The Roxas Love escrita por Thata-chan


Capítulo 25
Capítulo 23 -Fim?


Notas iniciais do capítulo

Eu gostaria que quando estivesse na reta final do capítulo, você ouvissem RYUUSEI do Flow. No youtube com certeza tem. o/



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23- Fim?



Era dia de Natal. Acordei devagar, e percebi o sol brilhando lá fora.

Levantei-me da cama, e sai do quarto. Percebi que Axel estava encostado na parede.

  -... ? EHH? O que faz aqui?!? Como conseguiu entrar? –Disse assustado.

Ele riu. Riu como nunca antes.

  -Você deveria fechar as janelas de seu quarto quando vai dormir, sabia? –Disse com um sorriso de lado.

O fitei por alguns segundos. Desci as escadas e fui até a cozinha.

  Ele sentou-se à mesa, apoiou os braços nela e sorriu. Eu ri e esquentei a comida no forno.

  -O que há com você hoje? –Eu disse confuso.

Ele não disse nada. Seus orbes esmeraldinos apenas me fitavam e fitavam.

Eu apenas fingi que não vi e tomei o meu café. Ele parecia muito feliz.

Subi para o quarto para trocar de roupa, e quando iria fechar a porta de frente a ele, ele colocou seu pé entre, e adentrou o quarto.

Pegou-me e me beijou ferozmente. Quando me dei por conta, havia estado com meu casaco do pijama ligeiramente aberto e Axel não se importou. Cambaleou ainda entre meus lábios e por fim, caímos na cama. Ele não dissera nada, mas por fim, me conformei.

Longos minutos haviam se passado, e ele parou.

Levantou-se da cama e se retirou.

Não entendi o que havia acontecido ali, mas não parei pra pensar e troquei de roupa.

Desci as escadas, e não vi sinal dele. Eu havia feito algo de errado? Saí de casa e percebi que ele estava apoiado no muro de minha casa. Parecia estar lamentando algo.

-O que foi... Axel?

-Desculpe Roxas... Eu não sei o que dizer...

-O que houve Axel? Estou ficando preocupado!

-Vamos. –Ele puxou minha mão.

Ele me levava a um lugar estranho, algum lugar que me pareceu familiar.

-Mas esta não é a casa de Naminé? –Eu perguntei.

Ele nada disse, apenas tocou a campainha.

-Sim? –Disse uma linda mulher de cabelos castanhos longos e olhos azuis - Mãe de Naminé. -

-Eu gostaria de falar com Naminé. –Ele disse sério.

-Só um minuto. –Minha tia enfim desapareceu ao nosso olhar e Naminé aos poucos se aproximou.

-Naminé. Eu não agüento mais. Por favor, eu sou inútil ao ponto de dizer isso. Diga. –Axel ameaçou-a com tom de muita tristeza.

O que estava acontecendo? Havia algo que eu não sabia...

Naminé me puxou aos fundos da casa, e a última imagem que vi de Axel era ele sentado no jardim da casa, chorando.

  -Como posso explicar... –Ela disse entrelaçando os dedos.

  -Naminé! –Pausa. Pude ver as lágrimas em seus olhos. Respirei e expirei, me acalmando. – Desculpe. Agora... Poderia me dizer o que está acontecendo aqui?

-Roxas... Não é a toa que eu ‘sumi’ de sua vida.

-Como assim?

-Como você sabe, seus pais conheciam os pais de Axel. Aliás, os meus pais também o conheciam, nossos pais eram muito unidos naquela época.

-Chegue ao ponto. –Eu disse interessado e curioso.

-Um dia, quando meus pais visitaram a casa dos pais de Axel, eu era pequena, mas já havia consciência do que fazia e falava. Eu deveria ter uns 9 anos. –Pausa. – Meus pais estavam conversando com os pais dele na sala de jantar, e eu e Axel estávamos brincando na sala de estar. Eu ouvi uma conversa entre os nossos pais.

Naminé.

21 de novembro.

-Sabe, eu acho que nossos filhos se darão bem no futuro. –Disse minha mãe.

-Sim, olha só como se divertem! –Disse meu pai.

-Acho que não terá futuro. –Disse encabulada a mãe de Axel.

-Como assim? –Logo minha mãe perguntou.

-Axel, bem... Nós não sabemos o que há. Quando ele nasceu, algum problema surgiu. Algum problema único. Não sabemos direito, mas parece que há uma espécie de ‘contador’ em seu coração. É como se o seu coração tivesse vida própria. Ou como se não houvesse coração. –Pausa. –Fizemos vários exames enquanto pequeno, e todos diziam que em determinada época, ele iria morrer.

-Mas todos nós iremos morrer. –Completou meu pai.

-Mas o tempo dele é menor. Bem menor. Quanto menos ele sofrer emocionalmente, menos precisará de um coração, e assim, menos esforço e menos desgaste terá.

-Eu não entendi. –Disse minha mãe.

-Não sabemos ao certo, mas... Ele tem 16 anos de vida. Ele tem 16 anos para viver. São as estimativas de acordo com a freqüência de seu “coração”.

-Mas vocês já viram esse “coração” em algum tipo de ultra-som ou algo assim? –Perguntou meu pai.

-Não há coração. Ele não tem um coração propriamente dito.

Eu parei. Como assim ele não teria coração? As coisas principais que aprendi na escola foi que o coração é essencial para viver. Peguei meu caderno de desenhos, e comecei a anotar a conversa e desenhar minhas teorias enquanto Axel assistia TV.

-Mas como não há de ter um coração? –Disse minha mãe inconformada.

-Ele tem algo como um “combustível” que o faz viver. Ele é feito do mesmo tipo que o coração, mas é como se tivesse um líquido que conforme a vida, vai diminuindo. E enfim, acaba. –Logo disse o pai de Axel, pois a mãe já estava desestruturada.

-Eu sinto muito. –Meus pais assentiram.”

-Desde então que descobri que seu amigo era Axel, não pude evitar. Queria falar o mais rápido possível, mas ele, um dia descobriu.

Naminé.

-Não faça isso. Nunca. –Disse Axel me encurralando na parede.

-Mas... Mas... Isso só vai piorar. –Eu disse amedrontada.

-Por favor, Nami... Eu direi a ele no momento certo. –Ele enfim finalizou.

-Tudo bem.”

-Eu não podia, não podia vê-lo todos os dias, escutar sua voz todos os dias, e fingir que tudo estava bem. Eu não podia. Eu não queria mais me conter e sofrer até o fim. Você é meu primo Roxas, e eu o amo. Mas, de alguma maneira, o único que poderia dizer isso era Axel. –Suas mãos tremiam mais do que vara verde. Sua respiração estava ofegante.

Eu não tive reação. Eu não sabia o que dizer. PORQUE DIABOS ELE ME ESCONDEU ISSO ATÉ AGORA?

-Por favor, Roxas. Eu não sei por que motivo ele escondeu isso até agora, mas, isso não é culpa minha.

Me acalmei, passei a mão sobre meu cabelo e respirei. Agora sim, tudo estava brilhando.

-Então foi por isso que você se distanciou da gente?

-Foi. Além do mais, eu não agüentaria guardar esse segredo falando com você todos os dias.

-Tudo bem. Eu entendo.

Massageei as têmporas, e fui andando até o jardim da frente da casa. Quando apareci, não disse nada. Apenas esperei ele se explicar.

-Desculpe Roxas... –Disse ele sentado na grama passando as mãos no cabelo. Ele parecia ofegante.

-... –Apenas observei-o sem nada dizer.

-Não vai dizer nada? –Ele disse enxugando as gotas de suor em seu rosto.

-... –Olhei para cima. –Sabia que, quando se conhecesse uma pessoa muito bem, os seus futuros são entrelaçados?

-...? –Ele me olhou confuso.

-Tch... –Pigarreei. –Axel, se eu fosse o Roxas antigo, estaria em seu estado nesse momento. Mas sabe, acho que finalmente eu cresci. Não sou mais o mesmo boneco de porcelana como antes. –Logo, percebi que Naminé espionava por detrás da quina da parede da casa. –Eu sofri muito por nada, enquanto você não deixava transparecer tristeza alguma. –Continuei olhando para cima. –Sabe, quando se tudo vai acabar, não se deve lamentar. Mas afinal... Você tem 16 anos? – Virei-me para ele.

-Não é um tempo certo que foi estimado. Aliás, estou perto dos 16. –Ele me olhou com desesperança.

Olhei-o como ele olhava para mim. Com os orbes tranqüilos e brilhantes. Com os orbes confiantes e calmos. Com os orbes de liberdade e esperança.

-Axel... Se você morrer, acredite, não estará sozinho. –Olhei para cima de novo, observando as imensas nuvens brancas.

-Não permitirei que você se mate! –Ele se levantou com desespero.

Dei uma risada de lado.

-Relaxe, não irei cometer suicídio. –Olhei para Naminé que se escondia e disse: - Vamos para outro lugar, vamos deixar a Nami em paz.

Caminhamos e caminhamos, até chegar num parque com um belo laguinho, altas árvores e por mais que o sol que parecia brilhar, rajadas de vento balançavam nossos cabelos.

Quando sentamos a beira do lago, Axel mergulhou seu rosto no lago para refrescar e para acabar com aquelas gotas irritantes de suor.

-Sabia que podemos morrer por sermos tão belos? –Ele disse.

Eu ri.

-Sabia. –Apoiei os braços na grama. –Narciso morreu belo e gracioso.

-Verdade. Mas no nosso caso, acho que podemos morrer de tão azarados. –E então riu também.

-Axel, você se importa por sermos diferentes?

-Hum... – Levantou a cabeça mergulhada na água. –Acho que não.

-Nem um pouco?

-Acho que de vez em quando.

-Sabe, eu venho pensando nisso. É uma coisa que vem me atrapalhando um pouco.

-Tipo? –Disse curioso.

-Porque as pessoas precisam ser tão cruéis? –Eu perguntei ciente da resposta dele.

-Em relação...?

-Á nós Axel, a nós!

-Ah, entendo. –Suas mãos pousavam na água como pássaros vorazes que pousam na água para comer. –Sabe, eu nunca me importei com isso, acho que é um  dom meu.

-E acho que é um dom meu se preocupar com os outros. Odeio pensar que nos odeiam só porque nos gostamos. Estamos fazendo coisa errada?

-Claro que não. Todos nós temos preferências, e devemos respeitá-las.

-Mas por que há um costume tão grande de repreender as pessoas diferentes? –Perguntei confuso.

-Sabe, como você disse, é costume. As pessoas –a sociedade- Está conformada em repreender as pessoas diferentes. Os negros, os deficientes... Os... –Consentiu.

-Entendo... Isso então é algo padrão?

-Claro. Vamos tentar entender melhor pelo fato da antiga Alemanha depois da segunda guerra mundial. Os judeus foram culpados de coisas que não fizeram, e enfim, foram repreendidos. Eles eram encarados como diferentes, mesmo não sendo. Eles foram espancados, presos. Por que eles eram diferentes. Digo o mesmo na África. Os negros eram escravizados porque eram diferentes. A vida gira em torno das diferenças, e sempre alguém tem que ser o culpado.

-E devemos nos preocupar?

-Com certeza não. O que os outros acham não é problema nosso.

-De vez em quando sim. Como o caso do Kai. –Passei a mão sobre meu cabelo.

-... Eu queria esquecer isso.

-Tudo bem. –Finalizei.

-Ei... –Ele levantou e pegou meu braço. –Vamos a um lugar!

-Onde? –Disse sendo arrastado.

-Ah, isso você terá que descobrir!

Eu corri sendo arrastado por ele e por fim chegamos a um lindo paraíso. Era um campo verde, sem árvore alguma. Era um lugar alto, por isso, não haveria interferências para ver o céu e o sol. E era uma grama fofa e macia.

-Como você descobriu este lugar? –Eu perguntei curioso.

-Eu estava andando um dia desses... E enfim, eu achei-o.

-Isso é... Maravilhoso. Lindo. –Fiquei deslumbrado.

-Você não viu nada! Ainda é de tarde, então podemos aproveitar o espaço. Mas quando estiver anoitecendo, irei mostrar-lhe o por do sol.

-Deve ser lindo!

Ele me ignorou e saiu correndo. Eu pulei, corri, e tentei aproveitar o máximo de tempo que pude.

Nós sentamos.

-Hoje é Natal, não é Roxas? –Ele indagou.

-Uhum. –Concordei.

-O que é o Natal? –Ele perguntou.

-O nascimento do... –Ele me interrompeu.

-Também. Mas o motivo de eu estar aqui com você mostra que o Natal é um momento mágico para se viver e ser feliz.

-Axel... –Desviei o olhar.

Parei por um momento. Eu não era aquele garoto triste e acanhado. Eu era um novo Roxas. Eu era o Roxas. Precisava mostrar meu novo lado.

-Então Axel... –Tirei minha corrente do bolso que ele havia me dado antes. –Eu agradeço por essa corrente. –E tirei um pacote no outro bolso. –E agora é minha vez de retribuir. –Entreguei um pacotinho magro e pequeno para ele.

-Poxa... Obrigado Roxas! –Ele pegou a corrente de prata e prendeu em seu pulso. –Mas, eu tenho um para você também.

Ele me entregou uma caixinha pequena e delicada. Eu abri a caixinha e retirei uma estatueta pequena de cristal. Havia dois garotos, um do lado do outro, os dois com uma pulseira em mãos. Eles estavam com as mãos dadas. Realmente se parecia com nós.

-Isso foi feito sob medida. Eu conheço um amigo que faz e... –Eu o interrompi. Dei-lhe o maior abraço que pude, o mais apertado que pude. Suas mãos pareciam não saber o que fazer,  mas depois, elas me abraçaram também.

Seu calor envolveu meu corpo. Eu me sentia diferente. Não era felicidade ou tristeza. Era algo esquisito. Algo que não poderia explicar. Talvez pudesse ser meu espírito renovado. Ficamos ali por um tempo. Ele parecia não saber o que fazer, mas eu estava certo de que continuaria ali por mais um pouco e mais um pouco...

E ficaria ali para sempre.

Tudo bem que ele tinha uma doença. Tudo bem que ele pudesse morrer. Não havia com o que se preocupar. Eu iria junto com ele. Sentia que não havia mais o que dizer. Apenas... Eu te amo.

Eu não queria mais um dia como naqueles filmes. Eu queria justamente o contrário. Acabar logo com isso, e ficar feliz.

Mas iria demorar? Quando eu iria me juntar a Axel? E se Cosmos não fizesse o acordo?  Se ela me abandonasse?

Ela não iria fazer isso. Ela sou eu.

Eu queria acabar com aquilo. Queria ser feliz.

-Roxas... –Ele falhou na voz. –Esse é o fim?

-Espero que sim.

Ele se surpreendeu com minha resposta.

-Por quê? –Disse ainda abraçado.

-Por que... Se você for, eu irei também.

Ao contrário de antes, ele não discutiu. Saiu do meu abraço e se deitou encostando a cabeça em minhas pernas.

-Axel... Você ficaria triste em morrer? –Eu perguntei naturalmente.

-Acho que não...

Cutuquei-o para se sentar e acompanhar o por do sol. E assim o fez.


Donnani tooku hanareteite mo boku-tachi wa tsunagatteru

(Por mais separados que estejamos nós continuaremos conectados)

-É lindo... –Ele disse.

Era um grande espetáculo natural. E como que automático, uma música aos poucos foi se instalando em meus tímpanos. Era natural, linda, mas de onde saía, eu não tinha idéia.

Aquele céu cheio de nuvens parecia um espelho, de tão translúcido e tão transparente que era. Eu realmente me sentia pequeno. As estrelas aos poucos começaram a surgir, mas o crepúsculo ainda reinava.

Nós observávamos o céu atentos. A noite chegava aos poucos, mas ainda sim, o céu se matinha o mais claro possível.

Yozora wo miagete mireba hora onaji hoshi kagayaiteru

  (Olha o céu noturno! As estrelas são as mesmas!)   

“Cada lágrima, cada dor, nada significou para mim. Tudo que passou por mim não importa mais.”

Hisshi ni egao de namida kakusu

(Com seu sorridente rosto esconde a lágrimas de desespero.)

Eu não quero mais pensar em nada, não quero mais dizer nada. Eu não quero mais nada. Eu pude observar que Axel sofria muito naquele momento, e eu não podia abandoná-lo. Suas lágrimas pela primeira vez escorriam enquanto ele observava o céu. Eu queria fazer de tudo para que ele não sofresse, mais, de alguma maneira, não pude fazê-lo.

Imi no kata ga furueteta

(Enquanto seus ombros tremem.)

Meu corpo não respondia mais a mim. Eu não tinha mais controle de nada.

-Roxas... –Ele disse ainda observando o por do sol. –Você vai se lembrar de mim? –Disse entre soluços e fungadas.

-... Axel. –Me doía por dentro ver ele assim. –Nunca te esquecerei.

Me aproximei dele o suficiente para sentir sua respiração. Nós estávamos frente a frente, quando, uma lágrima escorreu por meu rosto.

-... Você está triste? –Ele parecia uma criançinha chorando.

-Axel... Eu te amo.

-Eu também Rox. Eu também.

Nós fechamos os olhos, e uma energia nos cercou. Não sabia o que era mais que era esplendidamente mágica.

“Torna-te um, torna-te um para que eternamente feliz esteja.”

Escutei na minha cabeça. Parecia que flores nos rodeavam e cada vez mais nos escondiam.

Uma dor imensa bateu em meu coração por um segundo, mas, finalmente eu ficaria “feliz.”

  Felicidade. Eu sempre quis alcançá-la.

É... A sociedade deveria estar grata... 

Depois disso, não senti mais nada.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram, e quero dizer que quem me deu dicas, quem me ajudou em certas partes, merece meu obrigada, e que mesmo esse sendo o fim, terá um extra pequenino para aproveitarem. Obrigada novamente aos que leram o/
Reviews? o-o



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