Aprimorados escrita por Maria Walburga Heeten


Capítulo 6
Memórias da Resistência




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Ela tinha longas madeixas de um tom de loiro platinado. Os olhos tinham um tom azul incrivelmente claro. As sardas do rosto e a pele muito branca a faziam parecer alguém nascida na Europa. Neta de alemã, falava fluentemente o idioma. Ele mesmo já tinha visto a loira conversando com a avó em alemão e Walburga afirmava que a neta tinha a pronúncia perfeita. Seria ela ideal para o cargo de espiã na Hydra? Que ela poderia ser um achado e tanto para a Resistência não se tinha dúvidas. Os russos haviam conseguido infiltrar agentes em quase todas as divisões alemães, menos a Hydra, uma das principais desenvolvedoras de armamentos. Sabia que ela tinha interesse em entrar para a Resistência e tinha sido recrutada pela OGPU aos 12 anos, afinal, quem suspeitaria de uma linda menininha como espiã?

E era para fazer um teste para ingressar na Resistência que a jovem Maria estava naquele descampado àquela hora da manhã. Tinha apenas 19 anos e o cerco a Stalingrado tinha começado a se apertar. Os alemães não permitiam a entrada de nenhum tipo de alimento, bebida ou remédio.

O descampado tinha sido um belo campo de lavandas antes dos bombardeios. Agora, só sobrava restos de plantas mortas no chão e algumas árvores de médio porte ao redor. Um homem, de aproximadamente 2,15 de altura aproxima-se de Maria, que usava calças larguinhas pretas e blusa de listras brancas e pretas. 

— Me disseram que você é boa. Mas como uma garota tão magra conseguiria ser boa com uma arma? Você mal aguentaria o coice dela. - fala o homem

Maria dá um sorriso gentil a ele e aponta uma árvore a 20 metros de distância. Imediatamente, rouba a pistola que o homem tinha na cintura com a mão direita e dispara o primeiro tiro. Joga a arma para cima, pega com a mão esquerda e dispara o segundo tiro. Joga novamente para cima, pega com a mão direita e dispara novamente. E fica a jogar a arma para cima, apanhar com uma das mãos e a atirar por alguns segundos até descarregar o revolver enquanto falava com o homem.

— Sabe, vocês, homens, subestimam demais nós, mulheres. Vocês acham que a gente aguenta vocês porque somos fracas? - fala Maria

Após terminar a demonstração, devolve a pistola para ele.

— Todos os tiros acertaram praticamente o mesmo ponto. - fala a loira

O homem pega a pistola da mão dela e caminha até a árvore, onde verifica a veracidade da informação. Volta pasmo.

— Você é boa. Onde aprendeu a atirar assim? - perguntou o homem

Maria dá um sorriso a ele.

— Isso eu não posso te responder. Olha, vim como civil. Não me interessa saber quem são os demais membros da Resistência, só quero matar nazistas. - fala a russa

— E por que quer matar nazistas? - perguntou o homem

— Porque ou eles morrem ou morremos nós. - fala Maria

— Sou Mikhail. - fala o homem

— Maria Deriglasov, mas você já sabia disso. - fala a loira

— Já... Já sei mais de você do que imagina, senhorita Deriglasov. Vai ser um prazer tê-la ao nosso lado. - fala o homem

Maria dá um sorriso tímido e se afasta. Estava ali por uma recomendação de Lyudmila Pavlichenko, uma atiradora que havia conhecido no Exército Vermelho. Com a suspensão das aulas da Universidade de Stalingrado devido ao cerco, Maria era assistente de um cientista russo no desenvolvimento de armas de longo alcance. Lyudmila havia sido selecionada para testar um dos protótipos da designer. E, curiosamente, a arma havia sido planejada para ser usada por mulheres mesmo. Uma havia feito questão de conhecer a outra. E se tornaram amigas logo de cara.

Lyudmila era de origem ucraniana, diferente de Maria que era siberiana. Mas ambas eram profundamente apaixonadas por história... e pela sua queria União Soviética. Lyudmila era mais do que Maria, que ainda tinha algumas opiões negativas em relação ao governo de Stálin, conservados mais para ela do que qualquer outra coisa. Sabia, como membro da OGPU, o que acontecia com aqueles que discordavam do governo... e ela não queria correr o risco de passar umas férias forçadas num SPA, vulgo Gulag, na Sibéria apenas por discordar do governo em alguns pontos.

Maria permaneceria lutando ao lado da Resistência por vários meses, até que a NKVD a infiltrasse na Hydra, a divisão de pesquisas alemãs que ela deveria espionar e, se possível, sabotar. E assim, Maria viajou para a Alemanha, onde dia e noite fez a cabeça do Caveira de modo que ele tornasse a Hydra uma organização independente do governo alemão, convencendo-o a parar de enviar as armas para o exército de Hitler. Mal sabia Maria que não estava apenas ajudando a enfraquecer a Alemanha Nazista e o exército de Hitler, estava, também, cavando o próprio calvário.


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