Aprimorados escrita por Maria Walburga Heeten


Capítulo 5
Primeiros erros


Notas iniciais do capítulo

Capítulo inspirado na música Primeiros erros.



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Najha, Wanda e Alice acompanhavam Mercúrio quando esse levava maria para o quarto. Wanda fitava a jovem curiosa e ao mesmo tempo confusa, pois Maria começava a se lembrar de seu passado, contudo... Alice Cullen estava nas lembranças dela! 

Levavam Maria diretamente para o quarto dela para que esta ficasse confortável, já que não tinham ideia de quanto tempo levaria para a russa se lembrar de todo o seu passado. Mercúrio a coloca cuidadosamente na cama e a jovem se movimenta apenas para sentar-se e abraçar as pernas. Olhava fixamente para a frente, mas não via nada nem ninguém.

Ela se encontrava em um parque de diversões. Ou pelo menos algo que se assemelhava muito a um. Ou a uma sala de espelhos onde havia um corredor de espelhos que davam para varias saletas de fora a fora também com espelhos. E eram espelhos diversos. Alguns encolhiam, outros esticavam a imagem. Tinha os que entortavam, assim como uns que deformavam o corpo deixando a cabeça minúscula e o corpo grandão. Maria se divertia naquela sala e era possível perceber que ela usava uma espécie de macacão, só que ao invés de calça, era uma bermudinha solta pouco acima dos joelhos, com listras em preto e branco e sapatilhas pretas. Nos cabelos, um lenço vermelho amarrado na cabeça que cobria o topo da mesma. Os lábios eram cuidadosamente pintados de vermelho. Usava roupas desenhadas por Varvara Stepanova, renomada estilista russa. Curiosamente, Alice Cullen e Natasha Romanoff estavam com ela. 

Curiosamente, Alice e Natasha usavam roupas mais típica... dos anos 30. Mas Maria usava roupa de vanguarda, também dos anos 30. Nao era qualquer mulher nessa época que usava algo mais masculinizado como macacões ou jardineiras de bermudinha. 

— Maria, admita, estamos perdidas. - fala Natasha

— Às vezes é necessário se perder para poder se achar. - fala Maria animada, mas também já estava começando a se cansar.

É quando finalmente acham a saída. 

— Onde tem a barraca de Blini? Quero comer um de caviar vermelho. - fala Maria parada já na porta de saída da sala de espelhos e olhando para o lado de fora procurando por algo

Natasha aponta para um local mais a frente e as 3 se direcionam para uma barraquinha de rua onde um senhor com o rosto corado pelo sol atendia. 

— Um blini de caviar vermelho e um de mel. - pede Maria

— Vai comer dois, saco sem fundo? - brinca Alice

— Sou gulosa. - fala Maria fazendo língua para a morena

— Vou querer um de presunto. E você, Ana? - pergunta Natasha

Pera! Para tudo! Natasha havia chamado Alice de Ana por quê?

— Vou querer de mel. - fala Alice

— Sudarinia, seus dois blinis. - fala o homem servindo o pedido de Maria em dois pratinhos diferentes.

A loira senta-se numa mesinha ali perto e a seguir, o homem entrega o pedido de Natasha e Alice.

— Acho tão fofo quando eles falam em russo antigo. - fala Alice

— Também. Me sinto uma nobre dos tempos do czar. - brinca Maria

Natasha só ria das duas. O atendente traz 3 xícaras de chá preto para elas, chá puro com um pequeno açucareiro. Maria o tomava sem adoçar mesmo. Natasha colocava uma colher bem rasa de açúcar e Alice colocava pelo menos 2 colheres. Comiam tranquilas, conversando amenidades. Assim que terminam, Maria paga a conta e elas se encaminham para o próximo divertimento.

Wanda estava confusa com aquela visão. As roupas usadas eram da década de 30... Quantos anos tinha Maria, Natasha e Alice? Por que Alice Cullen estava nas memórias de Maria? Por que Natasha estava naquelas visões também? Essas e mais uma série de perguntas levariam ainda algumas horas para serem respondidas.

"Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde estou
Meu destino não é de ninguém
E eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende não vê
Se não me vê, não entende"

E aos poucos iam vindo a tona cada vez mais lembranças do passado de Maria. Aquele evento do parque era julho de 1938. Maria e Alice estavam de férias da escola. Tinham 16 anos cada. Maria estava para ingressar na Universidade Estatal de Leningrado mesmo contra a vontade de seu pai, que a queria junto de Alice na Estatal de Stalingrado. Mas a jovem loira não era de obedecer regras e Karl, seu pai, sabia que seria impossível impor algo para Maria.

"Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Se a minha mente virasse sol
Mas só chove, chove
Chove, chove"

E o jeito um tanto quanto seguro de si, dona do próprio nariz e independente de Maria assustava a muitos ao seu redor, mesmo se tratando de uma República Soviética que ditava que o serviço doméstico era inadequado às mulheres porque as alienava da política. Não eram muitas as mulheres que tinham peito de usar calças, mesmo numa Rússia mais "prafrentex". E a loira quase nunca usava saias. Era comum em suas lembranças estar usando ou jardineiras mais curtas, na altura dos joelhos, ou calças soltinhas ao corpo. 

"Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria ar
Mas só chove, chove
Chove, chove"

O dia da transferência de universidade. Maria decidira mudar de universidade no começo da guerra, quando a ofensiva alemã rumava para a Rússia varrendo os exércitos que tinham pelo caminho com absurda facilidade. E então um forte sentimento de culpa tomava conta da jovem. Mas por que essa culpa? Por que aquela dor de ter fracassado em algo? Não era possível que aquele sentimento fosse relacionado apenas à ter mudado de Universidade. A mudança parecia ter sido voluntária. Se não era isso, era o que então?

"

Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria ar
Mas só chove, chove
Chove, chove

Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria ar
Mas só chove, chove
Chove, chove
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove, chove
Chove, chove"


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