, mas nós nos olhamos e sorrimos contentes. Nath aproveitou para me dar outro beijo, mas o professor Patrick apareceu.

— Ah, o amor é lindo!

Nos soltamos ligeiro. – Oh, o-olá, professor...

Ele sorria para nós. – Eu li a edição especial do jornal da Peggy. Ela me contou a ideia que tiveram de usar a história de vocês como enredo para uma matéria, e posso afirmar, mereceu a primeira página.

— Sério?

— Sim! Bom, não posso dizer mais nada, mas quem sabe também não mereça o primeiro lugar? – Nath e eu nos olhamos surpresos e alegres. – Mas, primeiro, eu vou dar uma olhada nos trabalhos dos outros, portanto tudo pode acontecer. Até mais tarde. – Ele foi embora.

Nath e eu decidimos ir logo para a sala de aula, pois já ia começar. Porém, paramos quando vimos a sombra de alguém perto de nós. Era ela, Melody, que estava com um exemplar do jornal da escola nas mãos. Agora ela já sabia de tudo! Ela nos encarou e quando me olhou senti um calafrio e, pela primeira vez, medo daquele olhar. Nath e eu estávamos de mãos dadas e ela passou por nós, rápida e sem dar uma palavra, fazendo com que soltássemos as mãos. Eu não sei por que, mas a me ver soltando a mão do Nath, pensei: - Ela ainda vai tentar nos separar. Nesse momento, Nath e eu nos olhamos e sei que ele sabia tanto quanto eu que deveríamos ficar atentos. Dela poderíamos esperar qualquer coisa.

 

...


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Notas finais do capítulo

Continua...



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