Silêncio na Biblioteca! escrita por Lil Pound Cake


Capítulo 10
O momento certo?




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...

— Já amanheceu? – Perguntei a mim mesma ao acordar sentindo o corpo do Nathaniel pesar sobre o meu.

Engraçado como era bom sentir ele assim tão junto a mim e, no entanto, a noite não havia sido exatamente o que se pode chamar de noite dos sonhos.

Levantei vagarosamente o pulso para ver o relógio, passava das cinco da manhã.

Eu precisava chamar o Nath, saber se ele estava bem, como estava se sentindo. Mas, achei melhor manter o silêncio que nos rodeava e deixar que ele mesmo acordasse. Percebi que não demoraria quando ele começou a se mexer e gemer baixinho. Era como se um gatinho miasse ao meu ouvido.

Ele começou a respirar mais forte e de repente abriu os olhos. Ficou por uns segundos assim como se estivesse descobrindo onde, como e com quem estava. Então, levantou a cabeça para me olhar.

— Anna?...

— Oi, Nath.

Eu podia ver a confusão em seu rosto. Eu imaginei que ele não fosse lembrar nada do que aconteceu aqui.

Ele olhou para nós dois e viu que estava em cima de mim. Levantou ligeiro, tanto que ficou meio tonto e se segurou numa das estantes da biblioteca. Sim, estávamos na biblioteca, mais precisamente, no chão.

— A-Anna!... O q-que... O que houve?...

— Calma, Nath... Você está bem?

— O q-que... O que houve entre nós? – Ele estava perturbado, e eu, morrendo de pena.

— Calma, Nath, não houve nada.

— C-como assim? Como assim nada? Eu... Você...

De fato, se alguém chegasse naquele momento pensaria que havíamos vivido uma louca noite de amor. Ele estava sem as calças, só com a cueca e a camisa, e estava deitado sobre mim! O que pensar?

— Nath, é verdade, não houve nada apesar do que parece. – Peguei nas mãos dele para tranquilizá-lo e fazê-lo me ouvir.

— Então?... P-Por que estamos aqui?

— Você não se lembra de nada de ontem?

Ele apertou os olhos como se fizesse um esforço para lembrar.

— Eu... Sim! Eu vim para cá esperar você e o Alexy. Vocês vieram. Eu estava conversando com vocês e... Depois o Alexy saiu e nos deixou a sós.

— Isso! Depois disso você lembra?

— Eu... Não... Não muito. Eu passei mal, não foi?

— Foi. Você passou mal quando o Alexy ainda estava aqui e depois quando ficamos só nós dois... Você piorou.

— Eu piorei?

— Sim. Bom, foi muito rápido. Você começou a ficar estranho...

— Eu ainda me sinto estranho. Por favor, me conta tudo.

— Eu conto. Mas, é melhor a gente sair daqui antes, não? Pode ser que a diretora ou algum professor chegue mais cedo, e já são quase seis horas.

— Já? Nossa!... Vamos, vamos para o meu apartamento então?

— Vamos.

Vestimos-nos e nos arrumamos um pouco. Eu peguei minha bolsa que estava no chão e nós saímos da escola discretamente. Pegamos um táxi para chegarmos mais rápido ao apartamento. Ao chegarmos, o síndico, um senhor simpático, nos surpreendeu com uma notícia.

— Menino Nathaniel!

— Sim?

— Uma garota veio procurá-lo ontem à noite.

— Uma garota? Quem?

— Ela não quis dizer o nome nem deixar recado, mas era uma bonitinha, do cabelo castanho e olhos azuis.

Nath e eu nos olhamos já sabendo de quem se tratava. – Melody!

— Ela disse o que queria, pelo menos? – Nath perguntou.

— Não, mas ela estava com muita pressa para te ver. Ela insistiu para subir ao seu andar, eu disse que não podia, mesmo assim ela conseguiu me enrolar e pegou o elevador. Ela bateu não sei quantas vezes na sua porta, mas só se convenceu de que você não estava quando eu abri a porta e ela viu por ela mesma.

— O senhor ainda abriu para ela?

— Eu tive que abrir com a chave de emergência para ela ver que você não estava, senão ela não ia sair. Os vizinhos já estavam reclamando do escândalo. Quando eu disse que, pela hora, você provavelmente nem ia dormir aqui, ela saiu batendo o pé com força. Devia estar com muita raiva.

Nath deu um longo suspirou. – Ela não tem jeito mesmo! Bom, sinto muito por esse vexame, eu nunca a convidei para o meu apartamento e vou fazer de tudo para que ela não volte mais.

Dito isso, nós subimos.

— Dá para acreditar?! – Nath exclamou revoltado com o que havíamos acabado de saber. – Faz todo sentido não?

— Com certeza faz. – Eu também estava com muita raiva da Melody. – Você disse que tomou um suco na casa dela, não foi? Provavelmente foi isso. Ela pôs alguma coisa para te fazer ficar daquele jeito.

— Como se estivesse bêbado ou algo assim. Sim, não há dúvida.

— E se ela fez isso e depois veio aqui, Nath, é porque ela sabia exatamente o efeito que te causaria e você... Você seria uma presa fácil para ela. O plano dela era te seduzir e se aproveitar da sua condição, de como a droga que ela te deu ia te deixar.

Ele se sentou na poltrona, ainda abismado com tudo.

— Eu não consigo acreditar em como ela faz tudo isso por mim! Ela está ficando louca por minha causa.

Eu me sentei no braço da poltrona e peguei em seu ombro. – Não, Nath! Não tem nada a ver com você! Ela te tomou como uma obsessão, um desejo que ela precisa realizar. E a culpa por todo esse exagero é dela mesma. Você nunca a deu esperanças, ela precisava enxergar a realidade, que entre ela e você nunca vai haver nada.

— E o que eu faço para ela enxergar essa realidade? Eu já tentei! Mas, parece que ela simplesmente não quer ver.

— Ela não quer nem ver nem ouvir. Mas, precisa. E eu não quero te ver tão preocupado. Esse problema não é seu, você é só o alvo dela, poderia ser qualquer um. Esse problema é dela e é ela que precisa se resolver.

Ele levou uma mão à testa. – Eu queria acabar com tudo isso logo!...

Eu peguei na mão dele para ele olhar para mim. – Nath, você não pode fazer nada pela Melody, ela precisa fazer algo por ela mesma. Ela precisa de ajuda, mas da ajuda de um profissional, não a sua. Não vê que tudo que você faz ou diz ela interpreta de outra maneira? Você não pode ajudá-la, o que você tem que fazer é se proteger dela.

— Me proteger?

— Claro! Olha o que ela te fez agora, dando essa droga, remédio, ou sei lá o quê! O que mais ela pode te fazer? Imagina se você fosse alérgico a esse negócio que ela te deu, ela poderia ter te mandando pro hospital, até te matado, eu não sei o que... – Não consegui mais esconder meu próprio nervosismo e quase chorei. – Eu não sei o que faria se te perdesse.

Ele me olhou nos olhos, sorriu lindamente e me puxou para seu colo.

— Ei... Eu também não sei o que faria sem você.

Ele me beijou como se me agradecesse por estar com ele.

— Você percebeu? – Ele comentou. – Acho que é o maior tempo que já passamos juntos.

— É. E eu que pensava que seria difícil passar mais tempo sozinha com você do que quando nos perdemos na corrida de orientação.

Ele riu e me beijou de novo. Então, pediu: - Agora me conta o que eu não lembro sobre ontem, por favor?

— Está bem. – Comecei a contar enquanto fazia um cafuné nele. – Depois que o Alexy nos deixou sozinhos...

... ... ...

— Que silêncio, não é? – Comentei.

— Pois é. Não sei por que, mas acho que esse não é o melhor lugar para um encontro.

— Eu gosto daqui. Foi onde nos beijamos pela primeira vez.

Ficamos nos olhando por uns instantes, até sorrirmos um para o outro.

— Gosta do silêncio?

— Gosto. – Respondi.

— Eu também. Mas, principalmente, quando ele é quebrado pelo som da sua voz.

As palavras dele me fizeram estremecer por dentro. Eu precisava beijá-lo sem demora.

Em meio aos beijos, ele sentou numa cadeira e me puxou para seu colo. Continuamos nos beijando e trocando carícias naquele silêncio onde só se podia ouvir nossa respiração e talvez as batidas mais descompassadas dos nossos corações.

Porém, mais do que os sentimentos eu podia sentir a excitação gritando em nossos corpos. Eu não sei se poderia me entregar ao Nath assim, ali, mas não sabia o que poderia acontecer se continuasse no colo dele. Eu conseguia sentir, em cada carícia, em cada movimento, como ele estava se tornando mais intenso a cada minuto que passava.

— N-Nath!... Nath... Eu...

— Shh!... Não fala nada...

Ao ouvi-lo, percebi que sua voz estava diferente, arrastada, como se ele tivesse levado uma anestesia na boca.

— Nath... O que você tem?

— Eu? Nada... – Mas, ao olhar em seus olhos, percebi-os vermelhos.

— Nath! – Levantei do colo dele. – Você não está bem! Tem certeza que não tomou nada por engano?...

— Não, eu... – Quando ele tentou levantar quase caiu. Foi aí que ele mesmo percebeu que não estava bem. – Eu não sei o que tá acontecendo comigo! – Ele começou a respirar mais rápido.

— Nath! Nath! Calma!

— E-eu estou com muito calor!

Toquei em sua testa e pescoço. – Você está quente, como se estivesse com febre! Será que está doente?

— Eu não me sinto doente, eu... Eu me sinto... Como se... – Ele não conseguia terminar as frases. Levantou e de repente tirou a calça jeans. Me surpreendi com o tamanho do volume em sua cueca boxer justinha. Como ele estava sexy assim! Mas, eu tinha que resistir à tentação e descobrir o que estava acontecendo com ele.

— N-Nath, se acalma! Por que fez isso? Por que está tirando a roupa? – Ele já havia puxado a blusa para cima também.

— Eu... Eu não sei... Parece que minha pele está fervendo, eu só quero me livrar dessa roupa... – Ele já estava suando muito nesse momento.

— Espera, eu vou buscar um pouco de água pra você!

Saí da biblioteca e fui até a sala o grêmio pegar um copo d’água. Quando voltei ele estava sentado no chão.

— Nath! O que você tem? Bebe essa água!

— Anna... Eu não sei o que está acontecendo comigo!

— E-Eu também não. Mas, você vai ficar bem. Vem, toma a água. – Fiquei ajudando-o a segurar o copo até que ele bebeu. Aos poucos ele parecia melhorar.

— Está se sentindo um pouco melhor agora? O que está sentindo?

— Muito calor... Um arrepio por dentro... E estou ofegante...

— Isso dá pra perceber. O que mais?

— Eu me sentei no chão para ver se passava mais o calor. Eu preciso de algo que... – Nessa hora ele pôs as mãos cobrindo a parte da frente da cueca. Parecia que estava voltando a si.

— D-Do que você precisa?

Ele baixou a cabeça e disse envergonhado: - E-Eu... Eu estou excitado!

— É... E-Eu percebi isso também.

Ele parecia mesmo bastante envergonhado e confuso. Não conseguia me olhar nos olhos. Apenas apertava as mãos tentando se esconder. Se tivesse um buraco ali acho que ele se enfiaria. Eu precisava confortá-lo.

— Nath... Você precisa de alguma coisa? Precisa de ajuda? Me fala... O que você precisar eu faço.

—... Eu só preciso de você.

Ele parecia um gatinho indefeso quando me disse isso. Eu só podia abraçá-lo o mais forte possível.

As horas foram passando até que ele adormeceu em meus braços. Eu dei um jeito de me deitar e deitá-lo para que ele ficasse o mais confortável possível. Puxei-o para mim e o abracei, como se eu pudesse protegê-lo de qualquer coisa que acontecesse. Fiquei um pouco receosa no primeiro momento, mas eu faria de tudo para o homem que amo ficar bem. E este homem estava nos meus braços naquele momento...

... ... ...

—... Daí eu fiz minha bolsa de travesseiro, me deitei e te deixei deitado em mim, porque você ainda estava muito quente, eu pensei que você pudesse estar com febre e eu queria te proteger de alguma maneira.

Ele sorria enquanto me ouvia.

— E protegeu. Você ficar comigo me impediu de voltar para casa totalmente desnorteado e encontrar a Melody aqui. Muito obrigado.

Ele é muito lindo! Eu tive que fazer um carinho nele. – Não precisa agradecer, Nath. Eu faria de novo se fosse necessário.

— Eu só estou preocupado com uma coisa...

— É com a Melody, não é? Ela não vai desistir de você tão fácil, ainda mais sabendo que você não dormiu em casa e o planinho asqueroso dela não deu certo.

— Pois é, também, mas não é dela que eu estava falando. Eu estou preocupado com você.

— Comigo?

— Você passou a noite toda comigo. Seus pais devem estar te procurando...

— Não, não estão. Eu avisei que talvez tivesse que dormir na casa dos gêmeos, porque, você sabe, o Alexy e eu tivemos que inventar que tínhamos muito dever de casa pra fazer.

— Ah, é mesmo!

— Eu liguei para minha mãe quando você já estava dormindo e disse que havia ficado tarde para voltar para casa.

— Então você disse que de lá mesmo iria para a escola ou você ainda precisa passar em casa?

— Não, não preciso, eu até trouxe uma roupa para trocar na bolsa. O bom disso foi que fez a bolsa ficar mais fofinha para ser meu travesseiro esta noite.

Nath me olhou com uns olhinhos tão fofos...

— Estou com pena de ter te feito dormir no chão...

— Oh, não tem nada. Eu fiquei bem. E o que importa é que você melhorou.

— Você sempre está ao meu lado quando preciso, hein? Obrigado por ser tão boa pra mim.

Suas palavras me emocionaram.

— Não poderia ser de outro jeito, Nath... Porque eu te amo.

— Eu também te amo.

Nós nos beijamos apaixonadamente até ele comentar:

— Sabe o que é melhor? Já que você não precisa ir para casa, nós ainda temos um tempinho para ficarmos a sós.

Voltamos a nos beijar e ficamos namorando na poltrona, até que ouvimos o barulho do alarme do celular do Nath. Ele começou a rir e nós nos levantamos.

— Ah! Eu deixo o alarme para tocar todo dia na mesma hora. – Ele falou rindo ao desligá-lo.

— É a hora em que você acorda normalmente?

— É. Puxa, como o tempo passou rápido! Sabe... Quando estou com você o tempo passa rápido demais, por outro lado... – Ele me abraçou pela cintura e me beijou. –... Quando te beijo é como se o tempo parasse.

O que podia fazer senão retribuir aquele beijo e confessar: - É o mesmo para mim. Até parece que o tempo para pra nós dois.

— Às vezes, eu acho que para.

E parou. Tudo ao nosso redor parecia ter parado. Naquele instante, naquele instante único, parecia que todo o mundo era nosso... Que só existia nós dois...

... O silêncio tomou conta do quarto e eu já não ouvia mais nada a não ser a voz do coração dizendo: Vai! É agora! Se entrega ao teu amor!...

... Aproximamos-nos mais e mais... Nossas mãos foram automaticamente aos nossos corpos... Meus braços enlaçaram seu pescoço e os dele, minha cintura... Nossas bocas se entregaram a um beijo sem precedentes, o beijo mais ardente e cheio de amor de todos que demos...

... Meu coração inebriado por seu toque, seu cheiro, só sabia repetir: - Vai! Se deixa amar... Se entrega ao teu amor!...

... E então, nossos corpos pesaram em direção à cama dele, como se uma força poderosa nos levasse... Para nos amarmos... Pela primeira vez... E sem medidas. Agora nada nos impediria. Eu não sabia o que o coração dele dizia, mas se dissesse o mesmo que o meu, era a verdade, nada mais que a verdade.

Nath, com o corpo sobre o meu, a respiração tão forte e rápida quanto a minha, talvez para compensar as batidas frenéticas dos nossos corações, parou de me beijar por um instante para dizer: - Eu não quero te forçar a nada... Eu quero que você saiba que eu estou assim porque eu te amo... Não é mais efeito do remédio, nem nada... É só porque eu te amo mesmo... Muito. Eu te quero.

Enquanto ele sussurrava essas palavras, eu me lembrei da minha sensação da última vez que estive no apartamento dele. Nós quase ficamos juntos naquela ocasião, mas não rolou. E minha sensação foi de que da próxima vez que estivéssemos ali sozinhos, algo iria acontecer. Algo que estava além do meu controle, mas que, mesmo assim, dependia da minha vontade.

— Te quero muito... Mas, eu só farei o que você quiser. – Ele continuou falando. – Eu vou esperar até quando você quiser... Vou esperar o tempo que for... O momento certo... Para te amar plenamente.

Eu olhei fundo nos olhos cor de âmbar dele e eu só conseguia ver uma coisa: o homem da minha vida. E o meu coração gritava tanto que eu não poderia estar errada.

— E se o momento certo for agora? – Falei.

Ele ficou me olhando como se tentasse entender o que eu queria dizer com aquilo ou como se procurasse uma resposta. Não havia resposta válida. Era simplesmente o momento certo, nada mais. E nada mais foi dito, pois ele teve certeza de que eu o queria tanto quanto ele me queria.

E finalmente havia chegado a hora de nos amarmos plenamente.

...


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Notas finais do capítulo

Até que enfim! ;)



Continua...



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