Outside Plans escrita por Sany


Capítulo 7
Capitulo 06.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite... Demorou, mas aqui esta o capitulo.



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Certa vez ouvi que a vida é feita de pequenos momentos, bons e ruins e, que ela muda o tempo todo. Prim sempre seguiu muito essa linha de raciocínio principalmente depois da sua primeira gravidez. Minha irmã sempre gostou de aproveitar cada momento e de certa forma nos últimos anos vivendo em estados diferentes senti falta disso. E, na terça pela manhã quando ela me levou ao aeroporto senti um pequeno aperto no peito ao me despedir.

— Promete que não vai esperar até o dia de ação de graças para voltar? – estávamos no saguão minutos antes do meu embarque.

— Vou tentar, mas vocês podem ir me visitar também. Vocês quase não vão me ver. – lamentei.

— Já considerou que sair daqui com três crianças e um marido não é fácil, ainda assim nós fomos um número considerável de vezes. – sorri, entendia o lado dela, entendia que levar três crianças para um pequeno apartamento em Chicago não era fácil mesmo assim ela me visitava pelo menos uma vez ao ano, normalmente no meu aniversário.

— Eu sei. – meu voo foi anunciado e a abracei com carinho.

— Não trabalhe demais, e pense no que eu disse. – havíamos conversado muito naquele final de semana.

— Vou pensar. – prometi.

— Nos vemos em breve e se cuida. – às vezes Prim parecia a irmã mais velha. - Amo você. –  sorri, sempre que nos despedíamos ela dizia me amar.

— Também amo você, agora eu preciso ir, ou perderei o voo. – segui em direção ao portão de embarque e de alguma forma senti necessidade em olhar para trás, assim que virei ela acenou um tchau, sorriu e acabei fazendo o mesmo. Involuntariamente lembranças das diversas vezes que estivemos juntas naquele mesmo lugar que ela estava se fizeram presentes. Quantas vezes fomos nos despedir do nosso pai ali? Era impossível lembrar com exatidão, mas foram muitas, talvez mais do que pudesse contar.

Porém era fácil lembrar das diversas vezes que segurávamos a mão uma da outra esperando para que ele se virasse e desse um pequeno aceno de despedida antes de passar vários dias longe. Tentei afastar as velhas lembranças e voltar a focar na pilha de trabalho que me aguardava na minha mesa.  Assim que cheguei em Chicago mandei uma mensagem avisando que havia chegado bem e sorri ao receber sua resposta:

Ok. Não esqueça de relaxar um pouco com todos os seus planos, seja mais como eu. E prometo me empenha em ser mais como você e conseguir seguir meus planos. Beijos

Tínhamos ido dormir tarde na noite anterior conversando e enquanto falávamos do meu novo plano de cinco anos, nos voltamos para a vida dela e o que ela queria para esse mesmo período.

— Tenho um plano para os próximos cinco anos também. – estávamos sentadas confortavelmente no sofá da sala desde que Luca e as crianças haviam ido dormir.

— Você fazendo planos essa quero ouvir.

— Meu plano é convencer o Luca de que devemos ter mais um filho daqui a uns cinco seis anos.

— Uau, outro filho? Sério? Achei que estava falando serio quando Tony nasceu e você disse algo sobre nunca mais passar por isso. - ela riu com a lembrança.

— Havia acabado de passar por treze horas de trabalho de parto Katniss, tinha o direito de falar tudo aquilo. Rose e Lily nasceram rapidamente, então eu merecia um desconto naquele momento.

— O que te fez mudar de ideia?

— Uma matéria da revista que você trabalha, alias. – mesmo morando em Twelve Valley ela era assinante da Chicago Entertainment desde que comecei a escrever para revista. – Era algo sobre ser mãe depois dos 40 anos. Falava sobre como o número de mulheres que se tornam mães pela primeira vez nessa idade aumentou.

— Certo você foi mãe mais jovem o que tem de errado?

— Nada, mas acabei pensando que quando o Tony estiver indo para faculdade vou estar com 42 anos, ou seja o Luca não vai nem estar aposentado ainda e já seremos só ele e eu em uma idade em que parte das mulheres está sendo mãe pela primeira vez.

— Certo, com vocês vai ser o contrario vão poder viajar e aproveitar depois dos 40.

— Teoricamente sim, mas o Luca tem planos de se aposentar só depois dos 55, ou seja, vou ter 9 anos vagos na minha vida.

— Isso não faz muito sentido Prim.

— Mas é claro que faz, pensa comigo. Se tiver um filho daqui a cinco anos, Rose vai estar na adolescência e Tony já vai estar grandinho o que não vai me sobrecarregar em nada. E quando meu novo bebê for para faculdade ou for maior de idade Luca vai estar se aposentando e mesmo não saindo por aí em viagens, um dos meus três filhos mais velhos já pode ter me dado netos ou pelo menos estar pensando nisso.

— Isso é loucura Prim.

— Você está falando como o Luca. Ele acha que três é um bom número, fica pensando no futuro, nas finanças em um bom presente para eles tipo um carro mesmo que usado quando tirarem a licença para dirigir, três faculdades essas coisas.

— E, você não pensa nisso?

— Penso, mas não tanto quanto ele, Luca as vezes me lembra, você querendo tudo certinho. Aprendi que não temos o controle de tudo e que as vezes o inesperado é bom. Então meu plano para os próximos cinco anos e convencê-lo a pelo menos parar de evitar ter outro filho e deixar as coisas acontecerem.

— Quando disse que tinha um plano pensei que estava pensando em algo para você.

— É algo para mim. Amo ser mãe tanto ou mais você diz amar sua careira. Ser mãe é o que sei fazer de melhor e sinto que quero viver tudo isso de novo. A gestação, os primeiros momentos quero viver isso pelo menos mais uma vez. Então eu proponho a você que deixe um pouco de lado essa sua vida toda planeja e aprovei-te um pouco mais o inesperado enquanto eu vou me empenhar nesse meu plano louco. – sugeriu estendendo a mão. – Temos um acordo? – pensei por um instante, mas acabei apertando a mão dela.

— Temos um acordo. – não iria deixar meus planos de lado, apenas relaxar um pouco.

Voltar para minha rotina não foi difícil, por mais que amasse minha irmã e meus sobrinhos e adorasse passar um tempo com eles minha vida era outra. Eu havia planejado outras coisas para mim e durante as três semanas seguintes meu tempo foi totalmente dedicado ao meu trabalho como de costume. Consegui evitar Gale apenas na primeira semana, mas ele se mostrou bem insistente e acabei aceitando o jantar que havia proposto, afinal tinha um “acordo” com minha irmã de relaxar um pouco e achei que ouvir o que ele tinha a me dizer era um bom começo.

Ele me levou em um ótimo restaurante e mantivemos uma conversa agradável. Eu gostava da presença do moreno, nos divertíamos juntos e tínhamos muitos assuntos em comum, éramos parecidos até certo ponto. No fim acabei aceitando deixar as coisas entre nós acontecerem aos poucos e ver onde iria dar. E, era exatamente o que estávamos fazendo naquela última sexta-feira de julho.

Havíamos saído para jantar em um excelente restaurante de frutos do mar em Near North Side, era incrível como ele conhecia os melhores restaurantes da cidade. Gale quando queria conseguia ser muito romântico e confesso que nos últimos dias estava apreciando muito deixar nossa relação ter uma pequena evolução.  Não pelos restaurantes sofisticados, mas pela primeira vez estávamos falando sobre assuntos pessoais, nossos sonhos e objetivos futuros. Talvez Prim estivesse certa, talvez fosse hora de permitir que entrassem na minha vida.

— Então você não tem nenhum plano de se casar e ter filhos? – ele perguntou pouco depois de entrarmos no carro dele.

— Para os próximos cinco anos, não.

— Dividir o apartamento então, alguma chance?

— Um passo de cada vez Hawthorne. – ele riu e acabei fazendo o mesmo.

— Claro, só estava perguntando nunca se sabe não é? Só pra você saber, tenho um quarto vazio no meu apartamento que pode vir a ser um escritório adorável e meu armário é realmente espaçoso como você já sabe.

— Sim eu sei, vou manter isso em mente. – há alguns dias ele tinha oferecido um espaço no armário para que deixasse algumas coisas pessoais, confesso que em um primeiro momento achei que era um grande passo, mas ele tinha garantido que era apenas para facilitar as coisas, já que ao passar a noite no apartamento dele não precisaria me preocupar em não ter uma troca de roupa limpa.

O trajeto até o apartamento dele foi curto, menos de dez minutos do restaurante. Gale morava em um prédio muito bem localizado em frente ao Seward Park, o que segundo ele foi fundamental na hora de comprar o apartamento já que ele corria quase todas as manhãs no parque.

Duas horas depois podia ouvir o suave ressonar do moreno ao meu lado, não fazíamos o tipo de casal que dorme abraçado, nunca fizemos, levando em conta que nem ao menos éramos de fato um casal. Não devia pensar nisso. Ainda assim eu não era do tipo de abraçar. Sempre gostei do meu espaço na hora de dormir, ironias a parte o Mellark tinha sido o único homem que acordei abraçada na vida.

Meneei a cabeça para afastar aquela noite da minha mente, haviam se passado sete anos e eu ainda me lembrava daquele dia. Lembrava do modo como ele me tocou, como se conhecesse meus pontos fracos, como se soubesse onde eu queria ser tocada. Era algo totalmente sem sentido já que o moreno ao meu lado mesmo sendo a pessoa que mais me envolvi nos últimos anos ainda não parecia me conhecer como o loiro.  Mellark devia dormir com diversas mulheres para conhecer tão bem o corpo feminino, só podia ser essa a explicação, mas eu não ia ficar pensando nisso. Queria muito que o sono viesse ainda assim ele parecia estar longe mesmo já tendo passado da meia noite. Não costumava ter dificuldade para dormir, mas de alguma forma eu estava inquieta. Uma sensação estranha que não me deixava relaxar estava deixando minha mente desperta. Gale mexeu ficando de barriga para baixo e por uma fração de segundos pensei em acordá-lo, mas logo mudei de ideia afinal o que eu iria dizer a ele? Que não conseguia dormir?

Esse pensamento me fez pensar na minha irmã, e lembranças de quando éramos pequenas vieram imediatamente na minha cabeça. Ouve uma época que Prim tinha pesadelos frequentes e durante essas noites ao invés de ir até o quarto dos meus pais ela vinha até o meu, com o travesseiro na mão ela me acordava perguntando se podia dormir comigo, então me contava o sonho já que segundo ela isso a fazia se sentir melhor e então me pedia para ficar acordada até pegar no sono novamente, o que não demorava muito.

Abracei o travesseiro e respirei fundo, a semana tinha sido realmente corrida na revista e eu estava exausta provavelmente era apenas a agitação do dia me impedindo dormir e o pensamento de que no dia seguinte eu não tinha hora para acordar me deu um pouco mais de animo, afinal nada pior do que ficar contando as horas que ainda faltam para o despertador tocar. Não sei quanto tempo levei para pegar no sono, mas não parecia muito quando acordei com o toque do meu celular e acabei praguejando por não ter deixado o mesmo no silencioso.  Tateei a mesa de cabeceira em busca dele e estranhei assim que vi o número desconhecido no visor, o prefixo não era estranho, mas naquele momento não consiga nem pensar de onde era.

— Alô. – minha voz não soou nenhum pouco simpática.

Katniss Everdeen?— uma voz desconhecida de homem perguntou do outro lado da linha.

— Sim, quem fala?

— Sou o Dr. Miller do Mercy Medical Center. – senti meu coração acelerar involuntariamente e me sentei totalmente desperta na cama fazendo Gale levantar um pouco a cabeça e olhar em minha direção. – Encontramos seu número na chamada de emergência do celular de Primrose Everdeen-Mellark, a senhora conhece?

 - Sim, ela é a minha irmã.

Ouve um acidente na rodovia Black Oak School próximo a Oshkosh envolvendo o carro onde sua irmã estava e um outro veículo.

— Como ela está?

 — Eu preciso que a senhora venha até o hospital se possível.

— Como ela esta? – repeti mais alto e vi Gale acender o abajur na mesa de cabeceira do lado dele na cama. – Quem mais estava no carro?

— Não tenho muitas informações sobre o caso da sua irmã, a senhora precisa vir até o hospital falar com o médico responsável pelo caso.— desliguei o telefone e sai em pelo quarto perdida.

— Katniss o que aconteceu?

— Eu não sei, minha irmã está no hospital. Não sei, eu preciso ir até lá. Preciso ir até o aeroporto.

— Fica calma, eu vou ligar para saber dos voos disponíveis, mas se acalma. – minha mente estava atordoada enquanto me arrumava, Gale foi até a sala e voltou alguns minutos depois informando que não haveria nenhum voo disponível até a tarde seguinte.

— Eu preciso de um carro.

— Katniss se acalma, liga para sua mãe ela está mais perto. Tenta descobrir o que aconteceu, amanhã você pega o voo a tarde e vai até lá.

— Não Gale, é a minha irmã eu tenho que ir para lá agora. Eu nem sei o que aconteceu direito. – estava desesperada, Prim não iria permitir que me ligassem se não fosse algo grave, se ela pudesse decidir isso.

— Katniss está de madrugada, você não tem condições de sair dirigindo até Wisconsin.

— Se sair agora e ir por Milwaukee estarei lá em pouco mais de três horas. É a minha irmã e eu nem sei se meus sobrinhos estavam com ela, não posso ficar aqui esperando.

— Ok, eu levo você. Mas tenta ficar calma.

Não tinha como ficar calma, ainda assim em alguns minutos estávamos pegando a estrada. Tentei ligar para minha mãe, mas ela não me atendeu. O telefone da casa da minha irmã só chamava e eu não tinha salvo na agenda do celular nenhum outro número que poderia ligar naquele momento, estava as cegas. Estava quase amanhecendo quando Gale parou o carro em frente ao prédio do hospital. Desci o mais rápido possível sem esperar por ele. Estava prestes a perguntar a uma das recepcionistas sobre minha irmã quando avistei Peeta sentado em um dos bancos da recepção. A cabeça baixa, as duas mãos no cabelo, andei em passos rápidos em sua direção.

 - O que aconteceu? – assim que ele levantou a cabeça eu vi a tristeza nítida em seus olhos, não era preciso dizer uma única palavra. – Não!

— Eu sinto muito, Katniss.


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Notas finais do capítulo

É isso... Bom muitos já sabiam o que estava por vir e confesso que esse foi o capitulo mais difícil de escrever até agora. E estou com o coração apetado, mas os acontecimentos são necessários para continuar com o enredo.
Beijos